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28. infiltrado

Quando Victoire recobrou a consciência, seus sentidos retornaram aos poucos, um mais doloroso que o outro, sua cabeça latejava e ela sentia como se tivesse acordado pela primeira vez em anos.

Todo seu corpo doía, cada parte dele parecia queimar, até abrir os olhos foi doloroso e quando ela olhou para o próprio corpo, os braços e pernas roxos, inchados, cheios de cicatrizes. Ela não conseguia ver o próprio pescoço mas sabia pela dor que sentia nele e em seu rosto, sabia que estavam no mesmo estado que o resto do corpo.

Lágrimas escorreram pelo seu rosto, lágrimas quentes e em um número cada vez maior, soluços escapando pela sua garganta, Madame Pomfray tentou acalmá-la mas a loira tremia, soluçava, chorava desesperadamente, em pânico.

Quando as memórias a invadiram tudo se tornou pior, mal tinha visto o lobisomem antes de ser atacada, foi tudo tão rápido, Victoire gritou, um grito alto e de desespero antes da curandeira escolar sedá-la novamente.

Levou horas para que a Weasley conseguisse se acalmar, toda vez que acordava estava em pânico. Já era quase noite quando a loira se acalmou e pode receber visitas, falou com a diretora McGonagall, com seus pais e seus irmãos – o que a tranquilizou, sua família sempre seria como uma anestesia para ela – e finalmente foi liberada para ver seus amigos.

— Por Merlin, eu fiquei tão preocupada! – Exclamou Molly, correndo para abraçar a prima.

Victoire correspondeu o abraço e a ruiva a abraçou com força. Sua prima era muito contida em relação aos sentimentos, então Toire ficou impressionada ao ver Molly naquele estado.

— Calma, eu estou bem. – Disse ela e não conseguiu evitar um gemido de dor, quando a prima a abraçou novamente.

— Bem? Olha só para você, você não está nem um pouco bem, por Merlin, eu fiquei tão assustada, achei que tinha perdido você, eu não sei o que eu faria se isso acontecesse, e-eu realmente não sei. –  A voz de Molly vacilou e ela tinha os olhos inchados e vermelhos, como se tivesse passado muito tempo chorando. – Quando eu encontrar quem fez isso com você, eu vou matar essa pessoa, juro que vou.

— Moll. – Disse Victoire, se esforçando para ficar calma pelas duas e apertou a mão da ruiva. – Calma.

A loira olhou ao redor e viu que seus amigos estavam ali, os membros da DDL, todos olhando para ela, ela conseguia ver o pesar no olhar de cada um deles e também conseguia ver o quanto se importavam com ela. Apesar de todo seu rosto doer, exibiu um sorriso para eles.

— Madame Pomfray, pode nos deixar sozinhos, por favor, só por alguns minutos. – Ela pediu olhando para a curandeira escolar. – Por favor.

A mulher estava pronta para negar o pedido mas quem conseguia negar algo para a bela e bondosa Victoire Weasley? Então Madame Pomfray assentiu com a cabeça.

— Eu volto em alguns minutos com a sua sopa. – Disse ela. – Não façam bagunça, ela precisa descansar.

Quando a mulher saiu todos continuaram a olhando, receosos de se aproximar. Teddy foi o primeiro a se aproximar e segurar uma das mãos dela.

Teddy Lupin, seu melhor amigo, a pessoa que crescera com ela, quase como um irmão, Victoire o amava como um irmão.

— Vic. – Ele disse e se inclinou, receoso se deveria abraçá-la, foi Victoire quem o puxou para um abraço. – Por Merlin, acho que nunca senti tanto medo na minha vida.

— Eu também não. – Admitiu. – Foi assustador, completamente assustador.

Um a um eles se aproximaram de Victoire, a cumprimentando, apesar de cada músculo de seu corpo doer e estar inchado, a loira se esforçou para abraçar todos, eventualmente soltando resmungos de dor.

— Espera. – A meio veela disse e olhou ao redor. – Cadê o Mason?

