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VIII. Espírito Santo

Pronúncia: de YHWH = Iabe


1823, TERRA 2, MÉXICO


Ele não está preparado para isso.

Quer estar, deveria estar, mas não sabe se terá a capacidade. Após descerem do grande muro semi-derrubado, Lorenzo contou a Eloísa coisas que ela não sabia fato. Apesar sua memória e de algumas informações passadas pelos seis demônios que a acompanhavam, entendia que era justo que ela ouvisse de sua voz, no que a terra havia se tornado. As tempestades de areia, as populações que só sobreviveram porque passaram a morar abaixo da terra, a falta de comida e o desespero de pragas e pestes que os perseguiam. Eloísa não se abalou como ele esperava, disse que é o que o fim ciclo traz. Morte, caos e dor. Nada mudaria se eles se desesperassem pelo pavor dos humanos e não focassem em resolver o real problema e evitar toda essa série de repetições temerosas e insanas.

Agora, voltando para tão distante na história da humanidade, onde ainda tem dificuldade para entender ser uma outra terra, quando acordou pela primeira vez achando ter fugido do calabouço infernal, sente-se tonto. Sabe que não deve tomar para si a noção de passado e futuro, como El já o instruiu, mas não consegue evitar. Está sempre pensando nas coisas que viveu e ansioso pelas que virão.

Está no ar. O céu é de um azul intenso e o sol brilha livre. As asas negras estão abertas e a pedra brilha intensa em sua testa, branca e com um infinito e inigualável poder, quase tão luminosa quanto a estrela quente e amarela desse deserto, mas Lorenzo ainda sim é incapaz de curar o coração ferido que será mais destroçado pelo que vem a seguir.

Observa, aqui de cima, o corpo nu de Teodora fritando pelos raios que atingem a mulher de cabelos vermelhos e pele branca. Suspira, nervoso, suas mãos tremem e não pode evitar as lembranças dela. O sorriso dela, o abraço, o conforto. Como seria capaz de matar cento e quarenta e quatro iguais a essa? Sua melhor amiga.

Não está sozinho. Eloísa o acompanha, mas não só ela. Já conhecia Pitt de longa data, mas foi apresentado aos outros quatro demônios. Tatiana, a que quase o pegou na Universidade de São Paulo, caso o anjo e Eloísa não a tivessem impedido. Paulo... Esse Lorenzo tem uma estranheza tremenda, ainda tenta entender em qual ponto da história se perdeu. Os outros dois esqueceu o nome minutos depois, impossibilitado de associar novas informações com as antigas que invadem cada vez mais sua mente a cada segundo que se passa. Mas, enquanto ouvia as apresentações, não foi difícil notar que, por mais que aqueles seres fossem celestiais, haviam tomado para si nomes humanos que usavam como se fossem seus verdadeiros e se perguntou se ele mesmo e Eloísa não haviam feito isso. Quando a questionou, ela se manteve calada por alguns segundos, olhando-o nos olhos, respirando fundo. Contou que descobriu seu nome dias após acordar e que ele logo também lembraria o seu. Então, Lorenzo perguntou pelo nome verdadeiro dela e Eloísa se recusou a contar, disse que só confundiria mais sua mente e que, quando ele soubesse o seu, poderiam conversar sobre isso se assim desejasse. Guardou para si sua curiosidade e escutou atenciosamente os passos que precisavam seguir para que isso tudo não seja em vão.

Ele ainda luta para entender como a vibração de cada ser humano o coloca em realidades paralelas que geralmente acreditam serem compartilhadas com outras pessoas, mas estas estão inseridas em suas próprias realidades criadas com base em suas individuais vibrações. Por mais próximas que possa estar, o mundo é diferente aos olhos de cada uma. Como uma possui uma parede de vidro que lhe permite ver o outro lado, mas não o vivenciar por completo. Conforme a vibração muda, o acesso às velhas realidades vai se perdendo enquanto novos vão se construindo e, assim, separa-se o passado, presente, e futuro, mas aquela realidade deixada para trás ainda pode estar sendo vivencias por pessoas naquela vibração. Cada alma monta sua própria realidade, assim como essa Teodora montou a dela, mesmo sem saber, e não é igual à do Lorenzo que deveria estar deitado a metros dela, como ele se lembra, mas não está.

