prologo
due anni fa
(dois anos atrás)
Z O E L A H I L T O N
O som da minha unha batendo contra o metal da mesa ressoa pela sala de visitas lotada, o barulho atrai a atenção do cara tatuado ao meu lado, seu olhar raivoso me faz parar de bater.
Me encosto contra o metal da cadeira gelado, o relógio acima da porta que leva as celas parece tiquetaquear devagar. Puxo meus cabelos loiros para cima e prendo em um rabo de cavalo alto, meu pescoço está suado pelo calor e a falta de um ventilador descente, mas acima de tudo, por causa de minha ansiedade.
Um guarda passa pelo vão da porta e minhas costas se enrijecem, esperando ver finalmente ela, mas ele puxa um homem careca todo tatuado, a visita do mal humorado ao meu lado e meus ombros despencam.
Ergo o olhar novamente para o relógio, tenho apenas dez minutos se quiser chegar ao aeroporto com uma hora de antecedência, mas talvez seja melhor ir embora logo já que ela não parece querer me ver.
— Cazzo - Resmungo e me inclino para pegar a mochila nos meus pés, quando outro guarda aparece, dessa vez com quem eu esperava.
Seus cabelos antes loiros, agora com a raiz escura tomando conta, estão acima dos ombros, quando costumava ser na altura da cintura, seu rosto sempre antes bem maquiado, agora está magro, fundo e há uma mancha roxa ao redor de seus olhos. O macacão laranja faz sua pele branca que parece não ver um sol a dias, desaparecer. Quando seus olhos verdes param em mim, cheios da arrogância de sempre, engulo em seco e ajeito a postura, seco o suor que brota em minha têmpora disfarçadamente.
Seu corpo despenca na cadeira a minha frente e uma de suas mãos algemadas alcançam o telefone ao seu lado. Respiro fundo antes de fazer o mesmo.
— O quê faz aqui? - sua voz soa rouca e eu sinto um arrepio, mas tento manter meu rosto limpo.
— Vim me despedir. - a arrogância some, sendo substituída por uma sobrancelha arqueada em confusão.
— Do que? - fecho os dedos da minha mão, longe de sua vista, em punho.
— Eu tô fora.
— O que? - ela se aproxima do vidro que nos separa, seu olhar passando a ser ameaçador - Que merda está fazendo aqui Zoela? Deveria estar em Suvellié, onde eu te mandei - seguro um revirar de olhos - Me responda.
— Ele se foi - ela revira os olhos, já sabendo disso já que a informei meses atrás - Minha tarefa era com ele, então posso ir embora.
— Foda-se - ela rosna - Te mandei atrás do-
— Eu não vou fazer isso - a interrompo, minha voz tão cortante quanto a sua. Vejo surpresa em seu olhar, nunca fui contra ela e suas ordem - Ele não tem culpa de nada, ele é inocente no meio dessa merda e não posso acreditar que você quer que eu faça algo assim com-
— Não se atreva - ela rosna, o dedo erguido na minha direção - Eu te dei uma ordem, você precisa segui-la.
— Se não o que? - inclino a cabeça, ela murmura um "petulante" - Não dependo mais de você.
— Ah não? - ela ri de escárnio - Eu pago você, pago aquela maldita universidade, tudo que você tem é graças a mim. - engulo em seco.
— E eu agradeço por tudo o que fez, mas adivinhe? Não precisa mais! Estou indo embora de Suvellié, Roma, Itália e toda essa merda italiana - bato a mão contra o metal.
— Você não pode fazer isso.
— Ah eu posso, e se você tentar me impedir, eu conto tudo o que sei sobre você e o Regno - é a primeira vez que vejo sua barreira de confiança ruir, e me sinto satisfeita por saber que foi por minha causa - Não vou mais ser seu peão.
