Prólogo
Konohagakure, a Vila Oculta da Folha, no País do Fogo
O relógio marcava onze e meia, e os raios de sol que atravessavam o vidro da janela iluminavam as propriedades dos cidadãos, trazendo uma claridade suave e acolhedora.
Os civis estavam imersos em suas rotinas diárias, cada um em seu próprio mundo. Alguns trabalhavam diligentemente, suas mãos calejadas e rostos concentrados refletindo o esforço e a dedicação que colocavam em suas tarefas. Nas lojas e mercados, outros faziam compras, examinando cuidadosamente os produtos, trocando palavras com os vendedores e negociando preços. O burburinho das conversas e o tilintar das moedas criavam uma sinfonia cotidiana que preenchia o ar.
Na praça central da vila, a cena era mais animada e alegre. Pais e mães levavam seus filhos para brincar, aproveitando o sol da manhã. As risadas das crianças ecoavam pelo espaço, enquanto corriam e brincavam, suas vozes misturando-se com o canto dos pássaros. Alguns pais observavam atentamente, prontos para intervir se necessário, enquanto outros se permitiam um momento de relaxamento, sentados nos bancos da praça, conversando entre si ou simplesmente apreciando a vista.
A luz do sol destaca especialmente uma biblioteca, que, apesar de não ser muito limpa e não ter uma aparência agradável, possuía um charme peculiar.
Dentro do estabelecimento, o silêncio era absoluto. Não havia mais ninguém além de uma garota de cabelos vermelhos, cuja blusa ostentava um símbolo de redemoinho nas costas. Sentada à mesa de madeira, que parecia tão antiga quanto as prateleiras repletas de livros atrás dela, a garota folheava as páginas de um dos volumes que estavam espalhados sobre a mesa.
Os seus olhos estavam fixos nas linhas do livro, completamente imersa em seu próprio mundo. Cada palavra parecia um desafio, mas ela persistia, determinada a aprender e a entender, mesmo com a dificuldade aparente.
Um suspiro cansado escapou dos lábios da garota, ecoando suavemente pelo ambiente silencioso da biblioteca. Sua mão se levantou lentamente, os dedos encontraram o caminho até a cabeça, onde uma cócega irritante persistia em incomodá-la. Ela coçou a cabeça com um movimento distraído, tentando aliviar a sensação incômoda.
Com um leve movimento, ela folheou mais uma página do livro antigo que estava à sua frente. As palavras começavam a fazer mais sentido, como se um véu estivesse sendo levantado de sua mente. Cada frase lida trazia um pouco mais de clareza, respondendo a algumas das muitas dúvidas que habitavam sua mente quase todos os dias.
A garota sentiu uma pequena onda de satisfação ao perceber que estava começando a entender. As informações que absorvia pareciam se encaixar, formando um quadro mais completo e coerente.
━━━━ Uzumaki... ━━━ A palavra saiu como um murmúrio distante, mas suave como a brisa. E com a sua curiosidade atiçada, ela continuou a leitura.
Uzushiogakure (literalmente significa: "Redemoinho Oculto") ou Vila Oculta do Redemoinho (Uzushiogakure no Sato) foi a vila shinobi do País do Redemoinho. Seus ninjas eram famosos por suas técnicas de fuuinjutsu até o ponto que levou à sua destruição completa na guerra. Aqueles que sobreviveram à destruição da aldeia se espalharam pelo mundo.
O povo de Uzushiogakure eram conhecidos por ter uma vida notoriamente longa, por isso ganharam o apelido de "Vila da Longevidade" (Chōju no Sato).
Em termos de aparência, a vila parecia ter sido composta de vários arranha-céus e um rio largo, que aparentemente atravessava a aldeia, além de pontes de grande tamanho. A paisagem circundante foi dominada por morros íngremes.
Uzushiogakure tinha laços estreitos com Konohagakure, devido ao clã Uzumaki de Uzushio e o clã Senju de Konoha serem parentes distantes. Devido a isso, todos os coletes usados pelos shinobi de níveis mais avançados de Konohagakure possuem o símbolo de Uzushiogakure, simbolizando a forte amizade entre as duas aldeias. Este símbolo também é estampado em alguns dos ombros de equipamentos que os shinobi de Konoha vestem por baixo dos coletes.
