Capítulo Quinze
- Paparazzi
O terceiro período parecia durar uma eternidade, Justin estava sentado na arquibancada assistindo as lideres de torcida ensaiar, não que seu turbilhão de pensamentos o permitisse prestar atenção nos movimentos elaborados ou o chacoalhar dos pom poms. Mesmo depois de uma noite de insônia, seu pensamentos pareciam não se acalmar. Seus amigos viravam a cara cada vez que o viam e nem sequer havia visto Isabelle . A pergunta do dia anterior feita por Chris ainda brincava na sua cabeça, ainda que tivesse que escolher ele não conseguiria.
-Você viu meu backflip, essas garotas tem que aprender muito comigo. –Caitlin se aproximou balançando os pom poms animada.
-Não vi não –ele disse passando a mão no cabelo de um jeito preocupado.
-O que ta rolando? –Justin ia falar quando ela o interrompeu –Nem adianta vir com aquela de não é nada ou não quero falar sobre isso.
-Os caras descobriram que eu to saindo com a Belle e piraram com isso.
-E?
-Eles acham que eu não contei antes por que eu não confio neles, até acham que é ...
-Que é por que?
-Por que eu tenho vergonha dela.
-E não tem?
-Não, que ideia –ele se mexeu incomodado.
-Sem ofensas, mas não mente pra si mesmo. –ela disse num tom duro e desviou o olhar pra que o clima não ficasse pesado.
-Não to mentindo, eu sai com ela em público. –ele disse tentando demonstrar o obvio.
-Depois da menina ter passado pelo guarda roupa da Barbie –satirizou.
-Ta, mas...é complicado. –ele murmurou tentando encontrar as palavras certas.
-Não tem nada complicado nisso Justin, quando você começar a admitir as coisas tudo vai ser menos complicado.
-Chris me perguntou se eu tivesse que escolher, quem eu escolheria.
-E o que você respondeu?
-Nada, não tem como eu escolher. São os meus amigos e a garota por quem eu to apaixonada, não da pra ficar com um e perder o outro.
-Como a Isabelle reagiu a isso? –os dois agora estavam sentados olhando pro jogo de vôlei que acontecia.
-Eu ainda não falei com ela...e não é como se ela realmente tivesse que se meter nisso.
-Como não? Ela é o ponto da briga, você não pode deixar ela fora disse.
-Eu sei.
-Não, não sabe –ela disse brava pra surpresa de Justin. Ótimo, mais um pra brigar, ele pensou –Essa garota é muito inocente, você não pode coloca-la nessas situações. Você não tem noção do medo que eu tenho quando essa coisa entre vocês acabar, ela vai sofrer muito.
-Eu não vou fazê-la sofrer.
-Você pode até não querer, mas coisas assim sempre acontecem a sua volta, você não precisa de ninguém Justin, você é um pássaro em queda livre, só quer viver e sentir o vento no seu rosto. –eles ficaram sem silencio por alguns instantes, ele sabia que o que ela dizia não era de toda mentira. –Ela é só uma menina apaixonada, e você é um cara buscando algo pra se divertir, ainda que goste dela eu sei que isso não vai te prender.
-O que eu faço então?
-Eu não sei, mas se realmente quer o meu conselho. Concerta o que já ta quebrado e não faz mais merda.
***
O sinal do final da aula ecoou na sala, Justin não havia prestado atenção na aula, ainda permanecia flutuando em seus pensamentos. Ele levantou e saiu pelo corredor andando calmamente e pela primeira vez na vida sentindo os olhares de algumas pessoas em cima dele. Ao se aproximar do seu armário ele foi surpreendido por Pri, uma das lideres de torcida.
-Sério mesmo Justin? –ela disse brava.
-O que você quer? –ele pergunto tentando não arrumar outra briga.
-Como você foi capaz? –ele bateu a porta do armário entediado e segui pelo corredor. Ela o seguiu.
-Foi capaz de que?
-De ficar com aquele garota escrota.
-Cala a boca! –ele sibilou respirando fundo.
-Cala boca um caralho, eu pensei que você gostasse de ficar comigo até imaginei que pudéssemos ser o Rei e a Rainha do baile. –ela disse sentida.
-Eu to pouco me fudendo pro que você pensou. –ele disse parando na porta da escola onde passou o olhar por todos os lados procurando Belle.
-Mas que droga Justin, o que aquela puritana tem que eu não tenho? Aliás ela não tem nada... –por alguns instantes ele parou de ouvir o que ela dizia e continuou procurando a menina –Já sei ela te fez um boquete e você ficou gamado. –Justin encarou a líder de torcida com tanta raiva que ela deu um passo pra trás se encolhendo.
