Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

8 - somos ou não garotas rebeldes?

PAPAI E EU comemos no carro, estacionado novamente em uma vaga ao lado do calçadão da praia. O número de pessoas na areia diminuiu bastante desde a hora em que saí, e eu devoro o meu cachorro-quente enquanto encaro o palco vazio. As meninas já devem ter ido embora há muito tempo.

— Não vai me perguntar o que eu tava fazendo na praia?

— Hm. — Papai engole o pedaço do cachorro-quente, dando um gole no seu refrigerante e o apoiando de volta no painel do carro. — Você não vai me perguntar o que eu tô fazendo na cidade numa terça-feira?

Sorrio, comprimindo os olhos para ele. Papai sorri de volta, o que me faz relaxar um pouco. Acho que tá tudo bem entre nós dois, apesar de eu ter sido pega no flagra e não saber ainda quais serão as consequências. A única coisa que sei é que, se meu pai decidir abrir a boca e contar a verdade para a mamãe, eu posso dar adeus a todos os meus planos futuros de ajudar a Garotas Rebeldes em Combustão. E se ela decidir ir atrás de informações sobre minha posição na banda estudantil... Eu estarei ferrada até o último fio de cabelo.

— Avisou a sua mãe que está comigo? — Assinto, dando uma mordida grande no cachorro-quente. — Onde ela acha que você estava?

— Escola. Num ensaio da banda.

Papai assente, terminando o seu lanche. Ainda estou tensa e sinto que, se ele olhar nos meus olhos, vai conseguir descobrir todas as coisas de errado que fiz nos últimos meses, talvez até nos últimos anos. E eu não posso deixar que isso aconteça. Mesmo que papai pareça estar surpreendentemente bem comigo fora de casa uma hora dessas, eu não sei até que ponto ele conseguiria perdoar as minhas mentiras.

— Eu não vou entregar você para a mamãe — ele avisa, ajeitando os óculos e esfregando os olhos. Parece cansado. — Mas preciso que me prometa que não vai mais sair escondida.

— Tá bem — respondo, torcendo para que ele não perceba que eu não disse a palavra prometo em momento algum. — E me desculpa, é que eu queria muito vir a esse show.

Ele sorri, relaxando no banco e soltando um suspiro demorado.

— Acho que todo mundo precisa cometer um ato rebelde de vez em quando.

Nossa, pai, você não faz ideia.

Ele espera com o carro desligado até eu terminar o meu cachorro-quente, e assistimos juntos o movimento diminuir na praia. Já são quase onze horas quando mamãe liga para ele, que atende com uma expressão preocupada. Acho que Dona Ângela mete medo em todos lá em casa. É o seu charme.

— É melhor irmos — ele avisa assim que encerra a chamada, ligando o carro e finalmente avançando pela Avenida Litoral.

— Pai... — murmuro, sendo invadida por uma coragem momentânea. Ele reagiu tão bem ao meu ato de rebeldia que, não sei, me faz perguntar se eu não deveria contar tudo para ele. Sobre a Ardentia, sobre meus planos para o futuro, sobre meu caderno de roteiros escondido. Juro que abro a boca para revelar todas as verdades, mas no último segundo eu volto atrás: —... O que o senhor tá fazendo em Alto-Mar numa terça-feira?

— Preciso de uns documentos que estão lá em casa. Não podia deixar pra buscá-los só no fim de semana, são importantes.

— Então você já volta amanhã para Velha Laguna?

Ele assente, fazendo a curva no fim da avenida e alcançando a nossa rua.

— Sairei de casa antes de você acordar.

Encaro a janela, os prédios baixos passando rápido. Com a luz dos postes lá fora, eu consigo ver o meu rosto refletido na janela do carro, minha expressão cansada e preocupada. Medrosa. Tenho um pavor inevitável só em imaginar que um dia meus pais podem descobrir a verdade sobre tudo. Mas, ao mesmo tempo, eu morro de medo de abrir a boca para lhes contar o que anda acontecendo. E eu não sei o que é pior, se deixá-los descobrir ou ser honesta com os dois, mas sinceramente, em ambas as situações, eu sinto que perco.