Essa é sua melhor amiga e ao mesmo tempo, não é.

— Quando ela acordar, não vou estar lá? — Pergunta, olhando Eloísa. A mulher engole em seco.

As asas dela também estão abertas e batem suavemente. Ele ainda estranha seus chifres, mas os acha absurdamente lindos.

— Ela não é humana, não é como está pensando — explica Eloísa. — Cada uma de suas almas repete o mesmo processo infinitamente — suspira, ele a olha com atenção. Seus olhos amarelos o desconcertam demais e Lorenzo precisa se esforçar. — Elas passam pela mesma terra, vivem a mesma vida, sem para — informa, com a voz baixa. — Mas, estamos aqui, ela não vai a lugar algum — olha o corpo deitado na areia quente e amarela.

Lorenzo está tão ansioso. Mais do que tristeza enche seu coração. Sente-se em um eterno ciclo de traições a Teodora. Fecha os olhos e lembra algo que aconteceu antes de virem até aqui. Doze eram os corvos que os rodeavam e seguiam Lorenzo e Eloísa onde quer que fossem. Já havia questionado isso, e relembra.

— Não é de todo modo que a fé cristã diverge da realidade — contou Eloísa antes mesmo que ele perguntasse, logo depois de informar que eles só poderiam viajar em um mínimo de doze anos para trás ou para frente. — O Espírito Santo gera doze virtudes: amor, alegria, paz, paciência, clemência, bondade, calma, brandura, fidelidade, modéstia, castidade e abstinência.

— Então o Espírito Santo existe? — Perguntou, tentando entender suas memórias atravessadas. Eloísa ri, porque tinha acabado de responder isso. — Doze foram os apóstolos de Jesus. Doze tribos de Israel e à noite cantavam-se doze salmos.

— O Espírito Santo é parte da santíssima Trindade. Doze fases sãos as conhecidas lunares também — completou. — Mas, não envolve só na fé cristã. Doze deuses principais do Olimpo e os signos do zodíaco. As mônodas se dividem em doze almas, e estas em mais doze. É um número divino.

— Então o Espírito Santo existe — sussurrou, assustado, como se não estivessem no mesmo espaço físico discutindo exatamente isso. — Então Deus existe. Conhecemos Ele?

— Claro que Deus existe, Lorenzo, mas não é como os humanos, em sua maioria, creem. YHWH é uma mônoda também. Paulo — ela sorri ao se corrigir e usar o nome escolhido pelo ser. Lorenzo a olha, sabe bem de quem ela está falando.

Entre os demônios que se sacrificaram no fechamento do ciclo e acompanharam Eloísa de volta à terra está um rapaz que Lorenzo nunca simpatizou e o faz sentir um pouco de vergonha. A energia peculiar do ser em questão é o que o deixa mais contrariado, nunca sentiu um demônio perto de si quando estava próximo a Paulo, apesar da repulsa que o rapaz de pele perfeita e que parecia um boneco humano o trazia.

— Essa culpa eu assumo — disse Paulo a apenas alguns metros, com sua fisionomia humana.

Os cabelos loiros e lisos escorregaram sobre os olhos claros dele. Seus braços estavam cruzados e ele sorriu enquanto Eloísa o encarava. Continua:

— Sei que deve se perguntar por que não soube logo que sou um demônio — sussurra o conhecido. — Temos alguns dons peculiares e particulares — passa o olhar entre Eloísa e Lorenzo. — Eu tenho uma empatia muito exacerbada, o que me faz mais próximo dos humanos que qualquer um, faz minha energia ser tão igual à deles que se torna quase impossível distinguir-nos — pisca os olhos duas vezes e ele troca de azul para amarelo e depois para azul na piscada seguinte. Lorenzo não sabia se considerava um dom ser tão próximo dos humanos.

— Ele gosta de conversar com os humanos — simplifica Eloísa. — Guiá-los. Já o Espírito Santo... Você o conhece também — abaixou a cabeça, seus cabelos brilhavam quando o sol fraco batia nos fios loiros presos no topo da cabeça.

— Foi uma homenagem, sinto falta dela — falou Paulo, que começou a entrar na pequena estrutura de barro e taipo à direita, já ocupada pelos outros dois.

