diciassette
Eu tinha imaginado diversas formas de como seria meu reencontro com Ana, em todos ela me bateria e me xingaria pra caralho por ter me afastado dela, deixado de ir na formatura dos irmãos Bianchi, nos natais, aniversários..., mas eu errei, e feio.
Estou paralisada, não consigo responder Ana ou as perguntas que todos os outros fazem. Pelo canto de olho, vejo Dante acenando com a cabeça em cumprimento para os outros, e responde às perguntas, mas a tensão entre eles é a mesma entre mim e Ana.
Engulo em seco e baixo a arma, os olhos azuis quase cristalinos de Anabela Coppola me analisam, analisam a minha alma, e tenho certeza que ela descobrirá o que quiser apenas me olhando nos olhos, por isso desvio o olhar e pego meu celular no chão.
Ilumino o ambiente ao nosso redor e encaro os ali presentes: Dean, Matteo, Ettore e Martina, nenhum deles me olham de forma amigável, a última, inclusive, ergue as sobrancelhas e desvia o olhar para a arma, que aproveito para travar.
Todos nos encaramos em silêncio por minutos, muitas perguntas no ar, mas nenhuma sendo feita, até Ana quebrar o silêncio com um suspiro:
— Os dois para o carro.
— Mas estamos de-
— Ettore leva o carro de vocês – Ana interrompe Dante. – De as chaves para ele e a arma também.
Encaro Dante, que colocou a camisa e está sem a pá, que está na posse de Matteo, e ele encolhe os ombros.
— A arma não é minha – Respondo, minha voz soa estranha em meus ouvidos – Estava dentro da caixa – Aponto com a cabeça para o buraco no chão – Deixada por Daniel, para Dante. – Os olhos agora vão para o dito cujo.
— Para o carro Dante. – Sinto arrepios ao ouvir a voz autoritária de Dean, Dante bufa.
— Ridículo – Dante rouba a arma de minhas mãos – Não somos criança. – Dante sai bufando, esbarrando em Matteo pelo caminho, o olhar de Martina e Ana continuam em mim, franzo a boca, mas estico as chaves para Ana, que as agarra e joga para Ettore.
Sigo em direção ao carro de Dean, o mesmo carro de anos atrás, com os outros atrás de mim, me analisando, me sinto uma prisioneira sendo escoltada até a viatura, já ocupada com o outro prisioneiro emburrado no banco traseiro.
Os outros sussurram algo do lado de fora, inaudível, inspiro e espiro com força e encosto a cabeça contra o banco.
— Só tinha isso na caixa?
— O que? – Viro o rosto da direção de Dante, na outra ponta do banco.
— Só tinha a arma na caixa? – Fico agradecida por estar tão escuro que ele não consegue ver meu rosto, não penso antes de responder:
— Sim, só isso.
Dante murmura algo inaudível e vira o rosto pra janela, as portas da frente do carro se abrem e Dean e Ana entram no carro, em silêncio. Viro o rosto para trás e vejo Ettore entrando em meu carro e Martina e Matteo em outro, não sei como eles chegaram aqui, como eles sabiam que estávamos aqui, e não acho uma boa ideia perguntar agora, não com a cara fechada do casal a frente.
Dean liga o carro e da o retorno, voltando pelo caminho por onde viemos, abro a boca duas vezes, tentando falar algo, mas desisto e me afundo no banco, o envelope me pinica. Quando voltamos a ter postes de luz no caminho, olho para Dante, ele tem a cabeça apoiada no vidro enquanto os dedos acariciam a arma em seu colo, mesmo se eu quisesse, esse definitivamente não seria um bom momento para ele saber sobre a mãe, principalmente com outras pessoas no carro.
Ouço um estalo e um riso saindo de Dean, quando olho pra frente, vejo-o tirando a mão da coxa de Ana só para bagunçar seus cabelos e voltar a pô-la, vejo um sorrisinho de canto na boca dela pelo retrovisor e acabo abrindo um, pelo menos algo continua igual.
A primeira vez que estive na casa Bianchi, anos atrás, não fui tratada com olhares amigáveis, abraços e sorrisos, e agora, anos depois, novamente não fui, dessa vez, porém, foi doloroso, porque a ultima vez que estive aqui, fui tratada de forma oposta.
Enrijeço as costas quando finalmente ouço um suspiro sair da boca de alguém, não sei de quem, após minutos em silêncio assimilando o que Dante contou sobre mim. Infelizmente Ana não deixou passar minha habilidade de empunhar uma arma, em branco, e assim que entramos na casa Bianchi, me obrigou a começar a falar, na verdade, mandou Dante falar, já que não confiava em mim.
