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REVISADO POR rtc017
MINHA cabeça ainda dói quando acordo pela manhã, totalmente ciente de que terei que optar entre tomar um remédio ou beber muito café.
Preciso fazer um esforço enorme para não tomar duas aspirinas e começo a me arrumar para a escola. Ou tentar.
Laura deve ter mexido em meu closet, porque o suéter amarelo não está onde deveria estar. Eu não o usei essa semana, mas lembro-me de tê-lo guardado no lugar certo.
Depois de encarar o lugar onde a peça de roupa deveria estar, abro a gaveta de baixo, onde ficam os pulôveres e... Touché!
Laura sempre revira os olhos quando explico a ela que existe uma diferença entre os dois. O pulôver é feito de uma lã mais grossa, diferente do suéter. Às vezes acho que ela finge que não sabe disso apenas para me irritar.
Ponho o suéter por cima da camisa xadrez e vou até a estante de sapatos. Escolho um All Star como sempre, mas um amarelo. Não sou nenhum expert da moda, mas gosto de ter alguma coisa combinando.
— Madelaaaaaaaine! — uma voz, que é como minha sombra, grita do corredor.
Saio do closet no mesmo momento em que o garoto alto e forte aparece na porta do meu quarto, parando na linha invisível.
— Maximilian. — Arqueio a sobrancelha. Ele revira os olhos e aponta o dedo para mim.
— Não me chame assim, espertinha — diz ele. — Papai quer saber se vai conosco.
Eu o encaro. Maximilian é uma versão masculina de mim, e digo isso de forma literal, porque ele é meu irmão gêmeo. Temos a mesma pele negra, as sobrancelhas grossas — com o diferencial que eu faço as minhas —, os lábios cheios e naturalmente rosados. Seu cabelo é curto, estilo corte do exército, enquanto o meu bate na cintura. Seus olhos são grandes e castanhos claro, como mel, idênticos aos meus.
Depois de analisá-lo, eu suspiro.
— Vou com a mamãe — digo por fim. Pego minha mochila florida e saio do quarto, fechando a porta.
Maximilian passa o braço por meus ombros e me puxa para perto.
— O que está te deixando tão mal humorada que não pode suportar ir para escola com seu irmão preferido? — Ele aperta meus ombros como incentivo para responder.
— Você é meu único irmão, Max. — Reviro os olhos. No meio do corredor, descemos as escadas para o andar de baixo.
O quarto do meu irmão fica na outra ponta do corredor. Nossos pais acharam que seria legal se ficássemos no mesmo corredor. Erraram feio. Mesmo que os quartos estejam a uma distância considerável um do outro, se eu me concentrar bastante, consigo ouvir os gemidos dele e da sua namorada. Irritante.
— Made. — Maximilian para na escada, desce alguns degraus para ficar na minha frente e segura meus ombros.
— Não é nada, Max — murmuro, mas não encaro seus olhos, e sim meus pés.
— Madelaine Price, não se atreva a mentir para mim. Eu quase consigo sentir sua tensão. Aliás, é melhor você não ficar muito perto das pessoas hoje. Pode ser contagioso.
Me seguro para não empurrá-lo escada abaixo.
— Theodore — murmuro. Ele sabe muito bem sobre o quê estou falando.
— Ah. Ainda está ignorando o coitado? — Sei que ele não está sendo maldoso, porque realmente estou ignorando-o.
Mordo a parte inferior da bochecha e continuo encarando meus pés.
— Podemos ir agora? Vou me atrasar para a aula de cálculo. — Não espero ele responder e saio escada abaixo. Mamãe já está na porta.
— Bom dia, flor. — Mamãe beija o topo da minha cabeça. Eu a abraço, sentindo um alívio imediato quando ela me envolve em seus braços.
— Deixa eu morar aqui? — minha voz sai manhosa, e minha mãe sorri.
— Era exatamente isso que você me pedia quando criança — diz ela, passando a mão pelos meus cachos soltos. Ela tem o cabelo cacheado também, mas é limitado na altura dos ombros.
— E por quê você não deixa? — Inspiro seu perfume de lavanda, recusando-me a soltá-la.
Ela está prestes a responder quando é interrompida.
— Também quero um abraço! — Max abraça mamãe e eu. Seus braços musculosos devido à academia nos apertando.