Eloísa encarava uma folha branca de papel com cem centímetros quadrados aberta no chão de terra, onde as palavras apareciam sem que ninguém as escrevesse. Ele tentou ler, mas estava de cabeça para baixo. Não entendia o que ela estava fazendo.

— Eu conheço? — Sussurrou, caminhando até o lado dela e observando as palavras sendo escritas em um alfabeto que ele demorou para se lembrar. רוח הקודש. — Hebraico? Agora grego? — Observava as letras antigas se reunidos.

— O nome correto é o Sopro do Espírito — explicou. — Não Espírito Santo. Aquela que traz a vida e sela a morte — falava, olhando em direção e ele, que franziu o cenho. — Todos somos o Sopro do Espírito. Originamos eles, resgatamos e refazemos. As mônodas. Mas, a santíssima Trindade que Paulo passou aos humanos são mais específicas. Essas são as partes quebradas de Teodora. Aquele problema que já te contei.

Ele franziu as sobrancelhas, a olhando confuso.

— Calma, isso não faz sentido. Pai, filho e Espírito Santo, essa é a santíssima Trindade — retrucou Lorenzo, nervoso, Eloísa sorriu.

— Essa parte os humanos inventaram — suspirou alto. — Sempre muito criativos e ligados à família.

— Certo, isso é uma loucura — sorriu olhando para os lados. De Eloísa para Paulo, que já estava ao seu lado. — E... Por que os corvos nos seguem? — Olhou para o buraco na estrutura, onde o céu azul se mostrava com poucas nuvens extremamente brancas. — Somos como mortos?

— Quando não expandimos nossas energias em espíritos humanos, somos imãs para os animais que querem a oportunidade de retornar para casa — explicou Eloísa, paciente. — Esses são os meus, os seus virão com o tempo — informou. — Você pode conversar com eles — a garota ergueu seu braço branco e um dos animais pairou sobre o ar e entrou no local, descendo calmo até pousar no braço dela e se agraciado pelo seu carinho. — Os animais são resquícios que se perdem ao longo das expansões. Doze deles formam um espírito completo, mas só os corvos têm coragem de se aproximar tanto — olhou o céu, onde os outros onze voavam em círculos. — Não é lindo?

Lorenzo respirou fundo, encarando-a confuso. Não queria achar, mas pensava que aquilo era assustador demais. Realmente mórbido até para ele.

Agora, observando o corpo de Teodora de cima, enquanto os doze corvos de Eloísa os rodeiam e dois dos seus já apareceram antes de embarcarem na viagem há pelo menos duzentos anos humanos, mas que de fato era apenas o presente de uma outra terra, sente-se aflito.

— Ela vai para o inferno? — Pergunta, mesmo sabendo a resposta. — Quer dizer, o que acha ser o inferno? — Está olhando Eloísa. Os olhos completamente amarelos da garota batem com seus cílios brancos e extensos com calma.

— Sua alma retorna até a mônoda — informa ela. — Que ainda está no inferno, nunca saiu de lá. Ela vai ficar bem. Essa é fácil, está desacordada, as que irão falar conosco são as mais difíceis.

Quando fala, lembra-se do local onde o corpo da mônoda de Teodora está. Odeia ter que mentir para Lorenzo, mas sabe que as informações devem chegar nele com calma. Toma um longo respiro enquanto se preocupa com a capacidade de Lorenzo em seguir aquele plano. Para ninguém é fácil ter que fazer isso, principalmente para ele.

— Precisamos de uma lança de ouro — informa Enzo, engolindo seco e encarando Tatiana, de cabelos laranjas e chifres de mesma cor.

Observa então os cinco seres voadores ao seu redor encararem Eloísa e faz o mesmo. A mulher então arranca um mísero fio de seu longo cabelo branco e o pressiona dentro de sua mão direita. De lá, uma das lanças de outro começa a nascer. Mais de dois metros de extensão, brilhante, como se tivesse acabado de ser esculpida, e foi. Na ansiedade do momento, Enzo se lança para trás, com o sentimento indescritível de que precisa correr. A encara com olhos arregalado e a garota, com chifres e asas negras, o olha por alguns segundos antes de estender a lança até ele.

— Todas são feitas do cabelo dela — informa a outra mulher de cabelos tão laranjas que poderiam se comparados ao pôr do sol. Os olhos eram amarelos como os de Eloísa. — Você consegue — sussurra.