— Deixa eu ver se entendi – Desvio o olhar para Francesca, que toma a frente, e deixo meus ombros caírem, ela já estava na casa quando entramos, junto com Kaori, e tentou me abraçar, mas desistiu ao ver a reação de todos comigo. – Você estava aqui, infiltrada, pela Regno, uma gangue fodida da qual você faz parte, para investigar os Ghostins, porque a líder queria tomar o poder?
— Basicamente – Vejo bufos e reviro de olhos de raiva. – Mas eu desisti, e entreguei a líder, por isso sai de SMD, para proteger vocês e...
— Proteger? – Dean rosna em minha direção, vejo quando Matteo segura seu braço, o impedindo de se aproximar – Você veio aqui para foder com a gente, comigo, e depois vem me falar que queria proteger? – Ele solta um riso. – Você era uma de nós, confiamos em você, e agora nem sabemos quem você é!
— A entregou para nos proteger – Desvio o olhar para Martina - Ou porque não conseguiu pegar o poder dos Ghostins para você? – Semicerro os olhos, insultada.
— Eu não precisava, não preciso e nunca precisei do poder de vocês – Falo a palavra com desgosto. – Eu tinha o suficiente na Regno, a entreguei porque queria proteger vocês, porque me importo com vocês.
— Mas fugiu feito uma covarde – A voz de Ana é cortante, é sinistro como nenhum deles parece ter mudado nada nesses últimos anos – Sem nos dar explicações, nos deixando preocupados e deixando a bomba conosco, porque aposto que os novos amigos de Fillipo tem a ver com a Regno. – Olho para Dante, ao meu lado, que suspira.
— O cara e a garota que apareceram por aqui são da Regno. – Risos de escarnio saem da boca dos outros.
— E você? – Matteo pergunta, olhando para Dante – Porque fugiu? – Sinto a tensão no corpo de Dante quando todos olham para ele, uma mistura de sentimentos no ar, desde raiva, medo e alivio. Quando um minuto inteiro se passa e Dante não diz nada, Martina toma a frente, seu olhar e voz intimidantes para o primo.
— Porque foi atrás dela? – A palavra sai com nojo – E o que estava fazendo no galpão? – Chuto o pé de Dante e isso parece o acordar.
— Depois de descobrirem aquele documento antigo, decidi fugir com os outros para caso investigassem.
— Espera, tem mais? – Fran pergunta chocada.
— Só o dos galpões – Ele suspira. – Meu pai antes de morrer falou que havia algo que me pertencia em um dos galpões, mas nunca disse o que, quando ele morreu, o advogado deixou um mapa indicando o local exato no galpão onde estava.
— Então porque guardou o dos outros galpões? – Pergunto, sem saber dessa parte, Dante dá de ombros.
— Daniel nunca foi confiável, se ele tivesse falado o galpão errado... além disso, vai saber o que poderia ter escondido lá, enterrado, ele me deixou uma porra de arma.
— Ótimo momento para decidir procurar, cabeção. – Ettore joga uma almofada na cabeça de Dante.
— Fugi para a Inglaterra, para procurar a Zoela e pedir ajuda, mas não sabia que ela já era uma fugitiva e nem que a Regno se uniu ao Fillipo.
— Puta que pariu. – Palavrões distintos saem da boca geral e me jogo para trás me encostando no sofá.
— Você não devia ter fugido porra, foi idiota e perigoso – Ana chuta a perna de Dante – Agora os dois tão aqui com merda até o pescoço e... – Ela bufa e se vira, saindo da sala, Francesca é a primeira a seguir, depois Martina e os outros, Dean é o penúltimo a sair, seu olhar sombrio sobre Dante.
Assim que o irmão sai da sala, Dante solta todo o ar que segurava e se encosta no sofá, ao meu lado, encarando o outro irmão que restou.
— Como tá o processo dele?
— A última audiência vai ser em vinte dias, vou representa-lo – Ele passa as mãos pelos cabelos, na altura dos ombros, há olheiras abaixo de seus olhos e imagino o peso que deve estar em suas costas – Se não encontrarem nenhum outro documento, e com a influência que temos na polícia com a Ana trabalhando lá e o oi dela, podemos passar que ele só tinha aquele galpão no nome e que não sabia o que acontecia lá, ele consegue pagar só com trabalho comunitário, mas se provarem que há mais documentos... Sinceramente? As chances são de 50 por cento. – Dante solta um palavrão ao meu lado.
