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Cap 18 - A Ira de Taurim

Dom Percepta: capta presença de pessoas a metros de distância

Morro do Uivo: local de banimento a 4 km da SOTE

Povo Asdem: povoado de 1000 hab ao sul de Aycol

Praga-viva: termo esdrúxulo referente aos estrangeiros

O futuro prometeu-se desolador no instante em que a pequena tropa capturou o casal fugitivo. Horas após deixarem os arredores da SOTE, foram vistos embrenhando-se na Floresta de Aycol.

Seguindo as ordens de Taurim, os soldados se arrastaram numa perseguição que levou mais da metade do dia. O resultado foi gratificante, pois venceram o dom percepta da guardiã.

Sofia Redin lutou o quanto pôde até a exaustão a dominar. Afinal, eram doze contra um. Depois de ter os braços amarrados nas costas, condenou-se a observar o que as lágrimas permitiam.

O terráqueo teve pulsos e tornozelos duramente acorrentados. E, embora não apresentasse resistência, cada homem fez questão de assomar a força no transmutado. Socos, gargalhadas, cuspes e pontapés impregnaram-se a um verdadeiro festival de brutalidade e erguerem uma camada de poeira densa ao redor do grupo sanguinário.

A mulher espiou pelos ombros que uma parcela do povo Asdem também assistia à cena. Pendeu a cabeça para frente, vencida pelo desânimo. Pedir socorro seria inútil. A conivência dos locais era apenas fruto do medo instituído por Taurim Terók. Se alguém ousasse ir contra, sem dúvida estaria em apuros tanto quanto ela. Separou os lábios num sorriso doloroso ao deduzir que o silêncio tinha a sua moeda. Aos que colaboravam certa serenidade era garantida e, assim, o inimigo corrompia a maioria dos habitantes da floresta.

— É melhor vocês dois cooperarem — Suno acertou o rosto de Alex com uma cuspida. — Ah, mas agora temos tudo sob controle, não é?

Ao invadirem a pequena praça, as risadas arderam nos ouvidos da galaceana. Anulando a única algazarra livre que cantava nos galhos, percebeu que de fato, nem o povo Asdem, nem ela ou Alex, muito menos as sentinelas de Taurim encontravam-se em liberdade.

Observou o capitão da infantaria divertindo a turma regado a hipocrisia. Perambulando por perto, erguia os braços mostrando-se senhor de dois espólios de guerra. A vista asquerosa correu entre ela e o terráqueo, competindo em cobiça e repulsa.

— Sabe que os guardiões da SOTE não vão perdoar esse absurdo! — Sofia se contorceu com um resto de energia ao tentar se soltar das amarras, mas os braços sufocaram desenhando o caminho das veias. — Serão perseguidos, um a um! Não concedemos absolvição aos covardes!

Não tinha certeza das próprias palavras, porém o desespero da retaliação brotou na garganta e a boca salivou em excesso ao notar o marido quase desfalecido. Aturou a reação dos homens em silêncio. Alguns desviaram os rostos da ameaça verbal, outros içaram um risinho debochado, de alguém que sabe o tamanho da mentira.

— Desculpe o deslize, minha querida —, acariciando o queixo feminino com a ponta da adaga, Suno sinalizou por trás a fim de escorassem o forasteiro —, mas aqui, nós é quem somos os caçadores!

O alvoroço dos comparsas assombrou a mulher quando ele desferiu um último soco no estômago do prisioneiro. O vômito por pouco não acertou um dos soldados.

— Parem — o grito da guardiã sangrou pela floresta, afugentando os últimos pássaros para longe.

Há poucos metros seus olhos acariciaram o corpo inerte de Alex. A cabeça parecia um ioiô, subindo e descendo com os solavancos que recebia. Tinha pontos roxos ao redor das têmporas e em uma das bochechas. Da boca escorria um fio de sangue misturado com resto de catarro.

