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Cap 24 - A Miragem de Ítalo

Dom Volare: dom de volitar

Gote: espécie de cavalo alado

Ribou: pássaro da Floresta de Aycol

Embora passasse das quatro da tarde, o Deserto de Telfork era uma caldeira a céu aberto. No entanto, Zincon Abstra e outros dois alunos da SOTE chegaram ao local. Com a areia quente e seca arremessando-se entre eles, rapidamente colocaram óculos de proteção.

Àquele dia, uma exceção se impunha no firmamento e o galaceano achou ser uma espécie de trégua com o clima árido. Em plena tarde ensolarada, alcançava parte da superfície do Lago Palla na divisa com o deserto onde estavam.

— Veja só o volume daquela nuvem — admirado com a massa solitária, largou a mochila no chão. — Aliás, mais parece com um monstro esbranquiçado preso no céu.

— Ah, deixa para lá — Caio deu as costas. Preocupado em não se desidratar, enrolou um pano na cabeça. — Temos duas horas para praticar.

— Isso, sem enrolação. Vamos aproveitar a deixa do professor Orduc — Ítalo lutou contra o vento e forçou os pulmões. — Aqui estamos livres dos curiosos de plantão. — Soltando um "uhú", disparou pelo mar de areia.

Beirando os treze anos, nem Zincon ou os outros dois maiores de idade, questionaram a permissão. Afinal, treinar levitação num meio hostil — sem um supervisor e na surdina — estava longe de ser o caminho correto. Mesmo assim, aceitaram quase sem acreditar no prêmio e, abandonando os pertences num banco improvisado, os jovens seguiram o líder. 

Enfiando-se na atmosfera quente, o grupo ergueu um rastro de poeira e gritaria com Zincon e Caio disputando o primeiro lugar de qualquer coisa. Logo, a nuvem intrometida testemunhou a algazarra de sobe e desce pelo ar.

— Pare de se abanar, Abstra — o deboche do adversário revelou dentes bem alinhados. — Parece um ribou escaldado!

A meio metro do chão, tremelicando feito um equilibrista na corda bamba, Zincon congelou de imediato. Sentindo o rosto esquentar, pressionou o maxilar. Afinal, não era vantajoso virar chacota por parecer um pássaro maluco no primeiro dia de treino. Encarar o infinito... Escalar o ar além do esperado... As palavras do pai se embaralharam na mente e o adolescente venceu a luta interna.

— Quero ver me desbancar agora — Zincon ultrapassou o provocador, chispando na velocidade como uma tábua de madeira em ignição. — Você está um tempão parado igual a um gote manco.

Sem encontrar barreira na marcha vertical, os olhos brilharam fixos no azul do céu. Mirou para baixo uma vez para dar um tchauzinho. A distância tomada, porém, não o permitiu ouvir o outro bufar, nem a inveja se esmiuçar na vista escura enquanto examinava a figura voadora.

— Já te alcanço, verme — levando o sorriso sarcástico e o desejo de esmagá-lo, Caio subiu com violência e logo uma competição se aflorou no deserto. — Não perde por esperar.

— Está complicado me concentrar com vocês — ainda que em tom de brincadeira, uma voz grossa despencou trinta metros acima deles. — Parem de gracinhas. Já basta essa nuvem profética nos espionando.

Os dois garotos se entreolharam; estacionados no ar viram a hesitação pular de um para o outro. Em seguida, voltaram a atenção à massa branca que cobria uma parte do céu de Telfork e descia como um funil alongado até o chão.

"Esse treco não é normal em nenhuma estação" — o coração deu uns saltos em potência máxima ao engatilhar os pensamentos direto no alvo.

— Cadê as tropas? — Caio se emparelhou com o oponente, a mão feito aba de boné. — É um trabalho da SOTE, não é?

