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4 - super-homem

LENNON É UMA garota. Não, não uma garota. Lennon é Frida Tropelia. Não que Frida não seja uma garota, mas é que no fundo ela é mais do que isso. Ela não é só uma garota, consegue me entender? Ah, sei lá. Minha cabeça está fervendo.

Talvez tudo seja um grande engano. Não sei como isso seria possível já que a assinatura é exatamente a mesma, com estrelinha e tudo, mas vai que existam dois Lennons nessa cidade, com assinaturas e estrelas iguais? É possível. Totalmente possível, não é?

Eu sabia que ia quebrar a cara, que tinha chances de eu me ferrar pra valer nessa história toda. Mas como eu ia adivinhar que Lennon é a droga da Frida Tropelia? De todas as pessoas dessa cidade, tinha que ser justo ela?

— Parece que viu um fantasma, Ninazinha — brinca Iara no fim do nosso expediente, me encarando enquanto tiro o avental. — Nunca te vi tão pálida.

— Acho que tô cansada — minto, pendurando o meu uniforme no cabide enquanto permaneço com os pensamentos bem longe daqui.

— Você precisa relaxar, amiga. Quais são as chances de vir até o Água-Viva comigo? Se divertir um pouco, pra variar.

Demoro a processar a pergunta, então uns bons segundos de silêncio se estendem. Quase solto uma risada na cara dela quando finalmente entendo o seu convite.

— Chances inexistentes? — respondo, buscando um dos capacetes jogados no sofá. — Sabe que minha mãe me mataria, né? Tipo, bem matado.

— Ah, qual é! E se eu falasse com a Ângela, hein? — Iara sugere, esperançosa. — Sua mãe me conhece, confia em mim. Eu posso ligar pra sua casa, dizer que te entrego com segurança mais tarde, e talvez ela te deixe ir numa boa.

Eu não posso revelar os motivos de não poder, ou melhor, de não querer ir. Não posso só dizer que meu estômago está doendo e minha cabeça girando porque tudo parece ter desmoronado sobre mim. Porque Lennon é Frida Tropelia, e eu juro que estaria lidando melhor com essa decepção de que o amor da minha vida é uma farsa se ele fosse qualquer garota da cidade. Sério. Mas, de todas as garotas de Alto-Mar, não precisava ser logo ela.

Acho que Frida nem se lembra mais de mim.

— Eu tenho ensaio hoje, mamãe não quer que eu falte — arrumo uma desculpa, erguendo o capacete e o balançando no ar. — Dá pra gente ir embora?

Eu já tenho uma ideia do que vou fazer. Quero dizer, parte de uma ideia. Só preciso de uma boa desculpa, ajuda divina e muita, muita sorte.

Passei tanto tempo imaginando como Lennon seria que é estranho saber quem ele é. Bem, isso se eu considerar mesmo a hipótese de Frida ser o garoto por quem eu estive secretamente apaixonada durante todos esses meses. Eu só sei que essa paixão ridícula e completamente platônica precisa acabar, e agora mesmo. Sabe toda aquela baboseira sobre descobrir que o seu príncipe na verdade era a droga de um sapo desde o começo? É mais ou menos o que eu tô sentindo agora. Me sinto enganada, mesmo sabendo que não tenho esse direito.

Fecho os olhos durante todo o percurso na Avenida Litoral, tentando evitar olhar para o calçadão da praia e encontrar Frida. Ou Lennon, sei lá. Isso tá ficando muito confuso.

Iara finalmente alcança a minha rua e estaciona no meio-fio, sem desligar o motor. Pulo do assento, ajeitando a mochila nas costas, e mal me despeço antes de correr para dentro do meu prédio.

Preciso começar a minha pesquisa.

FRIDA TROPELIA NÃO está em lugar algum da internet. A cacei em todas as redes sociais, mas não encontrei nada. Nenhuma marcação, nenhuma foto, nenhum maldito tweet. Confesso que isso até me deixou admirada. Não é qualquer adolescente que consegue se manter longe das tentações da vida online.

Pensei que xeretar e descobrir tudo o que eu podia sobre Frida seria fácil e útil, mas só me deixou mais irritada e curiosa. Na verdade, a minha pesquisa me fez perder umas boas duas horas de sono, o que, eu bem sei, estão me fazendo falta essa amanhã.

Mas nem tudo foi perdido. Quero dizer, ao menos ainda tenho o meu plano, pronto para ser executado em três, dois, um...

Encaro o papel com a assinatura da mamãe, sentindo vontade de vomitar e ao mesmo tempo de dar uma festa. Eu sabia que isso me seria útil um dia, e nunca me senti tão feliz por ter decorado aos oito anos a forma como mamãe escreve seu nome. A curvinha no final da letra "e" em Avante ficou perfeita.

Depois de uma conversa com minha professora de Literatura e, em seguida, com a coordenadora da escola, finalmente tenho a permissão para sair do prédio. Tem algo nessa ação, em sair do colégio mais cedo e sozinha, que me deixa extasiada. Ainda que eu tenha autorização para fazer isso, sei que o meu ato é carregado de rebeldia, e talvez seja muito errado admitir, mas nossa. Estou gostando até demais dessa taquicardia, do suor nas minhas mãos, da adrenalina só em pensar em ser pega. Dessa liberdade.

