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Capitulo | 04

Olho para o doutor sem saber o que falar, eu não sei o que se fala quando se descobre que vai morrer.

Aberto o lençol com força a cada palavra que saía da boca dele.

—Podemos tentar ressecar partes , mas não podemos mexer mais fundo e...você teria uma grande porcentagem de não acordar mais.

—Eu não quero. -Respondo a pergunta que eu sei que ele iria fazer. —Tudo que você falou, se resume a que eu vou morrer no final, então eu não quero.

—Você deveria pensar nisso melhor...

O interrompo:

—Quais as chances de eu vencer um tumor raro no meu cérebro? E quais a chances de eu viver bem após ele?

Pergunto, sabendo a resposta.

—São poucas, quase nada. -Ele abaixa a cabeça antes de escrever algo no prancheta que ele estava na mão. — Mas quase nada já é alguma coisa.

Tombo a cabeça pra trás, deixando uma única lágrima cair.

A morte nunca foi um problema pra mim quando eu era um garoto revoltado com os pais nos meus quinze anos, eu não tinha nada a perder.

Mas agora, eu tenho tudo a perder. O doutor diz alguma coisa que eu não faço questão de prestar atenção e logo depois minha mãe entra com a Meg atrás dela.

—Oi, filho. -Minha mãe passa a mão carinhosamente no meu rosto, mas a Meg não diz nada, não faz nada e nem sequer me olha. —Como você está se sentindo?

Minha mãe pergunta com um sorriso sorriso no rosto, mas não consegue segurar as lágrimas.

—Eu estou ótimo. -Minto segurando as mãos dela. —Mas vou ficar triste se você continuar chorando.

—Desculpa...eu sei que eu deveria ter forças, mas...-Ela cobre o rosto com as mãos. —Eu não estou pronta, eu não consigo olhar pra você e...

—Eu sei mãe, eu sei. -Puxo-a para um abraço.

—Acho que eu vou pegar água. -Diz ela ao se afastar, chorando mais que antes. —E alguns lenços.

Minha mãe sai da sala praticamente correndo. Olho pra Meg esperando por algo.

—Para com isso. -Digo quando a vejo arranhar a si mesma. —Vem aqui.

Chamo-a, ela me olha por longos segundos antes de caminhar até o lado da cama que eu estava.

—Deixa eu ver. -Sinalizo para o braço que ela estava arranhando, Meg o coloca sobre a minha mão e eu beijo a parte que estava vermelha pelos movimentos repetitivos. —Vai ficar tudo bem.

Minto mais uma vez.

—Não, James. -Meg olha para o outro lado, tentando esconder as próprias emoções, como se eu não conseguisse ver que ela estava chorando. —Não vai ficar tudo bem.

—O ficar bem pra mim é controverso. -Brinco querendo que ela me olho.

—Não era bem esse cinco anos de namoro que eu queria. -Ele diz abraçando a si mesma.

Faço uma careta ao tombar a cabeça para o lado.

—Talvez eu tenha esquecido. -Murmuro puxando-a para mais perto.

—Acho que não tem como eu ficar brava com você. -Ela encosta a cabeça no meu ombro.

—E pela primeira vez, eu quero que você fique muito brava comigo, pode até me xingar, vai.

—Você não vai conseguir me fazer rir, James. -Ela funga.

—E se eu pedir por favor? -Sussurro perto do rosto dela.

—Eu vou chorar até Marte. -Fecho os olhos sentindo as lágrimas dela me molhar.

Ela ficava linda chorando, eu amo como o nariz dela fica vermelho, mas eu prefiro a ver chorar com os filmes de romance que ela escolhe.

Agora eu só quero que ela ria.

—E se eu for até Marte só para te fazer cosquinhas? -Beijo o rosto molhado dela.

—Então eu vou rir e chorar até Saturno.

—E se eu pedir beijos molhados, acho que eles me ajudariam a melhorar. -Passo o nariz pelos lábios dela, recebendo um beijinho na ponta dele.

—Então eu vou te beijar até chegarmos em outra galáxia.

—Então vem antes que minha mãe volte.

Olho para o teto do hospital sem saber o que porra vai acontecer agora, o que se faz nesse caso?

Levanto o rosto vendo as flores e cartas que o pessoal do Time me mandaram, mas morrer aqui me parece um tanto quanto muito ruim.

—Meg. -A chamo.

Ela estava dormindo na minúscula poltrona que tinha no quarto, a chamo outras vez e agora tenho êxito nisso.

—Aconteceu alguma coisa? -Ela da um pulo do sofá.

—Dorme aqui comigo. -Dou espaço pra ela, a cama desse hospital não era tão macia quanto a poltrona, mas aqui tem eu.

—É proibido.

—Isso não é importante agora. -Bato no espaço da cama ao meu lado. —Se eu quiser, eu poderia roubar um banco.

—Não pode não. -Ela se senta meio receosa e logo se deita ao meu lado.

—Claro que posso, mas prefiro roubar outras coisas. -Me acomodo ao lado dela de uma maneira confortável.

—E o que seria? -Ela levanta o rosto pra me olhar e eu sorrio.

—Muitos beijos da minha namorada.

Iti

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