•Capítulo dois•
O carro estaciona em frente a uma mansão estilo vitoriano, as paredes de pedra e as janelas de madeira forte em uma cor escura, a porta com quatro vidros dividos em tamanhos idênticos. Saio do carro quando a porta é aberta para mim, um homem de meia idade com um terno completamente preto me encara com um sorriso falso enquanto mantém a porta aberta.
- Albert - Paul cumprimenta quando passa por ele, mas fica sério quando o homem o impede de prosseguir.
- Non è possibile entrare, ordini diretti del Capo - O homem fala com um olhar pedinte. Paul suspira antes de falar.
- Chi ti porterà? - Ele pergunta, o que consigo entender no diálogo deles é apenas "ordens" e "levará". Me amaldiçoo mentalmente por não ter feito as aulas que papai pediu.
- Lo prenderò, non ti preoccupare. Basta stare qui e aspettare la loro decisione - O homem diz segurando meu braço.
Paul observa sem fazer nada enquanto sou levada pela porta até o interior da mansão. Assim que entro um cheiro de cigarro e álcool adentra minhas narinas, olho para todos os lados, mas a sala está vazia. Com sofás antigos mas bem conservados, a mesa de centro perfeitamente polida, a TV na parede logo acima de um móvel, muito, mas muito estranho.
O piso é revestido de madeira escura, um tapete marrom e vermelho o cobre quase por completo, me dando a sensação de pisar em nuvens quando passo sobre ele.
Então o homem larga o meu braço e espera que eu passe por ele. Olho no fundo dos seus olhos quando o ultrapasso, e então acabo falando.
- Você fala inglês? - Pergunto.
- Sim - Responde. - Por aqui.
O sigo por um extenso corredor, viramos a direita entrando em outro grande corredor e depois a esquerda. Ele para diante a uma porta grande de mogno e dá duas batidas.
- Tra. - Diz uma voz rouca lá de dentro.
Um arrepio percorre o meu corpo quando me dou conta da situação. Decido então seguir os conselhos de Paul: Ficar calada, falar quando for solicitado,e obedecer.
Suspiro quando o homem abre a porta, revelando uma grande sala, no meio uma mesa retangular extensa com várias cadeiras de couro preto ao redor e uma na cabeceira, onde um homem com cabelos castanhos esbranquiçados e olhos claros me observa. As rugas profundas em seu rosto, a mão com um grande anel dourado. Então meus olhos vagueiam até o homem que está sentado a sua direita: meu pai.
Minhas pernas se movem por conta própria até ele, que se levanta e me abraça rapidamente. Papai me larga e aponta a cadeira ao seu lado, onde me sento e o observo enquanto ele se senta.
Olho para minha frente, é então que meus olhos encontram ele.
Olhos cinzas me observam intensamente do outro lado da sala, o cabelo curto penteado para o lado,os lábios perfeitamente desenhados, e uma tatuagem acima de sua sobrancelha, o que a deixa notoriamente curvada.
Não desgrudo meus olhos de seu rosto até que um único movimento de seus dedos chama a minha atenção. Meus olhos descem pelo pescoço completamente tatuado, depois para o terno preto e para a camisa vinho por baixo, onde vejo um pedaço do coldre de couro preto.
- Enrico, tu sei il futuro Capo, è a voi per decidere questo - Não me engano nem um pouquinho ao ouvir o que o homem fala, ele é Enrico, filho do capo.
Estou nas mãos dele.
Enrico se levanta, sua estrutura magra e bem definida se estende bem além do que pensei. Ele mexe os dedos tatuados e anda em direção a mesa, a cada passo que ele dá uma batida falha em meu coração.
Ele olha-me nos olhos enquanto arruma seu corpo - com certeza mais de 1.85 na cadeira - e então bate os punhos juntos na mesa, fazendo-me dar um pulo de susto.
Olho para meu pai, ele mantém a expressão fechada enquanto olha para mim. Estranho sua atitude, afinal, estou aqui por causa dele.
- Se non fossi bene a quello che fai, non sarei qui che ti dà la possibilità di una proposta, per dimenticare il tuo tradimento - Diz o homem mais velho.
Papai suspira mas logo disfarça, então fala.
- Ho avuto i miei motivi Tommaso - então o mundo congela ao meu redor, Tommaso.
Olho para papai assustada, eu não mereço isso, e eles ainda estão sendo bons conosco.
- Nessun sentimentaleismo. Dovresti essere morto, non è solo perché Enrico aveva una grande idea.