A maldade dos caçadores, no entanto, fundava-se em uma rocha. E todos ali tiveram menos de um segundo de aviso para identificá-la.

— Já chega, rapazes! — Terók surgiu do meio da mata, compelindo a todos, exceto o duna, voltarem-se a ele. — Tenham piedade desses jovens apaixonados. — Uniu as mãos.

A galaceana sempre captara a presença de pessoas a dezenas de metros de distância. Pensou estar perdendo o dom. Estendendo um rosto surpreso, presumiu que a violência das sentinelas aplacara o poder, pois em menos de 24 horas, falhara pela segunda vez

— Veja, mestre! — O capitão Suno se curvou ao sexagenário. — Os detentos como ordenou.

Assim que o guerreiro apontou à dupla capturada, um pequeno corredor de sentinelas se formou. Ao final da trilha, Sofia pôde ver o sorriso mais temeroso de todos os tempos. Com cara de poucos amigos, o chefe fungou. De certo o cheiro de sangue e vômito embrulhava o estômago. Ao englobar a cena, contudo, retornou à feição ardilosa aproximando-se.

Mirando por baixo, ela se interessou na sombra ao reboque. Ao ver Traium, o coração se espremeu. Talvez, com um pingo de piedade, o galaceano ajudasse. Poderia conversar com o pai, lutar de alguma forma, afinal, gostava dela. Ao menos era o boato que corria pelos cantos do planeta.

Não obstante, o rapaz parecia ter perdido algo no chão, pois não se desviava dos pés. O máximo que fez foi dar uma espiada rápida. Sofia afiou os olhos, maldizendo qualquer coisa. Covarde, estúpido, foram duas das palavras que resmungou.

Quando pensou em desistir do contato visual, ele a examinou de cima a baixo. Sem durar mais que cinco segundos, supôs que o rosto insalubre não devia estar à altura do que o "filhinho do papai" estava acostumado. Ou talvez, riu de fininho, fosse apenas vergonha do velho. Afinal, era impossível ignorar os sinais de exagero por parte dos guardas.

Mesmo sem espelho, sentiu o rosto sujo de terra carregar o drama de quem está à beira do abismo. O cabelo desmazelado cobria parte da face e escondia a pele desbotada. Assim que Traium deu as costas, gemeu de propósito, dando valor aos rasgos nos joelhos e cotovelos. O galaceano se virou na hora, mas parecia não saber lidar com a situação. Ela não mensurou, mas o jovem tremeu os pulsos atrás das costas. Havia sido arrastada e ele comprovara ao captar um sentimento de pânico, tristeza e medo vertendo da amada.

— Meu pai, o que está fazendo, hã? — Experimentando o peito queimar, valeu-se do risco de enfrentá-lo para protegê-la. — Era apenas para...

Taurim ergueu uma sobrancelha e Sofia colheu o ar de desaprovação crescer no rosto do inimigo. O semblante vil era o suficiente para calar qualquer ser com um mínimo de esperteza. Apesar de ser o único entre os presentes a atacá-lo, o sobrinho de Jalef era um candidato fraco.

A guardiã assistiu ao impasse, conquanto torcesse por uma guinada na trajetória. Engolindo uma saliva amarga, concluiu alcançar o fim da linha ao vê-lo rir pelo nariz e retornar ao estado de letargia anterior.

Esperou paciente até os olhares se encontrarem novamente — desta vez, pelas costas do chefe da SOTE. Contudo, a feição feminina não traduziu a lamúria inicial. Rangendo os dentes, gritou e arfou os pulmões até o limite. Ódio, repulsa, agonia e apreensão transformaram-na em um animal encurralado, prestes a dilacerar o algoz à primeira oportunidade.

Deixando-se agir por instinto — feito uma loba — daria a vida pela alcateia. Não se importou que o jovem Terók a visse tão desequilibrada. Aliás, ninguém ali nunca presenciara tal condição. Não imaginou, inclusive, que um resto de vontade em libertá-la ardia nas têmporas do galaceano e morreria em questão de minutos.

