
No clima
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LUCILLE
Me sinto do avesso. Não faço ideia de como aquela tocha humana — como Caius bem havia nomeado — conseguiu entrar na minha mente mesmo a tantos quilômetros de distância, mas com certeza não estava ansiosa por uma segunda demonstração de seu poder. Rezava inutilmente para que seu cérebro tivesse sido torrado pela experiência tanto quanto o meu.
O único consolo que tenho é a certeza de que ela vai levar mais tempo para se recuperar.
Enquanto a água escorria pelo meu corpo, tirando a terra e levando a sujeira pelo ralo, eu só conseguia pensar nas horas em que passei sob o domínio dela. Era como se eu estivesse presa em um labirinto na minha própria cabeça, me deparando de novo e de novo com becos sem saída. Eu corria na escuridão absoluta e me sentia uma inútil, tentando lutar contra as coisas que prendiam meus braços e minhas pernas, tentando me fazer parar.
Por um momento, me deixei vencer e ela tomou conta, mas eu sabia que ela já estava se esforçando demais e que se cansaria logo, por isso a deixei entrar, mas ainda assim não consigo me convencer que foi a melhor escolha a ser feita.
Ela sabe da verdade e é provável que tenha mostrado a Aro — se é que estão do mesmo lado. Agora minha cabeça está mesmo a prêmio e eu fico me lembrando de Alec, me perguntando o que é que ele vai achar. Me recorrem as memórias que eu sei que não são minhas.
Voltei a ser criança em uma antiga aldeia, usando roupas pobres e rasgadas que era basicamente o uniforme de todas as crianças à minha volta. Estava encarando meu joelho ralado, mas eu não chorava nem me importava com a dor, aquilo me irritava, na verdade, já que sempre odiei sangrar.
Quando ergui os olhos, encarei o garoto que me empurrou com raiva. Desejei ardentemente que ele pagasse por aquilo, que sofresse o dobro de dor que havia me causado.
— Aberração!— ele dizia, cuspindo em mim. Sabia que as pessoas que mexiam comigo e me desagradavam sempre acabavam se dando mal. Talvez não acreditasse no que falavam, o que parecia a melhor opção dada a sua ignorância em vir me agredir.
— Fica longe dela!— Alec vinha intervindo, como sempre, mesmo que eu nunca pedisse por sua proteção. Partiu para cima do garoto com uma pedra na mão, metendo-a no rosto do outro, uns dois anos mais velho que a gente.
O menino sangrou, mas não demorou a empurrar Alec para o chão, bem do meu lado.
Ele e seus amigos que nos cercavam, começaram a nos chutar e Alec tentou inutilmente proteger meu corpo com o seu.
— Saiam daqui, suas pestes, saiam daqui!— gritou uma velha mau humorada, dona da casinha atrás de nós. Ela não se importava que nós tínhamos sido espancados, na verdade, não demorou a jogar água suja em nós, como se sequer tivesse nos visto no chão depois de botar os meninos para correr.
Alec saiu de cima de mim, ofegante e bem mais ferido. Uni as sobrancelhas ao ver o seu olho esquerdo sangrando e o seu rosto sujo de terra.
— Você não devia ter se intrometido.— censurei, tirando a sujeira da sua bochecha com cuidado. Meu gêmeo sorriu para mim, passou o polegar na própria testa até ponta do nariz e depois fez o mesmo comigo, só que com o dedo mindinho.
— Eu... sempre protejo... você.— ele disse. Ele que inventou esse gesto e o deu tal significado. Eu nunca entendi de onde Alec tirava essas coisas. Mas sempre gostei.
A poucos metros de nós, o garoto que havia cuspido em mim havia sido pisoteado por um cavalo descontrolado.
Sinto tanta falta de Alec.
Eu abri os olhos e voltei ao presente, ao banheiro barato de motel de beira de estrada. Lá fora haviam sirenes, os bombeiros chegavam sem parar e tentavam controlar o fogo que surgira de repente na floresta há poucos quilômetros de nós já tinham horas. Desliguei o chuveiro e comecei a me secar com a toalha que já estava disposta no banheiro, me enrolei na mesma e saí.
No quarto, Jasper estava de costas para mim, revirando uma mala que nós roubamos de um casal no quarto três, pois os tolos foram para a estrada e deixaram a porta aberta, curiosos demais com os bombeiros para ver o vulto do loiro entrando e saindo com sua mala. Discutiram com o gerente do motel por horas antes de desistirem e irem embora, porque a burrice tinha sido deles e o motel não possuía câmeras de segurança. Não havia o que ser feito e o gerente se recusou a checar quarto por quarto — bom pra ele.
