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Síndrome do Impostor

  Risquei do papel a última frase que escrevi. Duas horas haviam se passado e tudo que eu tinha era um parágrafo cheio de rasuras. Minhas mãos suavam ao redor da caneta e eu me remexia inquieto na cadeira. Algo me incomodava. Sabia que meu visitante apareceria em pouco tempo, eu precisava escrever as 2000 palavras que faltavam até as três da manhã.

  Respirei fundo, decidido a recomeçar. Tomei um gole de café frio e reli a última folha. Eu deveria terminar o mais rápido possível, a editora já estava cobrando o prólogo do meu novo livro.

  Eu não conseguia entender o que estava fazendo de errado, o porquê de não conseguir escrever. Eu tinha uma ideia grandiosa e um roteiro pronto, mas meu cérebro parecia ter se esquecido de como transcrever meus pensamentos para o papel, me fazendo batalhar para colocar emoções em palavras que me soavam vazias.

  Meu quarto me sufocava, a música clássica não surtia efeito, a folha que usava estava rabiscada até a metade em uma letra incompreensível. O café havia acabado. Tinha calos em minhas mãos. Meus olhos ardiam, resistindo à vontade de se fecharem. Meu visitante estava prestes a chegar.

  Deixei de lado minha mesa de trabalho e girei pelo quarto, me sentia tentado a deitar na cama e esquecer de meus "problemas de escritor" por um tempo.

  As prateleiras repletas de livros alertavam: Você nunca será como a gente.

  Livros egocêntricos de escritores exigentes.

  Engoli em seco. Pisquei mais forte. Estava enlouquecendo. Senti meu coração disparar quando alguém bateu à porta.

  Ele sempre batia, mesmo podendo entrar quando quisesse. Sempre achei que fazia isso apenas para me assustar, talvez fosse drama, ele tinha essa veia teatral com ele.

  Ele me perseguia, não importava em que buraco eu estivesse escondido, ia desde o banheiro até o porão da minha sogra para me importunar.

  Bateu. E antes que o mandasse entrar, ele abriu a porta lentamente, como um pai curioso. E caminhou relaxado, se jogando em minha cama como um velho amigo faria. Acomodado em cima dos lençóis esverdeados da minha cama, começou a soltar suas típicas gargalhadas histéricas, rindo como um lunático ao som do dedilhar de Beethoven que saia da caixa de som.

— Preciso de mais café — me pronunciei antes que ele começasse mais um de seus discursos avassaladores.

  A água estava fervendo. Meu coração palpitava. Era sempre assim. Eu começava a questionar tudo ao meu redor, criando hipóteses de que todos estavam em um complô para me iludirem com ideias grandiosas.

  De repente os planos para futuros trabalhos desapareciam, os personagens pareciam bonecos sem vida e os cenários que passava horas criando desabavam. Me fazendo esquecer emoções, desejos e ações, simplesmente porque não saberia transformá-los. Porque eu não era bom em nada que fazia.

  Quando retornei ao quarto, o homem de sorriso arteiro e roupas coloridas estava sentado, julgando meu estúpido trabalho. Estudava cuidadosamente as folhas cheias de rabiscos e floreios estranhos, passando os dedos pelas linhas e examinando a escolha de palavras de trechos que não foram revisados.

— Você já foi melhor nisso.

  Arranquei as folhas de suas mãos com violência, acolhendo-as em meu peito de forma protetora, temendo as palavras que estavam prestes a saírem daqueles lábios, cuja a voz pingava como melaço, grudando e não saindo de meu encalço.

  O vi se esgueirar para a ponta da cama, a postura reta, o rosto firme. Apertei os olhos. Estava escuro.

— Você também já teve apresentações mais empolgantes — tropecei nas palavras e no chão, algumas gotas de café saltaram para fora.

— Você pode me explicar o que é "isso"? — ele apontou para as folhas.

— "Isso" é meu trabalho.

— Isso? Você sequer já leu o que escreve? Está horrível — se levantou da cama. — Seu texto não tem coerência ou lógica. O que é isso no segundo parágrafo? Called e Dina são amantes e o seu grande plot é fazer com que o pai de Called seja pai dela também? Eles são irmãos e namorados? Qual é o seu problema?

  Busquei no fundo da minha mente um argumento que o refutasse, mas ele estava certo. Eu não tinha pensando nesse detalhe na verdade.

— Incesto está na moda.

  Silêncio. Me aproveitei de sua surpresa estarrecida para guardar as folhas e esconder mais algumas anotações. Isso não estava dando certo.

— Acha mesmo que vai conseguir escrever? Você acha que é um escritor?

— Eu já publiquei dois livros.

— Seu primeiro livro foi um erro e ninguém leu o segundo. Sua carreira é uma piada. Você é um erro.

  Parei no meio de uma volta ao redor do quarto. Respirei. Olhei para baixo. Para o lado. Para minha estante cheia de livros. Suas palavras se chocarem contra mim como uma bola de construção demolindo minhas esperanças.

— Você só sabe se lamentar, David; ter pena de si mesmo não vai te levar a lugar algum, a inspiração não vai cair em cima dessa sua cabeçona. Se você quer ser um escritor, aja como tal.

  Fiquei incrédulo, processando as palavras que ele dizia. Me levantei do chão sendo pouco mais que um lixo. Era um homem sem expectativas, alguém pensando seriamente em desistir de uma carreira de 23 anos. Me sentia como um grão de areia no deserto, procurando se destacar sem nada ter de especial. Eu nunca seria como grandes escritores, nunca seria lembrado como Júlio Verne ou estimado como Stephen King. Não criaria grandes histórias como Jane Austen ou perpetuaria minhas palavras em poemas eternos como Clarice Lispector. Eu sumiria da mente dos meus leitores, poucos seriam aqueles que lembrariam de minhas obras com relances de carinho. O nome de David Morais sumiria das bibliotecas e dos sebos das esquinas de bairros. Aqueles que leram meus livros os reapresentariam décadas depois como um trash literário, e até os mais jovens escritores poderiam ver que fui uma vergonha.

  Minha narração rasteira, meus personagens vazios e meus enredos sem emoção seriam minha condenação. Me leve para o juiz das palavras e vejam ele me condenar a reescrever tudo que já fiz, então eu passaria décadas tentando fazer com que minhas frases soassem tão bem quanto o som de um pássaro no amanhecer de um dia de outono. Estou divagando.

  E eu bem divago bem. O que há com todas essas metáforas?

— Comece a escrever ou vá dormir, David; está bem claro que ficar sentado olhando para o papel não está funcionando.

  Eu pisquei e quis deitar, mas Ele estava certo, não estava funcionando, mas eu não podia me deitar. Tinha que escrever, esse é p meu trabalho, com ou sem aviso de Impostor. Então eu vou deixar isso de lado e ir trabalhar.

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