Então, o rapaz relaxou os ombros e o semblante se modificou como se tivesse acabado de acordar. Sofia viu-se em um beco sem saída. O aspecto receoso de antes, cedera espaço a um sorriso desdenhoso no canto da boca. Se houvesse um fio de culpa resvalando no peito de Traium, desfalcando-o logo que chegara ao local, na certa se dissipara com o vento. E o motivo da mudança, percebeu ser a carranca ao lado.

— Traidora — o gosto ácido da palavra pareceu queimar a língua. — Sei o que fez contra Galácena!

— Viu o que vocês aprontaram? — Colocando lenha na fogueira, as mãos de Taurim incriminaram Alex.

— Nós aprontamos? — Os dentes trincados da galaceana contestaram à lavagem do déspota. — Não seja ridículo! Você e essa sua arrogância!

— Eram apenas quatro primaveras — esfregou o número de dedos no rosto feminino. — E depois, rua. — Bateu palma e ela estremeceu num pulo. — Simples assim. O planeta em si não o queria! Agora, veja como está!

— Cínico! — Gritou, tentando intimidá-lo.

Seguindo ajoelhada, encarou Traium por igual e cuspiu na sequência. Ele emitiu um sinal mínimo de alegria com a coragem da conterrânea. Apesar de vulnerável, enfrentou o homem número um de Galácena, sem se importar em levar uma bofetada.

Com um ar violento e os punhos cerrados, o capitão Suno voou em sua direção. A guardiã mordeu o lábio, agradecida quando o rapaz se colocou entre eles. Mantendo os braços cruzados, viu o cenho injetar uma raiva digna de um Terók. Ambos os olhares fagulharam a centímetros de distância, atentos ao menor movimento.

Sofia achou estranho a resistência do chefe da SOTE em apartar a briga do filho. Parecia cultivar a atenção em outro campo, um cuja semente permanecia abandonada ao chão.

— Quando vai aceitar, Taurim? — A voz saiu tremida, mas ela atirou a conversa mole para ganhar tempo. — Todos temos o direito de viver em paz! Sua intolerância é absurda! Pagará por isso!

A risada do velho se solidificou na pequena vila e até cessou a desavença de Traium e Suno. O subordinado recuou em três passos. Sofia sabia, contudo, que ao menor sinal do líder da matilha a atacaria com prazer.

Em resposta ao atrevimento, o chefe bateu os dentes. O estalo a arrepiou. O sorriso veio em seguida, sustentando dentes mais encardidos que a própria refém. A guardiã esvaziou os pulmões e baixou a cabeça. Não botava medo em Terók, mas também não suspeitava o quanto ele a admirava.

"Quem dera as ideias fossem harmônicas as minhas" — o déspota firmou um lábio enojado ao observar o prisioneiro desfalecido ao lado. — "Poderia ser uma auxiliar de peso para purificar o mundo. Uma lástima ser rebelde e arisca."

Taurim se aproximou. Desta vez, não houve berros, nem dentes trincados, nem cuspe ou socos de ambas as partes. O cheiro de cachimbo foi o suficiente para intimidá-la e fazê-la prender a respiração.

— Quando é que a senhora vai entender, hein? — O homem sussurrou, conservando-se estranhamente calmo. — Eu mando aqui!

Controlando o drama dentro do corpo, Sofia permaneceu em silêncio, tampouco o encarou. Por um instante, encontrou o sobrinho de Jalef e, engolindo o orgulho, os olhos suplicaram por ajuda. A única mão à qual poderia se agarrar, no entanto, negou o auxílio. Um ar arrogante rondou o rosto chupado, insinuando um apreço às convicções do pai. Notou um par de lágrima, porém, confessar a vulnerabilidade invadir-lhe a alma.

Sabia que o ponto principal se valia na rejeição do casamento com Alex. Comprovou o ciúme se assomar no galaceano ao ver a fisionomia amarga apertar-se dentro de uma carranca que certamente cicatrizaria quaisquer pensamentos que destoassem de Taurim.

