Capítulo 5
Mike nem mais respondeu com quem falava, desligou rapidamente o celular, pasmo estava e assim continuou por alguns torturantes e silenciosos minutos. Ficamos nos encarando por alguns instantes, eu aguardando respostas, e ele me olhando como se estivesse vendo um fantasma.
— Lili, me escute, não é o que você está pensando. — Mike colocou o celular sobre a mesa e levantou as mãos devagar.
— Não é o que estou pensando e sim o que acabei de ouvir, não é, Mike? Eu não quero desculpas esfarrapadas, fale a verdade, com quem você estava falando?
— Calma, por favor, não é bom para você e para... — Interrompi Mike antes que concluísse.
— Eu quero respostas, Mike — gritei, respirei fundo e continuei: — você é uma das pessoas que mais confio nesse mundo, não estrague isso.
— Tudo bem, eu conto, vamos para sala, quero que me olhe nos olhos.
Caminhamos até a sala, Mike se sentou no sofá e me puxou para fazer o mesmo. Pegou o seu notebook e procurou por algo, parecia tranquilo. Eu estava trêmula e confusa, observando-o com cautela, tentei não pensar em nada, porque eu só conseguia imaginar que ele estava me enganando.
Rapidamente, Mike se virou para mim e me encarou com seriedade.
— Há alguns dias, eu recebi uma ligação de uma mulher chamada Maria, ela disse que conseguiu meu contato nas anotações do Enrico. Ela se apresentou como a segunda mãe do seu marido, disse que os seus sogros estavam preocupados com a sua segurança e esse era o motivo da ligação. Ela me contou sobre o acidente de Enrico, disse que foi premeditado, e sobre uma avalanche de problemas que a empresa deles está passando. Perguntou se eu estava disposto a ajudá-los a te proteger Cenourinha, e, claro, eu aceitei, porque jamais me perdoaria se algo acontecesse com vocês.
— Eu acho isso um exagero, mas enfim, com quem falava agora?
— Eu sei que acha isso, a Maria me ligou a pedido de sua ex-sogra, que já tinha oferecido ajuda antes, mas você recusou. Então, ela incumbiu a Maria, que sabia que erámos muito próximos, de me procurar e pedir a minha ajuda para essa finalidade.
— Isso eu já entendi, quero saber com quem falava ao telefone, você parecia bem bravo.
— Calma, vamos por partes. Dias depois do meu sim, um tal de Isaías entrou em contato comigo, apresentou-se como chefe de segurança da MHR, disse que era marido da Maria, e que cuidava pessoalmente da segurança da família Millani. Eles só me pediram para manter contato diariamente com você e informar sobre qualquer suspeita.
— Certo, e quando foi isso? — perguntei, ainda desconfiada.
— Assim que você foi para Niterói, mas é lógico que eu te ligava diariamente não só por conta disso, e sim porque eu realmente me preocupo com você e com nossa pequenina. — Mike sorriu, pegou e apertou minha mão. — Eu juro que só disse ao Isaías sobre você, e que estava bem, não falei nada sobre a gravidez. Espero que entenda, eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com você. — Mike voltou sua atenção para o notebook novamente e logo o virou para mim. — Encontrei, são todos os e-mails que troquei com Isaías, e tudo que falei sobre você, leia, verá que estou falando a verdade.
— Até aí já entendi, o que quero saber agora é com quem você falava quando cheguei e por que disse que eu não descobriria quem era?
— Eu disse que vou te contar tudo. — Mike respirou fundo, como se estivesse incomodado, talvez com a minha desconfiança. — Depois que aceitei ajudar, o Isaías mandou seguranças para garantir o seu bem-estar.
— Seguranças? Onde? — questionei, pois nunca percebi ninguém.
— Há dias estamos sendo vigiados dia e noite. As equipes de segurança se revezam para garantir que nada de mal nos aconteça. — Mike se levantou, caminhou até a janela e olhou por ela. Eu o segui. — Tá vendo aquele carro branco parado do outro lado da rua? — Assenti com a cabeça. — E aqueles dois caras perto do quiosque de sorvetes? — Confirmei. — Então, são seguranças à paisana, prontos para agir a qualquer momento. Os seus ex-sogros tiveram medo de que algo pudesse acontecer com você; e eu também, principalmente após o incêndio no seu apartamento. Mesmo sem conclusão se foi ou não criminoso, acho que todo e qualquer cuidado, nesse momento, se faz necessário. Eu juro que ia te contar tudo, mas não agora, porque não queria te preocupar. Quando você chegou, eu falava com o Isaías e ele estava muito bravo, porque eu não avisei que você tinha saído.
