Cap 11 - A Lenda E O Segredo Confiscado
Duna: pessoa não galaceana
Dom Percepta: capta presença de pessoas por perto
Ouvinte lateral: dom da audição supersensível
Quadrante Sul: campo de treinamento dos guardiões da SOTE
Galácena, menos de uma década atrás.
Alex recebera autorização para permanecer em Galácena até finalizar sua pesquisa. Quis o destino que a estadia do homem se alongasse além do esperado. O motivo inflexível, uma Guardiã da SOTE.
Sofia Redin, após meses de relutância, confidenciou seus sentimentos ao duna. Viram-se, então, em um emaranhado de incertezas sobre o futuro daquele amor. Impresso no DNA, o terráqueo apresentava um prazo de validade irrevogável ao lugar.
— Não posso deixar o planeta! — O rapaz contornou o rosto feminino ciente da hipótese impossível. — Prefiro enlouquecer a voltar à Terra e ficar sem você.
A dupla andava por um bosque próximo ao Lago Palla quando a mulher congelou os punhos à cintura.
— E de que jeito eu ficaria em tal situação, Alex? — O peito se espremeu ao imaginar a demência apossando-se do amado. — Você é um forasteiro! Quatro primaveras e Galácena te engole.
Aborrecida com a hipótese, a guardiã esperou o terráqueo desprender os olhos do chão. Então, notou um sorriso sem graça nascer em meio a bochechas coradas. De braços cruzados, exigiu uma explicação. Afinal, estavam juntos e terminariam dessa forma. Esse era o combinado.
— Querida, dez meses se passaram desde a minha chegada — Alex ergueu poeira ao raspar o pé na terra seca. — Tenho pouco mais de três anos aqui! E qual é a saída?
Como se provasse da mesma infelicidade, o sol se escondeu numa nuvem maciça e o ambiente escureceu. As folhas secas do caminho se arremessaram umas às outras, numa rebeldia contra o amanhã sombrio do casal mestiço.
Sofia cedeu ao puxão do terráqueo e os corpos aproximaram-se. Um nó entalou na garganta e os olhos embaçaram ao se enroscarem num abraço apertado. Mantê-lo vivo e saudável no planeta era questão de vida ou morte.
— Calma, meu bem! — A guardiã alisou as costas do namorado. Temendo que os encantos da Floresta de Aycol confiscassem a conversa, roçou a boca no ouvido. — Eu andei pesquisando nas últimas semanas... Há uma chance!
— Uma chance? — O coração parou por um instante e a pergunta tremeu no lábio. — Como? Onde? O que temos que fazer? — Ele pressionou os ombros da mulher com o questionário.
— Xiiiu, quieto! — Sofia observou o verde ao redor se agitar com o vento. Soltando-se do rapaz, avançou nos passos. — Já te explico. Só mantenha o equilíbrio, por favor!
Num movimento mínimo, o forasteiro anuiu a cabeça e acirrou a vista a fim de acompanhá-la na vigília do lugar.
— Apenas diga o que sabe — seguiu num tom baixo, embora fosse custoso a passividade com o espírito ardendo por uma guinada do destino.
— Há uma poção que pode nos salvar — quase engoliu o ouvido dele com a confissão. — O gosto não dever ser dos melhores, mas...
— Pouco me importa o sabor, querida! — Alex culpou a ansiedade pela interrupção. Segurando as bochechas da galaceana, deu-lhe um selinho. — Se é remediável, não daremos com os burros n'água.
Sofia cismava que o sabor do elixir poderia ser de fato peculiar. Imaginou algo entre o azedo, o amargo e o ácido cujo convite revigoraria apenas os mais desejosos a degustá-lo. Por sorte, constatou que o gosto era de pouca — ou nenhuma — importância à alma condenada.
Então, com o dom percepta, buscou por qualquer indivíduo que estivesse à espreita. De olhos fechados, varreu o local três vezes — número que considerou seguro.
— Hoje pela manhã, Elka veio me falar sobre uma visão que teve — o tom era de cautela. — Estávamos treinando no Quadrante Sul quando me garantiu que ele tem a solução em mãos!
Mesmo alcançando um raio de cem metros, a galaceana preferiu não mencionar a fonte. Prejudicá-la estava fora dos planos, pois a considerava íntegra e, portanto, digna de proteção eterna. E isso, orgulhava-se de fazer muito bem.