— Ora, minha intolerância não é maior que a sua, como diz! — Voltando ao tom de deboche usual, o chefe esticou os braços esperando por respostas. — Afinal, foram vocês que insultaram os princípios do planeta, não foram?

Um tilintar metálico envolveu o lugar. Brandindo espadas e escudos os guardas assentiram, embora alguns o fizessem mais por respeito do que por entendimento. A recém calculou o tamanho da festa ao espiar a cena pela maçaroca loira que cobria parte do rosto. Até certo ponto, a razão rondava o algoz, pois burlara as regras em benefício próprio. O caso não era motivo, porém, àquele espetáculo tirânico.

Respirou fundo logo que chefe da SOTE a deixou em paz. Diria ser um velho biruta, levando carranca e resmungos para longe, se não tomasse a direção de Alex. Com o auxílio dos soldados, o galaceano vasculhou o corpo mole do rapaz, parecendo arquitetar algo.

— Se afaste! Não vai encontrar o que quer, seu covarde! — A guardiã massacrou os joelhos ao tentar se locomover. Em seguida, mentiu. — Ainda está adormecida!

Suno a empurrou com o pé e ela caiu sentada. Teve de lamber a raiva dos lábios quanto Terók esboçou uma pequena alegria. A feição cínica, acenou com a mão e o combatente a liberou. Era provável ser o único dali a compreender à referência que dera. Era esperta, mas não páreo ao homem.

— Eu vou encontrar a anomalia, acredite! — Torceu o pescoço ao se reaproximar da mulher. Havia prazer nas palavras e ele esmagou o ar com a mão. — Pode não ser agora, mas eu vou arrancar isso dele!

Embrenhando-se feito lâmina, o sussurro chegou rasgando os tímpanos de Sofia e o ar quente do sujeito arrepiou o pescoço. Ficou paralisada enquanto o olhar meticuloso de Taurim a assaltava. As cinco unhas cravadas no queixo, segurando-o, como se fosse um pedaço de carne.

— Alex, acorde! — O grito falhou de início e a galaceana limpou a garganta. Então, a súplica ecoou pela floresta. — Alex, acorde! Lute, meu amor! Ou ele irá te banir!

Com as mãos embrulhadas nas costas, sacudiu o corpo com os joelhos.

— Ai, me largue, seu verme!

Suno a ergueu pelos cabelos e a arrastou alguns metros do prisioneiro como se fosse um pedaço de lixo. Seu grande amor, há segundos de ser exilado e ela chutando o ar. Se o terráqueo ao menos recobrasse a consciência, teria uma chance de se defender da magia.

Sofia soltou um gemido quando esmagou as mãos ao cair de costas. Sem entender, viu o soldado cambalear para trás e, na sequência, cuspir ao que pareceu ser sangue. Ele analisou a luva e os olhos manchados de raiva culparam Traium. Embora a boca cortada ostentasse a satisfação com a investida, Suno se afastou sem dizer nada.

Ofegante — e ainda surpresa com o solavanco — a mulher retribuiu seu defensor com um leve sorriso. Prendendo-se em Alex, contudo, não notou que o autor do murro disparou um ar preocupado ao pai.

Desconhecendo o dom do rapaz, não fez ideia de que, àquele instante, o galaceano conseguia acesso livre para captar novos sentimentos imergindo da figura paterna.

"A morte do forasteiro é o combinado!" — Boquiaberto com o curso das emoções do déspota, não encontrou na consciência máster a intenção de matar e sim de banir. — "Eu quero a pena capital."

Sofia se virou ao ouvir o berro do filho do chefe da SOTE. Atrás de lanças e adagas afiadas, no entanto, quatro muralhas o cercaram, impedindo uma aproximação.

— Um movimento e furo seu intestino — cara a cara com Traium, Suno ficou a um passo de realizar seu desejo.

