41°
— LAURA! — Forço um sorriso para a loira. Fecho um pouco a porta, para ela não ver a bagunça na cama, agora que também acendi a luz.
— Eu demorei muito, eu sei. Mas encontrei sua mãe no mercado e ela me ajudou com as compras. — Tinha esquecido que Laura havia saído para ir ao mercado, me deixando sozinha... — Quando eu estava saindo, Sebastian estava entrando. Ele já foi?
Ela tenta passar por mim, mas entro em seu caminho.
— É... Sim, ele logo foi embora. — Dou de ombros. Ela semicerra os olhos azuis.
— Está me escondendo algo?
— Não. O que eu estaria escondendo? — Dou uma risada forçada e ela franze as sobrancelhas.
— Quer que eu prepare seu banho? Está suja de tinta. — Laura tenta passar mais uma vez e eu fecho mais a porta atrás de mim.
— Está tudo bem mesmo... Quero ficar um pouco sozinha. — Rezo mentalmente para ela não insistir mais.
— Certo... Vou ajudar sua mãe com o jantar, então. — Ainda me olhando de forma desconfiada, ela me dá as costas.
Observo até ela sumir nas escadas e entro no quarto, trancando a porta. Sebastian já está saindo do closet e eu suspiro.
— Bem convincente. — Ele está sorrindo e meu rosto cora.
O que estávamos prestes a fazer...
— Seu rosto está todo sujo de tinta. — Dou risada, pois a flor que pintei borrou e agora está uma cor estranha.
— Você está toda suja de tinta. — Ele arqueia a sobrancelha e eu olho para mim mesma. Minhas mãos estão sujas e meus braços também e provavelmente meu rosto.
— Ops!
Sebastian reduz o espaço entre nós, segurando minha cintura, enquanto me pressiona contra a porta.
— Isso é loucura — sussurro para ele. — Não lembro do que aconteceu entre nós dois, mas consigo sentir... Acho que estou ficando louca.
— Dois loucos apaixonados, então — ele sussurra de volta e nós dois sorrimos.
— Era assim... quando estávamos juntos? — Passo a unha por seu abdômen, já que ele não vestiu a camisa.
— Sim, você tem uma energia admirável. — A sugestão de um sorriso malicioso. Eu coro mais ainda.
— Idiota. — Reviro os olhos, mas também sorrio. Ele não pode falar nada se também tem a mesma energia.
— Preciso te contar uma coisa. — Ele fica sério de repente e todo o meu corpo fica tenso.
Ele vai contar sobre Kendall. Que mentiu para mim e me enganou. Pior, que tudo não fez parte de um plano e ele...
— Eu te amo.
... e ele me ama.
Eu paro de ouvir as vozes na sala.
Paro de sentir a brisa que entra pela janela.
Paro de sentir meu coração bater.
Eu paro de respirar.
— Você o quê? — minha voz é um sussurro e quase não movo meus lábios.
— Eu amo você, Madelaine — Sebastian segura minha bochecha e isso quase me quebra. — Eu só queria que você soubesse o que sinto... O que sempre senti por você.
— Sebastian... — Ponho a mão em seu peito, sentindo seu coração bater descontroladamente.
Ele põe o dedo em meus lábios.
— Não espero que sinta o mesmo... Seria bom, é claro... — ele ri um pouco — Mas eu só queria que você soubesse. Que sabia que amo você — ele põe a mão sobre minha. — Amo você com cada batida do meu coração.
Eu não sei o que falar ou fazer. Ou como respirar, então eu o beijo. Pelo menos não desaprendi a beijar também, apesar de meus lábios estarem trêmulos.
Quando nos afastamos, eu o braço forte. Ele me ama e não mentiria para mim.
~•~
Passo o jantar todo inquieta, sem conseguir me concentrar no que meu pai estava contando sobre o escritório ou minha mãe sobre o consultório e até mesmo Max está mais faladeiro hoje. Estou assim, não porque Sebastian está no meu quarto agora sem que ninguém saiba, mas pelas coisas que ele me disse.
— Made? — a voz do meu pai me faz parar de dobrar e desdobrar a ponta do guardanapo.
— Sim? — Levanto os olhos, e minha família está me encarando.
— Você está bem? Quase não comeu nada. — Meu pai aponta para minha comida. Mas é verdade, estou nervosa que alguém descubra quem está em meu quarto, então não consigo comer.
— Não estou com muita fome... Posso subir para o quarto?
