Capítulo 8
Tentei respirar com regularidade para não ser ouvida, continuei parada, atenta ao que os dois conversavam.
— Eu estou sozinho, faça uma vistoria se quiser. Já disse que não quero você aqui, não temos nada para tratar — argumentou Enrico.
— Já que está sozinho, não se importa que eu fique aqui mais um pouco, afinal, voei de tão longe e mereço ser ouvida, ou não quer minha ajuda? — respondeu Margô.
— Eu não tenho nada para tratar com você, preciso retornar ou perderei o meu voo, já estava me preparando para sair quando você chegou. — Pelo tom da voz, Enrico parecia apreensivo.
— Bem, então conversaremos no trajeto, eu te aguardo no carro.
Ouvi passos e em seguida um silêncio, ela parecia mesmo que tinha saído da sala. Desci um pouco mais as escadas e quando o vi sozinho, relaxei e continuei observando em silêncio. Enrico parecia frustrado, passou as mãos pelos cabelos algumas vezes e socou firme a mesa. Enquanto olhava fixamente pela janela, acho que esperava ter certeza de que ela tinha partido. Quando o vi se mover, retornei correndo para o quarto, procurei minhas roupas para vesti, ele entrou logo em seguida. Nossos olhares se cruzaram de imediato, ele parecia ter algo para dizer, mas não sabia como, ou melhor, não queria falar.
— Pode ir, ela está te esperando — disse, tentando conter a ira.
— Alícia eu... — Enrico se aproximou lentamente.
— Chega, eu não quero meias-verdades, se você não pode me contar o que está acontecendo é melhor não dizer nada. Acho que já ouvi o suficiente por hoje.
— Por favor, não desista de mim... — Enrico uniu as mãos em frente ao peito. — Eu preciso de provas para te contar a verdade, por favor, confie em mim.
Senti vontade de gritar, expulsá-lo daqui. Fazer um escândalo e chamar atenção da vaca da Margô, pelo menos assim eu saberia o que realmente está acontecendo, porém, ao vê-lo tão indefeso com um semblante de que havia muito para contar e pouco tempo para fazê-lo, isso me desarmou completamente.
Com o coração acelerado, as mãos ainda trêmulas, até tentei falar, no entanto, minha única reação foi correr para o seu abraço e beijá-lo. Foi um beijo de despedida, havia um desespero incomum no beijo, foi longo, triste e ao mesmo tempo, uma espécie de promessa, era como se o meu corpo estivesse dizendo que esperará por ele. Foram apenas alguns segundos, que pareceram uma eternidade, quando enfim nos afastamos, ele segurou minhas mãos, beijou-me a testa e se afastou aos poucos. Ainda da porta, li nos seus lábios o pedido desesperado para que o esperasse. Eu assenti afirmativamente, joguei um beijo e ele partiu.
Foi nosso último contato, permaneci ali no meio do quarto estarrecida observando Enrico partir, deixando-me cheia de dúvidas e incertezas. Corri para janela para vê-lo partir, olhei apenas pela fresta da cortina; antes dele entrar no carro, que estava estacionado em frente à casa, ele me encarou com tristeza no olhar. Foi difícil vê-lo partir desse modo.
Ele entrou no carro, não foi no mesmo que a Margô, foi seguido por dois seguranças e logo os veículos partiram. Mesmo que em carros separados, doeu vê-lo indo embora com aquela miserável, levando junto a minha paz e felicidade reconquistada pelo retorno do meu marido.
Dei voltas pelo quarto, perdida, tentando entender o que estava acontecendo. A única certeza que eu tinha era de que algo grave está acontecendo. Só não conseguia entender o porquê. Tentei relembrar da conversa que ouvi: Margô falou de um trato e depois que ela foi transferida, mas quem é ela?
Estava muito nervosa e não consegui pensar direito, desci as escadas, tomei um copo de água e respirei longamente, fechei os olhos e decidi não pensar nisso por enquanto, ou perderia a minha sanidade. Já um pouco mais calma, procurei pelo meu celular e bolsa. Antes mesmo que pudesse ligar para alguém, o Isaías entrou na sala.
— Com licença. Boa tarde, Alícia, eu vim buscá-la — falou.
— Certo, Isaías. O seu chefe que te mandou? — instiguei.
— Senhora, o meu trabalho é protegê-la — justificou, Isaías.
Não adiantava protestar ou enchê-lo de perguntas, afinal, Isaías só cumpria ordens. Não deveria saber com exatidão de tudo que está acontecendo e mesmo que soubesse, jamais ele falaria algo.
