06 | FORA DE CONTROLE
𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐒
CAPÍTULO SEIS
FORA DE CONTROLE
QUATRO DIAS SE PASSARAM desde o primeiro beijo de Margot Goldwing e Sirius Black, que agora brigavam a todo momento ─ quando ninguém estava olhando, é claro ─ e tentavam se ignorar quando não estavam juntos.
A verdade era que Sirius não conseguia tirar o beijo de sua mente. Nunca imaginaria que os lábios de Margot, que sempre eram usados para desferir ofensas e respostas mal-educadas, pudessem ser tão suaves.
─ Ela com certeza estava brincando. ─ murmurou para si mesmo, jogado em sua cama. ─ Tenho certeza que beijo bem.
Infelizmente, ele não tinha reclamações sobre o ocorrido, e na verdade, até gostara. E é claro que aquilo já o fazia sentir náuseas; não podia gostar dos beijos de Margot!
Implicar com a garota estava se tornando seu passatempo preferido: ficavam horas discutindo sobre a família gostar mais de de Sirius do que da própria menina, que o xingava de todos os nomes possíveis por não estar cumprindo com o combinado feito em Hogwarts.
Aaron estava adorando, é claro. Nunca pensou que fosse ser tão divertido assistir a prima brigar com o falso namorado durante horas. Mas também, nunca imaginara que algum dia aquilo aconteceria.
─ Saia do quarto, vou te ensinar a dirigir. ─ Margot se encostou no batente da porta, cruzando os braços e o encarando com desprezo.
─ Dirigir? Ora, já sei andar de vassoura e de moto.
─ E quem falou de vassouras e motos? ─ perguntou, vendo-o franzir o cenho. ─ Vamos de carro.
E simplesmente deixou o quarto, com um sorriso que Sirius não tinha certeza sobre ser genuíno. Parecia-se com o sorriso do boneco assassino Chuck, que ele já vira em algum filme.
Se arrumou rapidamente, fazendo questão de vestir a jaqueta que ganhara de Louise, em uma forma de afrontar a neta da mesma. Desceu as escadas devagar, numa tentativa de irritar Margot ainda mais, e por fim, a encontrou do lado de fora.
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─ Não se preocupe, é como andar de vassoura. ─ Margot disse, se virando para o nervoso Sirius no volante.
─ Você não sabe andar de vassoura, Goldwing.
O carro era dirigido devagar pelas ruas vazias próximas à propriedade da família de Margot. Black ainda não se acostumara, e apertava o volante com força. Seu pescoço estava tão duro quanto uma pedra, e ele olhava apenas para sua frente.
─ Nesse caso, não relaxe muito. ─ deu de ombros, se assustando ao passar por um quebra-molas e bater a cabeça no teto. Sirius emitiu um curto grito, a fazendo o olhar com deboche. ─ Onde está toda sua marra, amor? Oh, você a atropelou?
O garoto bufou alto, controlando sua vontade de se virar para a loira.
─ Sabe, é impossível bater o carro no vento.
─ Ora, e se aparecer algum carro trouxa!? ─ questionou, logo trincando a mandíbula. ─ Margot, eu quero ir embora!
─ Então nos leve embora! ─ desafiou, e Sirius quis chorar ao volante. Não estava se dando bem com aquele veículo, não mesmo.
O rapaz diminuiu a velocidade do carro gradativamente, vendo mais uma elevação se aproximar.
E então, o carro morreu.
─ Eu vou aparatar daqui e te deixar sozinha.
Margot se inclinou para o lado e tentou ligar o carro novamente, mas não conseguiu. Ela insistiu por longos minutos, por fim, dando um tapa forte no volante e praguejando.
Tudo estava dando errado.
Mas ainda existiam motivos para se divertir, afinal.
─ Ainda não acredito que você quase se borrou por dirigir um carro. ─ ele riu, se jogando em seu lugar novamente. ─ Em uma estrada vazia, acho válido lembrar.
Sirius não respondeu, apenas revirou os olhos e abriu a porta, descendo do carro e indo até o lado de Margot. Abriu a porta da menina, e a puxou pelo pulso, fazendo-a sair.
─ Como se conserta um carro?
─ Não acho que exista um feitiço.
─ E como vamos embora? Aparatando?
─ Não tenho permissão para aparatar.
E mais uma vez, o Black bufou, apoiando as costas no carro e olhando para cima.
─ Ora, vamos a pé.
─ A pé?! ─ ele perguntou, arregalando os olhos. ─ Estamos a milhas de distância!
Margot riu, balançando a cabeça negativamente.
─ Você realmente acha que chegamos longe com você dirigindo àquela velocidade?
─ Pare de me chatear, me dê sua mão e vamos aparatar, eu te levo. ─ estendeu a mão para a menina, que a pegou, dando de ombros.
Sirius engoliu em seco, ao sentir um arrepio percorrendo seu corpo. Ele não estava sentindo aquilo por Margot, não era possível!
Ou talvez fosse. E isso o chateava.
─ Minha função na terra é te chatear, Black.
E estava cumprindo com êxito. Ora, ela não tinha nenhuma razão para o ensinar a dirigir, a não ser chateá-lo.
Ele se virou para a menina, a observando bem. Os olhos desafiadores encaravam o nada, e o vento fazia seus cabelos voarem para todos os lados, e entrarem em sua boca entreaberta, a fazendo sacudir a cabeça e soprar os fios teimosos.
Porquê ele a achava bonita até daquele jeito? Se estivesse normal, estaria chamando-a de aberração.