— E o quanto Elka viu com precisão? — A questão se agitou no peito numa arritmia cavalar. — Sabe o que queremos?
— Não — com lábios torcidos, desviou-se a um ponto da mata, voltando-se ao terráqueo em seguida. — E foi bem discreta. Viu ele, um caldeirão cheio de fumaça e nós dois ao redor.
Uma sensação de alívio correu pela espinha ao confessar o ocorrido. Era como se uma muralha gigantesca se despedaçasse diante deles, revelando um horizonte repleto de possibilidades. Analisaram-se por segundos. A própria floresta pareceu compartilhar da serenidade do casal, acalmando o balançar das copas.
— E quando iremos ao seu encontro? — Alex vagou pela face da amada com o indicador. — Elka chegou a mencionar?
A mulher mordeu os lábios e negou.
— Talvez esteja cedo — entre um suspiro e outro, acariciou o cabelo rebelde do cientista. Desejava que o gesto bastasse pela conclusão desagradável. — Às vezes ela entrevê coisas com meses de distância.
— Meses? — A careta do rapaz escancarou ansiedade e a empolgação de antes escorregou para longe. Mensurar um prazo de muitos dígitos embrulhou o estômago. — Dias seria um intervalo melhor!
Num relance, Sofia observou folhas circularem com o vento. O olhar paralisou numa expressão sem vida, sem brilho, aparentando não estar mais ali. Minutos passaram-se até o transe acabar. Piscou algumas vezes e, sem aviso, sustentou um sorriso maior que o rosto.
— Você é um cara de sorte, hein? — o soquinho no ombro masculino quebrou o gelo. — Pedido realizado!
— Sou? De acordo com o quê? — Mostrando as rugas na testa, o terráqueo pausou arquitetando coisas na cabeça. — Ele falou com você agora, não foi?
Com a voz conhecida enfiando-se na mente, a confiança da galaceana abafou quaisquer medos anteriores. E, sem se importar com os encantos da floresta, não economizou na comemoração. Os berros poderiam ser captados de longe e a mata guardaria a euforia do momento para sempre.
Sem acreditar na comunicação, abandonou a farra e o examinou uma segunda vez. Demorando-se no corpo a corpo, acolheu-o num sorriso malicioso até os lábios prenderem-se. Desta vez, a força fez parte do arranjo.
— Não sei quanto tempo até a poção ficar pronta — acariciou mãos masculinas. Em vão, os olhos lutaram em manter as bochechas secas. — Mas ele quer nos ver agora!
Ambos se envolveram pela cintura e, abraçados, retornaram aos domínios da SOTE, cujo dono amaldiçoaria a união de suas almas a qualquer custo.
Semanas antes
Aconteceu que, num ato de desespero, Sofia se debruçou na ideia de encontrar um elixir. Algo que protegesse ou alterasse os neurônios de Alex, permitindo a sua estadia em Galácena para sempre.
A ideia surgiu a partir das histórias intrigantes que ouvia ainda menina. As lendas galaceanas que a bisavó Colila contava despertavam medo e curiosidade. Contudo, agora, ela as rotulava numa esfera entre o ousado e o decisivo.
E, se alguns desses contos ultrapassassem a fronteira entre o lendário e o real? Foi agarrando-se a essa premissa que a jovem mergulhou num mundo obscuro e proibido pela família Terók. A eles, as fábulas não deveriam passar de conversas informais, apenas para o entretenimento da população. Sofia remoía os dentes ao questionar que certas lendas poderiam abrigar a ficção somente no nome, um título artístico oferecido à grande maioria da população. O conteúdo recheado de verdades, entretanto, revelado apenas aos escolhidos ou mais audaciosos.
Era essa a imagem que tinha a respeito das fábulas antigas. Por isso a pressa dos Terók em escondê-las dos cidadãos. Um meio de manipulação dos domínios mais íntimos do planeta.
A Lei do Oculto — como muitos chamavam — semeou a cobiça da guardiã desde o dia em que conhecera o terráqueo. Durante as idas e vindas à biblioteca da SOTE, rodeava-se de livros censurados em sua busca secreta. O posto anexava vantagens e o livre acesso aos ambientes da sociedade era uma delas.