— Promete que não vai contar nada a ela? — pergunto para garantir, papai estacionando o carro no meio-fio.

— Promete que não vai contar que o meu jantar foi cachorro-quente e refrigerante? — Sorrio, balançando a cabeça em concordância. — Então tá bem. Guardamos os segredos um do outro.

Saímos do carro juntos e subimos as escadas estreitas do prédio até o nosso apartamento. Mamãe está plantada em frente à porta nos esperando, e abraça o papai assim que nós a alcançamos. Desvio dos dois para entrar em casa, Carmela vendo TV no banco desconfortável do nosso piano, e sigo a passos apressados até o meu quarto. Estou tão cansada.

Largo a minha bolsa e o casaco no chão, me deitando na cama e sentindo o alívio nos meus músculos enquanto eles relaxam, e sei lá. A frase do papai continua ecoando na minha mente, sem parar. Guardamos os segredos um do outro. Será que isso continuaria sendo verdade se eu decidisse abrir o jogo sobre todas os atos rebeldes que já cometi? Minha nossa. Como eu queria acreditar que sim.

NA QUARTA DE manhã, eu saio da aula de História com meus olhos pesados de sono. Dizer que dormi pouco seria mentira, porque não consegui dormir nada na noite passada. Além do pensamento insistente sobre toda a minha conversa com o papai, eu não conseguia tirar da mente o show da Garotas Rebeldes em Combustão, e sempre que fechava os meus olhos, eu conseguia ver tudo de novo: a multidão empolgada, as luzes na praia, o palco pegando fogo. Passei a noite inteira agitada, como se tivesse sido plugada na tomada e estivesse cheia de energia, e, quando me dei conta, já era de manhã.

Caminho pelos corredores com meus olhos quase fechados, Iara do meu lado conferindo algo no celular. Nenhuma está prestando muita atenção no caminho até o refeitório, e eu quase esbarro na garota parada feito uma estátua bem na minha frente.

— Ei, Nina!

Sinto as mãos nos meus ombros, me fazendo parar antes que um acidente ocorra. Jasmine me encara, sorrindo mostrando os dentes, e eu balanço a cabeça pra tentar acordar um pouco mais.

— Me desculpa, eu tô...

— Cansada, né? Quem não estaria depois de um show daqueles?

— Tá tudo bem, Nina? — pergunta Iara, finalmente tirando os olhos do celular e olhando para mim.

— Tá sim. Você pode... — indico com a cabeça o interior do refeitório, logo no fim do corredor —... ir na frente e encontrar uma mesa pra gente?

Iara não contesta, o que eu agradeço. A vejo voltar a atenção para o aparelho e seguir caminho, me deixando a sós com a garota de cabelo roxo forte parada com os braços cruzados bem no meio do corredor.

— As meninas me mandaram te procurar. Querem saber se você ainda tá a fim de ajudar a gente e tudo mais.

É claro que eu ainda tô a fim de ajudar a banda, mas depois da conversa com o papai, comecei a ter sérios questionamentos sobre continuar ou não mentindo. Eu podia ter me ferrado pra valer ontem a noite, e não sei se tô muito disposta a arriscar tudo de novo. Quero dizer, é claro que meus dias de rebeldia estão longe de chegar ao fim, eu ainda continuo trabalhando na Ardentia Locadora, mas já basta viver a adrenalina de ser pega todas as tardes. Correr o risco de também ser pega todas as noites não me parece algo muito prazeroso, mesmo que eu ainda ame a ideia de ajudar essas garotas.

— Não sei não... — começo, coçando a nuca. — Eu adoraria mesmo ajudar, de verdade, mas é que durante a noite...

— Eu soube que você trabalha a tarde, né? Lá na locadora — ela pergunta, e eu assinto devagar. — Os ensaios acontecem nas segundas, quartas e sextas, e só começam depois das seis, não te atrapalharia. E eu te deixaria em casa todos os dias, pra não precisar pegar ônibus nem nada.

