Capítulo 37 - Fênix
Voltei com os outros algumas horas depois de ter certeza estar controlada.
Estava tudo muito silencioso, a fogueira estava quase se apagando e vi Kim sentada perto da fogueira e os outros estava dormindo espalhados pelo lugar.
-Dorme, daqui a pouco é seu turno. – Ela diz seria sem tirar o olhar da fogueira e do revólver na sua mão.
Sem dizer nada vou para um canto um pouco mais escuro e distante dos outros, onde me deito virada de costas para Kim. Fecho os olhos na esperança de dormir o mais rápido possível.
...
Sabe aquela sensação que temos de alguém nos seguindo ou observando? Foi com essa sensação que acordei. Ainda virada de lado abro os olhos demorando um pouco para que a visão se acostumasse com a escuridão. Passando uma das mãos pelo rosto enquanto virava de lado, prendo a respiração ao levar um susto quando noto a silhueta de alguém abaixado ao meu lado.
-Kim? – Pergunto quando reconheço os traços. – O que...
-Achou mesmo que eu acreditaria em você? – Sua voz estava ameaçadora ao mesmo tempo que mantinha ela baixa. – Pensou errado Nara, muito errado. – Olho para ela e Franzi a testa, quando pego impulso para me sentar sou pega de surpresa por suas mãos grossas que me empurram de volta para baixo me segurando pelo pescoço.
Quando me dou conta do que ela estava tentando fazer já era tarde demais. Com as duas mãos ela envolve o meu pescoço apertando fortemente, já podia sentir o movimento brusco afetando meu ar que agora estava em falta dentro de mim, a dor aumentava cada vez mais me fazendo entrar em um profundo desespero, com as minhas mãos tentava solta as suas do meu pescoço o que nada adiantou, com a boca aberta a procura de ar me debato já quase sem forças, no rosto de Kim se via ódio ao notar seus dentes cerrados. Em uma movimento rápido, ela bate minha cabeça contra o chão causando mais dor. Me debato e tento fazer sons que pudessem acordar os outros mais não sai mais nada além que um sussurro, debato meus pés na esperança de que ajudasse alguma coisa, era possível sentir as veias no meu pescoço e cabeça pulsando e isso deixou Kim satisfeita.
Sem esperança de escapatória paro de me debater quando me faltam forças, aquele era o meu fim, e na última coisa que podia pensar era na minha família, nunca mais os veria, uma lágrima escapa de meus olhos.
Dois tiros mudaram isso. O som me faz despertar dos meus pensamentos no tempo exato de sentir as mãos de Kim lentamente perdendo a força em volta do meu pescoço, e sentir gotas quando espirraram no meu rosto, o rosto de Kim muda a expressão e em seguida ela cai ao meu lado com uma das mãos em cima de mim.
Me levanto de pressa fazendo sons estranhos da tentativa de voltar a respirar rápido massageando a garganta, olho rápido em volta ainda com os olhos embaçados, tinham cinco figuras em pé, uma delas corre até mim.
-Nara. – A voz de Christian diz colocando a mão no meu ombro. Minha visão concerta e enquanto ainda tossia fortemente vejo ele com a arma na mão, e ao seu lado Kim com dois tiros na costas.
Meus olhos enchem de lágrimas. Tusso algumas vezes e engulo em seco tendo dificuldade para isso.
-Por que?. – Pergunto com a voz rouca, Christian me ajuda a levantar. Com a mão sobre o pescoço dolorido olho pra Lidja que chuta o chão a sua frente enquanto vira de costas e fala algo, Spencer estava abaixado com as mãos na boca. E as gêmeas estavam perplexas com o que tinha acontecido. Balanço a cabeça negativamente não conseguindo acreditar no que tinha acabado de acontecer, olho para Kim próxima de mim ainda estando com os olhos abertos, nesse instante começo a sentir falta de ar e uma agonia dentro de mim, começo a ofegar entrando em uma onda de pânico.
Dou um passo para trás tendo a ideia de sair de lá o mais rápido possível.
-Nara. – Christian diz próximo de mim, nego com a cabeça não querendo falar nada. Com as mãos na boca saio de lá correndo enquanto meus olhos enchiam de lágrima. Longe o suficiente sinto algo escorrer pela minha bochecha paro de correr e passo a mão pelo local, na luz da lua deu para perceber a cor escura de sangue.
Solto um grito duradouro tentando fazer todo aquele sentimento sair de mim, era insuportável, e eu estava com medo. Me encolhi me envolvendo nos próprios braços tentando achar conforto, me abaixo lentamente enquanto ainda chorava entre soluços. Alguns segundos passam e levo outro susto quando sinto o toque de alguém em minhas costas, levanto o olhar com o rosto completamente molhado do choro, Christian estava lá, olho em seus olhos preocupados por alguns segundos e então sem conseguir me conter começo a tremer e volto a chorar de novo.
Sinto meu corpo ser erguido e mantido em pé, Christian com as mãos em meus ombros ainda olhava pra o meu rosto enquanto eu envergonhada desviava de seu olhar.
