𝓒𝓪𝓹 11
Capítulo 11: Alguns ... Pontos
O corredor estava vazio, exceto por mim e Alisson. As portas das salas fechadas abafavam o som das vozes dos alunos, e tudo o que eu ouvia era o eco dos nossos passos, eu andava na frente, claramente irritada, enquanto ela me seguia, mais calma do que eu gostaria.
- Por que você sempre faz isso? - minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, parei abruptamente, virando para encará-la.
- Fazer o quê? - Alisson perguntou, com aquela expressão despreocupada de sempre.
- Implicar comigo, me provoca, e depois fica com essa cara quando te ignoro, Qual é o seu problema? - Exigi, cruzando os braços.
Ela deu de ombros, parando a poucos metros de mim, seu olhar estava fixo em mim, mas ela não respondeu de imediato.
- Eu só... - comecei, a frustração crescendo. - Eu não vou mais discutir com você, Alisson, a partir de agora, não vou mais agir como uma criança birrenta.
Ela me encarou, surpresa, os lábios se curvaram em um meio sorriso, mas havia algo diferente no jeito como ela me olhava dessa vez. Era como se estivesse considerando o que eu tinha acabado de dizer.
- De alguma forma, fazer você se irritar comigo fez com que você prestasse atenção em mim, sem perceber, eu estive sempre na sua cabeça não é Martinez, talvez não fosse a maneira certa, mas foi o único jeito que eu encontrei.
Eu pisquei, surpresa pela sinceridade na voz dela, esperei que Alisson soltasse outra provocação, mas ela não fez isso, em vez disso, ficou ali, me observando, por um momento, eu não soube o que dizer.
- Então... é isso? - perguntei, tentando quebrar o silêncio desconfortável.
- Talvez. - Ela deu um passo em minha direção, os olhos fixos nos meus. - Você é sempre tão ocupada sendo a "certinha" alguém precisava fazer você perceber que o mundo não gira do jeito que você quer.
- E me irritar era o único jeito de fazer isso? - retruquei, com uma pitada de ironia.
- Pelo visto, funcionou, não é? - Alisson sorriu de lado, me desarmando completamente.
Eu estava prestes a responder, mas fui interrompida pelo som de passos rápidos no corredor. Alicia apareceu correndo, os olhos vermelhos, claramente tentando disfarçar alguma coisa.
- Alicia? - chamei, franzindo o cenho. - O que aconteceu?
Ela parou, respirando fundo, claramente incomodada com nossa presença.
- Nada, eu só... esqueci um livro. - Ela murmurou, desviando o olhar. - Tenho que ir.
Alisson olhou para mim, e era óbvio que ambas sabíamos que Alicia estava escondendo algo. Eu queria perguntar mais, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Naomi apareceu correndo logo atrás de Alicia.
- Amélia, você não vai acreditar! - Naomi disse, sem fôlego. - Descobri com o pessoal que no nosso projeto... Alicia e Alisson vão ser as principais e fazer uma cena de beijo!
Eu congelei no lugar, Alisson pareceu tão surpresa quanto eu, ela arqueou uma sobrancelha, olhando para mim como se estivesse esperando minha reação.
- Isso só pode ser uma piada, certo? - Alisson finalmente disse, virando-se para Naomi. Quando que concordei com isso?
- Não é - Naomi respondeu, ainda recuperando o fôlego. - Foi o que o professor decidiu, vai ser bem... interessante.
Eu podia ver o desconforto no rosto de Alisson, mas antes que pudéssemos discutir mais, Alicia voltou a falar, tentando mudar de assunto.
- Olha, eu tenho que ir. - Ela olhou rapidamente para mim, evitando o olhar de Alisson. - Depois a gente conversa.
Enquanto ela se afastava apressadamente, uma sensação estranha tomou conta de mim. Alicia estava diferente desde o fim com Alex. Algo havia mudado, e eu estava determinada a descobrir o que era.
Alisson se aproximou, seus olhos fixos no lugar onde Alicia havia desaparecido.
- Alguma coisa tá muito errada nessa história dela - comentou, baixinho. - Não acha?
Eu assenti, sentindo que estávamos prestes a descobrir algo muito maior do que imaginávamos.
- Hoje vai ser diferente - pensei, ajeitando os cabelos enquanto me preparava para a chegada da minha irmã, ela sempre preferia ficar comigo e com a tia no nosso apartamento perto do campus, longe da minha mãe, du estava ansiosa, sabia que a presença dela trazia um certo alívio em meio a tanta bagunça.
A campainha tocou, levantei rapidamente e fui até a porta, lá estava ela, sorrindo e com aquela energia que sempre parecia iluminar tudo, ainda que eu soubesse que, no fundo, havia uma confusão na minha cabeça, mas algo me dizia que, talvez, com a ajuda da minha irmã, eu conseguiria colocar as coisas em seu lugar, dando um tempo de tudo que não está no meu controle.
- Oi princesa, como você está? - perguntei, dando espaço para ela entrar.
- Oi, Alisson! - Ela me abraçou forte, como sempre. - Tô ótima e você?
- Ah, já sabia que você ia perguntar isso. - sorri, fechando a porta. - Não estou lá essas coisas, mas vou sobreviver prometo. -Falei sorrindo forçado, não queria que ela se sentisse mal ou algo do tipo.
Ela me olhou com aquele olhar curioso, não era segredo que eu estava passando por um turbilhão, mas não queria jogar tudo em cima dela logo de cara.
- O que houve maninha - Ela perguntou, me observando com cuidado.
Nem pareci mais aquela criancinha que corria para todos os lados, com 12 anos agora pareci mais madura que eu.
Suspirei, tentando achar uma maneira de explicar sem parecer um drama.
- É só... umas coisas na faculdade. E, sabe, a Amélia, Tá tudo meio fora do lugar.
Ela franziu a testa, mas logo sorriu.
- A Amélia? Não me diz que você está falando com ela de novo...
- Não é isso, é só complicado. - Dei de ombros. - Vamos falar de coisas boas, né? Como foi a viagem até aqui princesa?
- A viagem foi tranquila, mas tô com saudade de você! - Ela pulou para o sofá, se acomodando como se já fosse de casa, isso era bom afinal. - Você anda muito ocupada, né?
Eu sorri, observando a forma como ela sempre trazia uma energia leve, sem se preocupar com as complicações da vida adulta.
- É, mais ou menos - respondi, me sentando ao lado dela. - Mas agora, com você aqui, acho que vou conseguir respirar um pouco.
Ela fez uma careta, como se tivesse captado algo no meu tom.
- Você tá triste por causa da Amélia, né? Não precisa esconder de mim.
Eu ri, tocando sua cabeça carinhosamente.
- Você é muito esperta para uma menina de 12 nos.
Ela sorriu satisfeita e me deu um abraço apertado.
- Pode contar comigo, tá? Eu sei que não entendo muita coisa, mas tô aqui, afinal logo logo sou adolescente e você vai ter que me aguentar -ri se deitando no sofá.
Realmente ela cresceu, não estava preparada para isso, mas quem sabe eu também comecei a crescer, assim como a Amélia disse.
★★★
Deixem seu voto não seja um leitor fantasma por favor.
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