Capítulo 2 - Lar dos Rebeldes
Desde quando reparei nas paredes pichadas sabia que estava entre os rebeldes, os símbolos em vermelho e aquele palavra escrita "Noobs" de um jeito qualquer, lembrava dela pois aparecia nos lugares que invadimos, os lugares onde os rebeldes se escondiam.
—Sou o Lider dos rebeldes. Meu nome é Scario Hamilton, mas conhecido como Sr.Scar.
—Imaginei que fosse o líder deles. – Comento relembrando em como todos se retiraram sem ele dizer ao menos uma palavra. O tal do Sr. Scar coça a ponta do nariz indiferente.
—Me fale sobre você. Que cidade, seu nome, e como conseguiu fugir da Garena.
Nesse momento desvio o olhar do seu me perguntando se alguém ali não desconfiava de mim, se alguém já não sabia sobre eu ser um dos que matou muitos daquele grupo. Em todas as missões estive com capacete, era difícil reparar em mim, mas em algumas outras, precisava tirar o capacete, os que me viram já estavam mortos. Mas o que me incomodava, era que em quase todas essas missões deixávamos um grupo escapar.
—Me chamo Christian. – Começo a dizer ainda sem olhar para ele. – Nascido na cidade 3, policial iniciado antes do jogo. Cheguei a final e sai de lá vivo, fui mantido dentro da Garena desde então. – Paro de falar repassando e pensando também nas próximas palavras.
—Como saio de lá vivo? Apenas um vence. – Scario diz.
—Uma garota. – Falo engolindo em seco com medo de estragar tudo e ser morto ali mesmo. – Ela me ajudou.
—E ela é Distopica. – Ele afirma. Enrugo a testa virando o rosto para ele.
—Como sabe dos Distopicos? – O cara apenas ri de canto, talvez ele soubesse de muitas coisas sobre a Garena, o que fazia sentindo no fim da contas, ele era contra a Garena, precisava saber o máximo sobre eles. – Ela fez eles mudarem de ideia por que precisavam dela. Ela é bem esperta e conseguiu o que queria.
—Mas você é como ela?
—Minha porcentagem não é tão alta.
—Quantos?
—88%
—Isso faz de você um distópico. – Engulo em seco. Quando fiz o teste, me falaram disso, mas não achava que era o suficiente para me tornar um distopico, por que eles são espertos, e mais corajosos. – Mas e o da garota? Era bem alta não?
—100% - Falo me sentindo inseguro em estar revelando isso. Scario olha para a mulher que levanta o olhar para ele surpresa.
—Faz sentindo ela ser importante para eles.
—O que sabe sobre Distopicos? – Pergunto.
—Não muito, apenas que os que ganham o desafio são chamados de distopicos, a Garena estuda eles, ou então os usam para objetivos próprios – Ele da uma pausa para me encarar com os olhos cerrados, por um momento sinto ter parado de respirar, aquele olhar dizia que ele sabia quais eram os objetivos, queria dizer que ele sabia que por eu ser distopico estive entre aqueles que mataram a maioria de seu bando? – Os que ganharam nos últimos jogos estavam lá com vocês?
—Estavam.
—Todos os 12? – Fico confuso mais uma vez.
—Tinha apenas 11. – Me pergunto quem era a pessoa que estava faltando.
—Estive observando os jogos por muito tempo, nesse ultimo jogo, sabia que tinha algo de diferente, que algo novo aconteceria, e pelo visto estive certo.
Permaneço quieto, sinto minha perna ser coberta por gaze e depois ser amarrado por um pano para segura-las no lugar, a mulher retira seus materiais e se afasta por um minuto, com dificuldade e ainda sentindo dor forço a sentar na mesa de metal, observo a perna enfaixada com um pano branco, minha calça tinha sido cortada e estava encharcada de álcool e sangue. Viro o corpo em direção ao cara deixando minhas pernas penduradas sobre a mesa.
—Por que fugia deles dessa vez?
—Por que... Não aguentava mais ficar aprisionado. – Minto. O cara fica serio de repente, passa a ponta dos dedos nas sobrancelhas e me olha com o rosto um pouco irritado.
—Não quero que minta para mim garoto. Por que esta mentindo para mim? Sei que os outros foram levados a um outro jogo, era para você estar lá também.
—Não conheço vocês. – Falo olhando para a porta onde todos aqueles saíram.
—Não é isso. É por que somos rebeldes, e você deve ter ouvido muitas coisas ruins sobre nós enquanto estava na sua casa sendo mais uma marionete controlada pelo governo e seus aliados. – Ele diz ficando irritado. – Mas não te julgo – Ri pelo nariz.
Aperto o maxilar e olho para trás onde a mulher se aproximava com algumas roupas as colando perto de mim, me da um leve sorriso e acena para Scario antes de ir até a porta e nos deixar sozinhos.