— Tudo bem, mas vou pedir para Laura levar alguma coisa para você comer depois — minha mãe diz e eu fico um pouco surpresa, mas não perco tempo e saio da mesa.
Vou para o meu quarto e quando entro, Sebastian está saindo do banheiro e limpando o rosto da tinta. Eu já tomei banho... sem ele, é claro.
Franzo a testa para esse pensamento.
— Então esperamos todo mundo ir dormir? — ele pergunta. Não dava para pular pela janela e... eu também quero que ele fique mais um pouco.
— Eu acho que sim. — Tranco a porta e caminho até a cama, sentando-me nela.
— E o que fazemos até lá? — Ele também senta ao meu lado e tento não pensar em como nossos corpos estavam juntos há momentos atrás.
— Podemos jogar baralho. — Sorrio, achando uma boa ideia. Sebastian ri, mas aceita.
Eu deveria ter escolhido outra coisa, percebo agora depois de duas horas jogando e ele ganhando todas as partidas. Eu disse para ele não se preocupar em me deixar ganhar e ele levou isso muito a sério.
— Você está roubando! Isso é injusto! — digo pela milésima vez, quando ele ganha pela milésima vez.
— Você é quem não sabe jogar. — Ele começa a embaralhar de novo e eu cruzo os braços.
— Não quero mais jogar. — Me recosto no painel da cama. Sebastian revira os olhos, mas continua embaralhando as cartas.
— Só mais uma partida. Se você ganhar, faço o que quiser. — Ele dá um sorriso malicioso e minha pele esquenta.
— Tudo bem. — De repente sinto uma súbita vontade de vitória.
Jogamos em silêncio e como eu já tinha lhe visto fazer a mesma jogada, apenas esperei o momento certo para mostrar a minha.
— A rá! Eu ganhei! — Bato palminhas, sem conseguir me conter.
— Eu deixei você ganhar. — Sebastian pisca, não parecendo nada abalado pela derrota.
— Não deixou, não! — na verdade há uma grande chance de ele ter me deixado ganhar, mas... — Agora tem que fazer o que eu quiser... E como não especificou por quanto tempo...
— Sabe, a escravidão na América já acabou faz um tempo.
— Então não quer ser escravo dos meus beijos?
Sebastian me olha surpreso e coro. O efeito que ele tem sobre mim é inegável.
Deito na cama, tentando esconder minha timidez. Ele deita ao meu lado, de frente para mim e ficamos cara a cara.
— A ideia me parece bem agradável. — Sebastian pega minha mão e põe em seu rosto.
— Você tem pele de bebê. — Chego mais perto, praticamente colando nossos corpos, enquanto acaricio sua pele.
— Achei que nunca mais fosse ficar assim com você — a voz de Sebastian é rouca e ele engole em seco — Quando percebi o que tinha acontecido... Que perdeu a memória, eu entrei em pânico — ele põe a mão sobre a minha e beija minha palma. — Eu estou tão feliz agora...
Ele fecha os olhos, relaxando os ombros.
— Sabe o que isso prova? — pergunto, fazendo-o ficar alerta mais uma vez. — Que não importa o que aconteça, o que sinto por você nunca irá mudar ou deixar de existir.
Sebastian junta nossos corpos de vez, me rodeando com seus braços e pernas. Eu sorrio, gostando disso.
— Amo você. — ele diz e deposita um beijo em meus lábios, depois em meu nariz, nas bochechas, queixo, sobrancelhas... Até que não sobra um lugar que ele não tenha beijado.
~•~
Nosso plano deu certo e Sebastian foi embora no meio da noite, quando todos tinham ido dormir. Eu fiquei com medo de ele estar sozinho aquela hora da noite, mas ele garantiu que estava tudo bem e me deu um beijo antes de ir.
Fiquei acordada até receber uma mensagem sua dizendo que estava em casa.
Dormi bem essa noite e acordei melhor ainda. Sorrindo e cantarolando. Sebastian me ama. Isso é o que me faz flutuar pela casa até o estúdio para pintar e pintar e pintar. Dessa vez pintei em papel específico para pintura.
Ainda estou pintando quando invadem a sala.
— Bom dia, flor do dia! — Déborah parece radiante ao me cumprimentar.
— São duas da tarde. — Limpo as mãos para abraçá-la, sentindo cheiro de lavanda.
— Eu vim aqui te buscar para ir fazer compras comigo. — Ela começa a falar rápido demais. — Você sabe, o baile de inverno está aí e eu nem mesmo tenho um vestido! E você é minha única amiga em San Francisco e também sei que não tem roupa alguma para o baile!
