sixty five - the end
[capítulo não revisado!]
JEON JUNGKOOK
Eu sempre fui alguém persistente, mas também controlador. Não do tipo chato que acha que deve mandar em tudo por ser o "macho alfa", mas sim por gostar de ter as coisas sob controle.
Desde pequeno eu sempre gostei de tomar as rédeas das situações. De ser o líder, aqueles que todos ouviam e seguiam seus passos. Talvez tenha até sido por isso que eu tenha seguido o rumo como professor, a profissão da minha vida e que hoje, eu não me vejo sem.
Como eu já disse, eu sempre gostei de manter todas as situações sob minha supervisão. Minhas decisões. Era eu quem controlava tudo e eu sempre amei isso.
Até Park Jimin aparecer.
Não vou dizer que ele roubou meu coração. Eu estaria mentindo e muito se eu dissesse isso. O que eu sinto por ele é apenas carnal, mas o foco principal não é esse. Estamos falando sobre controle.
Ele chegou como um furacão bagunçando tudo em minha vida - seja ela profissional ou pessoal -, e para alguém que gostava de ter tudo sob controle, tê-lo chegando em linha vida de uma maneira aleatória e repentina foi, no mínimo, desconcertante.
E, pela primeira vez, não era eu quem tomava as rédeas da situação.
Na verdade, eu gostaria que fosse, mesmo que tenha gostado de deixar o controle nas mãos de alguém. É verdade que poder mandar em tudo é muito mais prazeroso, mas sentar e obedecer não era o pior castigo e eu estava aprendendo isso da melhor forma possível.
Vamos voltar desde o começo, quando ele me procurou pela primeira vez. Não me recordo o dia, tampouco a hora. Apenas meu celular pode deixar esse momento registrado, já que eu nunca apaguei nenhuma das mensagens que me foram enviadas por ele.
Eu confesso que achei que era uma brincadeira de mal gosto. Eu acreditei sim que ele fosse algum aluno meu, mas pensei que ele estivesse cumprindo uma aposta ou até indo pedir nota. Sabemos que adolescentes são bem estranhos quando querem ser, e Park Jimin me mostrou muito bem isso.
Tudo bem que eu não agi como deveria. Eu deveria ter bloqueado e seguido a minha vida sem olhar para trás e nem lembrar que alguém havia me enviado a porra de um nude tão gostoso que devia ser proíbido, mas não dizem que o perigoso é mais gostoso? Eu nunca concordei com essa frase, mas me vi no meio dela no instante que resolvi respondê-lo. Naquela hora foi loucura minha, mas agora, nessa altura do campeonato, eu percebo que tudo que eu fazia aos poucos foi se desfazendo graças ao garoto de dezessete anos.
Dezessete anos.
Eu, que sempre me envolvi com pessoas próximas da minha idade, estou me envolvendo com um aluno. Eu sei que se descobrirem isso eu estarei muito fodido. Ou melhor, nós estaremos muito fodidos, mas porra, é gostoso. É gostoso para um caralho meter nele, e até antes de eu poder fazer isso era uma delícia receber as suas fotos depois de um cansativo dia.
Assim que ele me chamou ele não me disse seu nome e até mesmo demorou para fazê-lo, mas isso não foi um incômodo. Digo, por que eu pensaria em saber o seu nome quando tinha coisas mais importantes para pensar?
Sendo sincero, a ideia de foder com um aluno escondido nunca me agradou, isso porque eu nunca fui de pensar nisso. Mesmo tendo uma certa mira em Park Jimin antes mesmo de saber que ele era dono daquele corpo sensacional, eu não era alguém que me imaginava transando com um menor de idade apenas porque ele era gostoso. Eu sempre fui muito prudente, mas parece que com a chegada de Jimin minha inteligência foi embora e meu cérebro simplesmente pifou. Essa é a única explicação plausível para tudo que eu andei fazendo nos últimos tempos.
Eu poderia estar perdidamente apaixonado por Jimin. É, poderia. Também poderia esperá-lo concluir seus estudos para pedi-lo em namoro da forma mais clichê possível e ouvir sua voz trêmula e o sorriso coberto de lágrimas quando ele diria sim. Mas acredito que nossa vida não foi programada para ser um clichê, mas é apenas uma dúvida, já que a maneira que começamos a se falar e tudo que veio depois é a própria personificação de clichê.