Recolhi meus pertences, entramos no carro e partimos. A viagem foi no mais absoluto silêncio, segurei a emoção muitas vezes, não queria chorar, tirei alguns cochilos, que por sorte, ajudaram-me a manter a calma.
Quando Isaías estacionou em frente à companhia, acenei brevemente em despedida e subi, apressada, louca para cair na cama e chorar até adormecer. O apartamento estava vazio, Mike e Caio ainda não haviam chegado, era melhor assim, eu precisava ficar sozinha.
Fui direto para meu quarto, tomei um banho e deitei na minha cama com a cabeça fervilhando com tantas dúvidas e incertezas. Rolei por alguns minutos, não consegui descansar ou mesmo relaxar. Olhei o meu celular e não havia nenhuma mensagem de Mike ou Enrico.
Inquieta, levantei da cama e fui para sala, rodei todo o apartamento, tentando entender o que estava acontecendo, repassava mentalmente cada palavra que Enrico falou e a conversa que ouvi, queria achar um indício que pudesse me esclarecer os fatos e me deixar mais tranquila, porém, era impossível com tão pouca informação. Sentei-me no sofá e reclinei a cabeça para trás de os olhos fechados, meus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta da sala. Levantei-me amedrontada, sorrateiramente, porque eu não tinha ideia de quem poderia ser. Fiquei em silêncio, aproximei da porta, mas não a abri, tentando ouvir alguma coisa.
Novamente as batidas insistiram, porém desta vez com mais intensidade, continuei em silêncio, tentando lembrar onde tinha largado o celular para pedir ajuda.
— Senhora Alícia, abra, por favor — falou Isaías.
— Um momento — respondi, aliviada ao reconhecer a voz dele.
Abri, Isaías estava sozinho, segurava uma sacola do restaurante favorito de Enrico, logo a estendeu em minha direção e sorriu serenamente.
— Eu trouxe o seu jantar, senhora, espero ter acertado.
Peguei as sacolas e as coloquei na mesa de jantar, olhei rapidamente o conteúdo e sorri ao constatar o que já imaginava: risoto de pato com calda de laranja, o prato favorito do Enrico. O cheiro estava ótimo, que encheu minha boca de água. Fechei novamente a embalagem e fui até a porta para agradecer.
— Obrigada pelo jantar, não precisava ter se incomodado. Eu gostaria muito de conversar, entre um pouco, por favor.
— Claro, senhora.
Isaías entrou e eu fechei a porta, apontei o sofá para que ele se sentasse, e em seguida fiz o mesmo. Eu tinha muito o que perguntar, mas achei melhor conter um pouco da minha curiosidade e ir com calma.
— Isaías, eu preciso que confie em mim, assim como eu tenho plena confiança em você. Há muita coisa acontecendo, eu sei, e eu preciso saber de algumas coisas, por favor.
— Senhora, eu não posso comprometer a sua segurança — retrucou.
— Eu entendo, então, só me responda o que puder, tudo bem?
— Ok.
— Vamos começar do início. Eu percebi que antes você me chamava pelo meu nome, Alícia, mas de uma hora para outra está me chamando de senhora, isso me faz deduzir que você sabia da visita de Enrico e da intenção dele de cancelar o nosso divórcio, certo?
— Sim.
— Você sabia que a Margô estava no Brasil e que esteve em Petrópolis?
— Não, eu não sabia até o Lorenzo me ligar.
— Ele que mandou você me buscar e me trazer para casa?
— Sim — respondeu, incomodado.
— Ele está por trás de tudo isso, não é? Essa proteção toda nunca foram os meus sogros, sempre foi ele, não é?
— Senhora, por favor, não me complique. Eu sou alguém de muita confiança da família Millani e quero continuar desse modo. Só posso dizer que a senhora está em uma família que a ama e se preocupa muito com o seu bem-estar.
Levantei-me da poltrona, caminhei em direção à janela. Refletindo como poderia perguntar mais sem comprometê-lo. Lógico que a negativa da minha pergunta era um nítido sinal de que o Enrico poderia estar por trás de toda essa proteção, e o seu retorno só me dava mais certeza disso.
— Tudo bem, eu entendo que você não pode me contar. Eu só quero entender onde estou me metendo, Isaías, porque eu não quero viver desse modo, não quero criar a minha filha me escondendo do mundo. Quando você bateu na minha porta, eu fiquei apreensiva, aliás, eu vivo assim. — Respirei longamente e me sentei novamente no sofá. — Eu gostaria de pedir um favor pessoal, me ensine a atirar?
— Senhora, eu entendo a sua preocupação, mas garanto que será por pouco tempo. As investigações estão indo bem, logo estarão seguros e poderão seguir com a vida de vocês. Quanto a ensiná-la a atirar, eu creio que o Lorenzo não aprovaria.