━━━━ Eu não sabia que meu clã era tão legal assim! ━━━━ Ela exclamou, sorrindo largamente pela informação, com suas bochechas ganhando um tom mais rosado. Ter pego o livro escondido do terceiro hokage tinha valida a pena, afinal de contas.
Seus braços se levantaram lentamente, espreguiçando-se enquanto um bocejo escapava de seus lábios. O cansaço acumulado das horas de leitura finalmente a alcançava. Com um movimento decidido, ela fechou o livro com um baque surdo, o som ecoando pela biblioteca vazia. Levantou-se da cadeira com calma, segurando na borda para afastar o móvel debaixo de si.
Por um breve momento, ela ficou parada, saboreando a sensação de esticar os músculos. Mas, de repente, seus olhos se arregalaram em um misto de surpresa e pânico. Ela se lembrou do compromisso que tinha na sala de aula. O relógio em sua mente parecia acelerar, e a certeza de que receberia uma advertência de Iruka a atingiu como um golpe.
Ela estava ferrada.
Ela apressou-se, pegando os livros que lhe pertenciam. Com um pequeno amontoado de volumes em seus braços, ela levantou as mãos e fez um selo com os dois dedos indicadores levantados. Usando o fuinjutsu de espaço-tempo, ela devolveu os livros para seu apartamento. Afinal de contas, aqueles livros não poderiam ser vistos em suas mãos.
Suspirando profundamente, ela apressou o passo para devolver os livros aos seus lugares específicos nas prateleiras. Desde cedo, aprendera que não era correto deixar as coisas desarrumadas; isso seria falta de educação. E ela era uma criança muito educada para cometer tais deslizes.
Antes de sair pela porta principal, ela se lembrou das chaves do estabelecimento. Voltou correndo, pegando-as de dentro do vaso de flores em cima da bancada, onde a dona do local geralmente ficava para receber as pessoas. Com as chaves em mãos, fechou a porta e começou a correr pela estrada, desviando habilmente dos civis que resmungavam em voz alta pela pressa da garota.
E por um breve momento, a figura da garota brilhou sob os raios do sol. A luz dourada envolvia seu corpo, criando um halo que destacava sua presença. O vento suave soprou, fazendo com que seus cabelos, vermelhos como rosas, balançassem gentilmente para trás. Cada fio de cabelo parecia dançar ao ritmo da brisa, criando um contraste vibrante contra o céu azul.
Sua expressão era de pura determinação. Os olhos fixos à frente, o semblante sério e focado, mostravam a força de sua vontade. Era uma expressão que se tornara sua marca registrada, um reflexo de sua perseverança e coragem.
...
Depois de muito correr, ela freou em frente a uma residência modesta, uma das casas mais próximas do antigo distrito Uchiha, que agora permanecia inabitável. Ofegante pela correria, ela fechou o punho e bateu fortemente na porta, fazendo com que uma voz rouca, de alguém aparentemente idoso, ecoasse dentro da casa.
Após alguns segundos de espera, a porta foi abruptamente aberta, revelando a figura de uma idosa de cabelos grisalhos, com uma expressão irritada.
━━━━ Quer quebrar a minha porta, demônio?! ━━━━ Gritou a velha, fazendo a garota franzir a testa. Sem se intimidar, ela respondeu em voz alta, quase gritando. ━━━━ Não enche, velhota! Eu só vim devolver essas drogas de chaves!
Com um movimento brusco, ela segurou a mão da idosa e colocou os objetos gelados na palma enrugada.
━━━━ Pois bem! Você não deveria estar na academia ninja, garota? ━━━━ Perguntou a mulher mais velha, com a rudeza habitual. ━━━━ Eu estava pretendendo ir agora, sua velha chata! ━━━━ A garota revirou os olhos, fazendo um bico adorável nos lábios involuntariamente, enquanto cruzava os braços e dava de ombros, de olhos fechados e testa franzida.
━━━━ Então, o que está esperando? ━━━━ A idosa falou, cruzando os braços e inclinando-se ainda mais para perto da jovem. ━━━━ Eu não quero que minha casa fique impregnada com a sua presença demoníaca!