— Mutações Artificias, de Baruc Maltarz — ao ler o nome do autor, sentiu uma descarga elétrica atiçar cada canto do corpo e acelerar o coração.
Desejava aprofundar-se ao máximo na temática, porquanto, a chance de modificar o DNA de Alex poderia se tornar algo tangível. No entanto, ainda não era o momento de festejar, concluiu pressionando a obra debaixo do braço. O tema estava na lista das suspensões aprovadas por Taurim. Sequer as aulas sobre o assunto sobreviveram ao contrassenso do galaceano. E já que ele considerava o exemplar uma ameaça aos genes nobres do planeta, estava certa de que era importante.
Hesitante em permanecer por mais tempo na parte reprimida do aposento, a ideia de ir contra os propósitos opressivos do tirano a provocou. O anseio em angariar um segundo manuscrito, de natureza similar, a convenceu ficar.
Tendo a tensão como cúmplice, Sofia vasculhava as prateleiras quando os passos lentos petrificaram a alma. Próxima à parede de pedra, a respiração condensou com o ar gelado do lugar. Ao retirar outra obra da estante, notou um livreto mal posicionado logo atrás. Apertando a vista na capa verde musgo, leu o título minúsculo:
— O Âmago das Fórmulas Moleculares, de Vânie Richtor.
Após repousarem na inscrição dourada, os olhos brilharam e imediatamente ela o confiscou. Segurando-o em uma das mãos, surpreendeu-se com a condição. Parecia bem conservado para um livro centenário. Com dedos trêmulos, devorou as primeiras páginas, imaginado colidir com a resposta da tormenta a cada folheada. Então,um pedaço de papel pendeu — quase solto do volume — e a clandestina se apressouem alinhá-lo. Apesar de rasurado, o texto estava legível.
Numa leitura dinâmica, encheu os pulmões ao compreender se tratar de um assunto para adequar organismos a planetas distintos. Dando uma risadinha, contemplou o exemplar nas mãos e abandeira da vitória se agitou no fim do trajeto. Cruzar a linha de chegada, contudo, era outra história.
Imersa na escrita, o coração foi a mil ao sinal de um clique. Ela arremessou a denúncia criminosa, escancarada no rosto, ao final do corredor. Não havia, porém, uma alma viva no lugar. Num estampido, fechou o livreto e apertou-o contra o peito. Camuflá-lo e sumir dali era o próximo movimento.
Ironia do destino ou não, Sofia Redin não se importou quando o corpo, mergulhado em agonia, deu-lhe um ultimato. Era uma galaceana pura, guardiã e cidadã correta quem atropelava as regras de Terók ao penetrar no ambiente censurado. E, num átimo de loucura, aproveitando-se de sua posição, sequestrou os materiais proibidos.
Em meio a um sorriso apimentado, com ambos os eleitos debaixo do braço, abandonou o local o mais depressa possível. A sensação de estar se corrompendo, contudo, energizava os passos a cada estante deixada para trás. Surpresa, apreciou o novo sentimento, a dominá-la como a vivacidade da juventude.
Entretanto, ao dobrar um corredor — dotado de títulos mais ajuizados — ouviu um pigarrear e cada fibra muscular se contraiu. O ruído foi tão proposital que nem mesmo seu andar firme conseguiu abafá-lo.
Sofia Redin fora abordada deixando a área suspeita da biblioteca. Atiraria uma desculpa qualquer, porém, a fim de se livrar do enxerido. Uma nada convincente, caso o bisbilhoteiro ultrapassasse um metro e meio de altura.
"Um privilégio se não for Taurim ou algum seguidor fanático", pensou secando o suor que brotava na testa.
Vendo-se ausente de opções, decidiu virar rumo à causa de seu pânico. Então, devagar feito um trator em primeira, esbarrou em um homem alto estacionado entre as prateleiras. Com os braços cruzados, sustentava uma perturbação no olhar que a fez cortar a respiração.
Notou haver espanto no semblante masculino tanto quanto no dela. Com as palavras se desintegrando da mente, a guardiã esticou um dos cantos da boca. O silêncio perpétuo do conhecido demonstrava, porém, sua total desaprovação. No entanto, comovido com a situação, o destino lhe mimou ao colocar o irmão mais íntegro da família Terók a sua frente.
— Olá, querida! — Jalef alisava a barba dourada, parecendo despreocupado. — Creio não estar perdida...está?