—Obrigado por terem me ajudado naquela hora, mas agora preciso ir. – Falo descendo da mesa colocando um pé apenas para apoio.
—E para onde iria?
—Para minha cidade obviamente.
—Lá é onde iram procura-lo, não seja um tolo.
É verdade, eu não iria cometer o erro de ir para lá, não sabia para onde iria, mas sabia que estar com os rebeldes não era uma boa ideia.
—Deixo você ficar, até sua perna melhorar pelo menos.
Ele da alguns passos para trás indo para a porta, não queria ficar com eles mas não tinha para onde ir, o que exatamente me restava?
—Viram atrás de mim, estando com vocês todos correrão perigo. – Falo um pouco alto enquanto ele continuava a se distanciar.
—Bom. – Ele vira para mim. – Eu sei bem que virão atrás de você. – É o que diz antes de me deixar sozinho.
O que significava então, ele estava me usando como uma isca para a Garena? Olho para todos os lados enquanto tentava entender toda aquela situação, apoio as mãos sobre a mesa de metal e abaixo a cabeça fechando os olhos. Aperto o maxilar sentindo a dor aguda na perna e também uma dor interna que surgia as poucos, uma dor que representava para mim impotência e inutilidade, mas ainda assim a necessidade de fazer algo.
A esse tempo os meus amigos já estavam no jogo enquanto eu do lado de fora não conseguia pensar em nenhuma maneira de resgata-los, eles precisavam de mim e sendo que mal tinha condições vestir as roupas que estavam a minha frente.
Sem movimentos bruscos retiro as roupas imundas que usava as deixando de lado, o que tinha para vestir era uma camiseta cinza e uma calça moletom com furos pequenos espalhados.
Na outra ponta do espaço silencioso tinha pequenas janelas nas paredes, sem forçar muito a perna machucada vou até lá, por elas conseguia ver arvores, peças enferrujadas talvez de carros e algumas pessoas que circulavam carregando madeiras, ferros e outros matérias que mal identifiquei. As pessoas vestiam roupas simples e gastas, alguns estavam até descalços.
O que sinto depois de ver isso foi arrependimento e pena. Uma parte de mim diz que estava me enganando em sentir pena deles até por que eles eram rebeldes, mas a outra parte dizia que eles não eram os errados da historia.
Sento sobre a mesa de metal mais uma vez pensando no que mostravam sobre os rebeldes na Televisão, rebeliões , invasões e vandalismos, isso tudo para ir contra o governo e pelo visto a garena também. A garena prendeu a mim e os meus amigos, por culpa da garena e do governo, estão lutando mais uma vez para sobreviver, mas dessa vez uns contra os outros.
Pensar nisso me deu vontade de invadir a Garena atacar a todos e quebrar tudo o que a mantinha em pé, nesse caso, estaria fazendo igual aos rebeldes.
Não demorei a entender que os rebeldes não eram os errados de toda a historia, mesmo que a forma como reagissem a isso fosse tão parecida quanto os seus inimigos.
—Ei garoto. – O cara de cabelos loiros e lisos aparece na porta tomando minha atenção. – Esta com fome? – Pergunta antes de virar uma garrafa de vidro bebendo um liquido escuro.
—Talvez um pouco. – Falo sentindo na verdade um vazio no estomago.
—Vem comigo. – Dawson diz sumindo do meu ponto de vista.
Devagar vou até a porta, ainda um pouco inseguro a estar lá. Sim eu entendia o lado dos rebeldes, mas não confiava neles.
Dawson estava caminhando entre um corredor largo onde algumas pessoas estavam sentadas entre os cantos das paredes, passo pela porta sentindo o ar quente atingir meu rosto vindo das grandes janelas que tinham ali.
Em passos curtos tentando ignorar as dores naperna seguida Dawson que vira para a esquerda entre as duas direções mais afrente, do lado direito parecia ter mais portas porém aquele caminho estavainterceptável por pedaços de tijolos que um dia devem ter formado paredes que naquele espaço fazia falta. Mas pessoas pelos cantos cobertas por panos finos deitadas sobre papelões, passo por um rapaz que irritado com o vento tentava deixar uma pequena chama de fogo acesa.
Dawson entra em uma outra porta que tinha sido arrebentada, essa era maior e ainda tinha vestígios de madeiras. Um espaço quadricular com muitas janelas que davam uma iluminação amarelada para aqueles que estavam em uma fila mediana, Dawson para no fim da fila e devagar paro atrás dele que bebia demoradamente cada gole da bebida que tinha em mãos.
