Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

33 - pizza de quatro sabores

ACHO QUE NUNCA fomos tão aplaudidas na vida. Quando terminamos de tocar nossa última música e todos da Toca gritam empolgados, lágrimas de felicidade que eu nem sabia estar segurando me tomam por completo. Eu nunca estive tão feliz, realizada e cheia de empolgação. Me sinto completa, como se isso aqui fosse exatamente tudo o que eu precisava. Como se fosse o item final da minha to do list. E eu nunca mais serei a mesma depois desse show.

As meninas e eu voltamos para o camarim logo depois da explosão de aplausos, nos envolvendo em um abraço coletivo apertado e demorado. Estamos molhadas de suor, mas isso não importa, e soltamos ao mesmo tempo uma risada carregada de alívio e alegria. A gente conseguiu mesmo. Minha nossa. A gente conseguiu.

— Dá pra acreditar no que acabamos de fazer?! — Jasmine exclama, segurando as próprias bochechas vermelhas. — Esse foi o melhor show que a gente já fez!

— Mas não melhor do que o próximo, ou o próximo depois do próximo, porque depois dessa noite, a gente tá com a agenda lotada, bebê — Lana assegura, sorrindo de orelha a orelha.

— Vamos ter tempo pra pensar nos próximos shows, mas dá pra, agora, a gente só curtir o momento?

— Tá bem, Fridoca, me desculpa se eu tô super empolgada pelo sucesso estrondoso da nossa banda! — Lana respira fundo, secando lágrimas imaginárias dos olhos enquanto olha pra gente. — Vamos ficar tão ricas, meninas, tão ricas.

A porta do se abre, Mabel, Iara e Lionel entrando no nosso camarim com sorrisos tão empolgados quanto os nossos. Vou direto ver as gravações do show, que ficaram tão incríveis que até começo a acreditar que tenho mesmo chances de vencer o concurso de documentários. Iara faz um balanceamento detalhado de todas as nossas vendas, frisando mais de uma vez que todos os CDs esgotaram antes mesmo do show acabar. É inacreditável. Não consigo acreditar em como tudo está mesmo dando certo.

Ouvimos a batida na porta, uma garota de cabelos castanhos e curtos enfiando a cabeça dentro do camarim antes de ouvir uma resposta.

— E aí, gente, tudo bom? Eu queria muito saber se dava pra tirar uma foto com a melhor banda do mundo antes de vocês ficarem mega famosas e inacessíveis.

Mabel solta uma risada, revirando os olhos.

— Gente, essa é a Cecília, minha prima. E eu meio que prometi a ela e aos meus amigos uma sessão especial de autógrafos, então...

— Oi, Lia! Entra aí — Jas convida, e assim que a garota abre a porta um pouco mais, outras quatro pessoas aparecem em seu encalço, a acompanhando pra dentro do cômodo. — É muito bom finalmente conhecer a turma toda.

Mabel apresenta seus antigos amigos com um sorriso bonito no rosto, mostrando com toda certeza que sente muito amor por cada um deles e como está feliz por juntar seus dois grupos pela primeira vez. Olinda é uma das garotas mais bonitas que já vi, com dreads coloridos que eu daria qualquer coisa pra ter. Nico e Lia são uns fofos que logo saem abraçando todo mundo, numa naturalidade tão incrível que parece que já nos conhecem há tempos. Enquanto isso, os outros dois garotos do grupo já começam a puxar um papo sobre música, o que não demora a se tornar uma conversa acalorada.

— Nossa, a Eva amaria tá aqui agora — diz o garoto chamado Bruno, colocando as mãos nos bolsos da calça. — Mas ela precisou sair com a namorada antes do show acabar.

— A Eva é a irmã dele, namora com a filha dos donos daqui — Mabel explica. — Conheci as duas mais cedo e elas parecem ser muito legais.

— Elas são! A Eva tá meio estressada por causa do vestibular esses dias e o mau humor dela tá matando todos na minha casa, mas a gente releva.

— Como se ela precisasse se preocupar, né? — Olinda protesta, acomodada em uma das cadeiras do camarim. — Ela vai conseguir passar no curso de cinema fácil. Pode fazer isso de olhos fechados, se ela quiser.

Sou pega de surpresa, Frida batendo no meu ombro de leve como se perguntasse se tô pensando o mesmo que ela. Ainda não sei se vou passar no vestibular de Boafortuna, mas seria incrível saber que não vou estar completamente sozinha na faculdade.