Reclamou, fazendo a garota abrir os olhos e lançar um olhar afiado para a idosa.
━━━━ Eu já estava indo, sua velha! ━━━━ Infelizmente, ela não tinha coragem de usar qualquer xingamento pesado com aquela senhora. Mesmo que a idosa a odiasse, ela precisava ser educada para não dar mais motivos para a mais velha ser estúpida com ela. ━━━━ Até mais, velha enrugada!
E com isso, ela voltou a correr, desaparecendo entre as pessoas que andavam pela rua, antes que mais alguma palavra fosse dirigida a ela. A idosa permaneceu parada na porta, olhando na direção em que a garota havia ido.
Ficou lá por alguns segundos, até sentir que o chakra intenso da jinchuuriki havia se distanciado. Então, voltou para dentro de sua casa, fechando a porta com um baque forte, fazendo com que uma voz mais jovem de um homem reclamasse de dentro da residência.
...
Atualmente, ela estava ao lado de um de seus únicos amigos, Shikamaru, observando atentamente a transformação perfeita de Uchiha Sasuke. Ele havia se transformado na fisionomia do professor Iruka, que anotava a avaliação em uma folha de papel. A voz do mais velho ecoou pela sala, chamando sua atenção.
━━━━ Próxima, Kin Uzumaki! ━━━━ Finalmente, tinha chegado a sua vez.
Shikamaru, que até então permanecera calado, decidiu se manifestar. ━━━━ Isso é uma grande perda de tempo, Kin. ━━━━ Ao seu lado, a garota loira chamada Ino também reclamou. ━━━━ A gente sempre paga por suas mancadas.
Kin não pôde deixar de franzir a testa, lembrando-se do que acontecera mais cedo.
Antes de chegar à academia ninja, Iruka havia esbarrado nela e a acompanhara por todo o caminho, puxando sua orelha e reclamando sobre sua ausência na academia. Iruka sabia ser muito assustador com suas advertências, e Kin até chegou a ser amarrada por uma corda no meio da sala de aula. Agora, pelo seu atraso e por fazer pouco caso dele, Iruka fez com que todos os seus colegas refizessem o jutsu de transformação.
Com os dois colegas ao seu lado reclamando, Kin não pôde deixar de resmungar baixo, para ninguém escutar, o que acabou resultando em palavras que nem ela mesma compreendia. Ela sabia que estava em apuros, mas também sabia que precisava se concentrar e dar o seu melhor.
Afinal, essa era sua chance de mostrar que, apesar de tudo, ela tinha potencial para ser uma grande ninja.
━━━━ Eu estou nem aí! Vocês que se ferrem! ━━━━ Exclamou Kin, em um resmungo um pouco mais alto que os anteriores, enquanto se aproximava do meio da sala. Um sorriso determinado e confiante iluminava seu rosto, refletindo sua coragem e teimosia.
━━━━ Quem vai acabar se ferrando é você, Kin. ━━━━ Avisou Shikamaru, com sua voz calma e habitual. Ele conhecia bem a amiga e sabia que sua impulsividade muitas vezes a colocava em situações complicadas.
Na fileira um pouco menos distante, um garoto de olhos lilás e cabelo marrom preso em um rabo de cavalo simples observava a única garota de cabelos carmesim da sala. Suas bochechas estavam levemente coradas, e um sorriso tímido brincava em seus lábios. Com a mão direita no bolso da frente do short, ele desejava silenciosamente boa sorte para a garota que ele gostava.
Kin, alheia aos olhares e pensamentos ao seu redor, estava focada em sua tarefa.
━━━━ Transformação! ━━━━ Exclamou Kin, juntando as mãos e levantando os dois dedos indicadores para ativar seu jutsu. Uma nuvem de fumaça envolveu todo seu corpo, ocultando-a por um momento. Quando a fumaça começou a se dissipar, revelou uma figura feminina mais alta, com curvas esbeltas, com cabelos curtos de tonalidade amarela. Ela fazia uma pose sensual, com olhos penetrantes que pareciam perfurar a alma de quem os encarasse.