— Por que? - ela pergunta em um murmuro, então, algo parece a atingir e ela apruma os ombros e ergue o queixo, sua postura inabalável de antes voltando - Ficou com dó deles? Você sabem o que ele é? Eles são?
— Sei, e não acho que você é alguém para julgar-los, afinal olhe só você - abro um sorriso cinico - Pelo menos eles foram mais inteligentes. - sua mão bate com força sobre a mesa.
— Não me teste Zoela! - reviro os olhos - Me acha fraca? Olhe só você, desistindo de fazer justiça porque seu coraçãozinho resolveu finalmente bater - foda-se.
— Pelo menos eu tenho um coração, e não um buraco negro no peito - finjo olhar no meu relógio de pulso inexistente - Olha só a hora, eu tenho que pegar um avião para longe de você e para a minha liberdade. - abro um sorriso e largo o telefone sobre a mesa. A ouço xingar e dizer coisas, mas prefiro ignorar.
— Você vai se arrepender garota - ela grita, sua voz passando pelo vidro. Me inclino e pego a mochila, me levantando em seguida - Você não vai conseguir viver sem mim.
— Addio - cantarolo uma despedida enquanto puxo minha mochila de rodinhas tamanho gigante para longe.
— Você é uma garotinha estupida que está desistindo da única pessoa que te quis porque se apaixonou - paro de andar - Ah sim, eu reconheço isso em você. Mas adivinhe? Ele não vai querer saber de você quando descobrir quem você é Martinelli - olho por sobre o ombro, conseguindo ver a capo de uma das maiores gangues da Itália, sendo segurada por dois guardas enquanto tenta agarrar uma doce garota - Você vai morrer sozinha, sem ninguém, como sempre foi desde que nasceu.
Fecho as mãos em punhos, minha raiva me fazendo querer me aproxima do vidro e gritar em sua cara. Eu não vou morrer sozinha. Eu não preciso de um namorado para ser feliz. Eu tenho tudo o que sempre quis e nunca tive: uma família. Uma família que se importa comigo e gosta de mim pelo que eu sou, ou pelo que eu sempre fingi ser.
Por isso, respiro fundo e abro meu mais falso sorriso, o brilhante e cheio de alegria que distribui em excesso até dois dias para metade de Suvellié. Então, ergo o dedo do meio da minha mão livre, e é o suficiente para a fazer tentar se soltar das mãos dos guardas.
— Adeus, mãe.
Arrosto minha mala para longe daquela sala, ouvindo gritos saindo da mulher que um dia considerei alguém importante, atrás de mim. Assim que passo pelas portas da delegacia e sinto o sol quente de Roma me atingir, abro um sorriso, o primeiro verdadeiro desde que deixei minha nova família para trás.
Toneladas parecem terem saído de minhas costas, e apesar de meu coração doer, ergo a mão para chamar um táxi e puxo a carta de aceitação da BNU pendurada no bolso lateral de minha bolsa. Junto com o envelope, uma foto tirada antes de ontem escapa, eu sorridente no meio de Francesca e Ana, a segunda me abraçando com força, seu sorriso brilhante por finalmente estar em paz, ao nosso redor, o grupo que quase surtei ao vê-los pela primeira vez.
O táxi para a minha frente. Espero o motorista abrir a porta e guardar minha mochila no bagageiro enquanto guardo a foto no bolso de trás da calça jeans. Meu coração parece torcer em meu peito, mas isso é o melhor, o melhor para eles e para mim. Por isso, depois de sentar no banco traseiro, o motorista pergunta meu destino.
— Aeroporto, por favor.
Enquanto o táxi passa pelas ruas da cidade que eu costumava chamar de lar, cruzo os dedos e torço para que tudo dê certo, para que eu possa finalmente ser quem todo mundo acha que sou na nova cidade.
Bringhte, lá vou eu.
Primeiro capítulo: 31 de Julho
Antes de ler essa história, recomendo que leia primeiro Overdose, completa e disponível em meu perfil.
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