Era evidente que a galaceana arquitetava algo da mesma forma que ele desconfiava de seus propósitos. A mulher reconheceu a suspeita pela piscadela que ganhara. Visto que seu posto era considerado reservado e respeitado, talvez o professor apenas preferisse dar um tempo às explicações. Usufruir da perda de memória seria um ótimo argumento, conquanto, não a ela. Desorientada? Talvez amenizasse a situação.
Sofia suspirou, contendo a saída de ar para ganhar terreno. O que diria sobre o material confiscado? Numa fuga desesperada, apertouas obras contra o peito.
— Não, não é nada, professor. Quero dizer, sim — enrolou-se numa resposta mais torta que o sorriso. Pestanejando, ousou encará-lo uma única vez. — Está tudo... bem, acho...
Envolvendo-se numa curiosidade que inflamou o corpo, reuniu forças para investigá-lo mesmo que de soslaio. Ambos os livros imputariam uma grande culpa na infração, provas cabíveis de um julgamento legítimo.
"Há quanto tempo ele está me espionando?" — xingou em silêncio. — "Ou acabou de aparecer? E se nem reconheceu os exemplares? "— Ela rolou os olhos para baixo, certificando em escondê-los melhor entre as vestes. — " Que dúvida, Sofia. Óbvio que viu... E agora?"
O coração não deu trégua e bombeou sangue até as bochechas corarem. A situação se agravou em sobrancelhas paralisadas ao lembrar de que falava com um telepata. Apostando na boa reputação do galaceano, relaxou os ombros. Em geral, ele forçava o dom em situações de risco, fato até agora, julgou não ser o caso.
O silêncio do encontro, contudo, era indício de que algo não cheirava bem. Apesar de não querer frustrá-lo, a jovem não se sentia confortável em pedir socorro. E essa conclusão pareceu acertar os pensamentos do outro que apertava a vista por detrás dos óculos.
Engolindo a seco, acrescentou uma feição agradecida no rosto ao passar por entre as estantes. Não havia dado escolha a ele, a não ser abrir espaço para liberá-la. Era uma guardiã e poderia perambular por onde bem entendesse. Não viu, no entanto, quando ele a seguiu no olhar.
Sofia não lia mentes, mas parou de súbito quase na saída. Não soube ao certo se mirou no teto em busca de inspiração ou calma. Ao se virar, esbarrou em um sorriso unilateral.
— Pois é, professor, eu estava... — as palavras pesaram quilos ao tentar se explicar, embora nada de interessante lhe ocorresse.
— Imagino o que deseja, menina — de braços cruzados, enxergou uma angústia condenar o semblante jovial e apressou-se por amenizá-la. — Posso lhe ajudar, sabe disso, sim?
A tez da guardiã iluminou-se como se ganhasse uma fatia generosa do bolo favorito. Tímida de início, duelou consigo mesma até anuir com a cabeça num ritmo acelerado.
Logo, a malícia preencheu os lábios e um riso vibrante assumiu a boca com os pensamentos secretos. O encontro estendia-se a um acidente perfeito. E a ideia de ter a assistência de alguém — sábio e de confiança — encobrindo-a, foi muito bem-vinda.
No momento, abrir o jogo tornou-se uma opção sensata. Afinal, desperdiçar a oportunidade de tê-lo ao lado, seria uma loucura ainda maior à qual experimentava. Além disso, a abertura do professor fez a honestidade reclamar a sua quota.
— Acompanhe-me até a saída, sim? — A sugestão esticou-se em um braço magro, antes que o pânico da jovem retornasse com força total e exigisse por bater em retirada. — Ah, e deixe-me carregá-los, minha cara. Estaremos mais seguros dessa forma.
Apesar de entregar o tesouro ao homem de cabelos dourados, Sofia sentiu-se mais confortável. Realmente era menos chamativo alguém como ele estar em posse de obras daquela magnitude. Jalef, então, os embrulhou sob a túnica numa animação aumentada, o que a fez desconfiar do juízo do galaceano.
Embora notasse as sobrancelhas insistindo em acusarem-na de alguma contravenção, não se intimidou em agradecer. Sondando ao redor, tratou de seguir os passos saltitantes pelos corredores da biblioteca.