Jasper também tinha acabado de sair do banho, uma outra toalha branca estava ao redor da sua cintura e seus cabelos estavam molhados, penteados para trás. Eu acho que gosto muito das costas dele, porque simplesmente não consegui parar de encarar seu corpo. Fechei a porta do banheiro e ele me olhou por cima do ombro com os olhos âmbar cerrados, insuportavelmente sexy.
Tive um déjà-vu.
Não entendo porque ele se arriscou por mim de novo. Poderia ter me abandonado tanto no acidente de carro quanto quando Chinara tomou controle do meu corpo e me guiou para os meus caçadores. Não iriam atrás dele, ainda mais depois de descobrirem através das minhas lembranças que ele não sabe da verdade sobre Jane.
Ele podia ter ido, mas ficou e lutou comigo. Eu não consigo entendê-lo ainda mais porque eu sei que o abandonaria se a situação fosse o contrário.
— Achou algo de útil?— fui para o seu lado e nossos ombros nus se roçaram.
Ele me encarou por um tempo antes de voltar a examinar as roupas do homem.
— Não muito. Ele é menor que eu. As calças não cabem em mim— desabafou, pegando uma camiseta vermelha e a vestindo. Pesquei uma lingerie preta de renda entre os dedos e Jasper e eu trocamos olhares, desviando-os rapidamente. Larguei a calcinha de lado e me enfiei numa regata vermelha e numa saia de couro, para só então deixar minha toalha cair no chão. Jasper me deu uma espiada de rabo de olho, mas não falou nada.
No quarto ao lado, a cama rangia e batia contra a parede, gemidos ecoavam altos demais para nossa audição aprimorada. Devia ser umas sete da manhã — não pude ter certeza porque o relógio da cabeceira estava quebrado às três e quarenta e quatro —, esses humanos tem muita disposição.
O clima não poderia estar melhor, penso com ironia. Vamos ficar presos aqui até escurecer de novo se não houver uma tempestade que cubra o céu de nuvens. Jasper pode sentir o tesão daquele casal através da parede?
— Fica sem calça, então— eu digo e dou um sorrisinho quando ele me olha torto.
— Aposto que você adoraria isso— pelo seu tom, ele não está no clima. Correu para me socorrer hoje de novo e não está no clima para transar comigo, mesmo com seu braço recuperado.
— Óbvio que não— me larguei na cama de frente para ele e fiquei o encarando, sabendo que se ele olhasse em minha direção poderia ver por baixo da minha saia apertada.
Jasper finalmente achou uma calça moletom e a vestiu. Sei que está se impedindo de me encarar. Ele sabe o que eu estou sentindo.
— Por que você não vai embora?— eu o pergunto.
— Está claro lá fora— ele fechou a mala e a largou no chão, vindo se deitar do meu lado e encarar o teto. Rolei na cama e fui montar no seu colo, o fazendo olhar para mim. Ele poderia me tirar de cima, se quisesse, mas ele não fez isso. Suas mãos deslizaram pelas minhas coxas, acariciando-me de um jeito despretensioso.
— Entendeu o que eu quis dizer.— inclinei-me na sua direção e o encarei— O que você quer de mim, Jasper?— perguntei-lhe baixinho. A cama dos vizinhos parou de bater contra a parede e eles estavam ofegantes, seus corações batiam com força. O ar fedia a sexo.
— O que eu poderia querer de você?
— Eu não sei. Parece que, quando você vem correndo atrás de mim, tem a esperança de que eu me apaixone por você— cerrei os olhos e segurei seu rostinho lindo— Você quer que eu me apaixone por você, Jasper?
Ele agarrou meu pulso, me obrigando a soltar seu rosto, e se sentou, deixando o seu rosto bem pertinho do meu.
Podemos morrer a qualquer momento, eu posso ser possuída, capturada e torturada com qualquer vacilo. Tudo pode acabar sem que eu nem saiba como. Não me questiono muito sobre como diabos eu posso ser capaz de sentir vontade de dar no meio de todo esse caos. A culpa é toda dele. E do clima. Não podemos sair do quarto.
— Acha mesmo que eu vou querer algo que eu sei que você não pode oferecer?
