Capítulo 21 - Ela Sabe de Algo
Pov Moira
Meu corpo todo doía como se eu tivesse sido atacada por um urso mas não pude deixar de sorrir ao lembrar que de fato fui.
Charles não estava mais na cama então me obriguei a levantar esperando encontrá-lo na cozinha de onde vinha o cheiro de café.
- Bom dia, Moira.
- Ah, bom dia, Dom.
- Fiz o café e preparei algumas coisas.
- Só vamos até o interior da construção, não precisamos de muito.
Ele não pareceu se importar e colocou mais objetos dentro da mochila.
- Eu também terminei de traduzir as asas que trouxemos - Dominic mantinha um pequeno manuscrito nas mãos a frente do corpo.
- O que diz?
- É sobre a lenda do dragão de duas cabeças, mas falta o início e o fim.
- Estão prontos? - Charles entrou parecendo um pouco tenso, seu sorriso havia sumido e entao, seu olhar se voltou para meu assistente - está com uma aparência ótima essa manhã.
- Tive uma boa noite de sono - Dom colocou rapidamente o manuscrito sob o casaco.
- Em uma barraca? Numa noite fria? Além disso foi o primeiro a acordar. Qualquer um estaria cansado.
- O que está fazendo, Charles? Ontem se preocupou por ele estar muito abatido e hoje implica por estar descansado demais - meu olhar ia de um para o outro - não temos tempo para isso, ou trabalhamos juntos ou vocês esperam aqui.
Saí da barraca sendo seguida de perto por Dom, sua bota quase parecendo um saltinho atrás de mim.
Mordaque amarrava os sapatos enquanto Vivien ainda nem tinha se vestido e Charles havia amarrado Brutus á um banco, o que me irritou muito, me fazendo esquecer totalmente o quão boa foi a noite.
- Canivete - estendi a mão para o Weasley exigindo o objeto, ele me deu sem questionar e então fui até o cachorro, usando a faca para cortar a corda - você disse que ele era útil, vai conosco.
- Fui eu - Mordaque levantou a mão timidamente ates de levá-la para a nuca, esfregando o pescoço - fui eu quem prendeu o cachorro.
- Não importa, Charles está no comando, se permitiu é culpa dele. Assim como qualquer coisa que aconteça nessa expedição é culpa minha. Portanto, Charles e Dominic, vocês vão parar de implicar um com o outro. Vivien, você vai conosco porque preciso ficar de olho em todo mundo e Bentley - tentei deixar minha voz o mais gentil possível - seja o que for que aconteceu a seu pai, foi a dois anos. Precisamos nos concentrar no agora.
- Moira tem razão - Charles se pós ao meu lado, olhei com desdém para a espada presa em sua cintura mais uma vez - vamos agir como profissionais.
- Vai trocar a varinha pela espada mais uma vez?
- Sou um homem grande, Moira. Sabe como é ridículo carregar um graveto por aí? Além do mais, sacerdotes tem ótimos feitiços de bloqueio, a espada pode ser útil.
Algum tempo depois Charles arrastava a porta pesada de pedra que separava o monastério do altar e um corredor comprido se estendeu.
- Incendio - levantei a varinha acendendo as tochas nas paredes iluminando o caminho estreito que descia como uma escada ingrime.
- Achei que íamos a biblioteca - Dom disse com a voz trêmula - o propósito era encontrar livros.
- Isso foi antes, agora precisamos achar a tal câmara.
Desci em passos vacilantes, o corredor levou a uma sala ampla ainda iluminada por tochas mas muito mais larga e com centro cheio de cavaleiros templários imóveis.
- São reais?
- Estátuas. São só estatuas, Dom.
Desci a pequena escada que separava o corredor da sala, Mordaque tropeçou no primeiro degrau derrubando seu cantil de metal que rolou para baixo produzindo sons metálicos.
Olhei por cima do ombro e notei que Vivien havia parado ainda no limite da escada, se escondendo atrás da parede.
Não tive tempo de perguntar o que ela estava esperando, com o barulho do cantil os templários á frente começaram a golpear o ar com suas espadas.
Era isso que Harold disse no diário sobre precisar ficar em silêncio.
- Quietos.
Todos ficaram imóveis, entendendo que as estátuas eram cegas mas ouviam muito bem. Tentei aparatar mas não consegui, imaginei que todos tentaram o mesmo quando olhei seus rostos confusos.
Feitiço de bloqueio, teríamos que passar pelo meio.
Dom se abaixou tirando suas botas de saltinho e deslizou a minha frente, seus olhos rodavam de uma estátua para outra, seu corpo dançando de forma lenta e silenciosa entre as lâminas como em uma apresentação de balé.
Se sairia muito bem nas provas de auror, talvez até melhor do que eu.
Mordaque foi em seguida, tão lentamente que era quase imperceptível. Uma gota de suor escorreu pelo seu rosto caindo na lâmina afiada enquanto ele passava arranhando o pescoço nela.
Levou quase cinco minutos até que ele cruzasse o espaço por completo.
Charles deu um passo mas eu o detive, olhei para Vivien fixamente, ela engoliu em seco e passou por mim lentamente sem desviar o olhar.
Ela sabia.
A observei ajoelhar logo na base da escada e engatinhando entre os pés das estátuas, fora da mira das espadas.