Victoire conseguiu notar que Teddy se remexeu desconfortavelmente, algo entre culpa e tristeza passou pelo olhar de Molly mas sendo orgulhosa como era, ela se recompos rápido.

— Ele vem te ver mais tarde. – A ruiva disse e deu de ombros.

— Insistimos para que ele viesse agora mas algumas pessoas tornam a convivência pacifíca algo impossível. – Penny disse, era claramente uma indireta para alguém, Vic só não soube dizer para quem era.

— Algumas pessoas nasceram de assassinos, não dá para mudar o que algumas pessoas são. – Retrucou a ruiva.

— Por Merlin Molly, o que você fez? – Victoire disse levando uma das mãos ao rosto.

— Protegi você. – Disse simplesmente.

A loira resolveu que falaria sobre isso em outro momento, outra coisa estava chamando sua atenção: O olhar de Willa preso em uma de suas cicatrizes.

— Eles tentaram eliminar essa cicatriz mas não conseguiram, o corte foi muito profundo, não sangrei até a morte por conta de algum feitiço que a pessoa usou para me manter intacta, sem sangrar, só dormindo. – Disse Victoire. – Não se preocupe, é o seu nome mas aposto que não tem nada haver com você.

Willa engoliu em seco ao ver a cicatriz, o nome "Willa" sobre a pele dela, linhas que jamais seriam apagadas, aquela caligrafia enorme e horrorosa acompanharia a loira para sempre. Willa precisou se segurar para não vomitar.

— Acha que esse lobisomem possa estar atrás de você? – Perguntou Oliver olhando para a Sprout. – Primeiro seu nome na frente do corpo daquela pessoa e agora seu nome no braço dela.

— Você não sabe o que você está falando, Oliver! – Exclamou Penny encarando o gêmeo.

— Ele só fez uma pergunta. – Emma disse. – Uma pergunta bem válida.

Todos os olhares se viraram para a Sprout e por um momento ela achou que desmaiaria, sua cabeça girava e estava prestes a vomitar.

— Não tem alguém que poderia ter algo contra você? – Perguntou Victoire.

— N-não. – Ela disse, gaguejando apesar de tentar soar firme.

— Onde foi que esse lobisomem te atacou? Você estava em Hogwarts? – Perguntou Charlie, atraindo a atenção e mudando o assunto. Willa o olhou, grata por aquilo. – Eu sinto muito pelo que  aconteceu com você.

Victoire respondeu fundo, sentiu que começaria a chorar, Teddy apertou uma de suas mãos e Molly apertou a outra. Foi dali que a bruxa tirou forças para falar.

— Tem uma passagem secreta pela cozinha, ela leva para o lado de fora de Hogwarts, era noite de lua cheia e eu iria sair fazer uma entrevista com Lino e Celine Jordan, perguntar sobre uma coisa. – "Uma coisa" Teddy tinha certeza que era sobre os Scorgmans. – Ele estava no meio da passagem, me atacou, foi tudo tão rápido, eu perdi a consciência e não me lembro de mais nada, só de acordar aqui na enfermaria, com todos esses ferimentos.

— Quando encontramos você, estava dentro do armário de vassouras, enfeitiçada, cheia dessas marcas, foi assustador. – Teddy disse.

— No armário de vassouras? Acha que pode ser o Filch? – Emma perguntou.

— Não, o Filch trabalha em Hogwarts desde sabe se lá quando, se ele fosse perigoso saberiam. – Retrucou Penny.

— Mas foi alguém que está dentro de Hogwarts. – Disse Oliver. – Alguém que levou ela para o armário, você viu o rosto?

— A pessoa estava transformada, era um lobisomem, não tem como saber quem é. – Disse Victoire. – Pode ser um aluno, um professor, eu não sei.

Penny e Oliver se entreolharam, pensando na senhorita Brown e na Poção Mata Cão que tinham achado no quarto dela.

— Seja lá quem for. – Disse Victorie. – Está infiltrado aqui em Hogwarts.

O peso das palavras da Weasley recaiu sobre todos eles. Havia um infiltrado em Hogwarts.