Olho para o homem a minha frente, lindo e tatuado, em seu terno caro e perfeitamente sob medida, se estendendo pelos seus músculos. Em seus olhos vejo fúria, algo que deve ter nascido com ele. Ele não é um homem que se deve brincar, está estampado em seu rosto e em cada tatuagem que esconde as cordas grossas de seu pescoço. Esse homem é um pecado, mas também é o terror de qualquer pessoa que não esteja com ele, e nesse momento eu estou disposta a fazer tudo que ele mandar.
Os olhos cinzas de Enrico encontram os meus e por um pequeno período de tempo eu esqueço que estou em apuros aqui, e que ele é o demônio.
Ele não dá um sorriso, seus olhos são banhados com puro ódio, seus lábios prometendo a raiva que há nele, seu corpo prometendo o que toda mulher quer, menos eu.
- Non ho mai pensato di avere una figlia maggiore...- Em um súbito endireito meu corpo, meus olhos voam em direção ao homem a minha frente. A voz, a firmeza com que disse, mesmo que eu não tenha entendido nada, isso me fez querer sair, e o modo como ele me olhou. - Vedi Enzo, non avrò bisogno di sposare Mariá, preferisco una donna con me.
Meu pai me olha de soslaio e então percebo que o que Enrico propôs não é bom. Eu também não estava esperançosa de que ele deixasse que eu saísse.
- È l'unico modo che ho trovato di non ucciderti e la tua famiglia. - Papai olha para mim e suspira.
Os olhos atentos de Enrico olham entre nós dois, já irritado pela demora.
- Quindi, entrambi siamo venuti a vincere - "Assim nós dois saímos ganhando".
Respiro pesadamente quando consigo entender pelo menos algumas palavras do que ele disse.
- Pietra..- Papai segura minha mão por debaixo da mesa e a aperta.
Os dois pares de olhos focam em nós, eles sabem que meu pai se preocupa comigo, e vão usar isso como arma.
- Decida Enzo, la mano della figlia in cambio della vita della sua famiglia. - (Decida Enzo, a mão de sua filha em troca da vida da sua familia.) Tommaso fala em tom repreendedor.
- Pietra, me desculpe - Papai pede baixo antes de endireitar e olhar para eles decidido.
- Accetto Tommaso - papai diz em um tom firme.
Ao ouvir as palavras,um breve e pequeno sorriso de tubarão se espalha pelo rosto de Enrico, e some tão logo quanto apareceu. Os olhos cinzas tempestuosos me olham mais uma vez antes de se voltarem para meu pai.
- Questa ragazza è puro enzo? - "Essa garota é pura Enzo?". Meus olhos se arregalam e sinto o rubor subindo pelo meu rosto quando ouço a pergunta de Enzo.
- Sì, è stata creata lontano da tutto e tutto - "Sim,ela foi criada longe de tudo e de todos". Fico feliz quando entendo melhor oque eles conversam, pois falam muito rápido.
- Oh ovviamente, per altri che lei è stata inviata il mio comando, perché era promessa di arricchire dalla sua nascita. - Franzo as sobrancelhas quando não entendo o que ele disse, e Enrico percebe isso.
- Qual è stato un cucciolo? Non capisci la tua lingua? - Enrico pergunta com um tom sério.
Olho para papai em busca de ajuda, entendi que ele quer saber se falo Italiano, mas também não sei se devo falar.
- Rispondi me la donna! - Dou um sobressalto na cadeira ao ouvir o grito irritado. Meus olhos se enchem de lágrimas mas eu não as deixo cair. Abaixo a cabeça e falo em tom baixo:
- Sì.
Enrico descansa os braços sobre a mesa e se encosta na cadeira, satisfeito por ter me feito responder, Tommaso olha orgulhoso o filho, crueldade pintando seus olhos cinzas idênticos aos de Enrico.
- Sarà una buona moglie, prepareremo il matrimonio più veloce, annunciare a tutto l'arrivo di Pietra. Il matrimonio accadrà in una settimana, né un giorno più, né un giorno meno. - Maravilha! Me casarei em uma semana, uma semana!
- Era fantastico risolvere questo problema con te,Enzo - disse Enrico antes de se levantar com seu porte firme e ajeitar o paletó, dando uma breve sacudida de ombros.
Então ele olha para mim e ergue a sobrancelha tatuada: - Até, filhote.
Fico parada olhando para ele como se ele não fosse um ser humano, não que ele seja, e não acreditando que ele acabou de falar comigo, em inglês .
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