Não era comum o Terók-bom — assim o apelidara — se meter na vida íntima dos pupilos. Considerou que se ele se arriscava era por uma causa maior. Talvez até disfarçasse um propósito particular no compadecimento do amor entre ela e o terráqueo. Em suma, todos sabiam que a separação de um casal mestiço tinha a sua própria contagem regressiva. Talvez, e numa hipótese rara, quisesse apenas resolver à sua maneira.
A cada passo, a teoria de se tornar um joguete, fortalecia-se. Quem sabe virasse uma espécie de rojão ao qual o professor arremessaria contra o irmão. Estraçalhar as ideias tirânicas de Taurim nunca saíra da moda de Jalef.
Sofia nada poderia fazer contra a possível trama, entretanto, além de prender a respiração e mergulhar de cabeça na batalha. Afinal, se constatasse ser mais uma peça no tabuleiro dos Terók, ao menos seria uma de grande valor. Desenhou um sorriso mínimo na boca ao se imaginar vencedora da partida.
— O que foi professor? — Reparando nas feições incômodas do amigo, a mulher tomou-as para si independente do que fossem.
A hesitação demorada do galaceano reavivou as borboletas no estômago e ela engoliu a seco.
"Será que está arrependido em tão pouco tempo?" — Mordiscou a unha, mas virou ao lado oposto para que não a visse. Então, arregalou os olhos quase enxergando um Taurim ao final do corredor. — "Será que vasculhou minhas reflexões e descobriu alguma indiferença de minha parte?
Sofia passou a mão no rosto e apertou as têmporas, fantasiando os pensamentos — nada acolhedores — esmagados entre os dedos.
— Bom, espero que Kaline perdoe-me pela ousadia, sim? — Batucou no título Mutações Artificiais, tornando a escondê-lo. A cabeça balançou em negação. — Você sabe o que ela pensa... Melhor mantermos sigilo.
A guardiã concordou em meio a um suspiro, pois o homem não invadira sua mente. Contudo, encostou o queixo no peito temendo que a mãe melasse com a história, caso descobrisse a jogada extra antes de ser lançada. No entanto, as duas nunca discutiram sobre o namorado ser um terráqueo. Talvez — presumiu sem muita expectativa — por se apegar à ideia de que logo o rapaz retornaria à Terra. Assim, o caminho da filha se destravaria sem maiores solavancos. Prendendo a respiração, cravou as unhas nas palmas ao esmagar o óbvio. A mãe era contra os dunas. Só não queria ter a fama de má.
— Estou convicto de Kaline aceitará a sua felicidade, minha cara — o tom de consolo trouxe o sorriso aos lábios femininos outra vez. — Ela aprovará vê-la junto a um meio galaceano, sim?
— Então, é real? — Os olhos se esbugalharam como se nunca mais voltassem ao normal.
— Temos o material, sim? — O professor confirmou erguendo um ombro. — Mãos à obra.
— E ninguém poderá expulsá-lo daqui? — Segurando um resto de ceticismo, examinou os eleitos se avolumarem debaixo da roupa, enquanto o homem assentia. — Ah, obrigada, Jalef.
Após selarem a conversa proibida num abraço, Sofia pegou um corredor à direita.
— Ei, espere por meu comunicado para avisar Alex, sim? Deixe ser Elka a primeira a lhe alertar quando o trem estiver partindo. Desse modo, o caminho permanecerá sólido.
A guardiã estranhou a voz abatida, embora fosse o suficiente para lhe tomar a atenção. A felicidade também podia embriagar o corpo, pensou. Ao atirar um aceno torto com o braço, não definiu se o escutara com os ouvidos ou com a mente. Por segurança, desejou a segunda opção.
Depositando a esperança em um terceiro coração, sentiu um frio na barriga ao deixar os livros censurados com o galaceano. Sem dúvida, ele retiraria algo proveitoso das páginas amareladas. Ter Alex para sempre era um lucro que valia o risco.
O amor de Sofia e Alex transcende os mundos😍. Portanto, a guardiã não mediu esforços e mergulhou em um mundo proibido. Mas ela não está sozinha na batalha contra o mau. Seu faro revelou-se tão perspicaz quanto a astúcia de um amigo. 📜Será que o casal mestiço conseguirá seguir junto?
Confiram o próximo capítulo com altas emoções 🔊 ...
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