capítulo 16
Já são cinco da tarde quando a minha irmã chegou. Mais tarde, vou atender a porta e vejo Nicolas. Fiquei um pouco surpresa, mas o mando entrar.
― Aconteceu alguma coisa? ― perguntei e fiz um gesto com a mão para que ele se sentasse.
Já no sofá, ele me responde.
― Vitória teve um probleminha em casa, então me pediu para trazer o que foi dado hoje na aula ― ele fala e me entrega um caderno.
― Muito obrigada.
Ele sorri.
― Você está bem? Eu sei o que a minha irmã fez.
― Eu estou bem. Pode ficar tranquilo.
Ele balança a cabeça.
― Eu tentei conversar com ela, mas Sofia é muito teimosa. E o fato de amar Aaron não ajuda muito.
Amar.
Pigarreio antes de falar.
― Ela gosta dele tanto assim?
― Sim. Desde pequena. Eles namoraram por um tempo, mas não deu certo. Mas conhecendo a minha irmã, entendo o porquê.
Apenas dou um sorriso sem graça.
― Está uma noite quente, vamos sair um pouco, abriu uma sorveteria ótima, o que me diz?
Penso um pouco, e acho que seria uma boa ideia.
― A Vi não vai poder ir, né?
― Acho difícil, é melhor ela explicar o motivo.
― Ok. Estou com vontade de sair mesmo. Espera um pouco, só vou pegar o meu celular.
Subi as escadas e vou até o quarto. Vejo Bella enrolada em uma toalha escolhendo uma roupa, a ignoro e pego o meu celular.
Já no carro, Nicolas me conta o que aconteceu na escola. Em resumo, nada de especial a não ser as fofocas com o meu nome e o da irmã dele.
Ele parou o carro próximo do café da minha tia, então saímos. Entramos em uma sorveteria, o local está cheio. Pegamos um sorvete e decidimos sentar em uma banco na praça.
― Nossa! O sorvete é muito bom.
Ele sorri.
― Também achei. Eu sei que já te pedi desculpas, mas mesmo assim me desculpa pelo meu comportamento na festa.
― Eu já me esqueci, é melhor você esquecer também.
― Na verdade, é um pouco difícil.
― Só me responda uma coisa.
― Pode perguntar.
― Naquela noite você queria me contar alguma coisa, mas não deu tempo. Era algo sério?
Ele me observa e vejo o seu rosto ficando vermelho aos poucos.
― Não era nada sério. ― Sinto que ele está mentindo. ― Acho que era apenas o álcool.
― Ok, então.
Continuamos a tomar o sorvete, e ouço o meu celular tocando. O pego do bolso e vejo uma mensagem de Aaron.
“Onde você está?”
Acho estranho a pergunta, mas mesmo assim respondo.
“Saí um pouco”.
Ele demora para responder, então decidi guardar o celular.
― Você já jantou? podemos jantar se estiver com fome.
― Eu estou bem.
Decidimos andar um pouco, e passamos por vários casais de namorados. Uma moça com uma cesta de rosas nos para.
― Gostaria de comprar uma rosa para a sua namorada?
Abro a boca para responder que somos só amigos, mas Nicolas retira dinheiro do bolso e entrega a ela.
Fico totalmente sem graça quando ele me entrega uma rosa vermelha, ela nos agradece e sai. Fico totalmente sem jeito segurando uma rosa. Ele sorri.
― Desculpa não desfazer o mal-entendido, mas acho que posso dar uma rosa para a minha amiga. Ou não?
Percebi o papel de boba que estava fazendo e comecei a sorrir.
― Muito cavalheiro da sua parte.
Ele imita uma reverência, e me dá o braço, então o segurei. Seguimos até o carro.
Já na rua de casa.
― Obrigada pelo passeio, eu adorei.
Ele sorri.
― Eu também gostei. Boa noite, Ella.
― Boa noite.
Saio do carro e vou para casa. Ouço o barulho do carro de Nicolas indo embora. Abrir a porta ainda com a rosa na mão e levei um susto quando vejo Aaron sentando no sofá com a minha tia.
Eles me observam. O olhar do Aaron vai em direção a rosa que eu ainda estou segurando.
― Ainda bem que chegou. Já tem um tempo que Aaron está te esperando.
A minha tia fala e se levanta.
― Ofereci que ele jantasse conosco, mas ele já jantou. Talvez você o convença.
Aaron apenas sorri, também se levantando. Se aproxima de mim e me dá um beijo no rosto. A minha tia se retira da sala indo em direção à cozinha.