Depois da primeira foto, o que chegou a acontecer se tornou algo diário. Ele me mandava fotos, eu imaginava além delas e batia uma com a consciência tão leve quanto pena durante, mas depois me culpando por ter feito aquilo e prometendo para mim mesmo que seria a última vez. Mas não correu como planejado - na verdade, nada correu como o planejado - e aquela nunca era a última vez, sempre tinha mais e mais. Era como se ele fosse uma droga e eu, um viciado por ela.
Lembro-me também da primeira vez que ele sumiu. Eu até cogitei que entraríamos em um clichê onde os pais que pensávamos que eram amáveis de Jimin na verdade eram monstros que agrediam o filho, mas não. Foram apenas especulações que me fizeram perder o meu tempo, porque ele estava mais do que bem e apenas estava se dedicando aos estudos como deveria fazer. Ele sempre foi um aluno muito bom.
Lembro também de nossa primeira ligação. Eu não vi o seu rosto, só vi o seu corpo e caralho, era muito gostoso como ele se submetia para mim e fazia aquilo que eu pedia. Era delicioso vê-lo se entregando tão bem para mim, com o intuito de me satisfazer e de claro, se satisfazer também. Eu confesso que naquele dia eu senti um tesão desgraçado. Talvez pelo fato de saber que não podia e fazer mesmo assim, ou por ser por ligação, algo que eu nunca havia feito antes mas que foi tão gostoso que porra...
Depois daí nossas mensagens se tornaram mais frequentes. Sempre foram, na verdade. Jimin sempre me mandou muitas fotos suas e eu tenho todas religiosamente guardadas em uma pasta de meu celular. Eu quase não mandei fotos, não sou exatamente exibicionista, apesar de gostar de me exibir em algumas ocasiões. Mas eu era um puta voyeur, e talvez seja por isso que eu sentia tanto tesão a cada mensagem enviada para mim.
Aproveitando-me do clima nostálgico, também posso lembrar de uma das minhas casuais transas com Hani e em como eu pensei em Jimin depois dela. Ironicamente não me senti mal por isso, afinal estávamos apenas aliviando o tesão, seja um pelo outro, que também é sempre presente porque caralho, quem não sente tesão por Hani?
E, também lembro de Jimin se assumindo ser Jimin enquanto eu estava bêbado. Eu esqueço das coisas sempre que estou bêbado, mas por algum motivo, daquela vez, eu não me esqueci. Eu lembrei perfeitamente bem das palavras através da tela "Jimin. É meu nome. Se você lembrar ou não, não importa. É Jimin. Park Jimin." Eu fiquei histérico na hora, disso eu também lembro, mas estava bêbado e não sei como, mas eu acabei adormecendo. E, no dia seguinte, pedi ajuda aos meus amigos. Não fui prontamente recebido como eu gostaria, já que Hani já é mal humorada, e de ressaca piora em quinze vezes. Mas não importava, eu sabia quem era o garoto por trás das mensagens e isso me assustava, porque eu não sabia o que fazer dali para a frente. Obviamente iríamos transar, mas e as mensagens?
Então, eu resolvi chamá-lo. Não acusá-lo e muito menos pressionar o pobre coitado a falar enquanto eu estava sóbrio, já que poderia ser no mínimo vergonhoso. E eu fiz certo, já que ele não se revelou diretamente para o meu eu consciente. E isso foi ótimo, já que eu recebi as fotos que tanto sentia falta. E porra, elas me excitavam e eu imaginava como seria foder o meu aluno.
É, essa frase dá tesão.
E então, durante a noite, eu recebi mensagens dele e eu sabia do que se tratava antes mesmo de lê-las, afinal, nem fotos tinham. Mas mesmo já tendo uma ideia do que me esperava, eu não consegui não ficar surpreso e talvez até histérico quando li que ele sabia que devia esperar, mas que não teria problema se ninguém soubesse.
E eu errei em dizer meu endereço, e agora, eu sei.
Mas eu também errei desde o início. Meu primeiro erro foi continuar com as fotos, continuar com aquilo que eu sabia que seria errado. O meu segundo foi colaborar com aquilo. O terceiro, foi propor a maldita ligação. O quarto foi não tirá-lo de minha cabeça. O quinto foi insistir para saber quem ele era, e o sexto foi transar com ele.
Eu sabia que tinha errado, mas mesmo assim insisti, porque algo me chamava. Era difícil dizer não para ele e eu sei que ele tinha plena consciência disso, então, eu me entreguei assim como ele fez comigo. E mesmo tendo errado e feio, eu não me arrependo de nenhum erro meu desde que nos conhecemos, para ser bem sincero. Foram os erros mais gostosa de toda a minha vida e eu gostaria de continuar errando por um bom tempo.