— É sério? Vocês ainda acreditam nessa baboseira? — O riso abafado de uma estátua pregada no ar rasgou os meninos ao meio. Com os punhos à cintura, Ítalo refletia convicção. — Vão dizer que o professor Orduc entende ou faz premonições, agora?

As aulas de História Antiga pipocaram nos miolos e Zincon o estudou de soslaio. "Guerreiros e sábios virão por meio de formações gasosas e desembarcarão no planeta." A voz aguda de Orduc arrepiou os pelos da nuca. "E todas as lendas galaceanas serão esfareladas em pó."

No entanto, esses assuntos fracassavam com o líder e ele não arriscou opinar. Embora parte dele gritasse ser tudo verdade, manteve a expressão neutra. Além disso, ponderou que Traium não permitiria tal invasão sem antes exibir seu exército.

— Isso é conversa para assustar as criancinhas — Ítalo insistiu ao mirar o horizonte oposto. Ignorando a companheira volumosa, bateu palmas. — Voltem ao trabalho.

Encarando o terreno amarelado, o galaceano subiu os ombros. Era melhor deixar de criancice se quisesse ganhar respeito. E ainda que as caretas não seguissem o mesmo rumo, ambos pararam de se importunar e retomaram os exercícios.

Com o progresso das lições estagnado no nível um, Zincon adotou a pressa por aliada e largou na frente. Afinal, o tempo se esfarelava como o chão do lugar. No meio do percurso tornou a esvoaçar os braços e franziu o cenho ao sentir uma rajada passar raspando ao lado. Numa espécie de bomba fina e comprida, viu o amigo superá-lo dando risada.

— Olha só, dá para ver um pouco da floresta — o adolescente chamou Abstra com a mão. Sentia-se orgulhoso por seus dez metros, mas inseguro o suficiente para tirar a vista do horizonte. — Venha até aqui!

Alguns segundos e várias braçadas depois o mais novo o alcançou. O vento dera uma trégua e ele apreciou o cenário com um sorriso que quase saiu do rosto. Dando uma supervisionada nos rapés, apontou para cima.

— Ei, olha lá o Ítalo! Ele pode ir tão alto?

— Não — Caio pressionou o maxilar numa risadinha invejosa. — Mas sabe como é... Ítalo é o cara. — Isentando-se de culpa, ergueu as mãos.

Por trás dos óculos, Zincon sustentou um olhar arregalado, certo de que a distância tomada pelo outro excedia o permitido. Contudo, nem ele ou o amigo seriam loucos em dedurá-lo.

— Deve estar vendo o fim do mundo lá de cima — Caio torceu a boca e a voz não escondeu o desejo de um dia repetir o feito. — Sempre o primeiro, sempre destemido, sempre elogiado...

Enquanto tagarelavam, observaram o líder girar para os lados e subir e descer numa acrobacia sincronizada. Zincon concordou em segredo. Não dava para tirar os méritos do adolescente que parecia ter nascido para o dom Volare. Logo, os braços relaxaram e o rapaz parou de costas à Floresta de Aycol, aparentando uma tábua imóvel no céu.

— Pessoal — ambos estremeceram com o berro e um deles até deslizou no ar feito surfista. — Vocês não vão acreditar no que estou vendo!

Os estudantes se examinaram com feições de tédio ao cogitar ser uma brincadeira boba. Então, retornaram aos treinos, ignorando os xingamentos aéreos.

No entanto, o mais jovem reparou que o galaceano conquistara metros extras na vertical e, no momento, mirava em direção à nuvem. Logo ele que tirava sarro das lendas — pensou num ar de divertimento — prendia-se na massa branca.

"Droga, onde estão meus binóculos?" — Sem desviar o foco, Ítalo tateou bolsos vazios. —"Que diacho é aquele ponto escuro? Não tem nada nessa região além de areia e rocha!"

