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Capítulo 4 - Livros

 Pov Moira

Voltei a vestir meu blazer assim que deixamos o subsolo, Charles fez o mesmo com sua jaqueta, o que foi uma pena e um aliviou ao mesmo tempo.

- Qual o próximo passo, Srta. Scringeour?

- Descobrir o que significa os símbolos. Tem alguma biblioteca aqui?

- Não, o povo dessa região não é muito de ler, sabe.

- Entendo, preciso de um favor do ministério, então. Tem uma coruja?

- Por sorte sua a Sra. Weasley fez questão de me presentear com uma, ela fica no meu quarto.

- Esposa?

- Mãe, eu não sou casado. Não é fácil com meu trabalho.

- Eu dúvido muito.

Ele se afastou subindo os degraus de dois em dois.

- Você vem?

- O quê?

- Eu disse que a coruja está no meu quarto.

- Claro - mantive a calma enquanto subia as escadas atrás dele, Charles parecia não se importa em ser visto de costas e eu não pude deixar de reparar nas marcas que suas coxas deixavam no jeans.

Ele me guiou até o último andar e por um estreito corredor, entrando na penúltima porta.

- Cuidado - ele avisou bem a tempo de eu me abaixar enquanto uma coruja cinza cruzava o quarto - pode escrever na cama ou usar a cômoda, o tinteiro está alí.

Eu passei pela cama com dificuldade, imaginando como um homem daquele tamanho se movia aqui dentro, peguei um pergaminho e a pena, usando a cômoda como apoio para anotar todos os livros que eu imagina ter algo referente aquele assunto.

Com a visão periférica eu podia ver o Weasley sentado na cama dando migalhas para a coruja que insistia em se esfregar no bíceps dele.

Sortuda.

- Gosta mesmo desses animais, não é?

- É mais fácil que lidar com humanos, eles não traem, não machucam.

- E quanto aos dragões? Acho que podem machucar um bocado - apontei para o pescoço onde ele tinha outra cicatriz.

- São só incompreendidos.

- Ela pode levar, agora? É importante.

- Sim. Vamos, Justine. Precisa levar isso depressa - Charles pulou por cima da cama e me prendeu entre a cômoda e ele.

Sua presença era tão intimidadora e ao mesmo tempo me acolhia, entreguei o pergaminho enrolado e ele prendeu a pata da coruja, fazendo-a voar para fora da janela.

- Obrigada.

- Foi um prazer ajudar.

- Eu preciso ir agora.

- Sim, eu compreendo - Charles afastou o corpo deixando um espaço muito pequeno para passar e eu não sabia como travessar, por fim acabei virando de costa, o que não foi uma boa idéia. Ficou parecendo provocação.

- Bem - eu olhei por cima do ombro antes de passar pela porta - foi um prazer conhecê-lo.

- Igualmente, Srta Scringeour. Chame se precisar de mim?

Para qualquer tarefa?

- Claro, fique atento.

Charles fez questão de me acompanhar durante quase todo o trajeto de volta á vila, mesmo sem que o frio tornasse difícil conversar e a neblina densa mais ainda

A única hospedaria daquele lugar mais parecia um estabulo, ratos correndo libres pelo caibro no teto sem forro, as mesas sujas recebiam novos cardápios e o bar estava com os assentos lotados.

- Moira?

Minha atenção se voltou para o garoto na escada.

- Não temos escolha, temos?

- Sinto dizer que não. Como foi?

- Como eu esperava, as mortes foram obra da mesma pessoa.

- Comunicou o Sr. Philostrade?

- Não, ainda é cedo, preciso saber sobre aqueles símbolos.

- Ah, Moira. Era uma missão simples.

- Se quer simplicidade, Ioannou, sugiro que escolha outra profissão. Se vai trabalhar comigo, aceite que iremos até o fim.

- Tem razão - o garoto abaixou os olhos tristemente - a chave do quarto.

Peguei o objeto e subi, o quarto era ainda mais deplorável, com goteiras e uma janela quebrada por onde passava o ar gélido da noite.

Apanhei o cobertor na ponta de uma das duas camas, estava sujo e duro.

- Eu mereço - bufei e me deitei de costas cruzando os braços na frente do corpo e nem percebi quando adormeci.

Acordei com cheiro de café que fez meu estomago roncar.

- Café? - Dom me perguntou assim que abri os olhos.

Fitei a caneca manchada em sua mão.

- Não, obrigada.

- Você recebeu um telegrama do ministério.

- Já? - eu levantei rápido e apanhei o pequeno envelope na mesa, mas nada dos livros.

- O que diz?

- Nenhum dos livros que eu pedi estavam disponíveis.

- Hum, aposto que aqui não tem biblioteca.

- Tem a catedral - uma mulher gorda e rosada, vestindo uma roupa de camareira muito desbotada entrou no quarto sem bater e começou a esticar a cama - serviço de quarto - ela disse de forma casual.

- Que catedral?

- Na baía, depois do píer. Não conhecem?

- Eu não sou daqui.

Ela olhou para mim pela primeira vez.

- Ah, percebo agora. Bem, a baía é o lado mais movimentado dessa região, tem uma antiga catedral lá, foi destruída e saqueada mas duvido que esses vagabundos tenham levado os livros - ela deixou toalhas novas no banheiro antes de dar uma ultima olhada no quarto - prontinho, com licença.

Ela saiu nos deixando sozinhos.

- Acho que é perda de tempo. Se eram livros antigos certamente foram roubados.

- Também acho, mas vale a pena averiguar. Além do mais, ela disse que é movimentado, alguém pode saber de alguma coisa.

- Certo, vou me informar como faz pra chegar lá.

- Dom?

- Hum - ele parou na porta.

- Chame o Weasley.

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