— Eu não sei se vou ao baile. — Tiro meu avental e solto meu cabelo.
— É claro que vai! Você é presidente do Grêmio e passou as últimas semanas planejando isso!
— Eu não tenho um par ou um vestido. — Ambos são verdades.
— O primeiro item já é garantido e você sabe. E o segundo vamos resolver agora! — Déborah sorri, dando luz ao seu rosto bonito.
— Preciso pedir a minha mãe ainda. — isso também é verdade. Minha mãe ainda está preocupada com minha saúde, mesmo os sintomas de concussão já terem passado.
— A tia Christine vai deixar, então vai trocar de roupa enquanto eu a convenço. — Déborah me dá as costas, seu cabelo com mechas azuis e rosas balançando no seu rabo de cavalo enquanto ela anda.
Faço o que ela disse e subo para me trocar. Visto uma calça moletom e suéter. Deixo meu cabelo como está: solto, cheio e cacheado. Então desço de novo e encontro minha mãe e Déborah no maior papo.
— Ah, querida, Déborah está me contando sobre o Canadá. Lembra que pediu para eu e seu pai levar você e seu irmão para lá um dia? — minha mãe sorri e eu também, lembrando que pedi mesmo isso.
— Isso quer dizer que posso ir ao shopping? — Encaro Déborah e ela levanta os dois polegares.
— Sim, mas não demorem e cheguem cedo para o jantar. E se você sentir qualquer coisa, vai ligar para mim ou seu pai — minha mãe diz com um olhar sério e eu concordo.
— Então vamos às compras! — Déborah bate palminhas e nós três rimos.
~•~
Déborah é a pessoa mais indecisa que eu já conheci. Ela prometeu voltar em cinco lojas diferentes depois de não achar o vestido que queria. Mas é divertido sair para fazer compras com alguém. A última vez, pelo que Sebastian me contou, foi com ele, mas como não lembro...
Déborah sai do provador com um vestido amarelo, estilo sereia e tomara que caia, com luvas até os cotovelos.
— O que acha? — Ela põe as mãos na cintura e espera minha resposta.
— Hã... — Penso se agora eu digo que é perfeito, apenas para ela se sentir bem ou digo a verdade. — Por que não prova o dourado?
— Você odiou esse, não é? — Ela bufa, fazendo os fios de seu cabelo balançarem.
— Ódio é uma palavra muito forte — me defendo. A verdade é que o vestido deixou ela meio pálida.
— Dourado, então. Por que não prova o azul? — Ela aponta para o vestido em meu colo.
— Eu já disse: não sei se vou a esse baile...
— Você vai! Eu estou dizendo isso. Se você não tiver um par, então eu mesma vou buscar você e vamos juntas.
— E Carson?
— Depois eu recompenso ele de outra forma — Déborah dá de ombros e minhas sobrancelhas se erguem. — Não foi isso que eu quis dizer... Você sabe... nós dois...
— Não sei, não... Espere... Vocês transaram? — Agora sim minhas sobrancelhas estão no teto. Déborah cora.
— Qual o problema? Pessoas transam! — Ela está vermelha feito um pimentão.
— Sim, mas... Quando ia me contar? Achei que fôssemos amigas!
— Você não contou como foi com Sebastian!
Agora eu que estou corando. Não lembro de como foi, mas o que teria acontecido entre nós se Laura não tivesse interrompido...
— Eu perdi a memória, você sabe... — Suspiro, ficando de pé e indo para o provador. — Mas... quando acontecer de novo, eu conto.
— Sua safadinha! — Déborah me olha incrédula, antes de nós duas entrarmos nos provadores.
O meu vestido é azul. É de alcinha e bojo, batendo um pouco acima de meus tornozelos. A parte de cima é justa até a cintura, descendo com o tecido mais grosso e duas camadas de um tecido mais fino e brilhante por cima... É lindo.
— Você parece a Cinderela dos tempos modernos — Déborah diz ao abrir a cortina. Viro-me para ela.
— E você parece a Bella.
O vestido de Déborah é tomara que caia e dourado brilhante, também de bojo e justo na cintura, indo na mesma altura dos tornozelos. A parte de baixo é solta igual a minha, mas o tecido é mais pesado. Também é lindo.
— Duas lindas princesas diretamente dos contos de fadas.
Déborah e eu sorrimos para nossos reflexos no espelho.
~•~
Sebastian e Madelaine são tudo pra mim🤧♥️
*O vestido de ambas estão na mídia*
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2bjs môres ♥
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