— Você é um chato, Max! — meu grito sai abafado, mas não me afasto. Quero aproveitar mais um pouco do abraço acolhedor da minha mãe.
— Tem espaço para mais um? — Ouço meu pai, e, logo depois, sinto seus braços envolverem nós três. Ele beija minha cabeça, a mais baixa entre nós quatro.
— Vocês estão me sufocando! — Tento me afastar, mas dessa vez papai e Max me apertam. Mamãe ri, depois Max e papai, então finalmente me rendo.
Eu amo a minha família.
~•~
Eu odeio meu irmão. Ele me envergonha com suas brincadeiras estúpidas, como agora: fazendo guerra de batata frita com os outros jogadores.
Maximilian é capitão do time de basquete, então ele é popular. Bom, eu também sou, mas não do mesmo jeito. Sou a nerd popular, segundo Turner, melhor amigo de Max. Eu ando com a turma do meu irmão, ou seja, todos os brutamontes que se intitulam jogadores de basquete.
Ethan diz que eu deveria me sentir sortuda por andar com os caras mais gatos do colégio, mas não me sinto assim. Considero todos como meus irmãos, o que significa que são super protetores comigo e isso deixa meu irmão mais que aliviado, já que nenhum de seus amigos vai dar em cima da sua irmãzinha.
— Ei, M&M's, o que você acha que é: crocodilo ou jacaré? — ao meu lado, Carson pergunta, enfiando o celular na minha cara.
— Jacaré — digo com as sobrancelhas franzidas. A imagem mostra três homens segurando o réptil.
— Como você sabe? Para mim parece um crocodilo. — Carson examina a imagem como se fosse a coisa mais intrigante do mundo.
— Os focinhos são largos e arredondados — murmuro fazendo um círculo ao redor do meu nariz.
— Ele tem cara de crocodilo para mim. — O garoto ao meu lado realmente parece intrigado com isso. Reviro os olhos e volto para minha bandeja.
Abro o guardanapo e pego a pizza, cheirando-a antes de comer. É de calabresa, a única que como. A de quatro queijo, preferida de Max, tem um cheiro esquisito.
— Você é estranha.
Não preciso levantar os olhos para saber que é Sebastian Blackwood falando.
— Não é porque ando com brutamontes que tenho que comer como um — rebato.
— Toma essa, Blackwood. — Wesley dá um tapa na cabeça de Sebastian, que rosna. Isso mesmo, ele rosna, como um animal.
— Encoste em mim de novo e eu arranco seu braço, Donovan. — Apesar do tom sério de Sebastian, Wesley dá outro tapa na sua cabeça.
Sebastian se levanta tão rápido que derruba a cadeira. Wesley corre antes que o garoto loiro o alcance. Observo Sebastian levantar a cadeira novamente e se sentar, inabalável.
— Você é muito esquentadinho, Blackwood — diz Ethan, na ponta da mesa.
— Sua mãe não reclamou quando esquentei a cama dela. — Sebastian não parece se importar com o que fala, mas Ethan fica vermelho de raiva. Já estou acostumada com esse tipo de coisa.
— Modos. Tem uma garota entre nós! — Carson exclama. Ele está sempre lembrando isso ao bando — como os chamo —, mas ninguém se importa em falar barbaridades na minha frente.
— Como se a Menina Estudo fosse alguma santa. — Sebastian revira os olhos. Antes que eu me defenda, Max entra na conversa.
— É melhor parar por aí, Blackwood. — A voz do meu irmão é grossa e autoritária. Um líder comandando seus seguidores.
— Por que você sempre fala por ela? A Mini Price aqui não é muda. — Seus olhos castanhos escuros continuam em mim, e tento não me encolher.
— Blackwood. — Agora é Turner quem avisa. Sinto-me impotente por não conseguir me defender e precisar que meus amigos o façam.
— Tudo bem, tudo bem. Vou deixar a Senhora Certinha em paz. — Com isso, ele se levanta e sai.
Três apelidos. O idiota conseguiu me dar três apelidos em dois minutos.
Aqui vai um aviso: Sebastian Blackwood é um babaca filho da mãe que eu não me importaria se levasse uma surra do meu irmão, como prometido várias vezes.
~•~
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2bjs môres ♥
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