-Abre a boca pra falar mais uma palavra da Isabelle que eu não respondo por mim. E você quer saber uma coisa que ela tem que você nunca vai ter? –sem que eles percebessem uma multidão se formou a volta deles prestando atenção na conversa. –Ela não é uma vadia, ela não é uma garota mimada e pobre por dentro que já foi comida pela escola toda.
Pri se sentiu tão envergonhada que saiu dali no mesmo instante fugindo da multidão, que ficou por ali encarando Justin. O rapaz estava totalmente irritado e ao mesmo tempo cansado de tanto brigar.
-Tão olhando o que? –ele gritou pra multidão antes de sair dali.
Caminhou pelo campos da escola dando a volta e indo na direção do estacionamento, onde finalmente encontrou Isabelle encostada em seu carro.
-Onde você tava? –ele perguntou num tom quase desesperado alarmando a menina.
-Aqui, eu to te esperando a uns quinze minutos –ela disse sem entender a atitude dele.
-Desculpa –ele murmurou se aproximando e abraçando a garota.
-O que houve?
-Eu te deixo em casa e conto no caminho. –ele disse abrindo a porta após beijar a garota.
O rapaz abriu o jogo contando o que houve, Isabelle não sabia realmente o que dizer depois de ouvir tudo, mas fez o possível para consolá-lo. Depois de alguns minutos de coversa e troca de caricias a menina saltou do carro na frente de sua casa.
Justin pisou no acelerador indo em direção a sua casa, ele estava determinado a seguir o conselho de Caitlin, sabia que se não tomasse uma decisão agora as consequências futuras ferrariam com seu relacionamento.
***
Uma semana depois.
Era pouco mais das onze da noite de uma sexta feita quando Pattie acordou Justin, era cedo, mas o dia do rapaz havia sido cansativo, a mulher queria dar uma noticia importante.
-Vamos lá querido, acorde –ela abalançou o rapaz até que ele levantou.
-O que foi mãe? –ele choramingou observando a mulher.
-Scooter ligou e adivinha? –ela bateu palmas de alegria.
-Ele quer dinheiro emprestado? –ele perguntou bocejando.
-Não Justin, pensa.
-Fala logo mãe por favor.
-A agencia quer você de volta.
-O que você quer dizer com "A agencia te quer de volta" ? –ele bocejou mais uma vez tateando o travesseiro.
-Eles querem que você volte a modelar, querem você em uma capa de revista novamente.
-Por que?
-Segundo eles como não aprontou nada nesses dois últimos meses, já estava na hora de você voltar.
-E se eu não quiser voltar?
-Justin! –a mulher levantou assustada e ele aproveitou pra deitar. –É o seu futuro garoto, desde quando você não gosta de Hollywood?
-Penso nisso amanhã mãe, boa noite. –ele disse se virando a ignorando a mulher que falou mais algumas palavras e saiu do quarto.
***
Isabelle terminou sua lição de ciências naquele sábado de manhã e saiu de seu quarto indo em direção a sala onde a família estava reunida na sala assistindo televisão, um programa atípico na casa.
-Vai passar alguma coisa importante? –ela perguntou se sentando.
-Seu pai deu uma entrevista e estamos esperando que ela passe.
-Em que programa vai passar?
-Ainda não sabemos, por isso vamos passar o dia com a televisão ligada. –sua mãe disse com a alegria de quem havia ganhado um milhão de dólares.
Depois da semana turbulenta –a escola inteira com os olhos em cima dela e de Justin, sua pequena fuga no meio do almoço para ir ao shopping ... – ela começara a se pergunta por que a vida deles era daquele jeito. A menina começava a viver uma vida parecida com a das outras garotas da cidade e não via nada de errado nisso. Diferente do que seu pai pensava namorar ou sair pra festas não a deixava longe do senhor ou a transformava em uma pessoa diferente. Pela primeira ela estava realmente feliz. E sentia que aquele sentimento que crescia dentro do sue peito, sua mãe nunca sentiu. Das poucas conversas de mãe e filha que tivera com ela tudo que sabia era que ela havia se casado cedo e que seus pais eram tão religiosos quando seu pai Pastor Jackson, isso deixava a menina alarmada. Ela sentia que o sorriso no rosto de sua mãe as vezes era forçado, que ela não estava feliz ou realizada, talvez acomodada pela situação; Ela não queria nem de perto ter o mesmo destino da sua mãe. Ela queria descobrir o que havia além do limite da cidade, só não sabia se conseguiria.
-Que horas vai a casa de sua amiga? –Amélia perguntou encarando a menina.
-Depois do almoço –ela disse encarando a tela e tentando evitar contato visual. Era mais uma de suas vinganças, ela havia prometido a Justin que passaria a tarde com ele.