Mordo o lábio inferior e encaro o chão, há ultima vez que soube, Ana continua estagiando na delegacia de Suvellié e seu pai tem um cargo bom na área também, pelo menos eles tem essa carta na manga.
Dante se levanta de supetão, e sai da sala, pisando duro, Matteo vai atrás dele, mas duvido que consiga tirar o peso da culpa do irmão. Solto um suspiro e fecho os olhos, desejando voltar no tempo, talvez na época em que fui adotada e ter sido adotada por uma família simples, quem sabe do interior, deve ser legal ter que plantar a própria comida.
— Estou orgulhosa de você. – Abro os olhos surpresa, e encaro o canto da sala, onde só agora reparo que Kaori esteve o tempo todo ali, em silencio.
Kaori dá um passo a frente e me sento direito, surpresa em vê-la tão diferente. Seus cabelos pretos agora possuem mechas roxas e estão na altura da cintura, seu rosto está mais corado e ela parece tão saudável, completamente diferente de como a vi da última vez.
— Kaori – Saúdo. – Não entendi o que quis dizer. – Ela cruza os braços.
— Estou orgulhosa do que você fez, ir contra uma gangue e fugir daqui só para proteger eles... você correu um risco por eles.
— Eles não parecem ver desse jeito. – Ela sorri e senta na ponta do sofá, longe de mim.
— Eles também não viam quando eu arrisquei minha vida para salvar a deles – Engulo em seco, lembrando de quando ela quase morreu – Mas depois viram, e me entenderam, vão entender você também. – Solto uma risada e nego com a cabeça.
— Nunca fui sua grande fã, e quem diria que agora seria a única que me entenderia.
— Precisamos passar pelo que o outro passou para entender – Ela encosta um braço no encosto do sofá – E combinamos que nossa inimizade era em parte por causa da Ana. – Abro um sorriso, lembrando dos ciúmes que sentia de Kaori com Ana.
— Bem, você ganhou nisso também. – Ela revira os olhos.
— Sério, o que você pretende fazer? – Solto um suspiro.
— Não sei, acho que quando eu chegar lá eu pensarei em algo. – Ela arregala os olhos e se desencosta do sofá.
— Você vai até lá? Tá maluca?
— Melhor eu ir até lá do que eles virem até aqui e ferir um de vocês.
— Ninguém aqui é criança Zoe, todos sabem se proteger, de um pouco de valor pra sua vida – Ergo as sobrancelhas, o que a faz bufar. – Qual é, eu enfrentei um bando de universitários, você vai enfrentar uma gangue!
— Agradeço a preocupação Kaori, sério, mas prefiro me entregar do que ser pega, eu sei o que eles fazem com quem é pego. – Meu tom é seco e até sombrio, o que a faz suspirar.
— Se aceita o conselho, não faça isso sozinha, sei que tem a melhor das intenções, não quer machucar ninguém, mas se ir sozinha e acontecer algo, vai machucar eles mais.
— Dante se ofereceu, mas não sei se entende onde está se metendo. – Ela ri, um riso doce dessa vez.
— Qual é Zoe, Dante te ajudaria até se o pedisse para catar merda com a mão – Franzo a testa – Você acha que ele correu até você, no outro lado do continente, só porque era a única pessoa que conhecia? Que nada, ele confia em você, e se preocupa também.
— Kaori...
— É sério – Me interrompe – Ana e todos nós estávamos preocupados com você e seu sumiço, mas Dante, mesmo negando, estava ainda mais, apesar de sempre lembrar-nos que você é forte pra caralho e não precisávamos temer por você.
— Isso é... uau – Fico realmente sem fala e desvio o olhar para qualquer coisa ao nosso redor, até que dou falta de alguém. – E Pietro? Onde está?
— Há, em uma clínica de reabilitação – Ela se joga contra o sofá.
— Mentira – Arregalo os olhos, feliz e surpresa. – Conseguiram o fazer ir pra lá?
— Ih menina, ele quem foi, na manhã de natal a gente quando acordaram encontraram um bilhete dele falando que iria se internar.
— E todo mundo ficou bem com isso?
— Teve choros e xingamentos, mas no fim todo mundo entendeu. Martina demorou um pouco mais, vivia resmungando e trancada no quarto, começou a aceitar esse mês e sair do quarto para ir namorar.
— Namorar? Como sabe disso em? – Seu rosto fica vermelho e me aproximo dela.
— Porque ela tá saindo comigo...
— Puta que pariu!- Grito e Kaori avança sobre mim, tampando minha boca.
— Cala a boca, ninguém sabe ainda, e nem pode saber, estamos só saindo.
— Mas... – Ela destampa minha boca – Como? Quando?
— Sem perguntas, eu ainda to tentando entender e me entender – Dá de ombros – Mas mesmo com o jeito meio... grosseiro dela, ela me ajudou muito a superar o que aconteceu, ela é legal, eu juro.
— Uau – Solto uma risada e abro um sorriso verdadeiro para ela – Fico feliz por vocês, de verdade.
— Valeu, eu... – Ela é interrompida pela entrada brusca de Dante na sala, ele balança as chaves do carro para mim, aposto que roubou de alguém.
— Vamos para um hotel? – Franzo o cenho e me levanto, Kaori me acompanhando.
— Pensei que iria querer ficar aqui, na sua casa. – Kaori ri.
— Melhor vocês irem mesmo, o seu irmão e a Ana parecem dois coelhos nessa casa, não sei como Matteo e Martina continuam aqui. – Dante faz cara de nojo e se vira.
— Tchau Kaori, bom te ver.
— Até mais – Ela se vira para mim – Se precisar de qualquer coisa, me ligue, estou falando sério. – Devo estar com tpm, porque ao encarar os olhos de Kaori, sinto vontade de chorar e abraço.
— Obrigada, de verdade.
— Fique viva e quem sabe podemos virar melhores amigas e fazer ciúmes na Anabela.
Solto uma gargalhada.
Me jogo na cama após sair do banho, a fumaça do banho ainda flutua pelo pequeno quarto de hotel, o único hotel de Suvellié -além de motéis-, e respiro aliviada, pelo menos chegamos aqui sem sermos mortos, ou quase.
Dante contou no caminho para cá, que os garotos nos descobriram porque há um sistema de alerta de proximidade em cada galpão, que a policia não descobriu, e foi ativado assim que entramos no terreno, felizmente, eles também têm acesso a uma câmera da rua e reconheceram a gente, desistindo de nos atacar.
O quarto de hotel tem duas camas de solteiro, com lençóis brancos e uma mesa de cabeceira entre elas, onde meu celular e o de Dante -que saiu do quarto, sem explicações, assim que chegamos-, estão carregando. As paredes são revestidas por um papel de parede azul escuro com flores douradas, o que torna o ambiente meu sombrio. A parede em frente a cama tem uma televisão pendurada, e embaixo desta uma mesa branca, um frigobar ao lado dela e a porta que leva ao banheiro minúsculo.
Meu celular toca ao meu lado, e estico a mão, tiro do carregador e olho temerosa para a tela, mas solto o ar aliviada ao ver o nome de Emma na tela.
— Olá. – Saúdo em inglês.
— Olá? Zoela Hilton você não deu um sinal de vida desde que saiu daqui, achamos que estava morta- aí Jade, me larga – Barulhos estranhos soam na linha e afasto o celular do ouvido, colocando no viva voz – Chata. Zoe você está no viva voz com a Espanha.
— Você está bem? – Jade pergunta, sua voz calma totalmente o oposto da de Emma.
— Já estive melhor, mas estou viva, então não posso reclamar muito.
— Ainda bem, Samuel sumiu daqui no mesmo dia que você, achamos que algo ruim tinha acontecido – Me sento na cama, não surpresa pela informação, mas se ele nos seguiu, talvez já esteja aqui, e isso é um problemão. – Meu irmão e Bryan estão surtando porque ele largou o time na mão.
— Tentaram ir atrás dele quando ele saiu da fraternidade, mas os outros garotos os impediram antes que eles pulassem em cima dele – Emma suspira – O que é uma pena, ele merecia. – Solto um riso.
— Ah ele merece muito mais do que isso, merece a cadeia – Respiro fundo. – Adoraria conversar mais, mas podem estar rastreando a linha então...
— Cara, isso é assustador – Emma murmura, se referindo a situação – Antes de ir, tenho uma fofoca quentinha para você. – Ergo as sobrancelhas.
— Manda.
— Advinha quem é o novo casal do pedaço? – Ela não me espera tentar adivinhar – Amélie e Kael. – Meu queixo cai em choque.
Amélie é a garota mais popular da BNU, e também a vaca que divulgou coisas particulares sobre a vida da Jade, por isso, acabei divulgando coisas particulares dela também, o que abalou e tanto sua popularidade. Enquanto isso, Kael é um garoto que vi uma vez na vida, de longe, amigo do namorado de Jade e o completo oposto de Amélie, na verdade, ela já até menosprezou o cara. Resumindo, isso é uma baita surpresa.
— Caralho. – Exclamo.
— Eles não são um casal – Jade contra argumenta. – Só foram vistos juntos.