Tomando como referência o fichário da Ardentia, Lennon sempre aparece na locadora por volta das dez, com exceção de ontem, é claro. São nove e meia agora, segundo o meu relógio de pulso — um acessório muito útil, mas infelizmente esquecido pela minha geração —, e eu só preciso fazer uma caminhada de cinco minutos e arranjar um lugar para ficar à espreita. Vou esperar Frida sair da locadora e irei conferir se ela assinou como ele novamente. E se sim, tentarei tirar todas as informações possíveis sobre essa garota do meu chefe.

Tá, eu sei que é um plano horrível e se minha vida fosse um filme, seria esse o momento em que as pessoas mudariam de canal ou sairiam da sala de cinema. Todo mundo odeia uma protagonista burra e sem noção, mas infelizmente burra e sem noção são as únicas coisas que posso ser no momento.

Guardo o papel no bolso da calça, a autorização para uma suposta consulta médica sumindo da minha vista. Com um passo confiante, começo a subir a rua.

Quem sabe Frida seja só uma pessoa tão boa em falsificar assinaturas quanto eu. Lennon pode ser um amigo dela ou algo do tipo, que pediu para a garota alugar um filme no nome dele. Faz sentido, né? Se bem que Frida me disse que ela já alugou filmes antes.

Calma, Nina Avante. Não vamos tirar conclusões precipitadas.

Alcanço a Travessa Tubarão e caminho até a Ardentia batendo os pés. Estou decidida, com coragem e rebeldia correndo pelas minhas veias. Estou pronta pra descobrir a verdade de uma vez por todas.

Paro de andar antes de chegar à locadora. Pela placa de vidro que possibilita todos na rua de verem o interior da loja, eu consigo assistir Damião conversar com um dos funcionários do período da manhã. Não posso simplesmente entrar e dizer que estou esperando uma cliente aparecer, então vou me manter escondida até a hora certa. Sem falar que não tô a fim de precisar justificar agora os motivos de eu não estar na aula. Tô com zero paciência para explicar os meus atos rebeldes, então tenho que me apressar.

Atravesso a rua e entro no estabelecimento em frente à locadora, o Syd's, que se lê como CDs em inglês — Deus abençoe o marketing criativo dessa cidade. A loja de discos está vazia, e Hugo, amigo e vizinho da Iara, me recebe atrás do balcão com um sorriso. É um garoto fofinho, com esses cabelos loiros bronzeados e olhos pequenos. Bem que ele podia ser Lennon, né? Facilitaria muito as coisas.

— E aí, Nina? Veio comprar algum disco?

Acho engraçado como Hugo é o único garoto no mundo que chama CDs de discos, como se fosse um senhor de idade ainda não acostumado com o mundo moderno. Dá vontade de lhe dar um abraço e pedir para que nunca mude.

— Só vim dar uma olhada — minto, mas com um sorriso verdadeiro.

— Você não devia tá na escola? — questiona, voltando o olhar para a revista que estava lendo antes de eu entrar.

Não preciso mentir pra ele, né? Quero dizer, não é como se eu fosse contar toda a verdade, mas ao menos posso não aparecer com mais desculpas esfarrapadas. Pela primeira vez em tempos, eu posso ser honesta com alguém.

— Tô querendo ficar de olho na locadora, mas não posso ser vista.

— Tá espionando alguém ou algo do tipo?

Sorrio mostrando os dentes.

— Algo do tipo. — Dou de ombros, tentando não parecer nervosa. Minhas mãos ainda estão suando. — Umas crianças andam levando uns DVDs escondidos, só que o Damião não sabe quem são os pirralhos. Pensei em ficar de olho, sabe? Pra pegar eles no pulo.

— A locadora não tem câmeras internas?

Merda.

— Pois é... até tem. Mas elas estão com defeito. Sabe como é, coisa velha.

Hugo assente com um sorriso de compaixão, como se dissesse que sim, ele me entende. Pelo visto a minha intenção de ser honesta deu errado, e rápido demais.

— Você pode subir pro terraço, se quiser. Só vai tá bem quente, mas se não se importar, ele é todo seu.

Agradeço com um acenar empolgado de cabeça e subo até o terraço da loja de discos, a minha mochila pesada batendo nas minhas costas enquanto pulo os degraus. Realmente está bem quente, mas nada que eu não consiga suportar. Me acomodo próxima ao parapeito e, apertando meus olhos por causa do sol, eu espero paciente pelo momento em que a garota decidirá dar o ar da sua graça.

Sabe, mesmo não encontrando nenhuma informação na internet, eu até que sei algumas coisas sobre Frida Tropelia. Coisas bem banais, no entanto, o tipo de coisa que todos na cidade saberiam, porque, bem, Alto-Mar é um ovo. Eu sei que ela é mais velha do que eu e se formou no ano passado. Frida, diferente de mim, tocava de verdade na banda da escola, mas não me recordo exatamente qual instrumento. Também fazia judô — sei disso porque lembro dela andando pelos corredores usando o quimono, molhada de suor depois do treino. E ah, Frida pegou pelo menos metade das meninas da Escola de Alto-Mar. Sei que não é assim que as coisas funcionam e estou brincando quando digo isso, mas de algum jeito ela fez muitas garotas virarem lésbicas durante o seu tempo no Ensino Médio.