Fazia sentido, no entanto, ainda não tinha me convencido.
— E que ligação é essa? Você falou que ele não tem ligação nenhuma, você se referia a quem?
— Lili, os seus ex-sogros ainda não sabem quem está por trás de tudo e muito menos o motivo. Logo, qualquer um pode ser suspeito, inclusive, o Maurício.
— O Maurício? E qual motivo ele teria para nos fazer mal? Ele mal conhece o Enrico e a família dele.
— Ninguém sabe de nada ainda, Lili, então, qualquer um é suspeito até que prove inocência. — Mike me puxou para um abraço, beijou o topo da minha cabeça e me manteve em seus braços. — Sei que não é fácil, mas você está segura. Em breve eles descobrirão quem está por trás de tudo isso e estaremos livres de perigo. Há uma equipe particular, contratada pelos seus ex-sogros, trabalhando em conjunto com a polícia italiana, logo teremos uma resposta. O que sei por ora, são das informações que o Isaías me passa, ele disse que que alguém com grande poder e influência na MHR está diretamente envolvido, porque fizeram diversos ilícitos, desvios de verbas e fraudes para incriminar o Enrico. O acidente foi apenas um modo de desviar o foco das atenções e mantê-lo longe da presidência.
— Nossa! São tantas informações que me deixou confusa. Só não entendo o que Maurício tem a ver com tudo isso?
— Por enquanto nada, já o investigaram, e não encontraram nenhuma ligação suspeita. Minha tarefa é só informar os seus passos e com quem você fala, para garantir que esteja segura.
— Entendo, mas no telefone, você falou também que eu não vou descobrir quem é, a quem se referia, Mike? — Afastei-me para o encarar.
— O Isaías quer vir pessoalmente fazer a sua segurança no dia da inauguração da nossa companhia, então, estávamos tentando encontrar um modo de infiltrá-lo, para que você não o reconhecesse.
— É, faz sentido.
Olhei novamente pela janela, os dois homens que estavam na praça, retornaram para o veículo, um deles acenou para o Mike, que retribuiu.
— Vai ficar tudo bem, confie em mim e colabore para que possamos mantê-las segura. — Mike me beijou no rosto.
— Tudo bem, eu não farei objeção à proteção, prometo que irei colaborar.
— Obrigado, Lili, tudo isso é para o bem de vocês duas.
— Você não contou sobre a minha gravidez, né?
— Claro que não. Mas você sabe que não poderá esconder por muito tempo, não é? Por que não conta logo a verdade?
— Não quero que o Enrico fique sabendo, ele pode ter me esquecido, mas o caráter permanece, e com toda certeza ele iria me procurar e se fazer presente como pai, e isso não me fará bem. Você não sabe o quanto foi difícil partir, olhá-lo e ver que todo aquele amor que tinha por mim não existe mais, ainda dói muito. Eu quero ter uma gravidez tranquila, na medida do possível, sem sofrimento, a presença do Enrico só me fará sofrer mais ainda.
— Eu entendo você, mas não acha que seria bom para ele também essa convivência?
— Ele me pediu para partir, ele pediu para que eu recomeçasse a minha vida. Ele não me queria por perto, então, como falaria da nossa filha? Talvez ele tolerasse a minha presença por conta da gravidez, mas não é isso que quero dele.
— Oh! Lili, eu nem sei o que te aconselhar, entendo você e ao mesmo tempo penso nele e nos direitos dele enquanto pai. Enfim, estou muito dividido, mas o que decidir, estarei aqui para te apoiar.
— Você tem notícias do Enrico?
— Não, eu só falo com o Isaías. Você quer falar com Enrico?
— Não, só curiosidade para saber como ele está.
— Você entende o que fiz, não é? Não quero que tenha raiva de mim porque omite os seguranças. — Mike levantou meu queixo devagar para me encarar.
— Entendo, mas você deveria ter me contado.
— Tive medo de que se recusasse a aceitar, pensei na gravidade dos fatos, temo pela sua segurança e agora, pela minha também, apesar de não ter nada com isso, só por estar ao seu lado, corro o mesmo risco.