— O que está fazendo, meu pai? — A voz saiu do meio dos soldados e a vista, mais alta que o grupo, confrontou um sorriso medonho alvejando a amada. — Acabe com esse porco terráqueo de uma vez!  

Sofia acompanhou os passos de Taurim se arrastarem em sua direção. Os dedos do velho permaneciam congelados num formato de esfera. Então, ela rastejou como uma minhoca até encostar no tronco de uma árvore. Arfava os pulmões, mas precisava agir.

Sem compreender o alvoroço, viu os combatentes segurando o jovem Terók, esperneando e guinchando feito uma ribou enlouquecido. Afinal, ele adorava um banimento — ao mesmo era o que transparecia a todos. Alex seria um a menos para se preocupar.

— Por que gosta dessa mulher, se o despreza? — Taurim arremessou os olhos ao herdeiro. A linha expressiva se mesclou em piedade e desprezo. — Ela ama um duna — acrescentou, já descartando qualquer compadecimento pelo filho. — E ainda foi capaz de ir contra as regras do planeta, em prol desse praga-viva!"

A guardiã viu uma bola de fogo azulada se modelar entre os dedos cadavéricos. Confinado nas mãos poderosas, a luz engordou até atingir uns cinquenta centímetros de diâmetro. Ouviu vozes esculpirem o ambiente, um coral abençoando e maldizendo ao mesmo tempo o dono do fenômeno.

O chefe da SOTE soltou um rangido pelo esforço, o que Sofia julgou ser não-intencional, porquanto agia sozinho. O suor escapava-lhe pela testa, umedecendo os cabelos e descendo até se acumular no queixo. Os braços rígidos destacaram uma fina camada muscular.

A cena inesperada do déspota congelou a Floresta de Aycol e todos em volta. O coração da jovem acelerou e ela verificou os soldados emudecerem, decerto atônitos com o que presenciavam. Não seriam suficientes para ela, caso estivesse solta. Um bando de ignorantes, espiou de relance, descuidando-se das responsabilidades ao se encolherem atrás dos escudos. Apenas uma alma ali bastava para barrá-la e vinha em sua direção.

— Alex, levante! — Esgoelou, convicta de que ele mandaria a vítima no próximo segundo.

— O Morro do Uivo que me perdoe, mas o tempo urge! — o chefe da SOTE manteve o cenho atarraxado com a energia. Apesar da força quase excruciante, sabia ser mais fácil agir sem atrair desconfianças. Nem mesmo o filho e, sobretudo o alvo, que ainda se conduzia indiferente à situação, suspeitaram do ataque.

— Então, é para lá que você costuma levar os condenados e exilá-los? — Ajoelhada há um metro de Alex, a fera mostrou os dentes. Se pudesse arrancaria pedaços de carne do algoz. — Seu verme!

O homem não respondeu e Sofia se surpreendeu quando, num piscar, se colocou entre ela e o forasteiro. O rosto se desenhava em dor, parecendo que ele próprio se castigava. Teve certeza que o sorriso sórdido, contudo, afastaria qualquer sequela que viesse a ter.

— Por castigo à traição cometida — os músculos faciais tremeram e a voz saiu pesada com o poder emanado das mãos — eu, Taurim Raimov Terók excluo dos domínios de Galácena a conterrânea Sofia Redin.

— NÃÃÃO! Ela é minha! Meu pai, você não tem esse direito!

Traium se debateu arremessando socos e chutes nas figuras armadas que o bloqueavam. Num átimo de segundo, Sofia percebeu que o déspota não abandonaria a posição, nem com a súplica do herdeiro. Desprezava-o como um zumbido de mosquito. E, num rompante quase instintivo, girou e lançou a energia azul diretamente à guardiã da SOTE.

Sentindo o peito queimar, a galaceana absorveu cada gota de energia do impulso acumulado. A respiração trepidou e um nó asfixiou a garganta. O peso do golpe pressionou o coração e o fluxo sanguíneo reduziu.