― Eu não sabia que você viria aqui hoje.
― Eu te mandei uma mensagem, mas acho que não viu.
― Me desculpa.
― Não precisa se desculpar, acontece. Podemos ir lá fora?
― Claro. ― Coloco a rosa na mesa da sala e saímos.
Do lado de fora, me viro para ele e nesse momento o sinto me beijar com rapidez. Sou pega totalmente desprevenida, mas seguro no seu pescoço, correspondendo ao beijo. A minha boca arde um pouco pela pressão dos seus lábios. Respiro com dificuldade.
― O que foi isso? ― pergunto a centímetros da sua boca.
― Não achei certo fazer isso na frente da sua tia.
Sorrio, para a sua resposta.
― Sensato da sua parte.
― Eu estava com saudades.
― Nos vimos a tarde.
― Eu sei, mas você estava machucada, é diferente. Onde você estava?
― Fui na praça com Nicolas, aproveitamos e tomamos sorvete.
Ele me observa por um tempo. Acho que quer falar alguma coisa, mas apenas balança a cabeça. Ele respira fundo antes de prosseguir.
― E a rosa?
Semicerro os olhos, olhando para ele.
― Se não te conhecesse, falaria que está com ciúmes.
― Não é ciúmes, é apenas curiosidade.
― Foi ele que me deu.
― Gentil da parte dele, não é mesmo?
― Na verdade, achei sim.
― Você gosta desse tipo de coisa? – Ele perguntou interessado.
― O tipo de coisa romântica? Sim, eu acho. Eu nunca tinha ficado com alguém antes de você. Então, não sei exatamente do que gosto.
Percebo que falei demais quando ele me encarou.
― Merda!
Ele sorri.
― Está querendo dizer que o seu primeiro beijo foi na festa comigo?
Ele sorri. O meu rosto começa a se esquentar.
― Para de rir.
― Desculpa, é que é fofo, se você pensar bem.
― Por isso te dei um soco na cara.
― É…. Eu me lembro muito bem dessa parte.
É a minha vez de sorrir.
― Eu não te machuquei tanto assim.
Ele levanta uma sobrancelha olhando para mim.
― Sabia que demorou para parar de sangrar?
― Mentira!
― É sério, esse foi o motivo de sempre quando te via me lembrava do soco.
― Mas vamos combinar, não é mesmo, você mereceu.
Ele sorri, e a covinha mais uma vez aparece na sua bochecha.
― Sim. Eu mereci.
Ele me pressiona contra a parede e me beija novamente. Seguro mais uma vez o seu pescoço. Os beijos vão para o meu pescoço e se intensificam. Ele está tão próximo do meu corpo que sinto uma sensação crescendo próximo a minha barriga. Engulo em seco, já sabendo o que é.
― Você me deixa louco.
Ouço a sua voz rouca próximo da minha orelha.
Sinto pequenos calafrios se espalhando pelo meu corpo.
― É melhor pararmos, daqui a pouco a minha tia aparece aqui.
Ele respira com dificuldade, mas concorda com a cabeça.
― É melhor. ― Ele passa delicadamente a mão pelo meu rosto. Fechei os olhos por um momento sentindo as carícias dele. ― Amanhã eu não vou poder te ver, vou em uma viagem com o meu pai só voltarei no final de semana.
― E a escola?
― Tem as suas vantagens, ser filho da diretora, não é mesmo?
― Para onde você vai?
― Nova York. Mas te mandarei mensagem todo dia. ― Ele se aproxima novamente, me dando mais um beijo.
― Por favor, se cuide, ok. Eu ainda não descobri quem fez aquilo com você. E sinceramente, não gostaria de te deixar agora, mas o meu pai insiste.
― Por que ele insiste?
Perguntei, mas ao mesmo tempo me arrependi, talvez ele não queria falar. Ele me observa.
― Desculpa, não é da minha conta.
― Não tem problema nenhum em te falar. Irá ter uma festa na casa do reitor da universidade de Stanford. Ele é amigo do meu pai. Então ele quer que eu o conheça antes das entrevistas no final do ano.
― Entendi.
Percebo que ele não está tão animado quando pensei que estaria, pelo menos eu ficaria.
― Você quer ir para Stanford?
Ele não responde imediatamente, parece que está pensando em uma resposta.
― É uma boa universidade.
― Não foi essa a minha pergunta.
