Capitulo 1 - Noite de Fuga(Christian)
Quando eu era pequeno, nunca pensei muito no Free Fire, no Desafio em que teria que enfrentar, e muito menos, no depois disso.
Não pensava por que sabia que me importar com aquilo, me faria perder a vida simples mas que mesmo assim gostava de ter. Então optei por não me preocupar. Mas agora, depois de tantos anos chegou a minha vez do Desafio, já tinha me convencido de que lá seria o meu fim, apesar de tudo o que eu tinha vivido e do quão pouco que vivi.
Mas ela apareceu para mim, ela me salvou, cuidou de me manter vivo praticamente sozinha, ela me mostrou uma força que eu particularmente invejo, a sua coragem nem se compara com a minha. Ela me tirou de lá, e a forma que tive para demostrar minha gratidão foi involuntária, por que simplesmente me apaixonei por Nara.
Fomos todos enganados, descobrimos a verdade depois da tal vitória, viramos prisioneiros junto com os outros que venceram, fomos usados como armas de matar por que é assim que eles resolvem seus problemas. E ainda descobrimos que nos colocariam na Arena mais uma vez, eles queriam ver quem entre todos nós era os mais forte, quem venceria de novo, nesse momento entramos em pânico, ficamos aterrorizados por que não queríamos ir para a Arena mais uma vez, enfrentar tudo de novo, reviver o pesadelo.
Então, em uma certa noite, planejamos uma fuga.
Nara entrou no quarto apavorada, seus olhos estavam espantados, seus lábios estavam trêmulos e com dificuldade conseguiu nos avisar o que queriam fazer com a Equipe D. Por alguns minutos pensei que tudo daria certo, pensei que sairíamos de lá, que fugiríamos e nos esconderíamos deles até desistirem, um pensamento muito tolo da minha parte.
Lembro da ultima vez em que vi Nara, ela atirava nos guardas nos dando cobertura para passarmos pela escada de metal, antes de descer olho para ela, com o coração apertado, mas ela tenta me dizer também com um olhar de que ficaria tudo bem, e então manda eu ir.
Me arrependo de ter descido a escada, de a ter deixado para trás junto com as troca de tiros, mas continuo correndo, acompanho os outros que abrem a porta de metal, entramos para a sala onde tinha o Helicóptero que usávamos para a missão, Rafael corre entrando nele e com rapidez o liga, escutamos passos descendo a escada, todos se apressam e entram no Helicóptero, o portão maior começa a se abrir.
—Christian vamos! – Spencer grita para mim.
Maxim corre pelo corredor chegando até nós.
—Onde ela esta?! – Pergunto a ele. Ele arregala os olhos e juntos olhamos em direção ao corredor, guardas em grande quantidade vinham em nossa direção.
—Vocês precisam entrar! – Notora grita aparecendo com Paloma em frente a porta, elas atiraram nos guardas derrubando alguns dos que estavam na frente. – Vão!
Me distancio da porta, Maxim corre para o Helicóptero que começava lentamente a se retirar da grande garagem. Escuto um grito, Notora e Paloma caíram no chão, os guardas estavam atirando algo que não pareciam ser balas mas algo que as fizeram cair como se desmaiasse.
Os guardas avançavam em nossa direção, atiravam nos que estavam próximo ao Helicóptero os derrubando, olho para todos os lados, entendendo que tinham pegado Nara.
A porta estava livre, tento correr em direção a ela, alguém me segura impedindo.
—Vamos Christian! Precisamos ir! – Spencer grita enquanto me puxava para o portão maior.
—Ela ainda esta lá dentro!
—Não temos chance agora Christian! Não vamos conseguir se não fugirmos agora! – Lidja grita já perto da saída.
Olho o arredor, todos eles estavam caindo, estávamos perdendo aquela luta, e ver eles os próprios vencedores não conseguindo se defender, me fez perceber que eu não podia fazer mais nada a não ser fugir. Engulo em seco, estava com medo mas precisava sair de lá.
Lidja e Spencer passam pelo portão, olho para trás mas uma vez sentindo meu coração acelerado me recusando acreditar que tudo aquilo estava acontecendo, era tudo tão horrível, um pesadelo, a porta de metal foi fechada bruscamente por mais guardas que se juntaram para derrubar Rafael que por sua vez tentava resistir a eles, sentia um impulso fraco para me juntar a ele e ajuda-lo, mas sabia que assim seria mais um pego. Dou passos para trás, me assusto e viro quando dois guardas batem nas costas de Rafael com um bastão grande, respirando ofegante passo pelo portão.
—Aquele esta fugindo! – Um dos guardas gritou apontando para mim.
Arregalo os olhos quando os guardas atiravam acertando no chão com pedrinhas aquele dardos que pareciam ter algum medicamento com a intenção de acertar em mim.