—Sabe. – Sinto o cheiro forte de álcool vindo de sua fala quando se vira para mim repentinamente. – Não vai reclamar do que temos hoje esta bem? Eu mesmo não curto muito sopa de legumes, mas temos isso pelo menos quatro vezes na semana, não semana passada por que tivemos sorte dos nossos caçadores conseguirem carne da Cidade 2. – Me pergunto o que ele queria dizer com caçadores, mal tínhamos animais em BrocklinHill, queria saber o que exatamente eles caçavam. – Na outra semana também, mas nessa, bom, não tiveram tanta sorte. Mas fazer o que né, temos que comer o que tiver. – Ele da de ombros e se vira quando chega sua vez finalmente parando de falar. – Delicia. – Diz de uma forma sarcástica saindo com um pequeno copo de plástico.
Na minha frente tinha um mulher com seus cabelos presos em um coque, ela sem demora pega um dos copos plásticos mergulhando ele em uma panela grande com uma sopa amarelada com legumes parecidos com cenouras mergulhando, ao entregar para mim examina meu rosto certamente se dando conta de que era novo por lá.
Sujo a palma da minha mão enquanto viro todo o alimento no copo goela abaixo. Aquilo não serviu muito para matar minha fome, me viro na esperança de pegar mais um pouco daquilo mas a fila estava grande, com varias pessoas com os olhos cansados e ansiosos ao mesmo tempo, não podia pegar a porção de alguém que ainda não tinha pego.
Fazendo como Dawson coloco o copo plástico em uma mesa como outros que já foram usados, que seriam usados novamente pelo oque parecia. Ele vai para fora seguindo mais adiante com mais luz, fomos para o lado de fora onde o sol escaldante nos encontra. Cerro os olhos até me acostumar com a claridade, estávamos próximos a parte onde tinham as peças enferrujadas, do outro lado tinha uma pequena trilha, e pelo o que tinha notado, estávamos em algum espaço da floresta, as arvores estavam para todos os lados nos rodeando.
Olhando para trás vejo o lugar de que tínhamos saído, dou alguns passos para trás, parecia que aquilo algum dia tinha sido uma casa ou quase isso, poucas partes ainda tinha teto, e algumas laterais eram abertas.
—Estão saindo de novo?! – Dawson grita acenando para alguém que se dirigia para a trilha.
Um grupo de três garotos se aproximam de nós, cruzo os braços tentando me parecer confiante e não amedrontado. Os três estavam com camisetas pretas, as calças que vestiam eram jeans mas assim como as de moletom que eu vestia tinham rasgos grandes e furos, paro o olhar onde em suas cinturas estavam presos revolver e uma faca. O que vinha na frente dos outros dois era uma cara ruivo, parando em nossa frente vejo um piercing prateado em seu nariz, seus olhos eram meio esverdeados, era alto e tinha porte de alguém da Cidade 3, na verdade todos os três eram fortes e pareciam ter tido preparo da academia. Um outro que estava ao seu lado esquerdo tinha o cabelo escorrido que cobria sua testa, usava uma pulseira de couro, o do lado direito, tinha o cabelo encaracolado e pretos, tinha um brinco em formato de cruz.
—Esse é o Nicolas. – Dawson aponta para o ruivo que em fim nota um novato no bando de rebeldes. – Aquele é Filip – Ele aponta para o de cabelo cacheado. – E aquele camarada ali é o Henri. Parabéns, você foi privilegiado em estar de frente para os nossos caçadores.
—Não seja brega de novo Dawson. Já falamos que ser chamado de Ladroes é muito melhor que isso. – Henri diz.
—Ele esta bêbado de novo. – Filip diz rindo e revirando os olhos.
—Quem é esse? – Nicolas pergunta direto se referindo a mim.
—Achamos ele por ai. Estava fugindo da Garena. – Dawson responde.
—Fugindo do jogo? – Filip pergunta ainda sorrindo.
—Ele é um sobrevivente do jogo. – Dawson diz fazendo todos eles se entreolharem sem entender. – É uma historia que ele ainda irá contar para nós. – Diz olhando para mim, continuo de braços cruzados e serio. – O que Sr. Scar disse para você?
—Que podia ficar até minha perna melhorar do tiro. – Falo.
—Você estava fugindo da Garena não estava? – Nicolas pergunta cerrando os olhos em ar pensativo, afirmo. – Entendi, Scar quer que venham até agente.
—Por que? – Pergunto.
—Por que estamos nos preparando para que venham. – Filip diz. Aquilo não tirou de minhas duvida.
—Vocês eram da Cidade 3 não eram? – Pergunto tentando tirar minhas outras duvidas.
—Sim, assim como você pelo o que parece. – Nicolas responde. –Nos juntamos aos rebeldes na época que mandaram o anuncio do penúltimo jogo, foi a melhor escolha que fizemos, acredite.
—Sabe de uma coisa. – Dawson diz depois de tomar o ultimo gole de sua bebida. – Você estar aqui... Faz de você uma rebelde. E estar aqui, vai fazer você perceber, que mesmo andando como imundos, somos livres.
É, talvez eu estivesse acreditando naquilo.
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