Iruka ficou paralisado, seu rosto perdendo toda a cor. Incrédulo, ele arregalou os olhos e, em um instante cômico, caiu para trás com o nariz sangrando. A cena era hilária, e Kin não conseguiu se conter. Ela desativou o jutsu, caindo na gargalhada. Colocou a mão na barriga, curvando um pouco a sua coluna para frente enquanto seus olhos se fechavam de tanto rir, divertindo-se com o estado em que havia deixado seu professor.
Ela apontou o dedo para iruka, rindo enquanto dizia. ━━━━ Te peguei! É meu jutsu sexy! ━━━━ O homem se recompôs, com o nariz tampado por pequenos rolos de papel, e gritou com ela, visivelmente irritado. ━━━━ Chega de truques idiotas! É o meu último aviso!
Mesmo assim, Kin ainda dava risinhos pelo estado do professor. Era engraçado provocá-lo. Afinal, ele era um homem, e geralmente homens se interessavam por mulheres daquele tipo.
Ela não conseguia julgá-lo tanto assim, já que aquela transformação era sua obra-prima e, claro, sua fonte de renda para ajudar a cuidar do seu pequeno quarto de apartamento. Foi uma das maneiras mais fáceis que encontrou para sobreviver na sua situação, embora não se sentisse orgulhosa disso.
Enquanto Iruka tentava recuperar a compostura, ela refletia sobre sua vida. A transformação que acabara de realizar não era apenas um truque para irritar o professor; era uma habilidade que ela aperfeiçoou para se sustentar. Cada vez que usava aquele jutsu, lembrava-se das dificuldades que enfrentava e da necessidade de ser criativa para sobreviver.
E dos abusos que teve que aguentar.
...
━━━━ Droga, me dei mal. ━━━━ Reclamou Kin Uzumaki, segurando uma grande caixa de papelão. Embora fosse considerada pesada, para ela era incrivelmente leve.
Antes de tudo, antes de ir estudar na biblioteca, Kin, entediada, decidiu que seria uma ótima ideia jogar baldes de água gelada na cabeça de alguns civis desavisados. Iruka acabou sendo avisado, o que resultou em sua punição: entregar tortas de abóbora para cada um dos cidadãos. Isso era, no mínimo, humilhante e um pouco frustrante.
━━━━ Você não vai pra casa até entregar a última torta dessa caixa. ━━━━ Disse Iruka, andando ao seu lado com os braços cruzados e a testa franzida. ━━━━ E daí? Não tem ninguém me esperando. Não tô com pressa!━━━━ Kin respondeu, batendo em uma porta.
Sua expressão se tornou levemente entristecida, que permaneceu mesmo após pedir desculpas em um tom baixo para a pessoa que atendeu a porta, entregando uma das tortas da caixa.
Iruka a observou por alguns instantes, em total silêncio, até decidir chamá-la. ━━━━ Kin. ━━━━ Ao ouvir seu nome, ela virou o rosto para ele, com a cara emburrada e um bico nos lábios. ━━━━ Que que foi agora, sensei?
━━━━ Perguntou, virando-se totalmente para ele assim que a mulher fechou a porta.
━━━━ Bom, eu estava pensando... ━━━━ Ele começou, coçando o canto da boca enquanto olhava para o céu. ━━━━ Que tal se depois que você entregasse todas essas tortas, a gente saísse para comer um Lamen, o que você acha?
Kin ficou surpresa com a oferta. Por um momento, a irritação em seu rosto deu lugar a uma expressão de curiosidade.
━━━━ Sério? ━━━━ Perguntou, tentando esconder a animação em sua voz. Iruka assentiu, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. ━━━━ Sim, sério. Acho que você merece um pouco de recompensa depois de todo esse trabalho.
Ela não pôde evitar um sorriso tímido. ━━━━ Tá bom, sensei. Vou terminar isso logo. ━━━━ E com uma nova determinação, Kin continuou sua tarefa, sentindo-se um pouco mais leve, sabendo que algo bom a esperava no final.
KIN Uzumaki chegando!
❮...❯
Já era noite quando Kin terminou sua punição. Agora, ela estava sentada ao lado de seu professor, Iruka, ambos comendo uma bacia de lamen quente. Diferente do mais velho, Kin saboreava o caldo e o macarrão com uma fome de titã. Os burburinhos de alguns shinobis bêbados ecoavam ao lado, enquanto alguns cidadãos ainda caminhavam pela estrada, alguns acompanhados por suas duplas e outros simplesmente sozinhos.