Entro na floresta que rodeava toda a Garena, corro em frente com os olhos arregalados e ouvidos atentos, procurava por Spencer e Lidja a minha frente mas não tinha sinal deles, a essa altura eles já estariam bem longe. Escutava os passos nos guardas cada vez mais distante, enquanto forçava a me lembrar do caminho em que seguíamos quando íamos a procura dos rebeldes nas missões.
Correr foi o que fiz até que o sol começasse a aparecer, passar a madrugada fugindo não foi nada fácil, pouca foram as vezes que parei para descansar, estava aflito, desesperado, e ainda perdido.
Estava abaixado entre duas arvores e alguns arbustos, minha respiração estava ofegante porém me sentia fraco, meu coração acelerado de medo e duvidas, me perguntava o que teria acontecido com os que ficaram , se também Spencer e Lidja tinham conseguido voltar para suas Cidades sem serem descobertos.
Um vento forte acerta meu rosto trazendo junto poeira que me força a fechar os olhos, cubro o rosto com os braços sentindo o vento se tornar mais agressivo. Um som que reconheço me faz olhar para cima, eles tinham me encontrado.
Achei que tinha despistado eles mas não, apenas enganei a mim mesmo. Me levanto forçando a encara-los enquanto dois caras com os uniformes da garena apontavam suas armas para mim.
—Precisamos leva-lo Christian Earsten! – Um deles grita acima do som enquanto o vento forte das Hélices faziam as arvores de afastarem uma das outras.
—Nem ferrando – É o que digo antes de me virar e correr.
Minhas pernas já estavam exaustas mas apenas ignorava isso, tentava me lembrar do caminho de volta para a minha Cidade, mesmo tendo uma boa memoria, tentar lembrar de lá era como se houvesse um bloqueio que me impedia. Se é que ir para lá me ajudaria com alguma coisa, também seria pego. No momento não tinha nenhum plano, a não ser continuar fugindo deles.
Pulo galhos e pedras, desvio das arvores escorregando algumas vezes, o Helicóptero me seguia gritando ordens que estava ignorando. Tiros repentinos me pegam de surpresa, então mudaram seu plano para me matar? Disso eu não duvidava. Os tiros atingiam o chão coberto de barro, folhas pedras e galhos secos. Encolhia os ombros a cada tiro, percebo lá na frente um barranco, não estava muito longe, tento ser um pouco mais rápido, sabia que se tivesse o impacto suficiente para escorregar pelo barranco, assim teria uma chance de sair da vista dos meus perseguidores. Os tiros cessam, me preparo para deslizar sobre o barranco, faltava tão pouco, mas então um tiro ecoa.
Algo acerta a lateral de minha perna, grito de dor caindo no topo do barranco, perco o controle do meu próprio corpo sendo lançado barranco abaixo como um objeto inútil, perco o foco da visão com tantas voltas e cambalhotas que fiz até em fim chegar a um solo plano.
Me encolhendo de dor tentava pressionar a parte onde tinha sido atingido pelo tiro, minha perna parecia queimar. O helicóptero reaparece acima de mim, os dois guardas descem dele vindo em minha direção, tento me levantar para continuar fugindo, mas a dor era grande. Jogo a cabeça para trás quase sem forças, seria levado para a Arena mais uma vez, teria que passar por todo aquele horror de novo, e dessa vez não teríamos como contornar a situação. Os guardas se apressaram para tentar me puxar do chão.
—Não! Não! – Grito ao mesmo tempo que com a perna boa chutava o que estava próximo.
Sou agarrado por trás sendo obrigado a me levantar, grito de dor ao sentir a bala presa na minha perna que jorrava sangue se mover. Tiros fazem o que estava na minha frente cair, aquele que me segurava me solta para pegar sua arma, perco o equilíbrio caindo de costas no chão, com as duas mão aperto o sangramento da perna tentando conter ele.
O guarda é atingido por tiro seguidos, minha visão escurece a cada vez que sentia o sangue saindo do meu corpo, junto com as minhas forças. A visão que tive foi de pés que apareceram depois da troca de tiros, vários pés, um deles se aproxima de mim, e antes que apagasse por conta própria o que não demoraria, sou atingido na cabeça, o que me da o mesmo fim.
Borrões, vozes e passos foram o máximo que consegui entender enquanto perdia e voltava com a minha consciência, estava sendo carregado, escutei alguns tiros, mas já não sabia se era só minha imaginação. Me rendo por alguns minutos não forçando a ficar acordado, e como se fosse apenas lembranças, imagens e sons se repetiam em minha mente, me vejo dentro do avião, de quando pulei e olhei com atenção para todos os lados lembrando do máximo possível as direção, lembro de quando encontrei com Nara na Arena, tinha proposto para ela que ficássemos juntos.
