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- Gostaria de uma companhia? – a moça perguntou, charmosa, ao se encostar à minha janela.
Baixei um pouco mais o vidro, para poder ver melhor seu corpo e suas roupas.
Dei de ombros e fiz um aceno com a cabeça, dizendo para que ela entrasse no veículo.
A garota é jovem e não é o meu padrão. Suas roupas também não são alinhadas do jeito que eu gosto, mas hoje, vai ter que servir. Estive fora por muito tempo e vou ter que me contentar com pouco.
- Você vai adorar o serviço – garantiu, arrogante.
- Eu tenho certeza que vou... – concordei, sorrindo internamente. Eu só não tenho certeza se você vai...
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- Não faz isso – implorou quando eu retirei a mordaça. – Por favor. Eu prometo que eu não falo nada, pra ninguém! – assegurou. Sua voz estava embargada e chorosa e seus olhos, arregalados em desespero.
Senti a ereção pulsar em minha calça só pela visão.
- Você vai morrer hoje. Não vou te enganar. Vai ser doloroso – dei um sorriso torto e me sentei ao seu lado, percorrendo a pontinha da faca pela pele da sua barriga desnuda. – Implorar vai ser inútil.
- Por quê?... – vi uma centelha de ódio e raiva em seu olhar. Uma lutadora. Adorei...
- Porque eu quero. Porque eu posso. Porque ver a vida deixar seus olhos lentamente vai me excitar e, depois disso, eu vou me masturbar vendo seu corpo ensanguentado e sem vida.
- Você é doente – cuspiu as palavras, me fazendo dar de ombros.
- Um fetiche como qualquer outro. Nada mais do que um tipo de prazer macabro. A diferença é que o meu é um pouco extremo. Mas sou tão certo de minhas faculdades mentais como você é das suas.
- Não existe culpa, remorso?! Isso não é ser são! – me irritei com a ladainha e finquei a faca na sua coxa esquerda, sentindo a lâmina ficar presa em seu osso.
Quando ela abriu a boca, gritando de dor, enfiei dois dedos e pressionei sua língua para baixo e fiz pressão no seu queixo.
- Se for atrevida assim mais uma vez, eu prolongo sua morte e seu sofrimento em algumas horas. Não faça algo que já vai ser ruim, ser ainda pior – a jovem concordou, desesperada. – Ótimo.
Peguei suas roupas cuidadosamente e as dobrei, colocando as peças sobre a cômoda de cor clara.
Percebi pela visão periférica que seus olhos arregalados me acompanhavam, seguindo cada resquício de movimento que eu fazia, tentando, inutilmente, antecipar qual seria minha próxima ação.
Seu terror é fofo. E me excita.
Peguei a outra adaga da qual dispunha no meu arsenal e tornei a me sentar ao seu lado. A visão da lâmina enfiada na sua carne, de forma tão assimétrica e imprecisa me dá raiva. A visão incomoda. Mas tirá-la seria trabalhoso e, provavelmente, arriscado. Melhor evitar as hemorragias por agora.
Puxei seu braço e amarrei o garrote, tornando sua veia visível. Quando achei o suficiente, peguei a seringa com a droga que me ajudaria a prolongar nossa diversão. Fiz força contra seu ombro, para que ela não se debatesse muito, e injetei a substância.
Seu corpo tremeu num espasmo violento, mas tão logo ele começou, ele se foi.
Esperei alguns minutos, girando o objeto afiado nas minhas mãos, observando a luz do seu olhar vidrado ficar cada vez mais opaca. O momento se aproxima.
Me ergui sobre seu corpo, me sentando sobre sua pelve nua, aplicando nada mais do que uma sutil pressão da lâmina em sua bochecha, fazendo um corte bem superficial. Seu corpo se contraiu sob mim, mas ela não esboçou muito mais reação do que isso. O sangue que vertia também não era em uma proporção exagerada. Perfeito.
Com maestria, forcei sua mandíbula contraída, deixando sua boca aberta, e peguei uma tesoura de aparência velha no bolso traseiro da minha calça jeans, e cortei sua carne macia, fazendo um sorrisinho sinistro em seu rosto, que antes era belo, mas agora é lindo.
Seus olhos lacrimejaram, misturando as lágrimas com o sangue que manchava o colchão sob seu corpo, mas seus gritos não vieram.
Aproveitei que estava com a tesoura em mãos e cortei seus mamilos, descartando as bolinhas de carne em algum canto ao lado da cômoda onde suas roupas descansam.
Peguei novamente a adaga, roçando a lâmina por sua pele cor de oliva. Nada mais do que uma carícia gélida e letal. Segui o contorno dos ossos da sua clavícula, forçando apenas quando cheguei no centro do seu peito, e então talhei um B no local.
Me ergui do seu corpo, voltando minha atenção para suas pernas bem torneadas, avistando sua tatuagem de fênix. Quase ri com a ironia. Não haverá segunda chance. Você não renascerá das cinzas. E sua existência será apenas mais uma vida medíocre apagada e esquecida no meio de tantas outras.
Alisei sua pele, desde sua intimidade até seu pé, vendo o horror crescer em seus olhos. Não se preocupe, minha doce Obra de Arte, eu não vou macular você. Eu trabalho com as mãos. Com os olhos. O meu prazer é póstumo.
Me inclinei para sentir o cheiro da sua pele, seu corpo salpicado de suor e óleos brilhava sob a pequena luz que entrava pela fresta da cortina. Seria uma visão sensual se suas carnes ainda não estivessem tão íntegras...
Rodeei minha mão livre no cabo da faca que ainda está em sua coxa e puxei, sentindo o tranco do metal contra o osso. A dor fez sua boca se crispar, com força, e suas mãos antes inertes repuxaram em desespero nas amarras.
Com a lâmina agora livre, a enfiei novamente no corte, alastrando-o até seu tornozelo, numa linha reta e precisa. Enfiei meus dedos no local, sentindo seus músculos quentes contra minha própria pele; seu sangue fluir sob meus dedos. Sua tinta natural e preciosa.
Andei até a parede e marquei a superfície com as palavras Butcher's Piece.
Era uma dica. E uma provocativa. Capturem o artista enquanto apreciam sua mais nova obra.
Não que fossem capazes de me pegar antes. Talvez não sejam capazes de me pegarem agora. Eu tenho carta branca para fazer o que quiser nesta cidade. Possuo status e informações comprometedoras de gente importante demais para qualquer um deles ousar levantar um dedo em minha direção. Como eu disse: eu posso.
Tornei minha atenção para a minha tela, ainda quase em branco. Mas eu sou capaz de ver. Eu posso vislumbrar os pequenos traços já marcados. Visualizar as tênues linhas do início conturbado de uma obra de arte caótica. A exibição será daqui a poucas horas.
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