- 08.
08. o bicho-papão de willa.
Willa tentou não surtar após ouvir a professora Jane Brown dizer que a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas seria sobre lobisomens.
— Para se tornar um lobisomem, uma pessoa precisa ser mordida por outro lobisomem. – Explicou ela. – Quando a pessoa se transforma, perde o controle de si mesma e não é responsável por seus atos.
— Ainda assim acho que eles deveriam ser banidos da comunidade bruxa. – Comentou um aluno da Grifinória que Willa não sabia o nome.
— Eles são uma ameaça, deviam viver como os centauros, em grupos afastados. – Sugeriu James Milford da Lufa-Lufa.
— Eu acho que vocês são babacas preconceituosos. – Disse Penny. – Vocês ouviram a professora, a pessoa perde o controle quando se transforma.
— Isso não a torna menos perigosa. – Rebateu Loshi, uma garota baixinha da Grifinória. – Vocês viram o que aconteceu? Um lobisomem matou um dos secretários do Ministério
— Mas eu acho que é melhor a pessoa morrer do que se tornar um lobisomem. – Disse Oliver. – Ser um lobisomem deve ser horrível.
— Cala a boca Oliver! – Exclamou Penny para o irmão gêmeo.
Willa tentou não levar para o lado pessoal, afinal Molly e Penny eram as únicas que sabiam sobre o "problema peludo" de Sprout. Mesmo assim, a garota continuou tensa, apertando com força a borda da mesa.
— Vejo que todos tem visões diferentes sobre esse assunto. – Disse a professora. – Quero que escrevam um pergaminho para a próxima aula com a visão detalhada de vocês sobre os lobisomens.
— Lobisomens também podem ser mulheres? – Perguntou um aluno sentado no fundo da sala.
— É claro.
Willa sentia na pele a resposta para aquela pergunta e ao escutar cochichos sobre lobisomens, ela quis vomitar.
— O pai do Edward Lupin era um lobisomem. – Disse Oliver. – E ele não é, por que a licantropia não é hereditária?
— Na verdade essa é uma questão complicada. – Começou Brown. – Não existem muitos casos de lobisomens que tiveram filhos, o mais recente e praticamente o único caso conhecido é o do Lupin. Ele pode não ter herdado a condição por que a mãe dele era metamorfa, o que é uma condição hereditária mas também não tem como confirmar isso, então de fato até que se tenham mais casos, não sabemos se é hereditário.
— Mas uma mulher com licantropia não pode ter filhos, certo? – Perguntou Ethan Kalet.
— Eu não sei, como disse, não temos casos registrados. – Disse. – Mas eu acredito que seja impossível, afinal como manter um bebê se transformando em lobisomem a cada lua cheia?
E novamente Willa se viu pensando em como a licantropia parava sua vida, a impedia de tanta coisa, sentiu raiva de si mesma, raiva de quem tinha a mordido. Mas sua raiva passou em questão de segundos e foi invadida por compaixão, lobisomens perdem o controle, poderia não ter sido escolha dele mordê-la.
— Willa? – Perguntou Brown. – Você está bem? Está pálida.
— Professora. – Disse Molly antes que Willa pudesse responder. – Eu sei que é fora do assunto mas tenho uma dúvida sobre a aula prática da semana passada.
Por alguns minutos o assunto mudou completamente e Willa se sentiu grata a Molly por ter feito aquilo e grata a Penny por tê-la defendido.
Quando a aula acabou, ela se sentiu aliviada, nunca havia se sentido tão desconfortável em uma aula, especialmente diante da opinião de seus colegas.
Caminhou até a parede em que ficavam as fotos dos antigos professores de DCAT, em todas as salas havia um mural com fotos dos antigos professores. Entre as fotos, Willa avistou Remus Lupin.
— Você deve ter sido muito forte para aguentar tudo isso, deve ter sido uma ótima pessoa. – Ela sussurrou olhando para imagem. – Você já deve saber mas seu filho também é uma ótima pessoa.
— Mutare Vox! – Exclamou Willa enquanto balançava a varinha. – Não deu certo, eu sou horrível nisso.
— Você precisa se concentrar. – Disse Teddy. – Tudo se trata de se concentrar, sentir a magia passando por dentro de você, tem que imaginar exatamente o que quer que aconteça e acreditar que vai acontecer.
— Quando você fala, até parece fácil. – Disse ela e suspirou. – Eu já aceitei que não vou conseguir essa N.O.M.
— É claro que vai. – Disse Teddy. – Não vou desistir de tentar até ver que você aprendeu.
— Sabe que isso pode levar anos, décadas, não sabe? – Perguntou ela e Teddy riu.
— Eu tenho tempo Willa. – Disse simplesmente e sorriu. – Vamos voltar ao feitiço?
— Não! – Exclamou ela. – É muito difícil.
— O Mutare Vox modifica as cordas vocais do usuário fazendo sua voz ficar mais grossa ou mais fina de acordo com o aceno de varinha. – Explicou ele. – Precisa acenar com a varinha junto.
— Você sabe fazer esse feitiço bem? – Perguntou ela e ele assentiu. – Me lembro do professor Garwell dizendo que quando utilizado por bruxos avançados, é possível imitar identicamente a voz de uma determinada pessoa.
— Sim, acho que consigo fazer isso. – Ele disse.
— Com sua habilidade de metamorfo você pode se transformar em qualquer pessoa e com esse feitiço você pode imitar a voz de uma pessoa, você nem precisa de uma Poção Polissuco! – Exclamou ela animada. – Eu quero ver isso.
Teddy riu e sua aparência começou a mudar, Willa ficou impressionada com a facilidade que ele fazia aquilo, em questão de segundos Teddy tinha a aparência de Willa.