Ainda perto do chão, Zincon o acompanhou na investida ao seguir uma linha invisível. De onde estava, contudo, a visão se embaralhava por causa do calor. Pondo a língua para fora, num acesso de otimismo, arriscou uma aproximação. Conforme ganhava terreno, o coração palpitava com a pressão. Entretanto, faltando dez metros para se alinhar — pelos seus cálculos — a bola de ferro chamada inexperiência o puxou para baixo e evitar se estatelar no chão tornara-se o item mais importante das lições.

O custo para subir não compensou o tempo de queda, mesmo assim, o orgulho pulsou nas veias. Ao acertar os joelhos na areia, exalou o alívio pelas narinas. Estava sem tempo, porém, para se vangloriar. A busca silenciosa do amigo o intrigava e, torcendo o pescoço, grudou a vista no ar.

"O que ele está fazendo? Meditando?" — Zincon o observou esticar os braços para frente, depois para os lados como numa aula de alongamento. Sem palavras, negou com a cabeça.

— Veja, o volume está reduzindo — o outro veio tropeçando, ofegante e envergonhado pelo fantasma da covardia. — Uma corrente de ar — tomou fôlego e engoliu saliva, as mãos apoiadas nas coxas — deve estar matando a nuvem.

O adolescente acenou um sim, embora duvidasse que a massa pudesse ser desfeita apenas com a força da natureza.

— Seria interessante se você falasse, Ítalo — cinco segundos e Caio parecia ter recuperado o humor. De um jeito zombeteiro, cutucou o amigo no ombro e começou a contar nos dedos. — Não somos adivinhas, não lemos mente, nem fazemos... premonições!

Caindo na risada, terminaram trocando soquinhos. A quietude do galaceano suspenso, no entanto, perturbou os miolos e eles pararam com a algazarra. Havia algo de anormal e as aulas de Orduc chacoalharam Zincon outra vez.

— Fique aqui — Caio o freou com as mãos e bufou em meio a uma carranca. Então, saiu em disparada após falar dois palavrões.

Envergando o pescoço ao máximo, o garoto o acompanhou ganhar os primeiros dez metros em segundos. Riu ao imaginá-lo ser um gote mutante. Então, a velocidade diminuiu e ele estacionou. Sem decifrar os berros lá de cima, aguardou pela descida enquanto mil e uma ideias se amontoavam nos pensamentos, algumas de corar as bochechas.

— Você viu alguma coisa? — A voz esganiçada retratou a curiosidade no olhar, ao passo que o estudante se aproximava do chão. Os cabelos arrepiados denunciaram a descida acelerada.

Ainda que Zincon percebesse uma falta de satisfação, o garoto pousou com classe.

— Não consegui. Não tenho habilidade para chegar onde ele está — apertando os punhos, cuspiu a raiva da inveja. — E o idiota nem me respondeu.

— Você foi bem. Ítalo treina há meses — deu dois tapinhas de consolação e apontou para cima na sequência. — Ele parece concentrado como se... — acirrou a vista ao céu — medisse algo.

Caio enfiou as mãos nos bolsos traseiros e deu de ombros, o que fez Zincon supor ter aceitado sua justificativa pela desistência. Devolvendo um sorriso sem graça — afinal, ninguém gostava de se estender em assuntos vexatórios — tiveram de se contentar com o mar de areia e os morros amarelados no horizonte.

— Ei, vocês dois — a voz grossa rosnou lá do alto. — Estão me distraindo.

A fala soou como um zumbido, mas eles compreenderam o final. O rapaz os encarava gesticulando os braços igual a um aluno de primeiro ano. Caio fez questão de rir do malabarismo esvoaçante, embora Zincon permanecesse sério. Não era brincadeira. A nuvem sumira num passe de mágica bem diante dos olhos, deixando o céu liso de ponta a ponta. Quando o líder tornou a observar o provável fim do mundo, sentiu o estômago apertar.

— Nossa — o berro atendeu a gravidade do que enxergou e o coração deu uma breve pausa com o novo cálculo. — A rocha está ficando para trás! O ponto... o ponto se moveu!