Não se sente mais seguro ao olhar para ela. Certo, eles haviam explicado que o levar para o inferno era enviá-lo para casa, mas lembrava da dor. Dos pesadelos enquanto estava preso naquela cama de ferro erguida no laboratório em São Paulo. Quando aplicaram algo em seu braço e ele tinha contrações de tanto pavor. Eloísa explicou que o líquido na agulha imensa era feito do sangue de Teodora, e ele não é a melhor coisa para mônodas incompletas, mas que agora nada mais poderia fazer contra ele. Mesmo assim, está com medo. Tudo é muito novo, Lorenzo não gosta de coisas novas e que não entende.

— E as de diamante? — Perguntou, aflito e curioso. — Aquelas usadas em demônios, de onde vêm? — Olha para Eloísa.

Ela estende em sua direção a lança que possui uma curvatura na ponta, como o de um anzol e o homem apenas a encara, ofegante e indeciso.

— Suas unhas — informa Tatiana, ainda o encarando. Ele direciona seu corpo a ela. — Elas irão crescer como nunca viu antes. — Lorenzo olha para as próprias mãos, ansioso e depois novamente para Eloísa, que ainda lhe estende sua lança de ouro.

— Não podemos usar nossas próprias lanças — informa ela, insistindo que ele a pegue. — Se usar, vou para casa e ainda temos muito a fazer aqui. Lorenzo, sei que está com medo.

— Você não disse que eu a mataria. Pensei que fosse fazer — disse, com a voz atravessada e as narinas abertas demais. Dos olhos completamente brancos, o líquido de mesma cor escorre por seu rosto até o pescoço. — El — implora, esperando que ela possa contar algo que fizesse daquilo algo não obrigatório.

— Lorenzo — suspira. — Precisamos fazer isso.

Não consegue.

Não quer que a memória do dia que a assistiu ser atravessada enquanto ela portava o corpo de Eloísa em 2031 retorne. O amargor na boca o perseguiu ao longo dos anos. O pior é que, após o ciclo, quando perdeu sua memória, nem sabia o motivo real de ter deixado aquilo acontecer e era mais torturante. Quase insuportável. Não consegue.

Ela está aqui, desacordada, como a coisa mais linda que se pode colocar os olhos, e indefesa. Lembra-se do quanto a protegeu, das noites acordado em preocupação quando deixou o México e até conhecer Pitt. O fugitivo só conseguiu sentir certo alívio quando começou a levar informações sobre ela, quando teve certeza, ano após anos, que a melhor amiga não havia sido pega. Foi como respirar depois de muitos anos abaixo da água E, por mais que em todas as páscoas, se lembrasse dela, no aniversário da liberdade deles, evitava pensar na saudade para não enlouquecer.

— Não posso fazer — diz, esperando ser a última vez. — Ela é minha melhor amiga — justifica.

— Ela não é só isso — sussurra Eloísa, agora exatamente diante dele, encosta a lança no peitoral descoberto de Lorenzo e, sem que ele dê permissão, põe seu polegar esquerdo pela testa dele.

Uma série de memórias que ele não possui começam a passar como flashs em sua cabeça. Pessoas que ele não conhece, de partes opostas do mundo. Em anos diferentes, nascimentos e mortes. Sofrimento por todas as partes. A separação de pais e filhos, irmãos, amantes e melhores amigos. Destinados a nunca viverem de fato uma vida feliz, atormentados pela obrigação de se contentarem com o que está a seu alcance. Então ele se vê. Está em um bar, sozinho. Chora, muito. Foi o dia que ele mais sentiu falta de companhia em toda a sua vida, sente de novo todo aquele turbilhão de sensações horríveis, do medo e da incerteza. Arrependimento, saudade e morbidez.

Empurra ela com força, voando para longe, mas novamente a encara segundos depois.

— Todas as almas são destinadas a sofrer — Eloísa olha para baixo, onde Teodora permanece desacordada. — Para sempre. Você está incluso — encara-o. — Ela é a energia que une todos no universo. A partir dela, o amor se manifesta. E sem ela, a dor toma conta de tudo. Lorenzo, ela precisa de você. Sua melhor amiga precisa de você.

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