"UM DRAGÃO SEM SEU CAVALEIRO
É UMA TRAGÉDIA. UM CAVALEIRO
SEM SEU DRAGÃO É UM HOMEM
MORTO."

— Artigo primeiro, seção um,
códex do cavaleiro de dragão.

VISHA AINDA TENTA acalmar a respiração e o apito de pressão em seus ouvidos, enquanto o mundo todo parecia girar abaixo de seus pés.

—— Nome? — a cavaleira ruiva pergunta, assim que Visha olha ao redor, ainda esperando a ficha de que tinha conseguido, de que ela estava viva, cair.

A mulher tira as mechas do cabelo do rosto. As três estrelas prateadas bordadas no ombro de seu uniforme indicavam que ela estava no terceiro ano.

—— Visha Aetos. — ela responde, seus olhos se fixam no parapeito, onde Rhiannon acabava de pular para dentro das paredes escuras da cidadela.

A cavaleira também pergunta o nome dela e assim que Rhiannon responde, um borrão de preto pula entre elas. Violet aterrisa e o cara que a seguia no parapeito ruge, frustrado. Violet gira e de repente, ela está com a adaga perigosamente perto da virilha do cara. Ele ainda não atravessou o parapeito por completo e a qualquer movimento mais brusco de Violet, ele poderia muito bem cair em direção ao abismo. 

Visha nunca havia visto a antiga amiga daquele modo. Violet sem dúvidas, preferia um livro a violência e mesmo assim, lá estava ela, prestes a cortar as bolas de um cara com uma adaga. Se a Dain a visse agora, cairia duro no chão, disso ela tinha certeza. Pensando no irmão, ela olha ao redor, em busca do mais velho, não o achando em meio aos cadetes e os cavaleiros de preto ao seu redor, ela iria rever Dain, a saudade nubla seus pensamentos, quase a fazendo parar de prestar atenção em Violet e o cara ainda sem nome, que ela estava prestes a deixar impossibilitado de se reproduzir.

—— É contra as regras um cavaleiro machucar o outro, seja na formatura da divisão ou na presença supervisória de um cadete de patente maior. — Violte recita o Códex. —— Já que isso pode diminuir a eficiência da Asa. Considerando a multidão atrás de nós, eu diria que se pode argumentar que se trata de uma formatura. Artigo terceiro, seção...

—— Não estou nem aí, porra! — ele se mexe, mas Violet continua firme em seu agarre.

Era divertido ver a melhor amiga de seu irmão subjugar um cara três vezes maior que ela. Visha abre um sorriso ladino nos lábios e cruza os braços.

—— Sugiro que reconsidere, minha mão pode escorregar.

—— Nome? — a cavaleira pergunta a Violet, desinteressada no showzinho. —— Você é bem pequena para uma cavaleira, mas conseguiu.

—— Violet Sorrengail. — ela responde. —— E antes que pergunte, sim, aquela Sorrengail.

—— Não fico supresa, tendo em vista a manobra que fez. — a ruiva solta, meio que em um elogio.

—— E qual o seu? — ela aponta na direção do cara que Violet encara, ainda segurando a adaga contra ele.

—— Jack Barlowe.

—— Bom Jack, a cadete Sorrengail está segurando você pelas bolas, em mais de um sentido. Ela está certa. O regulamento diz que nada além de respeito pode existir entre os cavaleiros em formatura. Se quiser a matar, vai ter que ser no ringue de luta ou no seu tempo livre. Quer dizer, se ela deixar você sair do Parapeito, Porque tecnicamente, você ainda não entrou na cidadela, então você não é um cadete, ela é. — O outro cavaleiro diz, coçando o queixo de forma lenta.

—— E se eu decidir quebrar o pescoço dela no
segundo em que descer? — Jack grunhe.

—— Então vai conhecer os dragões mais cedo, — A ruiva responde. —— A gente não espera um tribunal por aqui. Só fazemos a execução.

