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SOUVENIR

De volta a nave, eles passam pelos protocolos de segurança, que geralmente duram uma hora e Blanks que trouxera uma caixa metálica que tem bordas de madeira, cheia de carácteres em volta dela, segue para encontra-se com a comandante e o conselho diretriz da espaçonave.

Depois de devidamente acomodados, Blanks coloca a caixa quadrada, que tem o tamanho de uma bola de sinuca, no centro da mesa.

— O que aconteceu lá embaixo? — Pergunta Suzumi.

— Quando a comunicação foi interrompida, não demorou muito e encontramos a tripulação. Todos estavam mortos. Porém, pareciam que estavam dormindo. — Todos olham para o souvenir.

— Não havia diário de bordo? — Pergunta Natalie.

— Não.

— Estranho... — Fala Suzumi olhando para a caixa cheia de carácteres. — Todos mortos? Saberiam dizer quanto tempo estavam mortos?

— Precisamente não, mas pelas características dos corpos, não mais que vinte e quatro horas. — Explica Cold.

— Causa Mortis? — Pergunta a comandate.

G. O. D disse que todos morreram ao mesmo tempo. — A perplexidade toma conta das feições de todos. — Um suicídio coletivo. — Pausa — Eu fiz essa mesma cara que vocês estão fazendo. — Afirma Blanks. — Mas, encontramos essa caixa no meio deles. Digo, eles estavam em volta dela. — Blanks pega a pequena caixa que estava em cima da mesa em suas mãos.

G. O. D o que é essa caixa? — Pergunta Suzumi à inteligência artificial.

Um scaner saindo do teto, tão fino quanto uma caneta esferográfica, lança um laser fazendo a leitura da caixa.

Não sei. — Reponde a Inteligência Artificial. Suzumi mexe seu pescoço levemente para trás, parecendo que não acredita no que ouviu.

— Pode repetir G. O. D?

Eu não sei o que é ou quem é essa caixa. Mas, parece uma urna fúnebre. — Todos se entreolham.

— Urna Fúnebre? Poderia data-la? — Pede Blanks.

Não é possível.

— Mesmo analisando os metais e as madeiras? — Pergunta Cold.

Não fazem parte do nosso planeta ou do nosso sistema estrelar.

— E pertencem a qual planeta G. O. D? — Pergunta Miva, falando pela primeira vez.

Novo scanner.

Os elementos pertencem ao planeta Terra.

— Você está equivocado G. O. D! — Responde Kappul.

— Impossível! — Exclama Blanks. — A Terra não existe a milênios!

Eu sei disso. Mas, essa urna foi construída na Terra. Os hieróglifos são compatíveis unicamente com os feitos pelos nossos ancestrais humanos.

— Essas gravuras e ilustrações são letras? — Pergunta Suzumi.

Letras não. Mas, podem ser a forma mais primitiva de comunicação da raça humana. — Responde G. O. D.

— "Que me tragam as dez pragas do Egito"! — Fala Suzumi com outro jargão do seriado do herói vestido de morcego dos anos sessenta.

Ela falou por falar.

A comandante, na verdade quis dizer: "Que porra é essa que está acontecendo?". Essa é a primeira vez que se tem notícia, que a maior inteligência artificial interplanetária desenvolvida, G. O. D, não tem todas as respostas.

Um apagão acontece em toda nave. As luzes da espaçonave começam a piscar freneticamente, como se estivesse no ritmo da guitarra na música "Ignorance" da banda Paramore.

     A urna mexe-se. Blanks franze o cenho. As luzes acendem. O imediato olha em sua volta. Assustado.

— Que cara é essa Blanks? Parece que viu um fantasma. Blanks! — Kappul chama-o novamente pelo nome. Sendo que na segunda vez, chama-o com mais força na voz!

— Eu... acho que acabei de ver algo. Digo alguém... Ou sei lá o que!

— Como assim? — Pergunta Suzumi.

— Eu vi alguém... Atrás de Natalie. Acho que era um homem.

— O que você viu foi minha sombra projetada atrás de Natalie, por causa dos piscas alertas. — Sentencia Suzumi.

— É pode ser... Mas, eu bem que gostaria estar enganado. Preciso beber água.

G. O. D você saberia traduzir, o que significam esses hieróglifos? — Cold volta a se concentrar na pequena urna.

Posso tentar. Vou começar a tentar agora. — Fala a voz vinda da nave.