No silêncio, enquanto Kin comia o macarrão com a ajuda de seu hashi, concentrada, ouviu seu professor chamá-la. ━━━━ Kin. ━━━━ Ela murmurou um "hum?", esperando que ele dissesse o que queria dizer. Iruka falou. ━━━━ Por que você fez aquilo nos civis? Na semana passada você até pichou o monumento dos Hokage! ━━━━ Ele gesticulou com a mão enquanto falava, olhando-a fixamente.
━━━━ Sabe muito bem que foram erros, não sabe? ━━━━ Perguntou, estudando seu comportamento e expressões.
━━━━ Claro que eu sei! ━━━━ Respondeu Kin de maneira curta, enquanto continuava a comer o macarrão. ━━━━ E eu não me orgulho muito por fazer essas coisas.
Ela falou, saboreando o restante do caldo antes de suspirar profundamente e olhar para Iruka.
━━━━ Todo mundo sabe sobre os antigos Hokages! Eles foram os maiores shinobis de sua época, os melhores de todos... ━━━━ Ela olhou novamente para sua tigela. ━━━━ Invencíveis campeões ninja.
Ela levantou o olhar para o teto, imaginando o último rosto de pedra que ficava ao lado do rosto de pedra do Terceiro Hokage, no monumento.
━━━━ E o Quarto Hokage foi quem salvou a vila da Raposa de Nove Caudas. Ele foi o mais incrível! ━━━━ Depois de um silêncio que reinou entre eles, Iruka decidiu perguntar. ━━━━ Então por quê?
Ele se virou completamente na direção dela, que permanecia concentrada em sua própria imaginação, quase perdida em seus pensamentos.
Mesmo assim, ela respondeu. ━━━━ Porque eu serei a melhor dentre todos eles. Eu, Kin, a próxima Hokage! Uma lenda ninja! ━━━━ Exclamou com confiança, apontando seu hashi na direção do rosto de seu professor. Iruka, que mastigava de boca fechada com seu próprio macarrão, ficou surpreso pela afirmação da pequena garota, que não tinha nem sequer a altura mais alta da aluna mais baixa da sua sala.
━━━━ As pessoas vão parar de me desprezar e olhar pra mim, Dattebane! ━━━━ Exclamou Kin, com determinação. Iruka engoliu o macarrão, murmurando um simples "hum". Depois de um momento, ela hesitou antes de continuar.
━━━━ Hã... E tem uma coisa. ━━━━ Ela sorriu para ele, um sorriso que Iruka interpretou como um pedido por mais lamen. ━━━━ Quer outra tigela? ━━━━ Perguntou ele, mantendo uma expressão neutra.
━━━━ Uhum! ━━━━ Ela negou com um murmúrio, antes de continuar. ━━━━ Eu... Queria experimentar a sua bandana, por favor!
Ela juntou as mãos como se estivesse rezando, fazendo uma expressão adorável de cachorrinho pidão, com um biquinho fofo nos lábios, tentando convencer o professor.
━━━━Ahh... O quê? Isso? ━━━━ Iruka segurou a borda da própria bandana, sorrindo com orgulho. ━━━━ Nem pensar! Você só vai poder usar uma bandana dessa depois que se formar na academia ninja e... ━━━━ Ele sorriu, ainda segurando a bandana, e continuou. ━━━━ E se tornar uma ninja! Precisa passar no teste amanhã.
Com um sorriso suave, ele acariciou a cabeça da jovem.
━━━━ Isso não é justo, Iruka-sensei! ━━━━ Reclamou Kin, fazendo o homem rir pela expressão constrangida e frustrada da garota. ━━━━ Foi por isso que ficou tão comportada para começo de conversa? ━━━━ Perguntou ele, ainda rindo. Kin fez um biquinho ainda maior nos lábios.
━━━━ Hãaa... Eu quero mais uma tigela! ━━━━ Pediu, decepcionada pelo seu plano não ter dado certo, virando-se para frente.
A noite seguiu com a risada de Iruka ecoando pelo estabelecimento. Kin, apesar de sua frustração, não pôde deixar de sorrir um pouco.