Sirius Black estava emocionado, era isso. Por Merlin, só haviam dado um beijo, e nem ao menos fôra verdadeiro.
─ Se tivéssemos ido à pé, já estaríamos lá.
─ Me diga a verdade, Margot. ─ Sirius soltou, repentinamente, com os olhos cerrados. ─ Eu beijo mal?
─ Pergunte à Marlene. ─ mandou. ─ É ela quem você beija todos os dias.
─ É você quem é a minha namorada. ─ retrucou, dando um sorriso ladino. ─ Qual é, Margot? Está com medo de admitir.
A loira o olhou, sorrindo com escárnio e levantando as sobrancelhas.
─ Não tenho medo de nada, meu bem. ─ deu um passo para a frente, se aproximando.
─ É mesmo? ─ Sirius questionou, irônico, se aproximando mais. ─ Uma grifinória de respeito.
Margot cerrou os olhos, dando um pequeno sorriso fechado, e então levantou uma sobrancelha, desafiadora.
─ Você me deve uma resposta, Goldwing.
Se encararam por alguns segundos, quando Margot se aproximou mais ainda, erguendo a cabeça com um ar superior.
─ Ora, Black, você sabe que... ─ foi interrompida.
Sirius Black segurou seu rosto, a puxando para colar seus lábios uns aos outros. De início, ela não correspondeu, mas logo cedeu abertura para que o rapaz pudesse movimentar sua lingua como desejasse.
Pôde sentir Sirius sorrindo, e logo passou uma das mãos pelo cabelo do rapaz, aprofundando o beijo.
Aquilo tinha saído totalmente de controle, ela sabia.
Mas não queria parar.
E Black, bom, ele entendera que havia perdido qualquer resquício de sanidade que existia em si quando puxou aquela menina para o segundo beijo dos dois. E Margot se xingava mentalmente, por corresponder.
Quando se separaram, Sirius encostou suas testas, dando um sorriso ao ver as bochechas da menina atingirem o tom de vermelho.
─ Está ficando vermelha, amor. ─ brincou. ─ Imagino que seja uma homenagem à Grifinória.
─ O que estão fazendo!?
Os dois se viraram rapidamente, assustados, dando de cara com Aaron os encarando surpreso e confuso, abrindo um sorriso ao ver os dois se separando.
─ Uau, vocês são ótimos atores! ─ riu, cruzando os braços. ─ Ah, é! Não estavam fingindo.
─ Saia daqui, Aaron. ─ Margot revirou os olhos, ficando ainda mais vermelha.
─ Claro, vou dar privacidade aos dois. ─ disse, gargalhando, e Sirius comprimiu os lábios, mexendo no cabelo. ─ Não façam nada que eu não faria!
E então, foi embora, murmurando algo como "A titia deveria ter visto isso!". Margot olhou para Sirius com uma sobrancelha levantada, sendo respondida com um sorriso cafajeste.
─ Só estamos dando mais realidade ao plano.
─ É claro. ─ concordou, balançando a cabeça freneticamente, e suspirou. ─ Que merda, Sirius! Não tinha ninguém perto!
─ Pessoas chegam o tempo todo.
Margot se virou lentamente, o olhando com deboche, e ele deu de ombros. Ficaram em silêncio por um tempo, ambos pensando sobre o rumo que aquele acordo estava tomando.
Um totalmente diferente do que Margot queria, é claro.
Quanto à Sirius, ele estava mais confuso do que nunca. Ele era, sim, um grande cafajeste; mas nunca pensou na garota ao seu lado daquele jeito. Nunca sentira vontade de a beijar.
E agora, essa era a única coisa que passava por sua cabeça.
─ O que estamos fazendo, cara? ─ Margot afundou o rosto nas mãos, frustrada, e Sirius arqueou as sobrancelhas. Ela estava fazendo uma tempestade num copo d'água.
─ Foi apenas um beijo, Margot. Não é como se estivéssemos namorando. ─ ele riu, e logo consertou: ─ Ah é, nós estamos.
─ Acho que as coisas fugiram do meu controle. ─ Margot murmurou, contra sua vontade. ─ Minha família te ama. Estamos nos beijando sem necessidade. Como isso aconteceu?
─ Não sei. ─ Sirius engoliu em seco, suspirando. ─ Mas eu não vou reclamar de nada.
Goldwing virou a cabeça para encara olhar Black, que encarava o céu, pensativo. Ela deu um sorriso, levantando uma das sobrancelhas.
─ Aposto que eu beijo melhor do que você esperava.
─ Eu nunca disse o contrário, amor. ─ e ali estava, novamente, aquele tom desafiador e cafajeste. ─ E você não precisa mais responder a minha pergunta. Se eu beijasse mal, você não teria correspondido.
Ficaram em silêncio por mais um tempo, se encarando, até a menina balançar a cabeça, afastando quaisquer pensamentos relacionados àquele assunto de sua mente.
Estendeu a mão para Sirius, que entendeu o recado. Aparatou quase que imediatamente, mentalizando a mansão da família Goldwing.
─ Nos vemos amanhã, Margot. ─ Sirius se despediu, com um sorriso. Soltou a mão da garota, indo em direção ao seu quarto.
A sala estava vazia. Margot deixou seu corpo afundar no sofá, encarando o teto acima de si e bufando alto, pensando nos acontecimentos dos últimos dias.
Sempre soube que sorte era uma palavra inexistente em seu vocabulário, mas não esperava que as coisas pudessem fugir de seu controle tão rápido quanto havia acontecido.
Ela não podia gostar de beijar Sirius Black.
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