— Obrigado...

— ARGGGGHHH. — As cinco pessoas viram-se para trás, na direção da voz de Blanks e do copo de inox que acabou de cair no chão branco, espalhando o líquido que fora bebido.

— Sangue? — Pergunta Kappul surpreso.

— Porra! Que merda de brincadeira é essa? Quem fez isso? E não fiquem me olhando assim! Eu acabei de beber sangue! Caralho!

    Suzumi aproxima-se do copo de inox, caído no chão. Ela o pega e cheira-o.

— É sangue.

— Não me diga Comandante! É claro que é sangue! Eu bebi sangue, será que não estão vendo? — Blanks, despeja todo o líquido gelado que está dentro da garrafa térmica, num copo de vidro que se encontra próximo o refrigerador.

— Você está pensando que nós faríamos uma coisa dessa? — Suzumi irrita-se com Blanks. — Você enlouqueceu se está pensando assim.

Os seis escutam a porta da sala abrir. Um tripulante assustado entra com urgência.

— Não temos mais água potável na espaçonave!

A urna faz novo movimento em
cima da mesa. Agora visto por todos presentes, fazendo subir um calafrio percorrendo a espinha de todos.

Nova escuridão.

As luzes piscam simultaneamente e seguem ziguezagueando em flash por toda espaçonave. Indo e voltando.

Uma risada desconexa começa perto do frigobar. É o Blanks. O Imediato não consegue parar de gargalhar. Suas risadas aumentam, ficando mais alta.

As luzes normalizam.

— Comandante — O tripulante que aparenta ter vinte e dois anos e que tem olhos castanhos, interrompe a inércia dos cinco oficiais. —, não temos mais água saindo das torneiras — Suzumi olha para o rapaz sem piscar os olhos. —, e sim sangue.

Blanks cai no chão sorrindo, segurando a barriga e ficando na posição fetal.

— Vamos todos morrer! — Grita sorrindo o homenzarrão.

— O que faremos? — Pergunta Kappul. Suzumi ler o nome do rapaz, que está estampado no bolso do macacão verde.

— Lewis, faça uma transmissão para os enfermeiros virem urgente aqui na sala de reunião. Eles precisam levar o Blanks o mais rápido possível. — O rapaz faz o que lhe é pedido imediatamente.

— O que está acontecendo? Vocês estão sentindo? — Pergunta Cold.

Suzumi olha na direção das saídas de refrigeração e passa a mão no rosto... Logo em seguida observa a palma da sua mão direita... Os canos de refrigeração estão borrifando sangue ao invés de água.

— Que barulho é esse? Vocês estão escutando esse som? — Pergunta Natalie assustada escutando um som estranho.

G. O. D? O que são essas coisas? — A comandante pergunta olhando para os monitores que estão não sua frente, mostrando uma infestação de coisas tomando as imagens das câmeras.

Não sei o que são. Mas, não são dos nossos mundos.

— E você não sabe de onde é? Pode ser da Terra? — Pergunta Miva, se aproximando mais da tela.

Poder ser. Haja vista a urna é de lá.

— Então, a urna é da Terra? Como pode ser isso? — Pergunta Kappul. — A Terra foi destruída a mais de cinco mil anos!

Não sei, como pode ser isso.G. O. D responde apreensivo. — Apenas sei.

— Você tem o acervo de imagens do planeta Terra?

Tenho somente o que foi salvo, antes da extinção do planeta.

— Puta merda. — Reclama Suzumi. — O que a porra de uma planetinha fodido por um asteroide, está fazendo dentro da nossa espaçonave? Alguém tem notícia de Blanks?

Ele está isolado. Em quarentena. — Responde G.O.D. e Natalie pergunta: "Como?" A pergunta é feita com as exposições das mãos e dos braços. — Os nossos médicos estão fazendo exames com ele.

G. O. D eu preciso de você. Nós precisamos de todo seu conhecimento, nesse exato momento! Essa espécie que estamos vendo pelas imagens transmite alguma doença? É venenosa? Alimenta-se de que? — Um tapa na cara dado por Kappul, em sua própria face, faz com que todos se virem para ele.

— Vocês não estão vendo? — Pergunta Kappul mostrando a palma de sua mão, com um pequeno ser esmagado no meio dela.

Continua...

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