— Você só acabou de confirmar o que eu suspeitava, Enrico Lorenzo Millani é quem está por trás de toda essa proteção.
— A senhora é muito perspicaz, e o Lorenzo sempre soube de tudo, mas os seus sogros são os responsáveis, faz duas semanas que ele retornou com as suas atividades normais e passou a participar ativamente das investigações — respondeu.
— Bem, eu aprenderei a atirar você me ajudando ou não. Vou providenciar o porte de arma e uma arma — disse, firme.
— Senhora, não me comprometa, mas se insiste tanto, eu mesmo farei o seu treinamento. Será um segredo nosso.
— Ótimo, quando começamos? — perguntei.
— Faremos do modo correto, vou procurar um clube de tiro apropriado e mantenho contato. Por enquanto, vá jantar e não se preocupe que está segura, caso precise de algo é só ligar. — Isaías se levantou e caminhou até a porta.
Segui-o e abri a porta para ele.
— Obrigada e boa noite!
— Boa noite, senhora.
Fechei a porta com urgência e corri para devorar o meu risoto predileto, eu estava faminta e saber o que me aguardava só aumentava a minha fome.
Na manhã seguinte, despertei com a beleza do sol aparente pela fresta da cortina da minha janela, levantei-me animada, depois do banho, corri para a cozinha, preparei o meu café da manhã e desci para a companhia. Ainda era cedo, não vi se Mike e Caio chegarem ontem. Eu demorei tanto a pegar no sono na noite anterior, pensando em mil e uma possibilidades de interpretação para conversa que ouvi de Margô e Enrico, que apaguei cansada.
Liguei as luzes do estúdio, estava tudo tão lindo, que senti vontade de dançar. Liguei o som baixinho, dancei passos qualquer. Dançar me ajudava a ficar calma, era incrível como o meu corpo reagia bem a música, era uma espécie de terapia.
Depois do breve exercício, fiz alguns alongamentos e me deite no chão do estúdio mesmo, ainda um pouco ofegante. Deixei a música ocupar a minha mente, mantive os olhos fechados, concentrei-me somente na melodia clássica que ecoava no ambiente.
O meu momento de calmaria foi interrompido pelo som estridente do meu celular tocando. Levantei e o peguei rapidamente, não reconheci o número, mas atendi.
— Alô.
— Você está bem? — reconheci a voz de Enrico, parecia apreensivo.
— Sim, estou. Aconteceu alguma coisa? — perguntei.
— Eu só queria saber se vocês estão bem. Eu me preocupo com você e com a nossa filha. Quero que saiba que estou fazendo tudo para acabar logo com isso, quero tê-las perto de mim o mais breve possível. Eu amo vocês.
Fiquei momentaneamente sem palavras, a vontade que eu tinha era de gritar, esbravejar, explodir, exigir respostas, mas eu estava tão confusa com a situação, que era melhor ter essa conversa pessoalmente. Respirei longamente tentando disfarçar o descontentamento e o respondi:
— Agradeço pela preocupação, mas eu preciso é do meu marido ao meu lado, se ainda não pode fazer isso, por favor, não me ligue mais... — Não consegui conter as lágrimas.
— Por favor, não fale assim, está sendo muito difícil para mim também.
— Desculpe, eu ando muito emotiva ultimamente...
— Não se desculpe, apenas continue me amando.
— Impossível não te amar.
— Eu prometo que em breve estaremos juntos novamente. Agora eu preciso desligar, fique bem.
— Vou tentar.
Desliguei o telefone, ainda um pouco abatida. Havia uma mensagem do Mike, era um vídeo dele e do Caio, juntos e aproveitando a estadia em Petrópolis. Meu coração transbordou de felicidade, era tão lindo vê-los felizes.
Retornei para o apartamento e, fui direto para o meu quarto, deparei-me com várias sacolas de todos os tamanhos sobre a minha cama. Fiquei um pouco assustada, afinal, eu estava sozinha em casa. Um pouco desconfiada, aproximei-me, procurei por um cartão ou um bilhete e o encontrei na primeira sacola que abri.
Meu coração ficou apertado, reconheci a letra do Enrico, e as lágrimas foram inevitáveis. Estava escrito: "Para a nossa Cecília, com todo amor do mundo do papai." Abri cada uma das sacolas, tinham várias roupinhas de bebê, uma pequena boneca e até uma bailarina de pelúcia; a cada peça mais lágrimas, tudo incrivelmente lindo, perfeito em cada detalhe.
