Capítulo 42 - Final
Desço do carro as pressas para dar passagem para Christian carregar Maia. Entramos no na casa de madeira, Maia é colocada em um canto, ela chorava e gemia de dor.
-Calma Maia. – Diz Melly procurando coisas em todas as mochilas para ajudar a irmã. – Vai ficar tudo bem. – Tentava acalmar a irmã e a si mesma.
Fico próxima a janela junto com Spencer em alerta ao lado de fora, não demoraria muito para que o outro time nos achasse. Estava ofegante com a adrenalina correndo em minhas veias ao mesmo tempo que mal consegui respirar.
Escuto o som de tecido sendo rasgado e Maia grita de dor mais uma vez. Estava com medo de não dar tempo para fazer todo o procedimento que precisasse.
-Nara. – Christian me chama estando na janela da outra ponta. Vou até ele. – Esta vendo? – Ele aponta para fora da casa um tipo de muro alto de metal. – Aqui é o final. – Ele diz me fazendo ficar sem reação.
Vou em passos apressados para a porta que tinha na outra ponta da casa e saio sorrateiramente de lá. Tinha uma quantidade de árvores a frente, mais era possível ver lá no fundo uma cor escura de metal. Respiro fundo tentando manter a calma, mais o peso que sentia pelo corpo estava dificultando tudo, viro o corpo para olhar para trás, tenho vontade de gritar quando noto que se aproximava aos pouco o gás.
Entro correndo na casa.
-O gás. – Falo ofegante. Todos eles ficam sem reação.- Então não vai demorar muito... Até a muralha aparecer. - Lidja me olha confusa.
-Se a muralha se fechar vamos ficar presos aqui e morrer pelo gás, mesmo se acabarmos com os outros – Christian conclui meus pensamentos.
-Precisamos ser rápidos. – Lidja diz e então começa ajudar como pode Melly.
Alguns minutos em alerta se passaram.
-Eles estão aqui! – Spencer grita me fazendo sair do lugar.
Sons de tiros ecoa pelos espaço. Vou para trás da casa para ter uma visão melhor do lado de fora, cinco adversários atiravam sem parar na casa de madeira que não iria resistir por muito tempo.
Atrás deles o gás se aproximava os deixando mais eufóricos e desesperados. Saio de trás da casa destravando a arma e atirando em suas direções, acerto um deles que estava sem colete o derrubando, volto para trás da casa e conto quantas munição ainda tinha, soco a madeira a minha frente quando noto ter acabado, a jogo no chão com as mãos trêmulas.
O som comum e arrepiante surgi fazendo com que todos nós soubéssemos que a muralha tinha começado a se fechar, tínhamos que sair de lá o mais rápido possível se não todos iriamos morrer, passa pela minha cabeça que eu simplesmente poderia sair correndo de lá e deixa-los para trás. Algumas lágrimas acabam escorrendo pela minha bochecha quando esse pensamento me sufoca, não podia fazer isso.
Tiro o revolver da cintura e volto a atirar. Corro em seguida para dentro da casa enquanto Spencer e Christian dava conta.
-Temos que sair! – Falo me abaixando ao lado das duas que com as mãos tremendo tentavam ajudar Maia. Me abaixo quando o som da madeira se quebrando nos assusta. – Vamos. – Falo tomando o lugar de Lidja tentando apoiar Maia para levanta-la, a mesma grita de dor com o esforço.
-Nara não dá. – Ela desabafa com lágrimas caindo. – Vocês precisam ir. – Diz ela. – Sem mim, vão!
-Maia não... – Melly começa a dizer.
-Melly. – Maia a interrompe. – Você tem que ir, tem que voltar pro papai. – Ela diz olhando em seus olhos. – Vai.
-Maia, conseguimos te levar mas você precisa levantar agora. – Lidja diz ao meu lado.
-Não. – Diz ela fechando os olhos. – Seu eu for vocês não vão conseguir. – Quando abre os olhos mais uma vez outras lágrimas caem do seu rosto.