— Mutare Vox. – Ele disse enquanto acenava com a varinha. – Deu certo?
— Por Merlin! – Exclamou colocando a mão na boca. – É a minha voz. Olá Willa impostora.
— Olá verdadeira Willa. – Ele disse. – Caramba é muito estranho falar com a sua voz.
Willa riu observando o garoto, era engraçado e assustador.
— Tá, chega, não aguento mais meu rosto. – Ela disse. – Volta a ser você.
— Ah eu gostei de ser você. – Ele disse.
— Anda Teddy, volta a ser você. – Ela disse batendo no ombro dele e rindo.
— Caramba, continue rindo e sorrindo. – Teddy disse. – Acho que dá para acender todas as luzes de Hogwarts com esse sorriso.
A sinceridade na voz de Teddy fez com que Willa corasse violentamente. Teddy voltou a sua aparência normal, só que dessa vez com o cabelo verde, ele sempre mudava a cor do cabelo, apesar da maior parte das vezes estar em um castanho claro quase loiro ou azul.
— Eu quero aprender a fazer isso com a voz. – Ela disse. – Mas eu vou pegar outro livro de Transfiguração, vou tentar esse feitiço depois, quero um mais fácil.
Willa se levantou para procurar outros livros nas estantes da biblioteca. A bibliotecaria Madame Irma Pince encarou a mesma e Willa sabia que ela detestava risadas na biblioteca.
— Então Willa Sprout. – Disse Teddy. – Me fale sobre você.
— O que quer saber sobre mim? – Perguntou ela. – Não tem nada de interessante.
— Se vou ser seu tutor preciso saber mais coisas sobre você. – Disse ele. – Por exemplo, qual sua banda favorita?
— As Esquisitonas. – Respondeu prontamente.
— A minha também. – Ele disse. – São como um clássico do mundo bruxo.
— Minha vez de perguntar. – Disse ela. – Torce para que time de Quadribol?
— Puddlemere United. – Disse Teddy. – Eles são incríveis e você?
— Seu time é bom mas nada comparado a Holyhead Harpies. – Disse Willa. – O melhor time de todos.
— Elas são ótimas, a esposa do meu padrinho jogou como artilheira lá por muito tempo. – Disse ele e sorriu ao pensar em Ginny. – Mas o Puddlemore United é o melhor time.
— Ginny Weasley era uma artilheira maravilhosa, não consigo acreditar que ela não joga mais. – Disse Willa. – Mas eu gosto dos artigos esportivos dela.
— Ela não estava dando conta de jogar e cuidar das crianças, ninguém daria, eles são umas pestes. – Disse Teddy e sorriu.
— Você fala deles com muito carinho. – Ela disse. – O que me leva a perguntar, qual a sua pessoa favorita no mundo?
— A minha avó, Andrômeda, ela me criou, fui cercado de amor apesar dela ter perdido a filha e o marido, é uma mulher forte para caramba. – Ele contou. – E ela me contou tantas histórias sobre meus pais, sempre fez eles estarem vivos para mim.
— Eu sinto muito por eles. – Disse ela.
— Eu cheguei a ter raiva deles em uma fase. – Revelou ele. – Mas hoje entendo o que eles fizeram, eu não faria diferente, me orgulho muito de ser filho deles. Qual a sua pessoa favorita no mundo?
— Minha mãe. – Ela disse. – Ela me criou sozinha também e Penny também entra na lista de pessoas favoritas no mundo.
— Sua coisa favorita em Hogwarts?
Willa iria responder mas ouviu um barulho vindo de uma das gavetas da escrivaninha onde os alunos anotavam que livro tinham pegado.
A garota se aproximou e pensou em chamar Madame Pince, mas a mulher tinha saído para ir no banheiro, então Willa abriu a gaveta para ver o que havia ali.
Tombou para trás quando a figura saiu da gaveta. Mal teve tempo de raciocinar e viu diante de si a um lobo, não um lobo qualquer mas sua aparência como lobisomem.
Willa não conseguia reagir, nem pegar a varinha, estava estatica, seu maior medo sempre seria si mesma, o monstro que existia dentro de si e o que ele podia fazer.
— Riddikulus!
Willa ouviu a voz de Teddy exclamar e agora estava olhando para o chão, não viu qual era o bicho papão dele e nem o que ele se transformara após o feitiço.
— Willa. – Disse ele estendendo a mão para ajudá-la a se levantar. – Você está tremendo, vem, vamos comer alguma coisa.
— Eu.. Eu – Ela respirou fundo. – Queria ter feito alguma coisa, mas não consegui.
— Não tem nenhum problema, fica calma. – Ele disse e colocou uma mecha do cabelo da mesma para trás da orelha. – O medo congela qualquer um.
— Eu tive uma experiência traumática com lobisomens a alguns anos. – Disse omitindo alguns fatos. – Acho que por isso o medo.
— Deve ser isso. – Ele disse.
Teddy não sabia por que, mas aquela história não o convencia muito mas preferiu não fazer mais perguntas.
Quando Willa e Teddy chegaram no refeitório, havia novamente um aglomerado de pessoas, ela sabia exatamente o que estavam falando.
— Vamos manifestar no Ministério, vamos começar uma revolução. – Disse Charlie que estava encima de um banco. – Vamos afastar os lobisomens do mundo bruxo, vamos isolá-los, eles são monstros! Ou acabamos com eles ou eles vão acabar conosco!
Aquilo foi demais para Sprout, o dia havia sido uma montanha russa emocional, não conseguiu escutar o final do discurso. Quando Teddy se deu conta, Willa já não estava mais lá e apesar de sua vontade de bater em Charlie, ele preferiu ir atrás da garota.
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