— Rocha? Ponto? — Caio ergueu as mãos louvando o invisível. — Ítalo, desça daí! Já tomou muito sol na moleira.

— Vocês não entendem? — O informante cambaleou alguns metros, apesar de não tirar a mira do horizonte. A voz falseou no final. — Parece ser uma... uma pessoa!

— Quê? — Com a vista engatilhada no mais velho, Caio deu uma bufada ao provar as veias queimarem por conta da brincadeira. — Ele deve estar zoando! Só pode!

Zincon se contorceu ao receber uma cotovelada na costela.

— Melhor não contestar — com a garganta seca, fez um esforço para falar. — Deve ser uma miragem.

Sem querer contrariar o capitão, preferiu encerrar a conversa. No entanto, a ideia de ter alguém vagando sozinho pelo deserto era tão surreal quanto a tal nuvem profética. Secando a nuca, supôs que o calor começava a debochar das mentes juvenis.

Então, dois pares de olhos arregalados escoltaram a descida do jovem. Veio tão desvairado — com os braços golpeando o ar e as pernas duras como se amarradas uma a outra — que os galaceanos não perceberam a aproximação perigosa.

— Cuidado, Abstra — Caiu o puxou pela gola. — Está vindo para cá!

O líder tropeçou ao tocar o solo, mas conseguiu se manter em pé e uma poeira grossa dançou entre os garotos. A face avermelhada denunciava exaustão e ele tossiu ligeiramente, parecendo decidir se falava ou respirava. Zincon ofereceu-lhe um cantil com água.

— Acho que... — disse entre os goles, o rosto misturado em areia e suor — é uma criança!

— Quê? — A descrença na testa do mais novo o incriminou. — Ítalo, esse lugar prega visões, sabe diss...

— Eu sei o que vi — cuspiu a afirmação feito veneno e, estufando o peito, revelou ultrapassar vinte centímetros de altura. — Temos que ir...

"Se Ítalo estiver me logrando com essa história..." — de braços cruzados, Caio recuou um passo. — "Corre o risco de ser o primeiro adolescente caolho do planeta."

No entanto, Zincon apostou na feição do estudante. Apesar do nervosismo, trazia um quê de verdade. Ele havia tirado os óculos e dava para ver os olhos de lagoa suplicando por uma quantia de confiança.

— Tem alguém perambulando pelo deserto — com o rosto tremendo, acenou um sim lento ao murmurar palavra por palavra, o indicador espichado para trás.

— E o que faremos? — Decidindo entrar na dança, o mais jovem virou o pescoço de um lado a outro em busca de ajuda.

— Espera aí — Caio se enfiou no meio, afastando-os com as mãos. O sorriso arranhado no canto seguia pelo campo do ceticismo. — Você está acreditando nessa lorota?

— Prestem atenção! — Ítalo apertou o braço do insolente e o maxilar salientou ao morder os dentes. — Nós somos o auxílio! — Subiu o tom. — Ninguém vai aparecer para ajudar! Ninguém! Então, mexam-se!

Espiando o galaceano por baixo, Zincon engoliu em seco e, apesar de cansado, decidiu acompanhá-lo. Não era possível que insistisse num teatro que poderia os levar à morte. O outro, empacado num morrinho de areia, conservou-se numa feição deslavada, sem se importar com a situação.

Um pressentimento chacoalhou o espírito e, abandonando o comparsa, Zincon saiu em disparada. Riu ao perceber a fé o levando rumo ao nada. Mesmo assim, sentiu-se bem em ser útil. Se alguém se prendera nas garras de Telfork fazia questão em participar do resgate.

Será que o Deserto de Telfork 🏜 pregou uma peça em Ítalo 🤓? Ou será que ele realmente encontrou um desmiolado perambulando por lá🤦🏽‍♂️?

No próximo capítulo📖 saberemos se tudo não passa de lenda ou verdade! 🧐



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