Nós ficamos nos encarando com apenas um palmo de distância separando nossos lábios. Eu não sabia se suas palavras doíam, mas sabia que não havia gostado de ouvi-las.
— Faz diferença se eu posso te oferecer isso ou não, príncipe encantado?— fecho os braços ao redor de seu pescoço.
Jasper olhou meus lábios e tocou meu queixo.
— Não a curto prazo— ele balança a cabeça— E o curto prazo é tudo o que nós temos.
Eu não entendo ele, não sei quem ele é, quais seus propósitos ou desejos. E realmente não faz diferença. A gente vai morrer, não temos tempo para isso.
Jasper emaranhou os dedos nos meus cabelos molhados e me puxou para um beijo. Nossos lábios se encaixaram e ele fechou o braço ao redor de minha cintura.
Não significa nada, eu penso enquanto ele me levanta para que eu fique de joelhos e puxa minha saia de couro para baixo, beijando minha barriga. Tiro a regata e logo estou completamente nua. Voltamos a nos beijar e ele agarra minha bunda com força enquanto eu o livro de sua camiseta. As roupas que mal usamos vão parar no chão, ao pé da cama.
— Não vamos quebrar nada.— eu disse contra seus lábios.
— Shh, Luci, shh.
Peguei seu pênis e o guiei para dentro de mim, começando a cavalgar o loiro. Ele enfiou a cara nos meus peitos e eu voltei o rosto para o teto enquanto rebolava, sentindo-o me preencher e chupar meus mamilos.
Não quebre nada, eu falei para mim mesma. Não chame atenção. Não faça barulho.
Jasper puxou meus cabelos e voltou a me beijar. Era difícil manter nossas línguas entrelaçadas enquanto eu pulava nele sem parar. Seu braço apertava minha cintura com força, mas nada comparava com a sensação dele estar dentro de mim. Entrando e saindo, sob meu controle. Apertei seu ombro e Jasper prendeu meu lábio inferior entre os dentes.
Eu gemi e a nossa cama começou a bater contra a parede. Ele bateu na minha bunda e beijou meu pescoço, passando a língua na minha pele cheia de cicatrizes.
— Se solta, querida— ele disse contra minha clavícula.— Acaba comigo, Lucille— ele implorou.
Se eu tivesse um coração funcionando, ele estaria acelerado nesse momento.
Empurrei Jasper contra o colchão e rebolei no seu colo como se tivesse todo o tempo do mundo. Um sorriso sacana cresceu nos seus lábios e eu apoiei a mão no seu peitoral desenhado por Deus. Minha mão livre foi para o seu pescoço e eu o olhei nos olhos enquanto o sentia por completo.
Ele estava completamente rígido, e a cama quebrou com as minhas sentadas. Não tinha outra forma dele fazer aquela cara de prazer se não fosse na força. Subitamente, cravei meus dentes no seu pescoço e ele soltou um gemido de dor, invertendo as posições para ficar no controle.
— Sua desgraçada.— ele rosnou e eu tive vontade de rir.
O senso de humor foi apagado quando ele agarrou meus pulsos e os prendeu sobre minha cabeça. Fechei as pernas ao redor de sua cintura e não pude conter todos os gemidos que queriam me escapar enquanto ele se movia em cima de mim. Jasper me mordeu assim que tirei meus dentes da sua pele e eu segurei o grito. Doeu.
— Eu te odeio. Eu te odeio pra caralho.— eu disse com dificuldade. Ele não respondeu e eu olhei para o teto, pensando em como um espelho cairia bem nessa hora, porque eu sei que ficaria ainda mais excitada ao ver as costas de Jasper cobrindo meu corpo. Tentei soltar meus pulsos, mas ele me prendia com toda a força— Jazz.
Ele me calou com um beijo agressivo e eu quase esqueci de todo o resto.
Jasper me virou de bruços e puxou meus quadris, me fazendo ficar de quatro para ele. O olhei por cima do ombro com um sorrisinho malicioso tomando conta dos meus lábios.
Eu só espero que Chinara não me possua agora, pensei enquanto ele me penetrava e batia na minha bunda como se eu fosse uma vagabunda. Eu ficaria bastante chateada com ela.
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Nota da autora:
Desculpa a demora para postar, estava esperando a maveezzz atualizar a fic dela com o nosso amado Jasper Hale, Moriturism o nome, recomendo muitoooo!
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