— Eu... imploro! — Em meio à palidez de um desmaio, a vítima retorceu o rosto com a claridade da magia. — Não faça isso! Não estou...sozinha!

— E onde está seu amiguinho, agora, hein? — O algoz empurrou um fio restante de castigo que a acertou numa chicotada brilhante. — Jalef não foi capaz de mover um dedo para defendê-la, hein?

No entanto, já era tarde. Sofia não ouviu o fim da frase. Esfarelando-se feito pão apodrecido, a imagem da mulher começou a falhar perante os olhos de cada alma presente até sumir por completo.

De imediato, o silêncio da floresta denunciou a atrocidade de Terók. Galácena, numa contribuição fugaz, apunhalou cada cidadão com a exclusão injusta de uma filha. Com o baque, Taurim caiu de joelhos, sendo foi acudido por Suno, minutos depois. O restante se recuperou do golpe parecendo ter combinado a cena, com as mãos coladas no peito e arfando em conjunto.

— Vocês exageraram na surra — dando um tranco no capitão que se afastou de mãos erguidas, o chefe encarou o moribundo, ignorando a pancada no coração. — Seria bom ele ter testemunhado... o banimento.

— Meu irmão é mesmo um covarde, não é? — Gargalhou ao pensar nas últimas palavras da exilada, apesar de desconfiar da ausência de Jalef. — Preferiu a segurança do escritório a lutar pelos amigos!

"Por algum motivo, e vou descobrir, aquele patife decidiu não me enfrentar" — Torceu a boca para cima com a cisma irradiando a mente. — "Nem ao menos cogitou a possibilidade da galaceana ser banida! Tolo!"

Partida ao meio, a árvore à qual a guardiã se apoiara carimbava a selvageria dos Teróks. Ajoelhado no local em que a mulher esteve, Traium viu a satisfação de vitória do pai se evaporar em segundos.

— Pare de drama — as mãos chacoalharam os ombros magros do filho. — Ela o desprezava! Des-pre-za-va! Nunca seria sua!

— Por que a baniu e não o maldito? — Deu um chute das costas do terráqueo e voltou-se ao culpado cujo sorriso o fatiou em pedaços feito lâmina de adaga.

— Preste atenção: Sofia era a principal instigadora do crime — a testa ligeiramente enrugada se desfazia da culpa. — Fui justo! Nem Jalef, muito menos aquele ali — apontou com o queixo a uma massa embolada — moldavam-se a tal cargo.

— E nosso combinado? — Lutando em disfarçar indiferença, Traium o encarou. O semblante sério, no entanto, não se ajustou à respiração trêmula.

— Ah, isso era coisa da sua cabeça — caçoou, batendo os dedos nas têmporas do rapaz. — Viver longe de Alex e da família foi o castigo ideal àquela delinquente. E eu jamais permitiria sua união com uma traidora, oras.

— Eu nem ao menos pude tentar — retrucou sem entusiasmo, a vista de cão raivoso cedendo, pouco a pouco, a jogada do chefe da SOTE. — E o que ela quis dizer com: não estou sozinha?

— Talvez estivesse... grávida?! — Deu de ombros. O assunto, insignificante a ele, decerto seria o ponto final ao filho.

A mudez arrastada de Traium revelou uma enorme surpresa. Os olhos miúdos se arredondaram ao máximo e o corpo ferveu de cima para baixo. Um fio de lógica, contudo, se esforçou em confortá-lo. Se a suposição fosse verdade, nunca a conquistaria. Agora, bastava colar em Jalef para esperar notícias da amada. Sabia que o tio era habilidoso em tal tarefa. Só assim compactuaria com o exílio relâmpago e deixaria de condenar o próprio pai. Franzindo o cenho, engoliu o maior espinho que a vida lhe dera. Não obstante, esticou os lábios em arrogância ao receber o prêmio de consolação: Alex despertava. 