Meu corpo estava tremendo, tínhamos que sair de lá, mais a ideia de deixar um para trás era torturante.
-Não vamos aguentar por muito tempo! – Spencer grita enquanto checava sua munição.
-Vão. – Maia diz decidida. Respiro ofegante algumas vezes e me levanto.
-Vamos! A muralha vai fechar! – Grito tomando atenção de todos eles.
Spencer para de atirar e vai para fora da casa. Lidja depois de dizer um "sinto muito" para Maia vai atrás. Christian passa por mim ainda atirando algumas vezes, dou dois passos atrás checando o lado de fora, olho para baixo onde vejo Melly de mãos dadas com Maia.
-Vou ficar com ela. – Ela diz com os olhos marejados sabendo que também era seu fim de jogo.
-Melly...
-Não vou te abandonar Maia. – Ela diz decidida para a irmã. – Obrigada por tudo que fez por nós duas, Nara. – Diz ela deixando rolar uma lágrima de sua bochecha.
-Nara! – Escuto a voz de Christian atrás de mim.
Em minha garganta sentia um nó que dificultava minha respiração. Melly pega sua arma e da irmã indicando que mesmo assim lutariam até o fim.
-Eu sinto muito... – Consigo dizer com as lágrimas dos olhos escorrendo sem parar. – Eu sinto muito. – Falo dando passos para trás. Olho uma última vez para o rosto das duas sentindo um aperto enorme ao virar as costas.
Limpo o rosto molhado e saio da casa de onde o som da muralha estava mais forte. Começamos a correr para longe das trocas de tiros em que as gêmeas tinham com o time adversário.
Spencer corria na frente de todos nós, Lidja estava o alcançando, Christian estava próximo a mim. Eu mal conseguia ter forças para correr, a cada dez passos rápidos que dava olhava para trás, o gás já tinha chegado nos adversários os fazendo ir para frente tentando fugir no veneno enquanto tossiam. Olho para trás uma última vez antes de entrar entre as árvores, a tempo de ver quando três dos adversários entram na casa e atiram nas duas últimas de nós que ficaram para trás. Paro por uns instantes ofegante e com tudo ao meu redor parecendo rodar. Olhando para a casa que estava sendo tomada pelo gás, escuto tiros dentro dela, um que estava do lado de fora passa correndo pela casa tentando fugir do gás enquanto tossia, mas é atingido antes que pudesse conseguir. A casa é coberta pela gás. Por fim um último tiro é lançado.
Olho em volta com a visão embaçada e com tudo girando sentia que iria desmaiar a qualquer momento.
-Nara. – Escuto uma voz de fundo. – Nara! – A voz fica mais nítida. – Temos que ir! – A voz de Christian grita. Pisco algumas vezes, conseguindo concertar a visão e voltar a mim. Christian estava com as mãos nos meus ombros. – Temos que ir! – Ele grita. Olho em volta e o gás estava muito próximo. Lidja e Spencer estavam parados um pouco afrente ofegantes.
Christian me tira do lugar me fazendo ter forças para correr. Começo a correr ofegante no meio dos três que corriam desesperados. O som da muralha estava muito alto, não paramos de correr nem um minuto, nem mesmo quando uma sirene soou por todo o lugar machucando nossos ouvidos. Mais a frente conseguimos ver as duas partes da muralha indo de encontro uma a outra. Minhas pernas já não aguentavam mais, mas se não fossemos mais rápidos do que estávamos sendo não daria tempo, Christian consegue acelerar e ficar ao meu lado. Estávamos quase, quase, só mais um pouco e conseguiríamos. Faltando poucos metros para a muralha se fechar e estávamos a poucos metros de distancia, a poucos metros da saída que julgávamos ser a da nossa liberdade.