Willa se inclinou sobre o vaso e vomitou novamente, já tinha vomitado tudo que tinha comido mas ainda assim não conseguia parar de vomitar. Seu estômago doía e suas mãos tremiam.

Willa sentia que era culpa dela. Todas aquelas mortes, o ataque em Victoire, tudo que aconteceu era culpa dela.

— Calma. – Disse Teddy segurando o cabelo da Sprout. – Você precisa se hidratar, vem, já deve ter vomitado todos os líquidos do corpo.

Ela se sentou no chão do banheiro e olhou para Teddy, ele a olhava com tanta preocupação e carinho que se ela não tivesse acabado de vomitar, provavelmente o beijaria.

— Você está no banheiro feminino. – Ela disse e Lupin sorriu.

— Você precisa de ajuda e está no banheiro feminino, então é no banheiro feminino que eu tenho que estar. – Ele disse.

Willa sorriu de canto, incapaz de dizer algo e entrelaçou seus dedos nos de Teddy.

— Isso, toda essa loucura que está acontecendo, não é sua culpa. – Lupin disse. – O culpado é esse psicopata maluco, você não fez nada, não é a sua culpa.

Às vezes a Sprout se perguntava se Teddy era um legilimente, por que ele parecia sempre saber o que se passava na cabeça dela.

— Não consigo evitar pensar nisso. – Disse ela. – Por quê? Por que essa pessoa está fazendo isso? O que quer comigo? Por que não pode simplesmente me pegar e parar de machucar todo mundo.

— Essa pessoa não vai te pegar, não mesmo. – Ele disse. – Vamos descobrir quem é e fazer ele parar, ninguém mais vai sair machucado ou morto.

— Eu estou cansada disso. – Lágrimas escorreram pelas bochechas de Willa. – Cansada de tantas pessoas morrendo, eu sempre me achei perigosa, sempre achei que poderia machucar alguém mas eu machuco as pessoas mesmo sem fazer nada, Teddy.

Ela encostou a cabeça no ombro de Teddy que estava sentado ao lado dela.

— Eu fico imaginando como seria um mundo perfeito onde eu não tivesse sido mordida ou onde exista uma cura, às vezes me iludo pensando que vão descobrir uma cura um dia. – A Sprout disse. – E se não houver uma cura, Teddy? Ainda vai querer estar comigo?

— Com ou sem cura, você ainda é a pessoa mais gentil que eu conheço, é a pessoa mais forte e mais carinhosa, é a melhor pessoa que eu conheço e se vê como um monstro, você não é um monstro, você não machuca as pessoas, eu amo você e vou estar com você com ou sem cura. – Lupin disse e beijou a testa da mesma. – Queria que você pudesse se ver como eu te vejo.

— Queria poder te beijar mas eu acabei de vomitar. – Ela disse e Teddy riu. – Por Merlin, Edward Lupin como é possível me apaixonar ainda mais por você?

Ele sorriu, apertando a mão dela, mostrando que estavam juntos, que ele estaria ali por ela.

— Você disse que estava aqui por que eu precisava de você, você foi muito bom me acalmando e eu acho que preciso de um cochilo. – Disse Willa. – E tem outra pessoa que precisa de você agora.

— Não. – Ele disse já sabendo de quem ela estava falando. – Ele está exagerando, foi uma discussão boba e ele está levando a sério, não posso apoiar os pais dele e se eles tiverem mesmo matado a garota?

— Não tem que apoiar os pais dele, tem que apoiar ele. – Willa disse. – Mason é o seu melhor amigo, ele precisa de você.

Ela se levantou do chão e passou a mão nas vestes, para limpá-las e então olhou para Teddy.

— E eu tenho certeza que você também precisa dele.

Willa saiu e deixou Teddy ali, sentado, incapaz de se levantar e pensando se tinha perdido seu melhor amigo.

E , gostaram??

No próximo capítulo vocês vão ver qual foi a discussão do Mason e do Teddy e passar nervoso com essa amizade separada.

E novamente fica a dúvida, quem é o lobisomem??

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