— É verdade, eu sei disso, meu amigo. Obrigada por se arriscar por nós. — Abracei-o ternamente. — Nós ficaremos bem. — Beijei seu rosto e depois me afastei. — Só uma última pergunta, como você pretendia infiltrar o Isaías?
— Ele seria a árvore do cenário.
Gargalhei, Mike tinha uma criatividade notória, que ainda me surpreendia. Ele também fez o mesmo, depois da intensa gargalhada, retornamos ao centro da sala.
— Você tem cada ideia.
— Claro, querida, assim você nunca ia desconfiar de nada. Agora vamos dormir, minha Cenourinha, porque amanhã temos muito trabalho.
— Sim!
***
Acordei cedo, como todos os dias, tomei um rápido banho e vesti uma roupa leve, o cheiro de café era inconfundível, na sala estavam Mike e Isaías conversando sentados à mesa de jantar. Quando me perceberam, calaram e observaram em silêncio enquanto me aproximava.
— Bom dia, Alícia. — disse Isaías.
— Bom dia, Isaías. — Olhei para o Mike. — Bom dia, Mike.
Juntei-me a eles, o silêncio reinou por alguns minutos, os dois estavam estranhos, com um semblante nada agradável. Servi-me de café, torradas e uma fatia de queijo. Continuei agindo normalmente, porém, o clima estranho entre eles, estava começando a me preocupar, creio que as notícias não eram nada favoráveis. Não aguentando mais, questionei:
— Aconteceu algo?
— Precisamos conversar sobre a sua segurança — disse Isaías, calmamente. — O nosso trabalho será mais fácil, estamos aqui para protegê-la. Por enquanto, não há nada que precise se preocupar, a sua mudança para cá foi muito positiva, já que o seu apartamento anterior era frequentado pelo Lorenzo, pode ter se tornado um alvo fácil. Nós contratamos peritos que estão trabalhando paralelamente ao laudo oficial do Corpo de Bombeiros, lamentavelmente em nossas primeiras análises o incêndio foi criminoso. Encontramos indícios de arrombamento na fechadura e o registro de gás foi adulterado. Isso são provas suficientes para constatar o que suspeitávamos. Embora ainda não seja o laudo oficial, cremos que ele não será diferente da conclusão que chegamos. Tememos que quem está por trás desse atentado, ainda esteja à sua procura.
Eu não fiquei surpresa com as revelações, na verdade, eu já temia que isso poderia ter acontecido, ou melhor, eu tinha quase certeza.
— Lili, não se preocupe, você ficará segura. — Mike disse e segurou firme a minha mão.
— Eu só queria ter paz. Por que você acha que viriam atrás de mim?
— Para atingir o Lorenzo. — Isaías respirou longamente e tomou um gole do café. — Não temos certeza ainda de quem está por trás de tudo isso, mas as câmeras de vigilância externa do hospital identificaram a Margô no estacionamento, e acompanhada. Ainda não sabemos se é mera coincidência ou se ela está ligada aos acontecimentos. E mesmo se tiver envolvida, foram várias ações perfeitamente planejadas, isso quer dizer que ela não agiu sozinha.
— Não me assusta o envolvimento de Margô, ela odeia o Enrico.
— Sim, ela está sendo vigiada e em breve teremos informações concretas e provas suficientes para ligá-la ao atentado à vida de Lorenzo, não se preocupe com isso. — Isaías retirou uma caixa da sacola e empurrou na minha direção. — Eu te trouxe um celular e com um novo número, quero que o forneça apenas as pessoas mais próximas e de sua extrema confiança, tudo bem? — Assenti com a cabeça. — Incluí os meus contatos e dos seguranças que trabalham conosco, além disso, esse número é seguro e livre de grampos.
— Certo — confirmei, peguei a caixa e liguei o celular.
— Quando quiser sair, me avise primeiro e envie o seu destino, é muito importante que esteja sempre com esse celular. Ele é rastreado, desse modo poderei monitorá-la em tempo real. Alguma dúvida?
— Quando isso acaba? Eu não posso viver assim para o resto da vida — protestei.
— Esperamos que o quanto antes. Nossa equipe está mobilizada trabalhando em conjunto com a polícia para chegarmos aos culpados, e finalmente podermos voltar as nossas atividades normais. Qualquer novidade, por favor, me comunique imediatamente.
— Faremos isso, Isaías — Mike confirmou.
— Agora voltarei ao meu posto de trabalho, tenham um bom dia.