Tá. Falando assim, parece que eu tinha o costume de observar Frida Tropelia o tempo inteiro, mas não é esse o caso. É que todo mundo falava dela. Não de um jeito mal ou grosseiro, como se a repudiassem ou coisa parecida. Acho que no fundo todos meio que admiravam essa garota. Era impossível não olhar para ela enquanto cruzava os corredores usando o seu quimono folgado, com a faixa pendurava no pescoço, molhada de suor e...

Tá. Concentração.

Frida dá as caras na Ardentia às dez horas e dois minutos da manhã. Ouço a sineta tocar mesmo daqui de longe, e é o próprio Damião que a atende. Ela devolve o DVD que alugou ontem, fala alguma coisa que faz o meu chefe rir e então caminha até uma das gôndolas, retirando um filme qualquer da prateleira. A assisto caminhar até o balcão, assinar no fichário e sair da loja logo em seguida. Busca a bicicleta estacionada no meio fio e desce caminhando pela rua. Na maior. Calma. Do mundo.

É a minha hora de agir.

Agarro a mochila no chão do terraço e desço de volta para a loja de discos. Me despeço às pressas de Hugo e atravesso a rua correndo, adentrando a Ardentia com desculpas para dar ao Damião já prontas na ponta da língua. Sim, eu sei que eu deveria estar na escola e sim, eu sei que estou agindo de maneira estranha até mesmo para mim.

Acho que a rebeldia correndo em minhas veias me deixa um tanto impulsiva, porque, venhamos e convenhamos, esse suposto "plano", entre aspas mesmo porque não acho que seja esse o nome certo pra o que está acontecendo aqui, não poderia ser mais repentino.

— Nina? Não deveria estar...

— É, eu precisei sair mais cedo. Tive uma emergência — o interrompo, minhas mãos na cintura enquanto encaro o fichário ainda aberto sobre o balcão. — Posso dar uma olhada rapidinho, Dam?

Estou parecendo o papai depois de beber muito café. Estou elétrica, agitada e pensando rápido demais. Tipo, tão rápido que eu nem tenho tempo de raciocinar sobre meus atos, porque eu logo corro Ardentia afora quando vejo o último nome assinado, e só percebo o que estou fazendo quando já é tarde para voltar atrás.

Abro bem os olhos, assustada. Meu indicador está tocando o ombro dela, no meio da rua. Inferno, Frida, por que você decidiu caminhar dessa vez quando tem uma bicicleta bem aí do seu lado?

E não, isso definitivamente não fazia parte do meu plano.

— Ei! Tá tudo bem?

Meus olhos arregalados lhe asseguram que não, nada está bem, mas acho que Frida é educada demais pra comentar alguma coisa. Estamos paradas logo antes da esquina, na calçada, e eu não sei o que dizer. Imaginei por muito tempo como seria meu encontro com Lennon e, sabe, eu nunca pensei que um silêncio constrangedor viria antes mesmo de eu dizer um oi.

— Você é Lennon? — a pergunta sai da minha boca toda embargada.

Com certeza esse não é o meu melhor momento.

Frida sorri de lado, sem jeito, antes de dar de ombros.

— Acho que sou, né?

—Ah. Tá bem.

De todos os cenários que minha imaginação fértil criou, eu nunca imaginei isso. Santo Deus, faça com que eu nunca mais veja essa garota na minha vida.

Frida continua calada, os olhos apertados pela luz e as mãos no guidão da sua bicicleta vermelha que pega fogo. Ela está usando uma camiseta de botão florida dessa vez, com um short de praia complementando o look. Não o mesmo que ela usou ontem, mas outro. Esse é preto, o de ontem era azul. Minha nossa, acho que preciso parar de pensar em shorts de praia. Tipo, imediatamente.

— Era só isso ou...

— Era sim! Desculpa, eu... Deixa pra lá.

Tenho um milhão de perguntas. Elas borbulham na minha mente, prontas para entrar em ebulição, como se minha cabeça estivesse pegando fogo igual a bicicleta de Frida quando ganha velocidade. Por que Lennon? Seria o seu nome do meio? Seu alter ego? Uma identidade secreta? Seu nome artístico ou coisa parecida? Você poderia, sei lá, me explicar tudo o que está rolando aqui?!

— Então tá bem — ela diz, soltando uma risadinha. — Até mais, Super-Homem.

Engasgo. Não consigo responder, e agradeço por Frida ir embora antes que o silêncio constrangedor volte com todas as forças. Que merda que merda que merda, estou perdendo todo o ar nos meus pulmões e meu coração vai parar de bater a qualquer instante. Ao menos tenho uma justificativa bem válida dessa vez, não é? Vou cair dura nessa calçada agora mesmo, porque eu tenho todo o direito de entrar em pânico. Que merda.

Acho que eu estava errada.

Frida se lembra de mim.

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