Quando quase terminei de olhar tudo, já tinha contido o choro, faltava apenas uma última sacola, não era colorida iguais as anteriores. Havia um novo bilhete: "Para a futura mamãe mais linda do mundo e a mulher que me dá motivos para acordar todas as manhãs. Com amor, seu Enrico".
Novamente as emoções afloraram, chorei, feliz, as suas palavras e preocupação com os presentes me faziam sentir como se nada entre nós tivesse mudado. Ele ainda era o meu Enrico, o mesmo de sempre. A sacola era bem grande, mas leve, abri e tinha um travesseiro de corpo dobrado, era muito fofo e a textura era bem macia. No fundo da sacola havia ainda um par de pantufas fofinhas, lingeries e algumas camisolas com abertura nos seios para amamentação.
Meu Deus! Eu me senti tão cuidada e especial, ele pensou em tudo, nos mínimos detalhes. Respirei fundo, olhei para o chão do meu quarto, que estava repleto de embalagens, sacolas e caixas. Ri ao ver o tamanho da bagunça. Abracei firme meu travesseiro e tive sensação que tinha o perfume dele, quando o desdobrei, constatei que estava certa. Um novo bilhete, dizia: "O travesseiro tem o meu perfume, quando o abraçar, lembre-se de mim."
Emocionada, abracei-o e fechei os olhos, lembrei da parte boa do nosso final de semana juntos, meu coração bateu mais forte ao recordar. Não era a mesma coisa que estar com ele, mas sentir seu cheiro me fazia bem.
Passei o resto da manhã organizando os presentes. Nossa filha já tinha tanta coisa que os meus armários estavam lotados, sobrou pouco espaço para as minhas roupas. Finalmente tudo estava em ordem, joguei-me na cama satisfeita pelo feito, mas o descanso foi breve, ouvi batidas na porta da sala, corri para sala para atender.
Não sei explicar, mas meu coração bateu mais forte, eu tinha esperanças que pudesse ser o Enrico, mesmo sabendo que a probabilidade era pequena, ainda assim, meu entusiasmo foi maior. Abri sem nem perguntar quem era, não era o meu marido, tentei disfarçar a decepção, para que o Isaías não se preocupasse.
— Boa tarde, senhora, o seu almoço. — Ele estendeu a sacola na minha direção.
— Ah! Obrigada, Isaías. Seu patrão é muito atencioso, transmita o meu recado a ele.
— Certo, senhora — respondeu, sorrindo.
Como sempre o almoço estava impecável: filé ao molho barbecue, arroz branco, purê de batata-baroa e uma salada. Após o almoço e de um banho relaxante, inaugurei o meu travesseiro, era perfeito, não substituía o meu marido — claro! — mas ajudou muito ficar mais aconchegante, adormeci sentido o cheiro dele.
Despertei atordoada, ouvi vozes vindas da sala. O quarto já estava escuro, devia ser início da tarde. Levantei-me e fui até a sala, era o Mike e o Caio que haviam chegado, conversavam com muita animação, tomando um vinho.
— Oi, Cenourinha. — Mike veio na minha direção e me abraçou. — Como você está?
— Estou bem. Chegaram há muito tempo?
— O suficiente para vê-la sonhando com os anjos — disse Mike e puxou minha mão para me juntar a eles no sofá.
— Olá, Caio, tudo bem? — cumprimentei, assim que me sentei ao lado dele.
— Sim, Alícia, muito bem. Obrigado.
— Claro né, Cacá! Com esse Deus grego aqui ao seu lado. — Mike apontou para si. — Você só pode estar muito bem.
Sorrimos, Mike era ótimo e muito irreverente. Conversamos um pouco sobre a viagem deles, e lógico, os dois já sabiam da visita de Enrico, inclusive, ajudaram-no a planejar tudo. Não fiquei surpresa, meus amigos sempre estão cuidando de mim. Depois que Mike me fez contar tudo sobre o reencontro com Enrico, jantamos juntos. Aproveitei para falar sobre o meu divórcio, que cancelamos por enquanto. O jantar foi incrível, o Mike nos fez um empadão de camarão maravilhoso.
Ao amanhecer já estávamos cedo no batente, faltavam poucos dias para a nossa inauguração. Chegamos à academia e tinha uma moça nos aguardando na porta.
— Bom dia, Driele — Mike a cumprimentou, pareciam que já se conheciam.
— Bom dia, seu Mike — respondeu a moça, com um sorriso muito simpático.
— Seu não, querida, eu já tenho dono. — Mike falou sério, quando percebeu que ela ficou pasma, caiu na gargalhada, depois, encarou-me e disse: — Alícia, essa é a nossa recepcionista, Driele Lima.