Meu Deus, cada palavra que sai da boca dela soa extremamente convincente. Jas parece muito determinada a me convocar para a equipe e isso me deixa... não sei bem. Faz eu meio que me sentir importante, mesmo que isso não faça sentido. Não é como se elas me quisessem por algo especial em mim, mas só porque eu mesma ofereci ajuda, pra início de conversa. De qualquer forma, não sei como dizer para ela que o problema não está no horário ou nos dias ou na droga da volta pra casa. Não tenho uma desculpa convincente dessa vez.

— É que meus pais não poderiam saber.

Dou de ombros, fazendo uma careta. É a primeira vez em tempos que eu conto uma verdade para alguém que não faz parte do meu círculo minúsculo de amigos, se bem que até para eles eu ando mentindo nas últimas semanas.

— Eles acham que eu tô na banda do colégio, então não fazem ideia nem do meu trabalho na Ardentia. E se eu for mesmo ajudar nos ensaios, meio que não tenho uma desculpa pra dar pra eles, entende?

Jasmine me encara por uns bons segundos, a mão na cintura e as sobrancelhas franzidas. Ela não parece estar me julgando ou coisa parecida, apenas analisando a situação, mas eu não sei direito como reagir ao seu olhar e tudo o mais. Encaro os meus pés pelo tempo que se estende, até sentir ela tocando o meu ombro.

— A gente faz assim: vou aparecer hoje lá na Ardentia no fim do seu expediente. Se você quiser, eu te levo até o ensaio, e lá a gente te ajuda a decidir o que fazer. — Ela ergue uma sobrancelha. — O que me diz?

Penso por alguns segundos, mas como eu disse, ela é muito convincente. Com um suspiro e um sorrisinho, assinto, fazendo com que Jasmine também sorria, fofa e animada.

— Mas que desculpa eu vou dar pros meus pais essa noite?

— Já disse, a gente te ajuda nessa. Afinal de contas, somos ou não garotas rebeldes? — ela responde, piscando para mim antes de se afastar.

IARA NÃO PARA de falar do Juliano durante toda a tarde. Pelo que entendi, ela descobriu que ele saiu para uma festa sem avisá-la e agora está furiosa e... Sério, já estou cansada de dizer o quanto esse garoto é insuportável e ela merece coisa melhor. Mas Iara sempre fica chateada quando abro a boca pra falar sobre o Ju, como se ele fosse um santo ou sei lá o quê. É por isso que dessa vez eu fico calada enquanto ela reclama para mim e para os DVDs da sessão de suspense.

— Eu não tô errada, né? Tipo, juro que não tô tentando ser uma namorada controladora como ele insinuou, eu só acho que, sei lá, ele me devia contar as coisas. Não tem nada de errado em compartilhar informações com o seu parceiro — ela resmunga, organizando os filmes nas prateleiras. — Não é como se eu fosse impedir o Juliano de sair, é claro que não, eu só... gosto de ser informada, sabe? — Iara me encara, eu a observando sem muito ânimo do balcão. — Acha que eu tô errada, Nina?

Suspiro, revirando os olhos.

— Você sabe muito bem que não. E se eu fosse você, já teria mandado esse garoto ir se foder há muito tempo.

— Bem, você já mandou, né?

Sorrio com a lembrança, apoiando meu rosto nas minhas mãos.

— Pois é, mas não é a mesma coisa.

O movimento no Ardentia está inexistente nessa tarde, e Damião deu uma saída pra sei lá onde já faz umas boas duas horas. Eu juro que a minha vontade é deitar a cabeça no balcão e tirar um cochilo, mas eu insisto em manter os meus olhos bem abertos. Tento me distrair conferindo a caixa registradora, lendo a lista de novos filmes comprados pelo meu chefe que estão para chegar na sexta e até usando alguns apps esquecidos no meu celular, mas nada que eu faça parece me tirar o sono e fazer o tempo passar. Já são quase quatro e meia da tarde quando eu me rendo e busco o fichário da locadora de uma vez por todas.