—— Qual vai ser Sorrengail? —— Pergunta o cavaleiro. —— Vai deixar que Jack comece a sua carreira de cavaleiro como eunuco? 

—— Vai seguir as regras? — Violet pergunta a Jack.

—— Acho que não tenho escolha.

Violeta abaixa a adaga, mas continua com ela na mão e caminha até onde Visha e Rhiannon estavam a agarrando. Jack entra no pátio, batendo o ombro no de Violet com força.

—— Você tá morta Sorrengail, e sou eu quem vai te matar.

—— Hoje não. — Violet responde.

Uma sensação de orgulho infla o peito de Visha e ela se pergunta quando Violet ficou tão legal daquele modo. Seu irmão amaria essa nova versão de Violet tanto quanto ela estava gostando. O que faz ela se perguntar o motivo de continuarem tão afastadas como estavam o decorrer dos anos.

A vida das duas garotas ficou agitada demais com o estudo da Sorrengail para se tornar escriba e os treinamentos redobrados e maçantes que o coronel Aetos submetia Visha para se tornar cavaleira, as duas mal se viam e com o tempo, a amizade foi esfriando e aos poucos, definhando, embora Violet e Dain continuassem bem próximos por todos esses anos em que elas ficaram afastadas.

—— Acho que você fez um inimigo. — Visha se escora na parede, um meio sorriso enfeitava seus lábios.

—— Ele pode entrar na fila se quiser me matar, mas acho que terá que disputar o lugar com Xaden Riorson.

—— Xaden Riorson? — Visha pergunta atônita, se desencostando da parede e se aproximando mais da Sorrengail. 

—— Parece que tem um alvo nas minhas costas. — Violet suspira, parecendo enjoada.

—— Bem vinda a Basgiath. — Visha desdenha.  —— Mas não vamos morrer, hoje não, acabamos de passar pelo Parapeito Vi, e vamos sobreviver ao resto, custe o que custar, certo?

Violet a encara, assim como Rhiannon que estava escutando tudo calada, agora que eram cadetes, elas poderiam ser amigas, não poderiam? Um inferno era um inferno em todo o sentido da coisa, mas as coisas ficavam mais fáceis quando se tinha alguém com quem compartilhar tudo o que vinha com ele, ou pelo menos, era o modo que Visha era acostumada, viver com o coronel que ela chamava de pai, não era lá um sinônimo de paraíso, mas com a companhia de Dain, os dias eram mais fáceis de se suportar.

[...]

—— Visha! — a voz de seu irmão chega até ela. —— Você conseguiu!  — O semblante de Dain não parece aliviado, ele parece irritado, e mais do que nunca, ela estava parecido com o pai dele.

—— Você chegou a duvidar? — ela tenta quebrar a tensão que se formou ente eles.

De tudo que ela imaginou que aconteceria quando reencontra-se o irmão, ele estar muito puto não era uma das possibilidades.

—— Violtet? — Dain se vira para a Sorrengail assim que a percebe. —— O que você está fazendo aqui? — ele ralha de olhos arregalados.

Dain corre até Violet, que sussurra algo para ele, os dois saem, Dain guiando a Sorrengail em direção ao interior do instituto, Rhiannon os segue. Visha, ainda atordoada, é deixada para trás, sem realmente saber o que fazer. Rhiannon volta de onde estava, alguns segundos depois e caminha na direção da Aetos mais nova.

—— Seu irmão nos mandou ir atrás da cavaleira ruiva e falar para deixar nós três na Segunda Asa, no setor dele. — ela informa.

—— Tudo bem, vamos lá! — Visha sorri.

Aquele reencontro não saiu como ela esperava, sem sombra de dúvidas. Por que caralhos Dain estava estranho com ela daquele modo?

ੈ✩‧₊˚ Peço perdão desde já por qualquer erro ortográfico, eu tento ao máximo revisar, mas sempre escapa um ou outro, caso achem, me avisem para que eu possa arrumar. Não se esqueçam de deixarem suas opiniões sobre o capítulo. Eu amo ler os comentários. Beijos da Thay.