— Bom dia — murmurei, cabisbaixa.
Eu estava preocupada, não apenas pela minha vida, mas pela minha filha, eu precisava protegê-la. Ainda assim, estava confiante que tudo ficaria bem, tentando não me preocupar tanto para ter uma gravidez tranquila, ou pelo menos tentar.
Terminei o café e desci para a companhia de dança, já estávamos nos últimos retoques da pintura das salas administrativas. Os estúdios de dança já estavam prontos, e Mike já estava finalizando com os últimos retoques da decoração. Meus quadros ficaram lindos no estúdio principal. Na recepção, Mike teve a brilhante ideia de reproduzir uma foto nossa do espetáculo Quebra Nozes que dançamos juntos, ficou divino. Como tudo na companhia, estava ficando incrível.
***
Duas semanas depois...
Os dias passaram rápido, Maurício estava participando ativamente da inauguração da companhia, quando estava na cidade, vinha diariamente, opinava e ajudava em tudo, quando estava viajando ou fora, por conta dos compromissos de trabalho, sempre dava ligava para o Mike, para saber como as coisas estavam.
Há duas semanas da nossa inauguração, faltavam apenas alguns poucos ajustes, eu estava tão envolvida em tudo, que nem tive tempo para pensar nos meus problemas. A nossa companhia de dança foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido no meio do meu turbilhão de problemas.
O planejamento para nosso espetáculo de inauguração estava nos últimos detalhes. Marcelo traria uma equipe de bailarinos para uma apresentação especial, seria incrível. Começamos a divulgação no bairro com outdoor, panfletos, redes sociais e outros meios. A procura estava muito boa, já tínhamos horários com turmas fechadas.
A manhã passou rápido. Após o almoço retornamos para companhia e estávamos avaliando alguns currículos, eu e Mike. Selecionamos alguns promissores, para entrevistarmos em breve. Mal terminamos e o Maurício chegou nos surpreendendo, com um lindo vaso de margaridas.
— Boa tarde! — cumprimentou Maurício.
— Boa tarde, Maurício — respondi, surpresa por vê-lo aqui, já que pouco nos visitava durante às tardes.
Mike o encarou, depois olhou para as flores, voltou a olhá-lo, com um semblante nada amigável, apenas acenou com a cabeça brevemente. Para mim, Mike já tinha superado isso, afinal, Maurício vem nos ajudando bastante com tudo, mas bastava ele apresentar uma gentileza que Mike fechava o cenho.
— Eu trouxe essas flores, acho que ficarão bem aqui na recepção. — Maurício as colocou sobre o balcão.
— Obrigada, Maurício. — Aproximei-me dele. — Deixa eu te mostrar a companhia, já está tudo pronto.
— Também quero fazer parte desse tour — disse Mike e nos acompanhou.
— É lógico, Mike — respondeu Maurício.
Fizemos uma rápida visita por todas as dependências da companhia, Maurício gostou muito de tudo e elogiou a decoração que Mike havia feito. O meu amigo pouco participou da conversa, limitou-se apenas a nos seguir, sem muita animação.
Após o rápido tour, retomamos o planejamento do espetáculo de inauguração, Maurício deu dicas incríveis, a experiência dele era inquestionável. Mike já até estava mais falante e agindo com naturalidade.
— Tudo está incrível, parabéns. Agora eu preciso ir, passei só para uma rápida visita — elogiou Maurício.
— Assim esperamos. — Disse empolgada. — Você fica até quando no Brasil, Maurício? A nossa inauguração será daqui a duas semanas, você é o nosso convidado especial.
— Estou de férias na verdade, a companhia fará uma seletiva para novos bailarinos, ofertará bolsas de estudos na nossa unidade da Rússia, eu farei parte do jurado técnico. Acredito que o processo durará em torno de três meses; paralelo a essa seletiva, lançaremos um novo espetáculo, entrará em cartaz primeiramente aqui no Rio de Janeiro, então me verão com bastante frequência, se assim desejarem.
— Claro, é muito bem-vindo na nossa companhia, será um prazer conviver com a sua experiência, necessitaremos bastante dela — argumentei.
— Obrigado, Alícia, contem comigo. — Maurício sorriu e encarou Mike. — Agora eu tenho uma sugestão que pode ser positiva para a inauguração. O que acham de eu me apresentar? Podemos fazer um dueto, Alícia, o que acha? — Maurício tocou meu ombro e sorriu com gentileza.
— Nossa! Incrível, você estaria disposto a fazer isso por nós? — perguntei, eufórica.
— Será uma ótima ideia, Lili, mas eu não abro mão de fazer o dueto com você. Acho que o Maurício vai somar muito, sugiro que faça uma apresentação solo — acrescentou Mike com um tom nada amigável.
— Tudo bem, Mike, você tem toda razão, a noite é de vocês. Vocês são as estrelas. Eu planejarei uma apresentação solo.
— Ótimo, é assim que se fala — rebateu Mike.
Confesso que não entendia o porquê de tanta implicância com o Maurício, muito menos a nítida demonstração de ciúmes do Mike. O Maurício está sendo um fofo, muito solícito e cortês e, mesmo percebendo a descortesia do meu amigo, ainda assim continuou oferecendo ajuda e dando ótimas sugestões.
Meu celular vibrou, era uma mensagem do Isaías, com um número para contato. Afastei-me dos dois e liguei de volta. Era do curso de gestantes que eu havia me inscrito, entraram em contato com o meu antigo número, que estava com ele, por medidas de segurança.
Rapidamente fui atendida, a atendente solicitou a confirmação da minha inscrição, pedi as informações por e-mail, que prontamente chegou, abri pelo meu celular mesmo, confirmei minha inscrição e logo o encaminhei a mensagem para o Isaías, que continha os horários e dias, além do endereço do local. Pronto, menos um problema.
Voltei para junto de Mike e Maurício, eles combinavam detalhes da inauguração, tentei me inteirar da conversa, então, o telefone de Mike tocou e ele afastou-se para atender, não restando outra opção a não ser nos deixar a sós por alguns instantes.
— Tudo bem, Alícia? — perguntou Maurício.
— Sim, tudo bem. Era só uma ligação do curso que pretendo fazer.
— Qual é o curso?
— De grávidas, sabe como é, né? Sou mãe de primeira viagem, quero tudo de melhor para minha pequena princesa — disse, sorrindo, tentando descontrair o clima tenso.
— Que ótimo, mas... esses cursos não são realizados pelos pais juntos? Precisa de alguém para acompanhá-la? — sugeriu, de posse de um sorriso singelo.
Fiquei um pouco constrangida com a pergunta, abri a boca para responder, mas hesitei, precisava pensar bem no que falaria, a última coisa que queria era magoá-lo. Respirei fundo, sorri e peguei sua mão.
— Obrigada, Maurício, você é muito gentil. Porém, não precisa se preocupar, o Mike faz questão de me acompanhar.
— Alícia, eu sei que o seu coração está fechado nesse momento, e eu entendo, mas quero que saiba que pode contar comigo para o que precisar. — Ele beijou minha mão com delicadeza. — Eu adoraria participar da sua gestação, se me permitir, é claro.
— Novamente, obrigada, Maurício, você é um grande amigo. — Puxei minha mão da dele e fiz um coque nos cabelos para disfarçar.
— Amigo... — Ele omitiu o sorriso, seu semblante alegre mudou repentinamente. — Eu tenho sentimentos por você, Alícia. Eu quero ser mais do que isso, quero te dar o que você merece. — Havia uma súplica no seu olhar, ele se aproximou ainda mais, com os olhos brilhando, parecia tomado de emoção. — Eu me encantei por você desde a primeira vez que te vi, e mesmo sabendo que está grávida de outro, e que só me ver como amigo, eu quero ficar perto de vocês, quero protegê-las, cuidar de você e dessa princesa. — Ele se inclinou e fez menção de tocar o meu ventre, eu recuei, por puro instinto, ele percebeu minha resistência e não insistiu. — Deixe-me participar mais da vida de vocês, deixe-me amá-las, mesmo sabendo que ela não é a minha filha biológica, eu posso ser o pai que ela precisa.
— Eu... eu... nem sei o que dizer... Maurício, eu-eu... — tentei falar, mas as palavras faltaram, eu nem sabia o que pensar ou responder.
— Diga sim, diga que me aceita como seu companheiro, eu serei paciente, vou conquistar o seu amor todos os dias da minha vida, até você me amar como eu te amo, permita-me fazer parte de sua vida, Alícia.
Bom dia, queridas! Tudo bem por aí?
Desejo a vocês um excelente final de semana e uma boa leitura. E aí? O que responderiam se estivessem no lugar de Alícia? :-D
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