-E quando volta?
-Quando terminarmos o trabalho –ela respondeu com um sorriso mal feito no rosto.
As horas passaram e a menina se aprontou, pegou um jeans que Caitlin havia escolhido outro dia no shopping, uma blusa de moletom e sua sapatilha rosa. Ainda que tivesse todas as roupas legais no mundo ela ainda não havia se adaptado a se vestir "normal". Olhou seus cabelos soltos no espelho e passou um brilho. Desceu as escadas gritando que estava saindo sem ser vista por ninguém, não estava preparada para uma chuva de perguntas por causa das roupas que vestia.
Atravessou a rua e entrou no carro de Justin ofegante.
-Tira logo a gente daqui –ela murmurou encarando a porta de casa.
-Parece até que você ta em fuga –ele disse rindo e acelerando.
-É quase isso. –ela respirou fundo quando eles atravessaram o quarteirão. –E ai como vão os seus amigos?
-Ta melhor do que estava dia atrás –ele riu fraco passando a macha –mas sabe como é Chaz ainda ta de birra.
-Sinceramente eu to começando a achar que ele tem ciúmes de você –eles se entreolharam e riram.
O caminho foi mais longo do que esperavam, como ainda tinham que de certa forma de esconder –os pais da menina não poderiam nem sonhar que eles estavam juntos –foram a cidade vizinha assistir um filme. Justin parou no estacionamento e deu a volta no carro segurando a mão de Isabelle e seguindo para dentro do cinema.
-Tenho uma confissão a fazer –ela sussurrou enquanto eles escolhiam entre os filmes que estavam em cartaz.
-O que?
-Eu nunca assisti um filme no cinema. –ele a encarou pasmo.
-Ta agora eu to começando achar que seus pais são de outro mundo. –ela fez uma careta envergonhada.
-Eu também –ela riu apontando pra um cartaz.
-Malévola? –ela assentiu –ótimo, me disseram que a Jolie ta uma gata ai.
-Justin –ela bateu no ombro dele se fazendo de brava.
-Já disseram que você tem a cara de brava mais linda do mundo? –ele apertou as bochechas da menina.
-Você mente muito bem –ela reclamou.
Eles pegaram as entradas e foram para a fila da sessão que começava em alguns instantes.
-Eu te adoro –ele sussurrou abraçado a menina.
-Ta tudo bem? –ela perguntou acariciando o rosto dele.
-Não poderia estar melhor –uma de suas mãos subia pela nuca da menina trazendo seus lábios aos dela. A paixão que florescia dentro de seu peito o fazia enxergar o mundo bem mais colorido. Eles estavam em um cinema qualquer numa cidade qualquer com uma garota que sinceramente não tinha nada de mais. Mas ele não via assim. Estava no melhor lugar do mundo, com a garota mais bonita e vivendo o melhor momento da sua vida. Ele queria fazer tudo dar certo.
(...)
O filme acabou e os dois saíram de dentro da sala de cinema fazendo piadas sobre o filme e chamando um ao outro de praga (spoiler pra quem não viu o filme u.u).
-Eu quero chocolate belga praga –Isabelle disse o puxando pra vitrine de doces.
-Você comeu um pote de pipoca sozinha, como ainda tem espaço pra chocolate praga –ele apertou a menina em seus braços beijando sua bochecha.
-Por favor –ele sussurrou perto do pescoço dele o fazendo ficar arrepiado.
-Golpe baixo –ele respondeu quase num gemido deixando a menina com as bochechas rosadas.
Eles compraram o chocolate e deram uma volta no cinema passando um pouco de tempo.
-Tem uma coisa que eu preciso te contar –ele disse pra menina que logo voltou sua atenção a ele.
-Conta –disse com a boca um pouco suja de chocolate.
-Espera –ele se aproximou passando o dedo onde estava sujo e limpando. –Pronto –ele riu colocando o dedo na boca –até que esse chocolate não é tão ruim .
Por um segundo ele olhou de relance pro lado vendo um homem com uma câmera apontada pra eles. Ele se virou encarando o cara que tentou disfarçar escondendo a câmera.
-Vamos sair daqui –ele sussurrou pra menina. Os dois andaram rapidamente pelos corredores do cinema, os sentidos de Justin logo o alertaram sobre o que estava acontecendo. Num piscar de olhos haviam paparazzi por todos os lados, um bando de abutres mais uma vez em cima dele.
-O que ta acontecendo? –a menina perguntou enquanto eles tentavam entrar no carro.
-Eu vou te explicar, mas primeiro nós temos que sair daqui. –ele disse apreensivo ligando o motor e deixando os fotógrafos para trás.
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