— Ela também vai fazer cinema? — Lana questiona, ainda mais empolgada do que eu. — Talvez ela estude com a Nina.

— Ah, que legal! — Bruno diz, também animado. — Quem sabe as duas se tornam amigas, então. Não sei por quê, mas sinto que você e a Eva se dariam bem.

Sorrio, torcendo muito já de agora pra que isso realmente aconteça.

— É, eu sinto isso também.

Outra batida na porta me faz perder o foco da conversa. Estou indo abri-la quando vejo a maçaneta girar, a garota pondo a cabeça pra dentro do camarim meio sem jeito. Fico surpresa porque por um momento eu realmente havia esquecido que ela viria, mas Carmela sorri quando me vê, parecendo relaxar um pouco por ter me encontrado. Ela não diz nada antes de se aproximar e me abraçar forte, me dando mil beijos no rosto.

— Eu tô tão, tão, tão orgulhosa de você! Foi o melhor show do mundo, Nina!

— Tô feliz que gostou, mas dá pra me soltar? — peço, tentando me desvencilhar dela enquanto solto uma risada. — Eu não sou mais a sua boneca que você pode maltratar assim! Que abraço apertado.

— Pois fique sabendo que você sempre vai ser a minha bonequinha. Mas sério mesmo... eu tô emocionada. Você brilhou naquele palco, Nina. Foi a coisa mais linda que eu já vi.

Seguro as lágrimas antes que elas escapem, emotiva demais a ponto de nem consigo responder. Só deixo que ela me abrace ainda mais apertado, evitando pensar já de agora o quão difícil vai ser quando minha irmã for embora.

— Tem alguém aí fora querendo falar com você — ela avisa depois de um tempo, e eu sinto um nó na garganta já se formando. — Tem como a gente sair daqui um segundo?

Assinto, avisando às meninas da banda antes de sair do camarim com a Carmela. Música pop escapa das caixas de som da Toca, ainda tão lotada quanto na hora do show. Atravesso a pista de dança, passando por tantas pessoas que parece a população de Alto-Mar inteira, e sigo minha irmã até uma área perto do bar.

Nunca pensei que veria Dona Ângela em um lugar como esse. Mas, pelo visto, essa noite ainda me revela muitas surpresas.

— Oi, mãe.

— Vou deixar as duas conversarem, tá bem? — Carm diz, me dando um último abraço antes de se afastar. — Tô muito orgulhosa, minha bonequinha.

A assisto ir, tentando ao máximo evitar contato visual com minha mãe, que ainda não disse uma palavra. Talvez ela me arraste daqui e prolongue o meu castigo pelos próximos vinte anos. Sendo sincera, qualquer punição me soa pequena demais comparada ao que Dona Ângela deve estar querendo fazer comigo.

— A gente pode ir lá pra fora? — ela enfim abre a boca, meio sem jeito. — Tem muito barulho aqui e acho que nós duas precisamos conversar em um ambiente mais calmo.

Concordo devagar com a cabeça, a guiando até a saída da casa noturna e encontrando um lugar vazio na calçada. A noite em Boafortuna é diferente da noite em Alto-Mar, mais barulhenta e menos brilhante no céu, quase sem estrelas. O brilho dessa cidade está nas ruas movimentadas, nas janelas dos prédios, nos olhos das pessoas. Eu amaria viver aqui, mesmo sabendo que isso vai ser impossível, não importa os rumos que eu tente tomar. Mamãe jamais deixaria que eu saísse de perto dela.

— Você assistiu ao show?

— Carmela e eu chegamos um pouco atrasadas, mas vimos boa parte. Gostei muito das músicas. Você parecia confiante no palco.

— Não é uma coisa que a senhora tá acostumada a ver, né? — digo, um pouco mais ríspida do que pretendia. Encaro os meus pés, batendo a ponta do meu coturno no chão. — Me desculpa, não quis ser grossa.

Mamãe murmura que tá tudo bem, ainda que eu saiba que isso é mentira. Percebo que ela também não sabe o que dizer, o que me faz ter ainda mais vontade de encerrar essa conversa o mais breve possível. Não quero outra discussão, não quando eu posso estar com as meninas curtindo uma das noites mais incríveis da nossa vida.