— Várias vezes, você imagina os dois saindo juntos por alguma outra razão do que não estejam se pegando? – Jade não responde.
— Antes de eu sair daí, ela me agradeceu, o que foi inesperado porque esperava um soco dela.
— Será que ela agradeceu por você ter revelado tudo aquilo sobre ela? – Jade é tão doce que tenho vontade de aperta-la.
— Sei lá, vamos acompanhar essa história e contamos tudo para você. – Emma afirma, me fazendo sorrir.
— Perfeito – Respiro fundo, sentindo meu peito apertar de saudades, queria estar no apartamento ferrado de Emma agora. – Preciso ir... estou morrendo de saudades de vocês.
— Não me faça chorar Italia! – Emma exclama, tentando fazer voz de brava.
— Ela tá quase chorando aqui, aí Emma – Jade reclama, me fazendo rir. – Mande notícias Zoe, por favor.
— E quando voltar vamos tomar um porre de três dias. – Fungo, não querendo chorar.
— Até logo.
Assim que a ligação termina, tenho vontade de chorar, devia ter aproveitado mais com elas.
A porta do quarto é aberta e Dante passa por ela, a mochila dos infernos em mãos. Quando ele me olha, seguro o ar, não querendo que ele perceba meu estado, mas então percebo o estado dele.
— Que cheiro horrível é esse? – Tampo o nariz com o cheiro forte de pólvora.
— Botei fogo nos papeis. – Ele fecha a porta e joga a mochila na sua cama, ao lado da porta. Arregalo os olhos.
— Sério? – Ele acena com a cabeça e começa a tirar a camisa – Timing perfeito em.
— Sem comentários, por favor – Ele joga a blusa no chão, agora entendi porque ele deixou todas suas roupas nas sacolas – Nunca deveria ter guardado aqueles papeis. – Pensei que era sem comentários.
— Não se sinta tão mal, você queria saber o que seu pai deixou para você. – A bomba que deixou para você, e que está guardada no fundo na minha mala.
— Uma arma – Ele solta uma risada de escarnio – Como se eu já não tivesse uma, fala sério – Ele se senta na cama, de frente para mim e pega a mochila, tirando a arma dourada de dentro, achei que tinha ficado com seu irmão. – Fodi a vida do meu irmão por essa merda.
— Certeza que não tem nada de especial? Quero dizer, uma arma dourada não é comum.
Não, não é, a única pessoa que conheço que usa, ou usava, uma arma dourada, era a própria mãe de Dante. Sinto vontade de rir quando me lembro que ela contou uma vez, que ganhou a arma de um ex namorado, e ele tinha uma igual.
— É uma merda que vou jogar fora. – Ele se levanta.
— Não! – Grito e me levanto, tentando retirar a arma, que ele segura com força, de si. – É... seria bom guardamos ela, podemos precisar dela.
Torço para que Dante diga que sim, não quero que ele se desfaça de uma lembrança de sua mãe, mesmo que ele não saiba ainda. Mas Dante não diz nada, apenas me encara, seus olhos castanhos tão profundos que começo a me sentir corar.
— Quer sair? – Pisco os olhos, confusa.
— O que?
— Sair, eu e você, eu poderia te mostrar os lugares que eu costumava frequentar quando-
— Dante – O interrompo, seu corpo tão perto do meu e meus dedos quase tocando seu abdômen, não ajudando muito meu raciocínio. – A gente não tá aqui para se divertir.
— Quem disse que não? – Ele sorri, parecendo muito animado de repente. – Eu sei, somos fugitivos e blá blá blá, mas não podemos nos divertir só um pouquinho? Nunca sabemos quando será a última noite livres, ou quase isso.
Não, nunca sabemos. Se eu soubesse que minha ultima noite com Emma e Jade juntas, teria aproveitado mais. O olhar animado de Dante sobre mim me faz largar a arma, e ele a guarda na mochila antes de voltar a olhar para mim, uma sobrancelha erguida, reviro os olhos.
— Tá, me mostre seus lugares favoritos.
O sorriso dele ilumina aquele quarto sombrio.
Oi amores, como estão, tudo bem? Espero que sim
Todo capítulo tem uma desculpa pela demora kkk, então, vou pular essa parte ok?
O que acharam do reencontro com nossos queridos Ghostins? Eu senti muita falta, mas confesso que tive dificuldades de escrever esses personagens marcantes, então espero que tenha ficado com a mesma essência, ou quase, afinal, eles evoluiram em dois anos, certo?
O próximo capítulo ta bem gostosinho, mais leve do que pesado, então, vejo vocês lá
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