-Eu não... Não...- Tentava dizer em meio ao choro enquanto minha voz saia como um sussurro.
Em um movimento rápido fazendo minhas falas serem interrompidas, sou surpreendida ao ser puxada por Christian colando nossos corpos enquanto ele envolvia seus braços em volta de mim. Fico sem reação ao ato, começo a sentir então o bater acelerado vindo de seu peito próximo ao meu ouvido, sua respiração estava equilibrada diferente da minha, sinto seu respirar bater no topo da minha cabeça, e sou outra vez surpreendida ao sentir o conforto em que tanto estava procurando, afundo meu rosto em seu peito e choro mais ainda enquanto meu corpo ainda tremia.
Alguns minutos se passaram, Christian uma hora ou outra passava as mãos por minha cabeça o que me ajudava a ficar cada vez mais calma. O ato de Christian nesse momento me mostrou que ele sim estava ao meu lado, por que ficou na hora em que mais precisei, ele matou outra vez para me salvar, por mais que ainda sentia um pontinha de culpa por Kim ter morrido, me sentia aliviada por Christian ter feito o que fez. Meu choro vai passando e eu vou aos poucos conseguindo controlar todo o susto que tinha passado. Respiro fundo mais uma vez, e então dou um passo para trás me separando de Christian.
-Obrigada... – Tentava dizer enquanto passava a manga da blusa pelo rosto o secando. – Por isso e por...
-Esta melhor? – Pergunta. Concordo com a cabeça. – Acho melhor irmos com os outros agora. – Ele diz, o que me faz levantar o olhar em direção ao caminho de volta, estava com medo de voltar. – Que foi?
-Eu não sei, é que... – Tentava explicar. – Acho que não vai demorar muito para eles fazerem a mesma coisa que Kim. – Sinto um arrepio por todo o corpo ao lembrar.
-Fica tranquila, eu vou fazer de tudo para te proteger. – Concordo com a cabeça.
Voltamos um do lado do outro em silêncio. Chegando lá, o corpo de Kim já não estava, desvio o olhar para outro lado quando vejo o rastro de sangue sendo guiado em direção ao meio das árvores.
-Você esta bem? – Maia pergunta. Examinado meu pescoço que eu desvio um pouco por estar dolorido. – Precisa de alguma coisa? – Ela pergunta.
-Não, mais obrigada. – Falo um pouco receosa. Spencer e Lidja aparecem depois de alguns segundos.
Vou até Christian que estava sentado perto na fogueira em um canto, ele com um pedaço de graveto rabiscava algo no barro misturado com cinzas da fogueira a sua frente.
-O que esta desenhando? – Pergunto sentando ao seu lado.
-É uma Fênix. – Ele diz
-Fênix? – Pergunto olhando curiosa para o desenho, era um grande pássaro, com as asas compridas abertas o bico meio curto, e a calda grande com penas compridas também.
-Nunca ouviu falar? – Pergunta me fazendo olhar para ele e negar com a cabeça. – Fênix é um pássaro muito raro e difícil de se ver por ai. – Ele dizia enquanto desenhava os últimos detalhes da ave com a luz do fogo iluminado seus traços do rosto.. – Em alguns dos livros que li, contava que em tempos muito antigos, existia uma ave, muito grande, com penas brilhantes e douradas. Que vivia por centenas de Anos, mas, seu ciclo de vida era diferente. Quando um acabava, ela morria porem nascida algum tempo depois vindo de suas próprias cinzas. Então, a longa vida da Fênix e do seu diferenciado renascimento, se tornou símbolo da imortalidade. – Ele diz terminando o desenho . – Não é muito difícil comparar os seres humanos a uma Fênix. – Diz colocando o graveto no canto.
-Como assim? – Pergunto franzindo a testa.
-Como posso explicar. – Diz ele fazendo careta enquanto tentava achar as palavras certas para explicar o que pensava – Todo mundo acaba passando por coisas da vida que fazem elas mudarem, certo? – Ele pergunta e eu concordo. – Assim como a Fênix, passamos por um ciclo, um ciclo meio que de personalidade, acontece alguma coisa em nossas vidas, e esse ciclo morre, e quando renasce nos torna diferente, somos os mesmos, só que de uma forma diferente. – Ele dizia olhando pro fogo se confundindo em suas próprias palavras. – Deu pra entender? – Ele pergunta fazendo careta em meio a um riso.
-Deu sim. – Falo sorrindo de volta. Fazia todo sentindo a raciocínio dele, todos éramos como Fênix, quando algo morria dentro de nós e depois renasce, nos tornava diferente. – Acho que me considero uma Fênix então. – Falo alguns segundos depois.
-Por que? – Pergunta ele.
-Por que... A Nara que entrou aqui morreu. – Falo refletindo. – Eu não sou mais eu, e quando sair, se sair... Vai ser como um renascimento. – Falo dando uma pausa. – Mas... Acho que não vou gostar muito da forma que isso aconteceu e, de como vai me mudar.
***
Mais um capitulo para vocês ;)
E leitores.. Se prepararem, por que os próximos capítulos serão de perder o fôlego. LITERALMENTE! kkk
Bjs '3'
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