Driele me cumprimentou com um sorriso gentil. Retribuí, encantada. Eu tive uma indisposição matinal e não participei da entrevista dela, Mike a selecionou, só ouvi ótimas qualidades.
— Seja bem-vinda, Driele, eu sou a sócia do Mike, muito prazer. — Aproximei-me dela e falei baixinho ao seu ouvido: — Acostume-se que ele é maluco mesmo.
Rimos e em seguida entramos na companhia. Demos algumas instruções básicas para ela enquanto ela nos observava com bastante atenção. Driele era magra, estatura mediana, cabelos compridos castanhos e com algumas mechas mais claras. Tinha um rosto juvenil e um sorriso encantador, acho que foi esse um dos motivos da escolha.
Depois que Driele assumiu o seu posto, eu e Mike conseguimos cuidar mais despreocupados das formações de turmas. A cada dia a procura por matrículas aumentava consideravelmente. Tivemos uma manhã bem atribulada e conseguimos organizar bastante coisas. Finalizamos as organizações das turmas e já tínhamos procura suficiente para novas turmas.
Es estava eufórica e um pouco nervosa com a proximidade da nossa inauguração. Confesso que a ansiedade para ver tudo isso aqui funcionando era grande. Mike estava assustadoramente calmo, eu não sabia como ele conseguia se manter tão sereno.
Os ensaios para o nosso grande dia já estavam mais constantes, os dias se passando rapidamente. Trabalhei tanto nos últimos três dias, que pouco tive tempo de pensar direito, meu trajeto foi somente de casa para academia, da academia para casa. Parávamos somente para comer e voltávamos correndo para continuar os ensaios, provas de figurino, cenários e outros preparativos.
Falei algumas vezes com Enrico por ligação ou mensagem, conversas breves, sempre com muitas promessas de que logo estaríamos juntos definitivamente. Na véspera da nossa inauguração, tentei ligar para ele, mas sem sucesso, não tive respostas. Tentei não me preocupar, relaxei e dormi, precisava ter uma boa noite de sono.
É hoje, finalmente o nosso grande dia chegou! Acordei cedo, o café já estava servido na mesa, logo o Mike se sentou à mesa comigo. Ele estava radiante, depois do desjejum, descemos para a academia, que já estava aberta. Antes de colocarmos os pés na recepção, paramos em frente e oramos em silêncio de braços dados, ideia do Mike.
Quando entrei, com o coração acelerado, a Driele estava impecavelmente vestida com o uniforme que Mike desenhou, e logo nos recebeu com um belo sorriso. Foi uma manhã mais tranquila, conversamos com algumas mães, definimos os últimos detalhes da nossa inauguração e subimos para almoçar.
Tiramos folga na parte da tarde, precisávamos descansar para a nossa apresentação à noite. Com muita dificuldade consegui dormir, porque a ansiedade me corroía. Próximo do horário, despertei bem descansada, tomei um banho e o meu vestido já estava pronto no armário, lógico que escolhido pelo Mike. O maquiador chegou pouco depois, fez a minha maquiagem e logo desceu para preparar os demais bailarinos. Quando cheguei à sala, Mike e Caio me aguardavam, todos devidamente arrumados e muito bonitos.
O local já estava bem movimentado, tudo estava funcionando bem, os garçons serviam canapés e sucos. A música ambiente estava boa, as pessoas conversando, tudo incrível. Respirei fundo e contive as emoções, finalmente estava tudo acontecendo, exatamente como planejamos.
Olhei para o estúdio onde faríamos as apresentações, e o Maurício, devidamente vestido com o figurino da apresentação que faria, ensaiava tranquilamente. Ele era muito elegante e tinha uma técnica impressionante. Mike se afastou, tratou logo de dar orientações para alguns garçons e bailarinos, enquanto eu admirava boquiaberta a nossa atração principal.
Maurício me percebeu, sorriu e logo veio ao meu encontro, abraçou-me ternamente. Há dias não nos víamos, fiquei até um pouco constrangida pela forma calorosa com que me cumprimentou.
— Oi, Alícia, tudo bem?
— Tudo bem, Maurício.
Ele se afastou, beijou minha testa e me encarou com um sorriso gentil, segurando em meus ombros, parecia prestes a falar algo, quando fomos interrompidos por uma voz grave e familiar:
— Atrapalho alguma coisa? — imediatamente reconheci a voz do Enrico.
Apareci rsrsrsrs, amoras, este livro já está completo na Amazon, queria saber quem de vocês ainda acompanha por aqui, caso contrário, não irei mais postar, se quiserem que continue, por favor, manifestem-se aqui, tá?
Beijos e até breve!
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