— Sabe... — ela diz por fim, me observando de um jeito diferente. Pela primeira vez, ela não me encara com seu olhar ríspido de sempre. — Quando eu tinha mais ou menos a sua idade, tive uma discussão bem feia com minha mãe. Tão ruim que até hoje a gente ainda não se dá muito bem.

— Você quase nunca fala dela. E ela também quase não visita a gente.

— É que sua avó nunca aceitou muito bem as escolhas que fiz. Quando eu me casei com seu pai, ela passou dois anos sem falar comigo. As coisas só mudaram um pouco quando a Carmela nasceu.

— Se a senhora tá me contando isso porque tem medo de que algo assim aconteça com a gente, fica tranquila porque...

— Não, filha, não é esse o ponto dessa conversa. Na verdade, eu tô aqui tentando de algum jeito te dizer que, mesmo que você não acredite em mim, de alguma forma eu sei exatamente como se sente.

Suas palavras fazem eu calar a boca, sem fazer ideia de como reagir. De todas as coisas que já esperei ouvir da minha mãe um dia, nada nunca foi parecido com isso.

— A música era a minha vida, Nina — ela continua, com um brilho nos olhos que eu acho bonito. — Mas a sua avó não entendia isso, ela queria que eu fosse médica ou advogada ou qualquer coisa que eu não queria ser. É por isso que eu dizia pra mim mesma que, se eu tivesse filhos um dia, eu apoiaria e deixaria que eles seguissem todos os seus sonhos, porque foi esse apoio que faltou pra mim.

— A senhora só se esqueceu que seus sonhos não são os meus.

— É... e eu percebo isso agora. Tive tanto medo de ser como sua avó que agi exatamente como ela.

Mamãe se aproxima de mim, apoiando as costas na parede ao meu lado. Pela primeira vez na vida, é como se nós duas finalmente estivéssemos na mesma página, e eu solto um suspiro de alívio que nem sabia estar segurando.

— Eu sei que no fundo a senhora só quis o melhor pra mim. E mesmo que não tenha acontecido da forma como queria, eu ainda sou muito grata por ter me apresentado à música. Se não fosse ela, mãe, eu não estaria aqui hoje.

Mamãe sorri, parecendo tão aliviada quanto eu.

— Daqui pra frente, eu prometo que vou estar cem por cento aqui pra te apoiar, tá bem? — diz, com muita verdade na voz. Talvez ela nem perceba o quão forte são essas palavras, mas ouvi-las faz meus olhos marejarem na mesma hora. — Porque eu vi o que fez naquele palco hoje, filha. E se eu não apoiar as coisas incríveis que você tá fazendo... que tipo de mãe eu vou ser?

Não espero outra palavra antes de abraçá-la forte, ela sendo pega de surpresa com esse gesto inesperado. Mas mamãe não demora a responder, me envolvendo em seus braços e me dando um beijo no topo da cabeça.

— Eu tenho muito orgulho de quem você já é, e eu não quero que duvide disso nunca mais — pede, fazendo eu erguer o rosto para olhar para ela. — E seja lá o próximo passo que decidir tomar, eu tô dentro.

— Mesmo se eu escolher estudar cinema e não música?

— Com toda certeza. E eu já posso ver os filmes incríveis que você vai fazer.

— Eu vou ter que me mudar, mãe...

— Eu sei. Mas a gente vai dar um jeito pra que isso dê certo também.

Solto uma risada nervosa, tão leve que é estranho num primeiro momento. Nunca antes eu me senti assim. Porque não é só o peso de todas as mentiras e medos que eu carregava que parecem ir embora, mas também todo o peso que eu sentia por ser uma decepção. Era como se eu fosse o peso que precisei carregar durante toda a minha vida, e me livrar dessa sensação é a melhor coisa que eu já senti.

Antes que eu responda, vejo o grupo de garotas se aproximarem de nós, meio cautelosas para não interromperem a conversa. Frida, Lana e Jasmine cumprimentam a minha mãe, que sorri para elas antes de elogiar o nosso show. Ela demora o olhar na minha namorada logo em seguida, e eu sinto meu estômago revirar ao me dar conta do que está por vir.

— Então é você a namorada da minha filha.

— Oi, Dona Ângela — Frida cumprimenta, tão nervosa que eu consigo ouvir daqui o seu coração bater apressado.

— Oi, querida. Sabia que eu lembro de você pequenininha, quando fazia aulas comigo? Você e a Nina viviam grudadas. — Mamãe leva o olhar até mim, soltando uma risadinha e me encarando com olhos gentis. — Quem diria... até parece coisa de destino.

