Capítulo 2 - Corpo
Pov Moira
- Poderíamos aparatar com tanta facilidade - eu bufei enquanto descia da balsa no litoral da Romênia - o que eles querem tanto proteger?
- Não sei, mas melhor tomar cuidado com o que diz - Dominic apontou com a pena na direção de um grupo de sujeitos mal encarados.
- Eles não mexeriam com uma auror.
Passamos por uma ponte que mal nos aguentava até um pequeno corredor entre as rochas, um véu translúcido cobria a passagem mágica que dava para Spring's Ville.
O nome da vila nada combinava com ela, construções antigas em madeira e ferro com vidros quebrados, Dom andava tão perto de mim que tropeçava vez ou outra nos meus sapatos, mais a frente havia uma colina que se estendia até o topo da montanha e tivemos que subir quase metade.
Certamente, aurores não deviam usar scarpins de salto agulha.
Entre as pedras altas da colina, não era preciso esforço para perceber o animal gigantesco caído no chão com a barriga para cima e a cabeça jogada para trás, a asa direita cobrindo parte de seu corpo
O guarda local estava apoiado com a mão na pedra e o corpo inclinado.
- Estômago fraco - sussurrei para Dom.
- O cheiro não está ajudando.
Tirei um par de luvas de borracha do bolso e as vesti, cobri o nariz e a boca com o cachecol antes de me aproximar.
- Ele não está doente.
Minha atenção foi chamada para um homem abaixado ao lado da cabeça do animal.
- Isso ainda não sabemos.
- O primeiro sinal de doença é nos dentes, os dele estão saudáveis.
- Você deve ser o especialista.
Ele se levantou, era maior e mais largo do que aparentava, seus cabelos ruivos circulavam seu rosto em cachos alinhados e seus olhos de um azul profundo que facilmente me causariam arrepios.
- Sim, Charles Weasley - ele estendeu a mão para mim e eu hesitei, aquele homem poderia quebrar meus dedos sem esforço.
- Moira Scringeour - segurei sua mão, foi firme mas leve, isso me surpreendeu - auror, esse é meu assistente Dominic Ioannou
- Gostaria de dizer que é um prazer mas nessas condições - ele olhou com pesar para o animal.
Era maginifico, uma fera mas ainda assim magnífico.
- Pode me dizer a causa da morte?
- Não, assim como o outro, nenhum indício, parece ter simplesmente caído.
Eu me abaixei perto do corpo, haviam marcas de garras em suas asas e a pele em volta descascava.
- E isso?
- Provavelmente alguma caça tentando se defender, não foi suficiente para feri-lo a tal ponto.
- Me ajude a levantar a asa.
Eu puxei o membro do animal com a ajuda de Dom, era pesado demais para nós mas quando Charles a segurou e empurrou para cima pareceu leve em sua mão.
- Como eu pensei - me inclinei levantando minha varinha e usando-a como lupa - tem marcas aqui, eu já vi isso em algum lugar.
- Tem certeza? pra mim são só veias, vamos terminar logo e sair daqui, por favor - Dom reclamou atrás de mim, ele parecia muito mais incomodado que eu nesse lugar.
Eu passei o dedo sobre as marcas e a pele se desfez sob a luva.
- Aqui, Dom. Me ajude.
- Com o quê? Não trouxemos material pra isso, o Sr. Philostrade foi bem claro em suas instruções.
- Pegue - Charles me entregou um canivete suiço com mais compartimentos que eu podia contar - basta dizer o que quer, se estiver aí vai aparecer.
- Vassourinha de escavação - nada aconteceu, Weasley riu.
- Deixe-me tentar - ele pegou o objeto de volta - escova de limpeza - o que eu procurava apareceu na ponta e ele me entregou - aqui está.
- Obrigada - ignorei minhas bochechas queimando e me abaixei perto da asa, passando a escova pela pele do animal que se desfez como cinzas revelando símbolos em baixo - parecem hieróglifos.
- Conhece essa língua? - Charles se curvava sobre mim, o cheiro de sua colônia me entorpecia e quase bloqueava o cheiro forte do dragão.
- Não, parece antiga. Dom, fotografe isso.
Charles se afastou, assim como eu, dando espaço para que Dominic registrasse toda a asa e outras partes do animal.
- Sabe o que isso significa, Srta. Scringeour?
- Sim, esse Dragão foi assassinado por meio de arte das trevas.
- Podemos ir agora, Moira? Estou congelando.
- Não vamos embora tão cedo, enquanto não descobrirmos o que houve com esse animal.
- Vão investigar? - Charles me perguntou surpreso.
- Claro, eu estou aqui pra isso, sugiro que fique por perto, posso precisar de você.
- Certamente, Srta. Scringeour - ele sorriu com o canto da boca.
- Moira - Dominic sussurrou em meu ouvido - o Sr. Philostrade nos instruiu a preencher a papelada e voltar.
- Não, ele me disse para relatar que uma morte não tem ligação com a outra.
- Para descartar uma epidemia.
- Tenho que ver o primeiro dragão, você pode ficar na vila e nos consiga uma estalagem.
- Você vai com ele?
Dom parecia assustado mas teria que se acostumar rápido se quisesse mesmo ser um auror.
- Sr. Weasley, pode me levar até o corpo do primeiro dragão encontrado?
- Talvez, ele esta sendo cremado na reserva.
- Nesse momento?
- Há dois dias, é um animal grande mas normalmente deixamos as asas por último.
- Ótimo, preciso vê-lo.
Eu não sabia se me importava tanto assim com os dragões, eram lindos e uma pena que tenham sido abatidos mas minha motivação era outra.
Weasley me indicou o caminho descendo a colina pelo outro lado.
- É um caminho longo para fazer com esses sapatos.
- Agradeço a preocupação mas estou bem.
Foi só eu falar pro meu salto ficar preso entre duas pedras e meu corpo ser lançado para frente, eu teria caído e rolado montanha abaixo se Charles não tivesse me segurado entre seus braços.
Seu peito rígido abaixo de minhas mãos me causou um formigamento pelo meu ventre.
- Consegue se soltar?
- De você?
- Da pedra - ele deu um sorriso mais claro.
- Consigo - eu engasguei e sacudi o pé, livrando o sapato.
Esse homem me provoca de maneiras curiosas, tenho que me concentrar mais na minha missão, antes que ele me distraia.
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