Já faz algum tempo desde que deixei de alugar filmes nos fins de semana. Acho que depois que descobri quem Lennon de fato era, a magia de assistir o que ele assistia se perdeu, ou sei lá. É errado dizer que fiquei decepcionada por Lennon ser Frida? Não que ela tenha feito algo de errado ou que eu a odeie ou qualquer coisa parecida, mas é que não é a mesma coisa, agora. Acho que o mistério de saber quem ele, ou melhor, ela era fazia parte de toda a diversão, era tão importante quanto qualquer outro passo no ritual das noites de sexta. Sem isso, não tem mais tanta graça.

Mesmo assim, abro o fichário na última página preenchida, e encontro a assinatura de Lennon no papel. Segundo as anotações feitas pelo próprio Damião, ela alugou o filme Ponyo hoje, às dez e sete da manhã.

— Acho que vou passar na casa dele, pra gente conversar.

— O quê? — pergunto, voltando a minha atenção de volta para Iara, que se aproxima do balcão com passos arrastados. — Tá falando do Juliano ainda?

— Uhum. Tô pensando em ir lá falar com ele. Me desculpar.

Meu Deus. Juro que eu não sei o que posso dizer que a faça perceber o quanto ela está sendo burra. Ela não fez nada de errado e sabe disso, mas ainda acha que precisa pedir desculpas pro namorado idiota? Sério, me poupe.

— Iara, pelo amor de...

— Eu sei o que você vai dizer, tá? E eu entendo o seu ponto, mas... É uma briga boba, Nina — ela resmunga, pondo alguns fios de cabelo atrás das orelhas. — Melhor que eu engula o meu orgulho e peça desculpas do que ficar chateada por muito tempo.

Não respondo. Só deixo que o meu revirar de olhos forte a faça entender qual é a minha opinião sobre essa merda toda.

Damião volta antes do horário de fecharmos, e eu estou guardando as minhas coisas quando ouço a buzina em frente ao Ardentia. Jasmine e Mabel me esperam na calçada, as duas apoiadas com as costas na lateral do carro, conversando e rindo sobre alguma coisa. Nossa, elas são muito fofas. Espero que elas não achem que eu sou uma esquisitona por encará-las com admiração por tanto tempo.

— Não sabia que era amiga dessas garotas — sussurra Iara antes de sairmos da loja. — Isso significa que não vai precisar de carona hoje?

Balanço a cabeça, sorrindo para ela sem jeito.

— Prometo te explicar o que tá rolando depois, tá? — Ela assente, relaxando a postura que eu nem havia percebido que estava tensa. — Mas ei. — Iara me encara, eu abrindo a porta e deixando que ela passe primeiro. — Não deixe que ele te faça parecer uma namorada surtada. Você sabe que não é verdade.

— Tá bem — ela murmura, me dirigindo um sorriso envergonhado.

— E se precisar de alguma coisa, me liga que eu vou correndo até lá encher a cara dele de porrada.

Iara acena um tchauzinho para mim e cumprimenta as garotas paradas no meio fio antes de subir na sua moto, saindo em disparada pela Travessa Tubarão e sumindo da nossa vista.

— E então, você vem com a gente?

Olho para a estrada, para o caminho que me levaria para a segurança do meu apartamento assobrado e cheio de pianos. Eu queria muito acreditar que a minha vida já tem rebeldia demais por enquanto, comigo nesse emprego secreto e assistindo filmes escondida nas noites de sexta. Minha nossa, como eu adoraria dizer que, só em pensar em entrar nesse carro e ir para esse ensaio, meu coração não palpita e minhas mãos não suam. Que eu não sinto como se estivesse acendendo a droga de outro fósforo no meio da minha cozinha.

Sei lá. De repente o meu nível de rebeldia parece pequeno demais, insuficiente. É como se eu precisasse de outra coisa, de mais adrenalina, de mais situações de risco. Como se eu precisasse ir para esse ensaio desesperadamente.

Com um suspiro de rendição, eu me entrego de uma vez por todas.

— Tá legal. Vamos nessa.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro