Capuz de quê?
A menina deu um passo para trás quando seus olhos vislumbraram a figura peluda entre as árvores da floresta. Segurou mais forte a cesta em suas mãos, prendeu a respiração e levantou a cabeça, não podia sentir medo.
Fez o possível para ser silenciosa ao andar. O coração palpitando desesperado dentro de seu pequeno corpo.
Um. Dois. Três passos. Até que um barulhento – crack – estralasse sob seus pés. Era um galho.
O barulho se perpetuou por toda a mata fazendo com que alguns pássaros voassem e as felpudas orelhas do lobo se virassem na direção do estrépito e sua boca se curvou em uma espécie de sorriso ao concluir que a garotinha do capuz estava andando sozinha pela mata.
A menina pensou em correr assim que viu o animal se aproximar, mas resistiu a esse impulso, engoliu em seco e decidiu encarar. Estava com medo, assim como todas as outras vezes em que passará pela floresta, mas ela não iria desistir.
O lobo se aproximou e, sorrindo com todos os dentes, questionou o que garotinha trazia em sua cesta.
— É um presente para minha avó. Você quer ver? — sugeriu igualmente sorridente.
O lobo se animou com a ideia.
A garota enfiou a mão dentro da cesta como se procurasse pela coisa certa para mostrar.
Vendo que ela iria demorar, o lobo resolveu investigar:
— E para que serve essa coisa? — lambeu os lábios ao imaginar.
Seria uma torta? Uma travessa de batatas? Um pote de compota? O que poderia ser?
— É para me esquentar nos dias frios — respondeu a menina.
Por um momento o lobo ficou sem entender. O que poderia ser? O que poderia ser? Sopa? Chá? Mingau?
A constatação veio quando a garota tirou de sua cesta um reluzente punhal e avançou, antes que ele pudesse reagir era tarde demais.
Não demorou a anoitecer na floresta, mas dessa vez a lua não tinha quem uivasse para ela e Samantha teria um novo capuz de pele para o inverno.
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