Tentei avançar mas Charlie se colocou na minha frente, claro que ele sabia o que eu estava pensando e ficaria no meio. Ele e seu maldito senso de proteção.
Charles era um homem grande, de modo que não seria nada fácil chegar ao outro lado, seus olhos encontravam os meus a cada passo que ele dava.
Não esperei que ele chegasse do outro lado, precisava estar perto para ajudá-lo se preciso.
Meu medo estava se tornando real, estava deixando que meus sentimentos pelo Weasley me fizesse agir por impulso, sabia disso mas não pude evitar.
Eu estava chegando perto, estiquei o braço e ele fez o mesmo até que as pontas de nossos dedos se tocassem, seu sorriso me tranquilizou por um momento mas ouvi sons de pequenos passos atrás de mim, virei o rosto na direção cortando minha bochecha na lâmina mais próxima.
Brutus levantou a perna e mirou no cantil que Mordaque havia derrubado, o som metálico da urina batendo no objeto agitou os templários, ouvi as lâminas cortando o ar e acertando uns aos outros.
Charles me puxou para o chão caindo sobre mim, senti minha costela partindo sob seu peso e perdi o ar, ele tateou meu corpo em busca da minha varinha mas não a encontrou.
'Aurores tomam muito cuidado com isso, Weasley. Devia saber'
Então ele sacou a espada presa em sua cintura e se virou deixando o corpo cair ao meu lado e bloqueando o golpe da estátua pouco antes de nos atingir. O templário era forte, pressionando a espada de Charles para baixo a fazendo quase encostar nos nossos rostos.
Ele não aguentaria.
- Se protejam - a voz de Dom veio acompanhada de um bombarda de Mordaque que estraçalhou a estátua a nossa frente.
Charles se virou novamente sobre mim, levantei meus olhos até encontrar os dele e a expressão de dor enquanto os estilhaços atingiam seu corpo, seus cotovelos apoiados um de cada lado da minha cabeça me protegiam. Me senti impelida a fazer o mesmo por ele, passei minhas mãos pelo seu pescoço até a nuca, deixando que as pedras das estátuas explodindo as atingissem e poupassem sua cabeça.
Ele se abaixou um pouco mais até que nosso beijo se encontrasse, sua língua moveu vagarosa na minha boca até que os sons dos feitiços e estátuas explodindo cessassem.e dando consolo na dor.
Charles se ajoelhou e passou o braço por baixo de mim a fim de me levantar. Ele gemeu com a força, eu gritei de dor.
- O que houve?
- Quebrei uma costela.
- Está machucada esse tempo todo?
- Vocês estão bem? - Mordaque se abaixou ao meu lado e me segurei nele para me levantar, foi muito mais delicado que Charles e me levou até o largo corredor antes da próxima sala.
- Dom?
- Sim, Moira.
- Quero interroga-la.
Dominic apontou a varinha e andou em direção a Vivien que arregalou os olhos e colou as costas na parede como se quisesse entrar nela.
- Moira, não é hora - Charles se aproximou, se movendo com dificuldade - você está machucada e estamos todos tensos.
- O que sabe sobre a expedição de Harold Mordaque? - ignorei o Weasley totalmente.
- Sabe o que aconteceu com meu pai?
- Não, ela não sabe - Charles estava quase em cima de mim e lutei contra a vontade de me segurar nele - Moira, quando Vivien saiu da reserva, Bentley ainda estava se formando. Ela não conheceu o pai dele.
- Mentira, ela trabalhava na taverna fazia um ano quando o tal Sr. Snow apareceu, Harold e o Bardo eram amigos. Ela o conhecia.
- É verdade - Vivien finalmente começou a falar, ainda com a varinha de Dom encostada em seu pescoço - Harold era conhecido na taverna mas fiel a esposa então nunca falei com ele e não sabia que era seu pai, Bentley.
- Quem era a prostituta que os acompanhou na expedição?
- Não sei.
- Quem era?
- Ela não sabe. Sério, Moira. Deixa ela em paz.
- Muitas garotas são levadas por europeus que se apaixonam
- Muitas garotas são levadas por europeus que se apaixonam. Então não dou muita atenção quando acontece, não tem como eu lembrar.
- Como sabia sobre as estátuas?
- Ouvi o bardo cantar sobre isso uma noite depois de beber.
- E porque não disse nada? Todos nós podíamos ter morrido.
- Eu tive medo - seus olhos encheram de lágrimas e ela os fixou em Charles como se implorasse por ajuda - tive medo que desconfiasse de mim como desconfia do assistente.
- Solte ela, Dominic - Charles estava ficando agitado.
- Dominic está sob minhas ordens e eu ainda não terminei com ela.
Charles se colocou na minha frente de modo que eu não conseguisse ver muito além de seu peito largo.
- Ela esta sendo presa? Porque se não for levá-la sob custódia sugiro que mande seu cachorrinho tirar as patas dela.
Cachorrinho... Brutus.
Mordaque teve o mesmo gatilho que eu e começou a chamar o cão mesmo que ele não fosse ouvir, logo Charles lutava contra os escombros tentando localizar o animal. Um desespero se instalou em mim.
'Respira, Moira. Respira.'
- Aqui, achei ele - a voz de Mordaque fez meu coração acelerar ainda mais - e Moira? Você vai querer ver isso.
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