― Eu sei. Na verdade, eu não queria pensar em universidade até o último momento, mas é meio difícil quando o seu pai e mãe fizeram a mesma universidade. E eles querem que eu vá para essa.
― Me desculpa, mas você não faz o tipo que faz os que os pais querem.
― Interessante. ― Ele sorri, se aproximando do meu rosto. ― Então me diga. Que tipo eu pareço?
Engulo em seco ao sentir a sua boca a centímetros da minha.
― Me fala? Qual é o meu tipo.
A sua voz é baixa, no meu ouvido. Sinto um arrepio passando pelo meu corpo. Ele fala isso para logo depois morder o lóbulo da minha orelha, me fazendo soltar um pequeno gemido.
― Você é mais o tipo de rebelde sem causa.
Ouço o seu sorriso e isso me faz sentir algo bom.
― Eu pensei que fosse apenas um garotinho mau.
― Você não vai esquecer isso nunca, não é?
Ele está me encarando quando fala.
― Com certeza não.
Ficamos mais um pouco em frente de casa até ouvir a minha tia o chamando mais uma vez para jantar. Ele recusa educadamente. Me despeço.
― Ele me parece uma boa pessoa ― minha tia fala, enquanto estamos comendo. Abro a boca para responder, mas quem responde é Bella.
― Nossa! Ele é sim uma ótima pessoa. Inclusive já foi preso várias vezes por perturbação. Mas é claro que deu um jeito. Não é mesmo? ― Minha tia me encara. ― Afinal, ele é rico. E gente rica dá um jeito em tudo.
― Por que você está falando isso? ― pergunto para ela. O seu olhar de desprezo é direcionado para mim.
― Acho que nossa tia precisa saber quem você está querendo colocar para dentro de casa, não é mesmo?
Dou um sorriso forçado, desacreditado nas suas palavras.
― Engraçado, quando você se juntou ao grupo dele, não vi você reclamando de nada. Ao contrário, ficou parecendo um cachorro correndo atrás do seu dono.
Vejo o rosto da minha irmã ficando mais vermelho a cada segundo que passa. Ela se levanta, mas continua a me encarar.
― Quando você contou para a nossa tia que foi suspensa das aulas, por acaso contou por quê? ― Não respondo. Minha tia fica olhando de uma para a outra sem saber o que fazer. ― Contou para ela que quem fez isso com você foi a ex-namorada do Aaron.
Respiro fundo antes de responder:
― E não se esqueça que ela é sua melhor amiga. Mas desculpa, eu já ia me esquecendo, afinal, vocês duas são iguais. Nenhuma presta.
Vejo a minha irmã vindo em minha direção como um demônio saindo do inferno. Me levanto me preparando, mas minha tia se coloca no meio de nós duas.
― Parem agora com isso. O que está acontecendo com vocês? ― Nenhuma de nós responde, vejo o peito da minha irmã subir e descer rapidamente. ― Vocês são irmãs, o que os seus pais iriam pensar se as vissem brigando desse jeito?
Ouço o sorriso de deboche da Bella direcionado para a minha tia.
― Nunca saberemos, não é mesmo? Afinal de contas, eles estão mortos.
Ela não espera que nenhum de nós respondesse, apenas saiu andando em direção ao quarto.
― O que está acontecendo com a sua irmã?
― Eu não faço ideia, tia, ela já está assim há um tempo. ― Me sentei novamente, mas sem um pingo de vontade de comer, observando o meu prato praticamente intocado.
A minha tia se sentou frustrada.
― É verdade o que ela falou?
― Sobre as prisões, eu não sei. Mas sobre a suspensão sim.
― Cuidado, Ella. Você é uma pessoa muito boa, não deixe que pisem em você, está me ouvindo? ― Balanço a cabeça concordando com ela. ― Eu sei o tanto que um rapaz como Aaron pode ser interessante, acredite em mim quando digo que sei o que é. Mas não deixe ninguém te humilhar por causa disso. Nem mesmo ele.
― Eu sei, tia.
― Estou falando isso para o seu bem. Acredito que a sua mãe te daria o mesmo conselho.
Ao ouvir sobre a minha mãe, os meus olhos se enchem de lágrimas.
― Os seus pais não iam gostar de ver você e sua irmã brigando assim.
― Eu não posso fazer nada se ela é tão difícil.
― Eu entendo. Você e aquele garoto estão namorando?
― Estamos nos conhecendo.
― Ok. Meu amor, só se cuida, não deixe que destruam o seu coração no processo.
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