— É, eu gosto de acreditar nisso também — digo, Frida e eu sorrindo uma para a outra.

— Então, Dona Ângela, a gente tava pensando em levar a Nina pra comemorar — Lana diz, soando como uma criança que implora para que os pais a deixem dormir na casa de um amigo. — Vamos sair pra comer alguma coisa, só a gente da banda, mas não vamos beber nem nada do tipo. Se a senhora pudesse deixar ela ir só dessa vez, nós prometemos que não vamos tirá-la do castigo nunca mais.

Mamãe solta uma risada, a postura tão relaxada que me pega de surpresa. É a primeira vez que ela interage com outras amigas minhas que não sejam a Iara, e é estranho o quão confortável ela parece com isso.

— Podem relaxar, meninas, a Nina tá livre do castigo. E é claro que ela pode ir com vocês. — Minha mãe me encara, apertando os olhos antes de avisar: — Só tenham juízo, viu? E liguem se precisarem de alguma coisa.

— Pode deixar, Dona Ângela, a Nina tá segura com a gente — Jas avisa, com seu sorriso simpático de sempre.

Frida estende a mão para mim, e eu a seguro sem demora.

— Vem, Super-Homem. A gente tem o lugar perfeito pra ir essa noite.

— EU NÃO ACREDITO!

— Quem foi mesmo que disse que quando a gente fosse uma banda famosa íamos comer uma pizza de quatro sabores, hein? — Jasmine questiona, apontando pra ela mesma com os polegares. — Isso mesmo, euzinha aqui! Já podem riscar essa meta da nossa lista.

Olhar para a pizza dividida exatamente em quatro sabores diferentes é como encarar um prêmio ou coisa parecida. Eu realmente não acredito que estamos fazendo isso. É oficial: essa é a melhor noite da minha vida.

Retiro uma fatia da pizza vegetariana e pergunto enquanto ainda a mastigo:

— É engraçado, né? A gente tá fazendo isso exatamente na noite em que parece que tudo mudou. Não sei se vocês sentiram isso também, mas...

— Eu também senti — Lana concorda comigo, metade de uma fatia na mão e um copo de refrigerante em outra. — Daqui em diante tudo vai ser diferente pra banda e pra gente. E eu tô muito empolgada pra saber o que vem por aí.

— A Nina vai terminar o documentário dela, a gente vai vender mais um milhão de CDs, vocês vão entrar na faculdade... — Frida lista, sorrindo para nós. — Vamos conquistar o mundo, garotas. E fazer ele entrar em combustão.

Todas nós soltamos gritos empolgados, brindando com nossos copos de refrigerante. Eu juro, acho que nunca estive tão feliz na minha vida.

— Sabe o que eu tava pensando? — minha namorada volta a falar, dando uma última mordida na pizza de calabresa. — Acho que nós vamos precisar de uma nova garagem pra ensaiar em breve.

— Como assim? Do que você tá falando?

— Qual é, Lana Banana? Acha mesmo que eu vou ficar em Alto-Mar e me contentar em ensaiar só quando as madames puderem aparecer por lá? Nada disso. Eu vou seguir as três pra onde quer que forem. Tô grudada em vocês que nem chiclete. E se todas vão vir pra cá...

Sorrio de orelha a orelha, já sabendo exatamente onde ela quer chegar com essa conversa.

— Meu Deus. A Garotas Rebeldes em Combustão vai se mudar pra Boafortuna?

— A gente precisa mesmo viver em um lugar onde existe pizza de quatro sabores — Jasmine brinca, fazendo todas nós rirmos. Estamos alegres e empolgadas e pegando fogo com todas as novas oportunidades que nos aguardam.

Frida ergue sua bebida mais uma vez, nos convidando para um último brinde antes do nosso último gole de refrigerante. Todas a acompanham, erguendo seus copos no ar.

— Um brinde ao futuro da melhor banda sáfica de todos os tempos.

— Ao futuro! — repetimos em uníssono, e eu ainda estou sorrindo quando completo, precisando agradecer mais uma vez pela coisa que eu mais sou grata no mundo: — E um brinde ao Universo por ter feito nós quatro nos encontrarmos. Obrigada por me escolherem e por me ensinarem a ser uma garota rebelde em combustão. E eu mal posso esperar pra ver todos os incêndios que ainda vamos causar juntas. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro