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Cap 28 - A Tutela

Duna: não galaceanos

Gote: espécie de cavalo alado

Praga-viva: termo pejorativo aos não galaceanos

Uma voz abafada ecoou pelo corredor da enfermaria e Traium se virou embalado em tédio. Vinha numa máscara feliz — que o chefe da SOTE julgou falsa — e usava branco da cabeça aos pés. O jeito carrancudo, no entanto, pareceu freá-la no meio do percurso.

— Sabe que não deve gritar aqui — o tom cínico esbugalhou os olhos do funcionário que curvou a coluna em desculpas. — O que quer? Ela falou algo?

A ponto de arrancá-lo da frente esmoreceu com a negação.

— Encontrei um bilhete nas coisas da menina — estufou o peito como se fosse receber uma medalha e os dentes brancos se destacaram com o tom da pele. — Pode ser importante.

Terók observou a pose do galaceano de soslaio. Trajava um sorriso maior que o rosto e, na certa, pensava em ganhar sua confiança com o gesto. Ao estender o braço, revelou uma fita verde oliva presa no pulso, indicação da classe de enfermagem.

Limitando-se a baixar a vista, o déspota examinou o papel amarrotado. Desejou-o instantaneamente, embora fizesse charme para não se evidenciar.

— Alguém leu? — os cílios quase se tocaram ao emanar o dom a fim de captar alguma mentira do sujeito. Encontrando sinceridade, confiscou o achado e o meteu no bolso.

— Não, senhor — o orgulho do rapaz se enfiou num olhar deturpado, de quem faz traquinagem e ele desceu o tom na sequência. — Eu o encontrei e guardei até a sua chegada.

— E você? — com a voz ácida, moveu apenas a boca, ciente de estar diante de um xereta. — Melhor não dar com a língua nos dentes, hã?

A alegria do cúmplice sumiu e, apesar de parecer consternado, se endireitou. Esforçando-se em não o enxotar feito um cachorro magro, Traium esboçou um semblante quase simpático ao esticar de canto os lábios pálidos.

— Será recompensado pela eficiência e lealdade, meu caro... — pausou para ler o nome no uniforme — Dregor. Agora, suma.

Abandonando o informante à solidão, deu as costas antes que o indivíduo emitisse qualquer palavra que o fizesse se arrepender. A passos largos, alcançou o pavimento externo do hospital e optou por um banco afastado do jardim. O convite à leitura crepuscular o laçou pelo pescoço.

Após se sentar, acirrou a vista e varreu o lugar. Se algum descuidado surgisse, espantaria à primeira ordem. Por sorte, apenas os pássaros o perturbavam num alvoroço de fim de dia. Desdobrando o bilhete, lambeu os beiços. Estava um tanto rasurado, porém, legível.


Ao ler a mensagem, as pupilas se dilataram, embaralhando as linhas no papel. O quebra-cabeça, contudo, se confirmava tão sólido quanto rocha. A menina era filha de seu grande e único amor. E os cuidados recomendados a uma pessoa que — apesar de ter o mesmo sangue — julgava incapaz e até perigosa.

Soltou um ar de desdém misturado com uma inveja que ardeu a boca do estômago. O olhar vagou sem rumo e ele se perguntou onde estaria a mãe da pequena, pois com o praga-viva do pai pouco se importava.

Supondo o pior, a respiração trepidou. Não havia registros de dons que voltassem no tempo, muito menos que ressuscitassem defuntos. Uma lágrima ousou umedecer a vista e Traium finalmente se viu enlutado. Se Sofia estivesse morta, nada poderia fazer, a não ser honrar o desejo da alma.

Em posse da novidade, sentiu a hora congelar. E, amassando a letra cursiva, tornou a verdade refém do próprio bolso. Sentenciando a vontade da galaceana ao túmulo, desenhou um sorriso de quem ganhou o campeonato.

Num ímpeto de vingança contra a cilada do tio e o casalzinho de araque — como se referia a Sofia e Alex —, decidiu educar a garota, prestigiando-a por sua protegida.

Puxando o cachimbo do bolso, acendeu-o com pressa. O prazer do vício logo se embrulhou com uma satisfação secreta e preencheu o coração endurecido. Mesmo que pela metade, teria perto de si um pedacinho vivo do amor juvenil, ainda que em miniatura.

Entretanto, com a intenção de formar um ambiente saudável à recém-chegada, concluiu que a avó seria o melhor caminho. Afinal, ter uma criança o amolando dia e noite lhe causava arrepios. A única condição que exigiria de Kaline era de que sempre respondesse aos seus comandos.

Na última tragada, lembrou-se do tio e se questionou sobre a demora em ver a peregrina. Já passava das oito e nem sinal da feição palerma e irritante preenchendo os corredores do hospital. Estava certo de que refutaria suas intenções. Soltando a fumaça verde bem devagar, deixou um riso debochado crescer nos lábios. A lei o amparava.

Marguel acordou disposta. Após três dias internada, já não sentia os efeitos da insolação. Àquela manhã, viu-se decidida em enfrentar Vynanda. Veria Zincon a qualquer custo. Contudo, antes de cobrar a vontade, bateram à porta.

Abandonando o livro, saiu da poltrona num choque e permaneceu em pé com a vista colada na entrada.

— Olá, vim conhecer nosso pequeno milagre pessoalmente, sim? — o dono da voz serena, chamou-a com a mão. — Sou Jalef!

A menina franziu a testa. A figura plantada à frente estava um pouco diferente. Além de não usar chapéu de palha, não trazia cachimbo — o que achou ótimo.

Andando à direção do galaceano — como se arrastasse bolas de ferro — pendeu a cabeça para o lado. O gesto sugeriu desvendar um enigma imaginário. Então, o senhor se abaixou e ela correu abraçá-lo.

— Onde você estava? — encarou o rapazinho com vontade de chorar. — Veio tanta gente me ver...

—Eu sei, querida — observando a enfermeira por cima da cabeleira loira, solicitou sua retirada. — Mas agora estou aqui, sim? Soube que fez um amigo... — os olhos se afiaram com o sorriso.

Marguel esperou a mulher se retirar para começar com a ladainha:

— Só que não me deixam ver Zincon! Já pedi várias vezes. — Cruzou os braços num protesto e uma arfada fez a franja voar. — Acho que estão mentindo e ele... morreu.

— Oh, não, não, minha criança. O menino está se recuperando — ousando na meiguice, ajeitou a gola frufru. — Acredito que possamos visitá-lo hoje, sim?

A meia galaceana mirou os pés. Por que a demora, se era ela que andara horas pelo deserto? Pressionando as têmporas, cogitou não ser bem o adolescente de quem sentia falta. Soltou um ar trêmulo e o professor a trouxe de volta ao tocar-lhe o queixo. O peso e a textura da mão a lembraram do pai e pôs-se a chorar.

— Calma, não é o fim do mundo — buscando palavras de conforto, envolveu-a nos braços como uma filha. — Sei que está triste, mas vamos devagar, sim? — Cochichou, temendo até que as paredes ouvissem. — Daremos nosso jeito.

Marguel enxugou as bochechas e acenou com a cabeça. O soluço a impedia de falar.

— Eu só não vim antes justamente porque estava acudindo seus pais — levou o indicador à boca numa expressão de segredo e a voz caiu dois pontos. Um par de olhos claros piscaram a centímetros dos seus. — Quando soube que você vagava por Telfork, deduzi que Sofia estivesse em apuros. Não era para você descer lá. — Largou em suspiro e seguiu. — Ela teve um probleminha no embarque, sabe? Deve ter ficado eufórica... emotiva com a sua partida e a Nylda...

— Levou minha mãe para outro lugar? — mordeu os dentes numa ânsia em tê-la consigo.

O silêncio do amigo a incomodou e ela remexeu a gola, parecendo ter etiquetas raspando no pescoço. Sem desgrudar do galaceano, aguardou por explicações.

— Sofia acabou desembarcando em Calenda. Foi o que Slar apurou — Jalef compreendeu que a menina desconhecia o termo, pois lhe entregara uma feição de espanto e punhos à cintura. — É um planeta vizinho ao nosso, sim?

Ao segurar o choro, notou a garganta se fechar num nó como se tivesse engolido uma bolinha de gude.

— E meu pai? — a pergunta tremeu no lábio e preferiu analisar os próprios dedos. — Está vindo?

— Bom — o homem pigarreou duas vezes. Sabia que a resposta assolaria o coração, mas não poderia enrolá-la. — Alex foi encontrar sua mãe, minha cara. Ficou com medo de deixá-la sozinha, depois que contatei Tom e o avisei de que você estava bem.

Marguel sentiu as pernas virarem geleia e sentou-se no chão. As mãos tamparam o rosto e o cabelo cobriu parte da face. Quando a respiração oscilou, um rugido baixo escapou pelo nariz.

— Então, nunca mais os verei? — As lágrimas saíram desenfreadas, embora num ritmo lento. — Eu posso ir para lá?

O professor se ajeitou ao lado e acariciou suas costas. Encontrando-o de soslaio, olhos úmidos e vermelhos viram ele negar a viagem e os ombros caíram pesando quilos.

— Calma, num momento oportuno vocês se reunirão de novo. Além de tudo, você acabou de viajar e o corpo precisa de descanso. — Se esforçou em tecer o caminho da melhor forma. — E se você se perder? Aliás, você teria de retornar à Terra primeiro e depois, ir à Calenda. Isso não é como ir ao quarto ao lado ver um amigo, sim?

Ela concordou com a cabeça e as pálpebras inchadas quase não permitiram enxergar o galaceano. Imaginou Zincon acamado e provou um fio de conforto aquecer o coração.

— Minha vó vai cuidar de mim? — Com as palmas unidas numa súplica, analisou-o com interesse.

— Acredito que sim, minha cara — deixou a satisfação evaporar de vez e torceu a boca. — Depende de meu sobrinho, no entanto.

— E, agora, posso contar quem sou de verdade? — a criança se levantou e assoou o nariz. — Cansei de ficar calada.

— Ah, todos sabem — Jalef sorriu com o susto da pequena e deu uma animação na voz. — Mas não tem problema. Você é a menina que venceu Telfork!

Subindo um degrau na escala da felicidade, Marguel esticou o canto da boca. Ao menos não precisaria inventar histórias, nem brincar de muda a cada par de horas. Pensou em Zincon e quis lhe falar de imediato.

— Tudo bem — Terók se levantou, aliviado em passar pelo desfiladeiro sem maiores sequelas. — Eu te levo até ele.

O professor se virou ao alcançar a porta. A recém-chegada permanecia parada com as mãos à cintura e o pé batucando no piso.

— Não quero que leia minha mente, Jalef — a sinceridade arrancou um riso do homem, mais que a pose de desafio. — Por favor.

O rosto sério deu-lhe créditos com a garota ao anuir junto de um pedido de desculpas.

— Só mais uma coisinha, sim? — se apoiou nos joelhos ao se abaixar. A feição amorosa camuflou a gravidade da situação. — Domine essa fera. — Martelou com o dedo no peito infantil. — Esconda-a de todos!

A criança ficou boquiaberta e acenou levemente a cabeça com a performance impecável do galaceano ao imitá-la. Apesar do rugido ser mínimo, fora o suficiente para que as palavras entalassem.

— Por gentileza, sim? — o homem esticou o braço e ambos abandonaram o quarto.

Ao caminharem pelo corredor, Marguel se deparou com fisionomias curiosas. Ignorando as encaradas, seguiu o professor de cabeça erguida, apertando e afrouxando a mão livre. Por sorte, Zincon estava hospedado três portas a frente e, assim, não teria de lidar com a vontade de bisbilhotá-los com suas agulhas invisíveis.

Após se anunciarem, ela viu o menino sentado na cama. O aspecto do amigo fora o responsável por um congelamento inicial. Plantada à divisa da porta, deu três passos quando Jalef a conduziu pelas costas. Então, ele devolveu um sorriso de orelha a orelha, mas logo traçou uma careta de dor.

Os olhos se resumiam em dois riscos sustentados por duas bolas escuras ao redor. Estavam bem diferentes daqueles puxadinhos nas pontas. A pele — mais rosada que a sua — ganhara bolhas em alguns pontos. Pareciam minibolas murchas decorando as bochechas do garoto. Tentando ser simpática, ergueu o lábio superior, embora o suspiro saísse pesado.

— Oi Zin, está melhor? — engolindo o medo, pegou na mão do enfermo. — O que aconteceu?

O lábio tinha um corte transversal. Não havia sangue, porém, julgou exceder a picadas de formiga vermelha.

— Estou melhorando — os olhos marearam, mas o adolescente segurou o choro ao apertar o lençol. — Acho que perdi meu dom.

— Como? — a pequena arremessou a vista em Jalef tão esbugalhada quanto aluno em dia de prova surpresa. — Não voa mais?

O menino sacudiu a cabeça devagar e enxugou as lágrimas com um pano. A meia galaceana acariciou os cabelos e sentiu cócegas nos dedos. Estavam curtos, quase raspados e ela não entendeu o porquê.

— O nível de insolação do nosso guerreiro foi além das nuvens, minha cara — o professor sentou-se no pé da cama, ciente de que a verdade era a melhor solução. — E a irradiação que tomou tirou-lhe a dádiva.

— E agora? — A jovem vagou entre os dois, com medo de que o garoto visse pesar estacionado na face. — Ele vai ganhar outro?

O homem negou com a cabeça e as duas crianças murcharam feito bexigas velhas. Marguel se lembrou da sensação de estar planando a centímetros do chão. Algo que só Galácena lhe proporcionou.

— Então, fui eu! — A culpa bateu nas têmporas e ela as massageou.

— Você o quê? — a voz saiu num murmúrio e tremelicou as pálpebras com a dor.

— A culpada — assim que as bochechas esquentaram, não ousou enfrentá-lo.

— Que nada, menina — Jalef se atravessou antes que um deles piorasse a situação. — Cada organismo reage de um jeito. Além disso, você mesma concluiu que ficou mais tempo no sol. — Apoiou o cotovelo na cama e se colocou de lado. — E logo receberá alta.

— Mas não irei para casa — sem enxergar muita coisa, aceitou o pano que o amigo ofereceu para secar o rosto.

— Você está em casa — deu um dos sorrisos maiores que conseguiu para convencê-la. Depois, tampou a boca. — Ai, não posso rir.

— Zincon está certo — o professor esticou os braços numa animação descabida. — Seja bem-vinda! Tenho certeza que, assim que melhorar, poderá mostrar Galácena, sim?

As crianças concordaram de imediato com a piscadela do homem, embora, a partir dali cada qual carregaria a própria ferida.

— Mas porque rasparam seu cabelo? — fez uma careta, nitidamente preferindo a juba anterior. — Vai deixar crescer?

O menino observou Jalef por um instante e voltou a se concentrar no lençol. Talvez buscasse por ajuda, pois se esforçava em conter as lágrimas.

— Eu, eu... — se reorganizou num longo suspiro e deu de ombros.

— São normas do hospital, Marguel — declarou sem rodeios e o galaceano se conformou ao erguer as mãos. — Para facilitar com os curativos e... bom... — um ar de derrota se moldou na face.

— Pode falar para ela — cerrou a boca como se tivesse muito frio. Então, abraçou os joelhos e olhou à janela. — Não tem problema.

— Chamamos Clisso para realizar um exame — o professor batucou na própria cabeça. — Ele consegue verificar a força dos dons e bom... você sabe... — negou com cara de enterro.

Marguel sentiu o cérebro se dividir feito uma laranja. Eram várias informações para absorver ao mesmo tempo. Pôde presumir, no entanto, que o amigo perdera de vez o poder de voar. Tentando enxotar o ar fúnebre do quarto, a menina acariciou o cocuruto dourado.

— Não esquente. Podemos passear a pé ou... — esbarrou o professor de soslaio, embora o brilho pudesse ser visto à quilômetros. — Andar naqueles cavalos?

Zincon riu e reclamou numa sincronia que a criança achou graça. Era péssima em decorar nomes.

— Os gotes? Sim podemos — disse, recuperando certa animação. — Posso emprestar Pugu. É do meu pai, mas ele deixa.

Marguel assentiu num sorriso arreganhado. Mal poderia esperar para explorar todos os cantos do lugar. Quem sabe o tempo passasse mais rápido quando estivesse entretida.

— Agora, vamos deixá-lo descansar, sim? — Consultando o relógio, Jalef deu um cutucão no ombro pequenino.

Sem ver um espaço saudável na bochecha do adolescente, a nova amiga acenou um tchau tímido.

Sob ameaça de perder a guarda, a avó da garota absteve-se de qualquer pergunta pertinente ao sumiço da filha e do genro e o real motivo de não estarem em Galácena a que perguntasse.

— Saiba que tenho vocês nas mãos — o chefe da SOTE encarou Kaline com frieza. O semblante retorcido em tensão buscava por uma objeção. — Não quero tomar atitudes drásticas.

— Sim, senhor — os lábios femininos se alongaram num sorriso amargo, embora o espírito respirasse feliz. — Pode ficar tranquilo. Cuidarei da menina sob seus preceitos.

— A hora em que eu ficar tranquilo será debaixo da terra, hã? — a secura da voz fê-la baixar a cabeça. — Oriente-a para ser um de nós. Sabe-se lá o que aquele praga-viva­ do pai a ensinou nesse tempo.

A mulher mantinha a expressão atenta, mas o coração congelou temendo por uma conduta inóspita do sujeito. Traium era de lua e poderia — a qualquer instante — retroceder e repetir o ato de Taurim.

— Você contou o que fiz? — Com a vista engatilhada, tentou arrancar uma confissão que empatasse a vida.

— Marguel jamais saberá — escondeu a mentira ao negar numa expressão relaxada. — Ao menos não por mim, senhor.

Os olhos arderam — ansiosos por encerrar o encontro — e ela os desviou ao chão. Com a lembrança da interferência que sofrera em frente à casa de Slar o estômago borbulhou.

Ambos se analisaram, embora a galaceana tivesse renunciado à investida em segundos. Encarar o chefe da SOTE era para poucos. Ainda mais se ocultava a verdade.

— Nesse caso, pode ir — acenou com a mão como se espantasse um mosquito. — E lembre-se, bico fechado. Afinal, você burlou as regras. Eu apenas... a contive. — Fez um zíper e subiu a boca num arco triunfante. Emanando certa hesitação da mulher, julgou ser medo.

— Obrigada — a avó da garota assentiu e a voz chegou a falhar. Despedindo-se entre lágrimas, saiu a passos largos em direção à enfermaria.

Kaline viu a neta e Vynanda paralisadas do outro lado da cama. Arrumavam os pertences da pequena quando entrou sem se anunciar. Sem conter a emoção, levou as mãos ao peito. O sorriso da menina era igual ao da filha e a feição ingênua logo apagou qualquer vestígio da amargura despejada por Terók momentos atrás.

— Desculpe entrar assim. Estou afoita — esfregou as palmas e continuou. — Pronta para conhecer sua nova casa? Tenho um jardim lindo esperando por você.

Ela acenou um sim. Ao colocar a mochila nas costas, a avó reconheceu a gratidão nos olhos infantis recaírem sobre a enfermeira. Mordendo o lábio inferior, sorriu ao receber um ar alegre na sequência. Então, a expressão da criança se dissipou como se uma névoa fantasmagórica invadisse o local e a mulher se virou. Engoliu a seco ao esbarrar no rosto chupado de Traium.

— Vim apenas despedir-me — mostrando as palmas em sinal de paz, passou pela galaceana e se abaixou na altura da menina. Agarrando dedos miúdos, soltou a voz de um cordeiro. — Quero que saiba que isso tudo é provisório, hã? Até encontrarmos sua mãe.

Em um átimo de segundo, Marguel copiou o sorriso sem muita vontade da avó e ofereceu a mão em despedida. O tom solene pareceu surtir grande efeito, pois o chefe da SOTE logo a cumprimentou. Repetindo o gesto com Kaline, saiu pela porta.

— Senhoras... — vagueou a vista entre as duas e saiu apressado.

A avó arregalou os olhos e ergueu os braços dando graças à partida do homem. Espiando para fora do aposento, constatou que o enxerido evaporara.

— Bom — esfregou as mãos animada. — Vamos?

— Se eu encontrar algo seu, lhe envio. — Vynanda a envolveu carinhosamente. — Cuide-se.

Após ganharem o corredor, vó e neta alcançaram o quarto de Zincon. A porta estava entreaberta e Marguel correu para dentro. A mulher foi atrás e se deparou com a criança cabisbaixa. O lugar estava vazio.

— Deve ter ido para casa, querida — disse sem ter certeza, puxando-a pelo braço com delicadeza. — Amanhã você fala com ele. Vamos.

— Quando visitei, disse que o deserto arrancou seu dom — fez um gesto como se tirasse algo do peito. Depois, seguiu com os dedos deslizando pela parede branca. — É verdade? Vai ficar bem? A culpa... foi minha?

— Calma, calma — Kaline parou no meio do trajeto e dobrou os joelhos. — Primeiro, não é culpa de ninguém. Apenas aconteceu. — Enxugou o rosto da neta com a manga da blusa. — Segundo, Zincon está bem. Vynanda avisou hoje cedo sobre sua melhora. Está em casa agora.

— E o que vai acontecer? — Levantou as mãos, imaginando a resposta pendurada no teto. — Vai virar um duna e ser expulso? — a visão se empapou com a possibilidade.

— Não, querida — conteve um riso. Afinal, inocência e sofrimento empatavam a vida da menina. — Ele sempre será um galaceano, com ou sem dom. — Em seguida, encarou um ponto qualquer divagando nas próprias conclusões. — Embora isso seja raro de acontecer...

Penteando a franja da neta com os dedos, tentou animá-la:

— No fim, acredito que você irá ajudá-lo, meu bem.

Marguel assentiu e aparentou um pouco mais tranquila, a julgar pelo brilho dos olhos e o leve suspiro que deu.

De mãos dadas, partiram rumo ao novo lar.

Traium descobriu o bilhete de Sofia📝 e promete ficar na cola da nossa querida Marguel👱🏽‍♀️. Será que a menina vai aguentar o tranco😦? E Zincon, como vai lidar com a perda👱🏽‍♂️?

Bora ao próximo capítulo... 📖



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