— Onde ela está? — Ignorando a dor em cada canto do corpo, as mãos apoiaram o estômago ao se levantar. — Para onde a levaram?

Traium observou o rosto dominado pela exaustão e mensurou que o silêncio da tropa fomentava o desespero do forasteiro. Afinal, muitos ali — não tinha dúvida — questionavam-se da mesma forma. O desaparecimento da mulher fora um ato de covardia de alguém que afirmava o bem-querer dos conterrâneos.

Abandonando o abalo da tropa, constatou o atrevimento se afunilar nos olhos felinos do transmutado. O barulho das correntes, porém, amenizou o susto.

— Calma — Taurim laçou o impulso do filho com o braço, preferindo examiná-lo de longe. — Melhor não o despertar por inteiro! — Olhou de esguelha e Traium assentiu.

Dando dois passos para trás, o jovem acomodou a adaga no cinto. Não queria pagar para ver, pois se cutucasse o vespeiro, talvez testemunhasse a lenda se materializando a menos de um metro.

— Onde ela... está? — O prisioneiro encarou por baixo, bufando um som grosso que vibrou pelo nariz. — Vamos encontrá-la!

"Vamos?" — Sem desfocar do duna, Terók ergueu uma sobrancelha e freou o avanço dos soldados. — "O que quis dizer com, vamos, rapaz?"

O capitão Suno parecia uma estátua de guerra segurando a espada embainhada, seguido por vários espelhos que o copiavam mais atrás. Ao menor sinal, atacariam.

Analisando a cena, Traium buscou pela própria arma. Estava louco para colocar seus golpes em prática e, desta vez, seria o fim de Alex.

— Obrigado, pai — deu um tapinha nas costas do chefe, saboreando, enfim, o amargo da vingança. — É o que temos de fazer: limpar Galácena!

— Ela teve merecimento — Taurim encheu a boca ao informar a ruína em pessoa. O desdém presente em cada palavra. — Bani sua querida Sofia para longe daqui!

— Como é? Não! — Mesmo acorrentado, Alex agarrou os cabelos e o rugido de leão ecoou pela mata mais uma vez. — Para onde, seu patife?

— Isso não lhe diz respeito, diz? — Ignorando a ameaça pálida, o galaceano emitiu um ruído de divertimento e devolveu ao duna a frieza de sempre. — Esqueça-a! Jamais tornará a vê-la!

Traium apertou os dentes e a mão segurou firme o desejo de enterrar a adaga nas entranhas do terráqueo. Sabia que a provocação, contudo, poderia ser um golpe sem volta. Sendo assim, subiu o queixo e engoliu o orgulho.

— Devolvam esse infeliz ao meu irmão — ordenou, sinalizando para que o desamarrasse. — Talvez ele se reavalie e anule a sabotagem.

Livre das correntes, o mutante levantou um punho. Prontamente, os soldados o cercaram, espremendo-o entre pontas afiadas. Depois de levar uma rasteira por trás, caiu de joelhos e os chutes voltaram a massacrar o corpo.

— Deixem-no — Taurim estendeu os braços e os golpes cessaram. Num semblante risonho, concluiu que o homem era uma piada, uma fera ferida pronta para desistir da vida. — Está livre, duna. Pode ir aonde quiser.

O terráqueo ergueu o rosto, após mãos enlameadas enxugarem o sangue da boca e do nariz. Cambaleando, fincou os pés no chão. A tropa se afastava, abandonando-o à própria sorte. Alex tinha o passaporte carimbado pelo chefe da SOTE, embora o preço a se pagar fora além da conta. O ferimento maior seria o castigo de viver sem Sofia a cada dia que abrisse os olhos felinos.


O chefe da SOTE foi além do esperado😱. Dizendo-se amante de Galácena 🪐, acabou passando por cima do próprio discurso. Os vilões, quando bem o são, destroem tudo por onde passam👹. Qual será o resultado da covardia de Taurim❔ Sigamos adiante ao próximo capítulo📖!










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