Spencer foi o primeiro a passar, Lidja correu conseguindo também, minhas pernas fraquejam me fazendo diminuir o ritmo, Christian passa por mim segurando em minha mão me puxando junto com ele. O espaço para passar foi tão curto que nós dois tivemos que virar o corpo para passar. Quando termino de passar o pé a muralha se choca fazendo um som alto. Estava ofegante, desesperada para recuperar o fôlego respirava rápido na esperança de que isso adiantasse. Com as mãos nos joelhos fui conseguindo aos pouco controlar a respiração. Levanto o olhar, vejo os outros três ainda tentando recuperar o fôlego, mas meu olhar trava ao ver o muro escuro e de metal que estava na nossa frente, vejo tipos de equipamentos presos a esse muro, tipo câmeras, os outros pararam ao meu lado também observando com atenção. O som estava muito quieto, até escutarmos o som de um dos objetos preso do muro se mexer, olho para o que se mexeu de onde se piscava uma luz pequena vermelha. Uma voz vindo de algum tipo de alto falante nos assusta.
-O jogo ainda não acabou. – A voz grossa fala autoritária.
Abaixo o olhar sentindo todo meu corpo tremer novamente. Tinha conseguido, tinha chegado a final, mordo os lábios pensativa, tentava chegar a uma conclusão entre os sentimentos do meu coração, e do que realmente tinha que fazer.
Por impulso, olho para o revólver preso na cintura de Lidja ao meu lado, cerro o maxilar e em um movimento rápido puxo a arma de Lidja. Com a arma nas mãos, dou alguns passos para frente me distanciando, em seguida me viro com a arma erguida para os três.
-Larguem as armas. – Falo por impulso com uma voz autoritária. Spencer xinga com ódio. – Larguem, e mãos na cabeça. – Ordeno mais uma vez.
Meu olhar se direciona para um movimento rápido vindo de Spencer, o mesmo estava prestes a apontar a arma para mim.
-Não! – Grito ao mesmo tempo que atiro no chão próximo a ele, causando um sustos nos outros.
-Eu sabia! – Ele grita com raiva jogando sua arma no chão.
Lidja já com a mão na cabeça olhava para mim com raiva assim como Spencer, olho para Christian tirando seu revolver da cintura e o jogando no chão, ele olha para mim e tudo que vejo e decepção.
-Eu sabia que você não era confiável! – Spencer volta a gritar. – Se eu tivesse te matado...
-Cala boca Spencer! – Grito o fazendo se calar no mesmo instante.
-Nara. – A voz de Christian toma minha atenção. – Não faz isso. – Ele diz com a voz decepcionada.
Engulo em seco, estava tremendo, minhas mãos segurando o revólver estavam gélidas e as pontas dos dedos brancos por causa de toda a força que fazia ao segura-la. Eu não queria fazer isso, não conseguia, mesmo Lidja que ficou algumas vezes contra mim, antes de saber do meu resultado ela foi minha primeira melhor amiga, ela me ajudou no rio, mesmo que tivesse sido por outras intenções acreditava que lá no fundo ela não queria isso para mim. Spencer mesmo me odiando não conseguia odiá-lo de volta, ele era um cara engraçado e varias vezes conseguiu-me fazer sorrir nesse inferno. Christian, não podia fazer isso com ele, foi ele quem esteve comigo todos os momentos, me ajudando e consolando, ele foi o conforto que precisei nas horas difíceis, não iria matar o primeiro garoto que me fez sentir algo diferente, o primeiro garoto que agora posso admitir, ter gostado.
Tremendo aperto os lábios enquanto algumas lágrimas escorreram dos olhos.
-Acabem logo com isso. – A voz do auto falante diz com um jeito amargo junto com desprezo.
-Não faça isso Nara. – A voz de Christian diz.Olho para os três, estavam assustados tanto quanto eu, pude ver as lágrimas escorrendo nos olhos de Lidja enquanto ela lutava para segura-las e parecer forte, no rosto de Christian podia ver que ele acreditava ainda em mim.
Respiro fundo e cerro os dentes, não iria fazer aquilo.
Em um movimento rápido coloco o revólver ao lado da cabeça e me viro, ainda dando tempo de ver todos eles abaixarem os braços surpresos. Me viro para frente do muro e olho para a câmera.