E aí, veio a situação mais esperada: nossa transa. Eu estava, talvez, um pouco nervoso, mas foi tudo pelo ralo quando o vi o garoto entrando pela porta. Caralho, ele era ainda mais gostoso pessoalmente, se isso fosse possível.
Ouvi-lo gemer foi com certeza o som mais gostoso que eu já tive a honra de ouvir. Ouvi-lo implorar, manhoso, por mim, era algo que me deixava cada vez mais excitado e eu poderia repetir aquele processo incontáveis vezes que eu nunca iria me cansar.
Os detalhes mais profundos de nossa transa permanecem em minha memória e eu estou ansioso para repetir a dose.
Falando em repetir, ele ainda não me mandou mensagens. Eu até poderia cogitar não ter sido bom na noite passada, mas isso seria a maior mentira do século já que eu sei que fui tão bom quanto eu sempre fui.
Peguei meu celular e disquei a senha, entrando direto no aplicativo de mensagens. Procurei por seu contato e realmente não havia nenhuma mensagem. Seu visto por último estava desligado e a sua foto de perfil havia sumido.
jungkook: oi, jimin
[mensagem não enviada]
O que estava acontecendo? Por que minha mensagem não foi enviada para ele? Será que eu estava bloqueado? Não! Não é possível, eu não fiz nada. Ele deve apenas ter desligado o celular ou ele pode ter descarregado. É, é isso, eu não devo me preocupar. Depois ele estará me mandando mensagens de sua bunda marcadinha.
Convencido com minha própria hipótese, levanto-me da cama e caminho até o banheiro. Depois que Jimin partiu de minha casa eu acabei caindo no sono e não tomei banho. É, nojento, mas foi um evento isolado.
Tiro minha roupa e me vejo através do espelho. As tatuagens cravadas em minha pele, as marquinhas... Todos os detalhes que hoje eu posso dizer que amo.
Sem mais delongas, começo a tomar meu banho que não tenho orgulho ao dizer que foi longo. De qualquer forma, eu saí dele com o cabelo lavado e cheiroso. Sentei no sofá e coloquei em um canal qualquer, não exibindo orgulho também ao assumir que olhava meu celular toda hora procurando por alguma mensagem, mas nada chegava.
O que chegou foram batidas na porta. Eu me surpreendi. Jimin já estava com saudades de mim? Levantei com um sorriso delineando meus lábios, abrindo a porta e dando de cara com dois policiais.
Ok...?
- Posso ajudar, senhores? - Mesmo estando nervoso por dentro, não consegui esconder a confusão.
- Sr Jeon Jungkook? - Um deles perguntou, de cara fechada.
- Sim. Sou eu.
- Solicitamos gentilmente seu comparecimento a delegacia. - O segundo pediu, educadamente.
- É claro, mas por quê? - Peguei as minhas chaves, fechando a porta atrás de mim.
- Você está sendo acusado de ter se envolvido com um aluno, infringindo os regulamentos da escola onde trabalha e de estupro de vulnerável.
- Estupro de vulnerável?! - Quase gritei, indignado. Jimin tem 17 anos!
- Sim. Você tem o direito de permanecer calado. Por favor, nos acompanhe. - O menor deles seguiu na frente e eu fui atrás, com o outro policial em minhas costas.
A essa altura, os vizinhos já me olhavam. Alguns das janelas, saíam de casa ou aproveitavam que já estavam fora de seus apartamentos para dar uma espiadinha do que estava acontecendo. Se eu estivesse algemado seria muito pior.
Entrei dentro da viatura e seguimos o trajeto até a delegacia. Em todo momento eu me martelava a porra do motivo de eu ter continuado com aquilo. Eu poderia estar em meu apartamento agora, livre de problemas, não na porra de uma viatura indo para a delegacia examinar o motivo de eu estar sendo acusado de estupro.
Jungkook, você é a pessoa mais burra do planeta.
Passado alguns minutos, paramos em frente a delegacia. Caminhamos até dentro dela e me pediram para esperar sentado que os acusadores já chegariam.
E eu o vi.
Entrando com sua mãe, lá estava ele. Park Jimin, o garoto que fodeu com a minha vida - mas sem ser culpa dele, obviamente. Tivemos uma troca de olhares que assim que foi percebida por sua mãe, foi rompida. Eu me sentia envergonhado e intimidado, o olhar que sua mãe se direcionava para mim era indecifrável.
Eles se sentaram do outro lado da sala. Jimin estava inquieto, batucava seus dedos contra sua coxa e sua mãe continuava me fuzilando com seus olhos irritados e cabisbaixos.
- Park Jimin. - Uma policial foi até ele e o chamou.
Ele iria depor.
Esperei ansiosamente por sua volta. Eu sabia que assim que ele saísse seria a minha vez. Não sou bobo e sei como as coisas funcionam. Sei também que posso perder o meu direito de lecionar, mas no fundo de meu coração, eu espero que isso não aconteça. Não consigo me imaginar sem poder ensinar, sem poder fazer aquilo que amo e caso isso aconteça, minha vida estará arruinada.
E então ele voltou.
Com o rosto vermelho, as mangas longas de seu suéter cobrindo suas mãozinhas e evitando contato visual com qualquer pessoa. Ele sentou ao lado de sua mãe com a cabeça olhando para baixo e era visível que ele não estava bem. Eu me questionei o motivo dele estar assim... O que fizeram dentro do interrogatório para Jimin ter voltado daquela forma? O que perguntaram para ele? Perguntariam o mesmo para mim?
- Jeon Jungkook, por favor, me acompanhe. - A mesma policial veio até mim. Ela era bonita, mas tinha o semblante duro e isso me fez tremer.
Eu a acompanhei, sentindo o olhar dos Park sobre mim. Entramos em uma salinha fechada com apenas uma mesa e duas cadeiras. Ela sentou-se em uma delas e apontou para outra, indicando que eu também deveria fazê-lo.
- Por favor, conte-me como você conheceu Park Jimin e tudo que aconteceu até agora. Em hipótese alguma pense em mentir, você está sendo gravado.
Eu assenti, antes de começar. - Ele me chamou a alguns meses. Mandou uma foto sua. De sua bunda, na verdade. Eu não lembro exatamente de tudo, mas lembro que eu fiquei assustado quando soube que ele era meu aluno, mas mesmo assim, eu decidi continuar em segredo. Eu não sabia quem ele era, não tinha a menor ideia, mas depois soube que ele estava prestes a completar a maior idade, então pensei que tudo ficaria bem se eu esperasse o tempo certo. Eu confesso que não pensei nas consequências que eu ia sofrer quando aceitei me envolver com ele, não pensei também no regulamento da escola que diz que envolvimento pessoal entre alunos e professores não deve existir em hipótese alguma. E eu ignorei tudo isso e continuei recebendo as suas fotos e gostando de cada uma delas, até mandando algumas. Eu sei que eu errei mas... enfim. Tivemos uma ligação por vídeo onde trocamos prazer e afins. Eu descobri quem ele era quando eu liguei para ele estando bêbado, e no dia seguinte, me lembrei de suas palavras, mas só depois ele teve a coragem de confessar para mim que era Park Jimin. A noite ele me mandou uma mensagem dizendo que não aguentava mais esperar e coisas do gênero, insinuando que sabia que devíamos esperar mas que se ninguém soubesse não seria errado. Eu sei que eu, como mais velho entre nós dois e o mais sensato deveria ter cortado isso de vez e esperado, mas eu ignorei todos os meus princípios desde que o conheci e isso não seria mais novidade. Ele foi até meu apartamento e lá nós transamos mais de uma vez, no dia seguinte também e depois nos despedimos, marcando de se encontrar antes da volta as aulas novamente. Eu... depois disso eu não o vi mais. - A cada palavra dita era como um soco dado por mim mesmo. Saber de tudo era moleza, falar com todas as letras era perturbador.
- Certo. Então deixe-me ver se seu entendi... - Ela se inclinou, enlaçando suas mãos. - Você aceitou transar com ele e fazer parte de tudo isso mesmo sabendo que provavelmente seu futuro seria exatamente esse de agora e que poderia perder seu trabalho? Quanta coragem.
A medida que ela falava as lágrimas se acumulavam cada vez mais em meus olhos, até que simplesmente transbordou e eu comecei a chorar como um bebê. Eu sentia o ar rarefeito e meu peito estava apertado. Droga, eu fui tão burro.
- Você realmente jogou sua carreira profissional no lixo por uma foda? Arruinou todos os seus anos de estudo por isso?
- Para! Para, por favor, para... - Eu implorei, sentindo um mal estar que eu nunca tinha sentido antes.
Tudo tem consequências, afinal.
Enquanto eu chorava e me lamentava como uma criança de três anos pensando em como minha vida estaria acabada se eu perdesse meu emprego, um outro policial entrou na sala. A que até então estava me interrogando se levantou e deu espaço para o policial recém chegado. Ele sentou na minha frente e ficamos alguns minutos calados, com o barulho do meu choro forte e sofrido ecoando por toda a sala.
- Avaliamos o seu caso. Park Jimin fará dezoito mês que vem, então não conta como estupro de vulnerável, nem abuso de poder ou nada. Você só precisará pagar uma multa salgada. - Ele sorriu, tentando me trazer boas notícias, mas de bom ali não tinha nada.
Eu apenas assenti, sem forças para argumentar com o que ouvi.
- Você pode parcelar, se preferir. O valor fica de cinco mil, em vinte parcelas de duzentos e cinquenta.
- Eu vou parcelar, obrigado.
Novamente, silêncio. Aquele silêncio torturador, que me destruía lentamente e acabava com qualquer estrutura que eu ainda tinha.
- Alguma dúvida, senhor Jeon?
- Meu trabalho, eu... - Eu murmurei, levantando o olhar pesado por lágrimas, encarando-o. - Eu ainda vou poder trabalhar?
Na ausência de respostas que foi domada pelo silêncio eu sabia. Antes mesmo dele assentir fraco eu já sabia que havia perdido tudo de mais importante para minha vida.
E foi aí que eu realmente desabei em lágrimas, apoiando meu rosto em minhas mãos e as encharcando, sentindo o peso de tudo que eu fiz cair de vez sobre minhas costas. O que porra eu faria da minha vida? Eu poderia facilmente arranjar outro emprego, mas eu jamais poderia lecionar novamente em qualquer outro lugar e isso era como o inferno para mim. Isso não pode estar acontecendo.
Pesadelo, pesadelo vá embora, bons sonhos, bons sonhos venha agora.
A voz de minha mãe ecoou em meu pensamento e eu comecei a repetir para mim mesmo a frase que por anos se tornou o meu refúgio em momentos em que eu desejasse sumir.
Pesadelo, pesadelo vá embora, bons sonhos, bons sonhos venha agora.
Minha garganta secou e a ausência de ar se fez presente. Eu precisei me levantar para recuperar meus sentidos e senti um enjôo, vomitando no chão da sala. O policial correu ao meu lado, acariciando as minhas costas e dando pequenas batidinhas. Ele repetia algumas palavras, mas eu não conseguia ouvir nada, apenas focava naquilo que minha própria mente reproduzia.
Pesadelo, pesadelo vá embora, bons sonhos, bons sonhos venha agora.
Apoiei o peso do meu corpo em meus joelhos, vomitando mais e mais como se de alguma forma aquilo pudesse ajudar. Minha cabeça girava, eu estava confuso, as lágrimas continuavam descendo e a frase de minha mãe continuava martelando na minha cabeça. Eu só quero sair daqui, eu só quero voltar a ter uma vida normal como antes.
Eu tossi os resquícios do vômito presentes ainda em minha boca e a senti arder. Quando viu que eu parei, o policial me guiou até a cadeira, me oferecendo um copo de água. Eu seguirei o corpo em minhas mãos trêmulas, levando-o até minha boca e bebendo um pouco para cuspir para longe. Depois eu dei um gole pequeno, devolvendo o copo para ele e abaixando o meu olhar para o chão.
- Você já está liberado, mas pode ficar um tempo sentado caso precise. Estarei lá fora. Sinto muito.
Eu apenas assenti, sem a capacidade habitual de formular uma frase em resposta. Ele saiu, me deixando sozinho na sala silenciosa. A essa altura, o meu choro havia parado e deixado de memória meu rosto vermelho e inchado e as fungadas que eu dava.
Apoiei meu rosto em minhas mãos novamente, sentindo a minha garganta arder ao prender um grito. Eu não estava bem, eu não ficaria bem.
Foram seis erros. Seis erros. Seis erros que custaram o meu emprego, minha vida, minha licença e pelo visto, minha estabilidade emocional também. Eu ainda não posso acreditar que fui capaz de perder toda minha vida por um garoto que eu sequer nutro sentimentos.
Respiro fundo antes de levantar da cadeira e caminhar até a porta, saindo da sala e vendo o policial em pé do outro lado. Aceno para ele antes de me virar e prosseguir ao caminho que me levaria para fora da delegacia. Jimin e sua mãe não estavam mais lá, provavelmente já estariam em casa.
Com tudo pronto, eu saí da delegacia com a expressão cabisbaixa e os ombros encolhidos. Eu sentia que podia me jogar na frente de algum carro a qualquer momento. A minha vida não tem mais sentido nenhum.
Cheguei em meu apartamento depois de alguns minutos de caminhada. Soltei uma lufada de ar e entrei dentro de minha residência, jogando as chaves em qualquer lugar e me deitando no sofá.
Meu celular começou a vibrar e eu o peguei, vendo que eram mensagens de Jimin. O que está havendo?
babe: ah, oi, jungkook
[mensagem enviada às 12:21]
babe: eu realmente sinto muito por hoje...
[mensagem enviada às 12:21]
babe: não posso me imaginar perdendo o emprego que eu amo.
[mensagem enviada às 12:21]
babe: eu estou indo pra busan
[mensagem enviada às 12:21]
babe: minha mãe tá me obrigando a morar lá com os meus avós
[mensagem enviada às 12:22]
babe: eu vou ficar longe de você, dos meus pais e até dos meus amigos...
[mensagem enviada às 12:22]
babe: tenho direito a vim visitar seul todo fim de semana
[mensagem enviada às 12:22]
babe: mas eu não tenho direito de visitar você
[mensagem enviada às 12:22]
babe: então, é...
[mensagem enviada às 12:22]
babe: nós acabamos tudo aqui
[mensagem enviada às 12:22]
babe: obrigado pelos momentos de porno. foram agradáveis
[mensagem enviada às 12:23]
babe: e desculpe por ter arruinado a sua vida
[mensagem enviada às 12:23]
babe: por favor, cuide-se!
[mensagem enviada às 12:23]
babe: eu sei que não devo mas...
[mensagem enviada às 12:23]
babe:
[mensagem enviada às 12:24]
babe: bom, até quem sabe uma próxima, papai
[mensagem enviada às 12:24]
Você não pode mais enviar ou receber mensagens desse contato.
Joguei o meu celular para longe depois de ler e reler cada uma de suas mensagens, me encolhendo em cima do sofá e escondendo o meu rosto entre minhas pernas.
Eu me sentia deprimido, fora de mim e podia sentir toda minha alma indo embora do meu corpo. Eu não me sentia disposto para nada a não ser chorar e chorar e isso era deprimente.
Durante o resto do dia eu permaneci assim. Durante o resto da semana, também. Quem sabe até do mês. Eu só sei que continuei vivendo e "saudável" graças aos meus amigos que traziam marmitas para mim e só iam embora depois de me ver comer.
Essa não foi a história de um professor que se envolveu com um aluno e terminou casado com filhos.
Essa foi a história de um professor que preferiu uma transa ao seu emprego e acabou deprimido e sem motivação para nada ao perder sua licença, com o aluno no qual se envolveu estando a 325 quilômetros de si.
🔹
ola só pra quem votou no número 3
se vocês não viram meu surto no mural, não sabem que esse capítulo era pra ser saído a uns 2/3 dias, né?
mas pulando essa parte chata, vamos nos despedir da nossa bebê (que está com quase 100k!) da forma correta
eu agradeço por todos os momentos que tivemos, os felizes, tristes e irritados, até mesmo quando eu queria socar a cabeça de vocês na parede
eu sou muito mais feliz com fmd e desapegar dela vai ser difícil. foi uma fic importante pra mim e eu agradeço muito a vocês toda a repercussão que ela teve, assim eu pude ter meus 5 minutinhos de fama
eu preferi postar isso logo pra não me compromissar depois com algo que eu não poderia fazer. mesmo não estando 100% bem agora, eu prefiro postar já que eu sei que vou enrolar mais e mais
mesmo fmd estando acabada, levem os meus comentários pra vida viu? lavem as mãos, comam direitinho e se cuidem sempre! estarei observando
pra aqueles que realmente gostaram da minha escrita, sugiro que leiam minhas outras obras e me dêem mais biscoito 🙏
brincadeiras a parte, eu postei uma nova fanfic jinkook clichê pra aliviar a tensão que nós estamos vivendo ultimamente onde só tem narrativa!
bom, se cuidem sempre
eu amo muito muito vocês e obrigada por tudo, por cada conquista, por cada xingamento e me desculpem por esse final ruim :(
até nas minhas outras obras ou não sei! tchau eu amo vocês 💓
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