Naquele momento a minha intenção era proteger ela o quanto pudesse, por que achava que ela precisava de alguém para fazer isso, mas o que aconteceu foi totalmente o contrario, ela me protegeu durante esse tempo todo, e como um covarde fugi e a deixei para trás quando tive a chance.
Algum liquido quente cai sobre o ferimento da minha perna me despertando dos meus devaneios, grito de dor erguendo o corpo, sinto a presença de um grupo de pessoas.
—Segure ele, segure ele! – Uma voz feminina ordena ferozmente.
Alguém agarra meus ombros me puxando com força para baixo, estava sobre uma superfície fria entendo que era uma mesa de metal. Me debato de dor e medo daquelas pessoas desconhecidas.
—Coloque isso na boca dele. Esses gritos estão me desconcentrando. – A mesma voz diz.
Outra pessoa se aproxima de mim, observo os traços enquanto aquele desconhecido de cabelos loiros lisos um pouco comprido com uma barba pequena e olhos escuros tentava colocar um pano na minha boca. Tento desviar de suas mãos, mas não tinha vantagem nenhuma ali já que meus braços estavam sendo segurados, o pano grosso é posto na minha boca fazendo com que meus gritos fossem abafados.
—Calma garoto, só estamos ajudando. - O cara diz dando tapinhas de leve no meu rosto.
Mordo o pano com força quando sinto a bala presa na minha perna ser mexida, tinha algo lá dentro que tentava puxa-lo mas apenas doía mais.
—A droga. Preciso de mais álcool Dawson.
—O meu esta acabando. – O cara de cabelos loiros diz.
—Agora Dawson. – A mulher ordena muita irritada.
O tal do Dawson bufando some do meu ponto de vista, olho para cima sentindo meus olhos lacrimejando, o teto era baixo com apenas uma luz acima de nós iluminado o espaço que parecia ser comprido, de relance vejo as paredes pichadas de vermelho com alguns símbolos e palavras.
O liquido e despejado mais uma vez sobre o ferimento da bala, enrugo a testa fechando os olhos sentindo as lagrimas de dor se misturarem com o suor frio do meu rosto e pescoço. Era uma dor imensa, que aumenta quando a bala é tocada, tento me levantar mais já quase não me restavam força, sinto o cheiro forte de sangue, objetos frios entrando em contato com minha pele, os outros estava agora em silencio observando, tentava o máximo que ainda me restava para ficar acordado.
—Consegui tirar. – A mulher diz colocando a bala sobre um pano, respiro fortemente, talvez aliviado. – Já passou o pior garoto. – Ela diz dando um passo a frente me permitindo ver seu rosto. Era uma mulher com mais de trinta anos parecia, sua pele era escura, tinha alguns fios brancos que reluziam em seu cabelo preto, ao redor dos olhos tinham algumas rugas, assim como em suas bochechas.
Passos entram no espaço, a mulher levanta o olhar e então volta atenção para o meu ferimento. As pessoas que estava próximas se afastam, aqueles que me seguravam soltam saindo do espaço até que em meu ponto de vista só via a mulher preparando a agulha e linha para o próximo passo da operação.
—Como andam as coisas com o rapaz? – A voz de um homem que dava para sentir ter muita autoridade ali pergunta.
—Esta indo bem, na medida do possível claro. Fazer um procedimento desses sem anestesia é uma tortura.
—Entendo. – O homem se aproxima em passos lentos, viro o rosto para ele enquanto sinto a agulha passando pela minha pele a repuxando.
O homem tinha os cabelos castanhos claros e um pouco cacheados, vestia um casaco de couro marrom que combinava com sua blusa de gola alta preta, sua expressão era pensativa e curiosa, seus olhos fundos indicavam que ele tinha muito com o que se preocupar. – Você tem sido bem corajoso – Ele diz para mim. – De onde veio?
Nego com a cabeça e resmungo indicando que não dava para falar tendo um pano na boca.
—A certo – Ele ri esticando o braço e tirando o pano da minha boca. – Desculpe – Ele coloca o pano de lado, engulo em seco sentindo gosto de sangue na boca. Respiro ofegante enquanto tentava ignorar a agulha passando por minha pele. – Me disseram que você fugia de guardas da Garena. – Concordo. – Por que fugia?
—Por que – Faço careta ao sentir a minha pele sendo puxada mais uma vez. – Sou um sobrevivente do Free Fire.
O homem arqueia as sobrancelhas.
—Um sobrevivente. – Ele repete. – Seu rosto me é familiar. Sei que esteve no ultimo jogo, mas não foi você, quem ganhou certo? – Assinto com a cabeça. – Isso de fato é interessante. – Diz dando passos pensativos e lentos. – Se é de BrocklinHill. Sabe quem somos não?
Concordo com a cabeça por que sim, sabia quem eles eram.
—São rebeldes.
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