A companhia de Iruka, mesmo com suas broncas e advertências, era reconfortante.
❮...❯
Atualmente, às onze e meia da manhã do dia seguinte, Kin mastigava um chiclete de sabor doce de leite, que comprara antes de ir para a academia ninja. Ela estava concentrada nas palavras de seu professor.
━━━━ Vamos começar o teste final. ━━━━ Avisou Iruka, sua voz séria e tranquila ecoando com leveza pela sala.
E com a mão para trás na altura do quadril e o punho fechado, ele segurava uma folha de papel na altura do queixo, mantendo uma postura ereta enquanto lia alguns nomes mentalmente.
━━━━ Quando o seu nome for chamado, dirija-se à sala de testes. ━━━━ Avisou novamente, concentrado na lista. ━━━━ O jutsu final será sobre o jutsu de clonagem!
Anunciou desta vez um pouco mais alto. A única Uzumaki da sala arregalou os olhos, sentindo como se uma flecha tivesse atravessado sua mente. Totalmente frustrada e irritada, ela sabia que o jutsu de clonagem era a pior técnica para ela.
Sentindo-se cabisbaixa, ela sabia que não iria passar no teste e que possivelmente não se tornaria uma genin, o primeiro nível ninja, essencial para seu futuro grandioso. A sensação de que tudo estava indo por água abaixo a dominava, e ela mal conseguia esconder a frustração. Enquanto Iruka continuava a chamar os nomes, Kin tentava reunir coragem e determinação, sabendo que precisava dar o seu melhor, mesmo que as chances parecessem mínimas.
...
Ela suspirou pesadamente quando, minutos depois, seu nome foi chamado. Já na sala de testes, exalava seriedade, respirando fundo para se acalmar. Mentalmente, ela se encorajava, enchendo-se de determinação para começar o jutsu. Levantou as mãos e as juntou, fechando os olhos ao levantar os dois dedos indicadores. Seu chakra, azul e brilhante como o céu, apareceu ao seu redor como um redemoinho incontrolável.
━━━━ Jutsu de Clonagem! ━━━━ Exclamou, e uma nuvem esbranquiçada de fumaça envolveu seu corpo, cobrindo-a completamente.
Quando a fumaça se dissipou, ela olhou para o lado esquerdo, onde seu clone estava caído de costas no chão, com a boca aberta e molenga, como se fosse uma gelatina. Às vezes, o clone até piscava, transformando-se ocasionalmente no jutsu que fazia todos os homens sangrarem.
Kin ficou com uma expressão temerosa, enquanto Iruka olhava para a clonagem de sua aluna com incredulidade, um sorriso forçado nos lábios. ━━━━ Você falhou! ━━━━ Exclamou ele em voz alta, fazendo-a cair de joelhos no chão, derrotada.
A sensação de fracasso a envolveu, e ela sentiu como se todo o seu esforço tivesse sido em vão.
Depois de tudo, ela realmente não conseguiu. Seu chakra era intenso demais, e ela não conseguia se concentrar o suficiente para diminuir seu chakra e fazer uma réplica perfeita de si mesma. Mas, como qualquer criança, a frustração e a raiva pelo seu fracasso eram direcionadas especialmente para o seu professor. Ela sabia que ele não tinha culpa, era o trabalho dele, afinal de contas. Mas era difícil dizer isso com as vozes irritantes que insistiam no contrário. O que Iruka poderia ter contra ela?!
Agora, ela tinha que assistir aos seus colegas de classe e das outras salas se graduando, enquanto ela era a única que não passou. A frustração era tão grande que a ideia de chorar era muito tentadora. Todos tinham a sua bandana, e somente ela ficou sem a sua própria. Sentada em um balanço, ela nem sequer se balançava. Sua expressão estava franzida, entristecida por tudo isso. O mundo ninja era realmente muito injusto com os justos.
Antes mesmo de sair andando por causa dos murmúrios maldosos dos seus colegas, alguém fez sombra onde ela estava. Surpresa, ela olhou para cima e viu o sensei que estava ao lado de Iruka na sala de testes. Ela piscou, confusa pela aparição do homem.
E atrás do aglomerado dos recém-genins, o Terceiro Hokage e Iruka Umino os observavam.
...
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