-Ei moço do alto falante! – Começo a fazer aquilo que aprendi a fazer muito bem nesses últimos dias. Manipular as pessoas. – Sabe com que você esta falando?! – Pergunto dando um tempo para que ele pensassem. – Deve saber que eu sou. Nara... Conhece esse nome, hun?... A garota de 16 anos que teve como resultado do teste de sobrevivência 99%... Muito não é. – Falo forçando um sorriso. – Desde quando me entendo por gente, venho me questionado do por que existe a Lei Severa, do por que existe o Free Fire, o desafio da Garena... Por que?.... Durante todos esses dias nesse inferno me perguntei isso, Por que? Talvez esse fosse o teste de sobrevivência não? Quem sobrevive é por ter uma porcentagem alta, mas se agora vocês tem outro método para isso por que ainda existe o desafio? Para que tirar dezenas de jovens de suas famílias para que não voltem mais, para que só um viva e volte para casa sem sanidade nenhuma.... Não faz sentindo! Não faz sentido nenhum! – Grito. – Não faz sentido todas essas regras! Então eu te pergunto. Por que? Para que? – A esse ponto minha garganta estava começando a doer. – Sei que pelas regras.- Faço aspas com a mão livre. – Eu seria a ganhadora, por ter a maior porcentagem
.. acho que as pessoas que tem maior porcentagem são importantes para vocês não são? Por que se não para que tudo isso? Mas... Assim como tudo, existe um porem... Acredito que, Lidja, Spencer e Christian também questionaram muito isso mais ainda assim, talvez eles iriam fazer tudo como esta escrito nas regras... se fossem eles no meu lugar já estariam fora daqui a muito tempo, mas acontece que eu estou nessa posição, e eu não sou assim. Não vou matar as três pessoas que de alguma forma acabaram me ajudando a chegar até aqui. Eu sei, regras são regras e tem que ser cumpridas, mas acredito que regras... as vezes são feitas para serem quebradas... acho que, eu sou importante para vocês, mas eu não quero viver sabendo que fiz parte de regras que não acho certas nem justas, posso mudar isso agora mesmo, não quero fazer parte disso – Dou uma pausa e respiro fundo -. Eu, Nara Shepley, nascida na cidade 6, de 16 anos tendo como resultado de teste de sobrevivência 99%... Me recuso, a ser a vencedora do Free Fire o desafio da Garena!
Terminando todo aquele discurso feito com a adrenalina percorrendo meu corpo, respiro fundo algumas vezes, fecho os olhos tentado tomar coragem para fazer o que tinha em mente, lentamente destravo o revólver e o posiciono ao lado da cabeça mais uma vez, respiro fundo e então fecho os olhos, logo aquilo acabaria de vez.
-Para. – A voz no alto falante me faz abrir os olhos.
Abaixo o revólver esperando que algo mais acontecesse, olho para trás e vejo os três olhando para mim de um jeito que era impossível decifrar. Um som de metal se arrastando contra a terra me faz olhar para o muro de onde em uma parte se abria dando passagem. A porta de metal se abre, saem de lá duas figura com armas grandes nas mãos e roupas iguais da cor cinza e vermelha com um tipo de capacete que era impossível ver seus rostos. Eles param ao lado da porta e ficam lá por alguns segundos.
Nós quatro trocamos olhares atentos, depois de alguns segundo me arrisco e dou alguns passos para frente, as duas figuras não se mexem, nós quatro tomamos coragem e paramos na frente da porta de metal, de onde estava era possível se ver um tipo de elevador ao fim do corredor largo e escuro. Dou mais alguns passos receosa passando pelos guardas, e nada acontece. Entendendo que era para entrarmos, o faço com receio junto com os três atrás de mim, passamos os quatro pelo guardas que ficaram atrás de nós logo em seguida.
Começamos a andar em direção ao elevador iluminado por uma luz branca, eu estando na frente, Christian atrás de mim que pegou lentamente em minha mão, Lidja e Spencer atrás e os dois guardas que machavam atrás de nós.
Meu coração estava acelerado, não sabia o que estava por vir, mas tinha certeza de o que quer que fosse, estaria pronta.
Continua...
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