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Ultima Dose Antes Do Fim

Duas semanas mais tarde...

Os diversos móveis bagunçados pelo quarto do hotel denunciava que o casal havia descoberto e aproveitado todos os cantos do quarto antes de chegarem a cama, os hematomas que amanheceriam junto com eles susurrava memórias de uma noite de pura satisfação, os quadros que outrora estivera na parede agora repousava no chão, denunciando que quando John descobriu a parede e a força que ele podia investir contra a loura sem que ela reclamasse nada mais importou.

O sol invadiu o cômodo sem nenhum aviso iluminando o quarto e cegando momentaneamente John que havia acabado de acordar, ele aproveitou e se perguntou porque não havia fechado as cortinas do quarto, a resposta veio no momento que encarou a mulher sobre a cama, ela havia o feito esquecer até o próprio nome verdadeiro. Como sempre.

O homem passou alguns minutos encarando a mulher que dormia tranquilamente sobre seu peito, se permitiu pensar a enorme sorte ou azar que era ter a conhecido no ano anterior, ela era o tipo de mulher que o fazia esquecer tudo quando estavam juntos, poderiam ser eternos amigos que transam se a loura não houvesse escolhido flertar com a morte. O humor do homem mudou no mesmo momento que esse pensamento invadiu sua cabeça, ele sabia que o que tinham era especial, por mais que odiasse admitir ele gostava dela como amiga, como foda de algumas noites e como a salvadora de toda maldita Chicago, ele também sabia que era culpado pela morte dela no futuro.

A loura havia acordado porém ela permanecia de olhos fechados repousando preguiçosamente sob o homem, enquanto escolhia ignorar todos os problemas que estavam a sufocando. A biópsia e o diagnóstico terminal havia completado uma semana e ela escolhia ignorar toda e qualquer menção a doença.

— Seja o que for que você esteja preocupado, tenho certeza que não vale apena.

— Como você sabe que eu estou preocupado? Você ainda nem abriu os olhos. — Argumentou John.

— E eu preciso olhar para você para saber o que se passa na sua cabeça? — Perguntou Charlotte.

John riu, o celular sob a mesa de cabeceira vibrou antes de desligar completamente por falta de bateria.

— Eu esqueci de te falar, mas o cara do hospital ligou — John disparou antes mesmo que ela abrisse os olhos — James, Joseph, algo assim com J no início.

Charlotte bocejou antes de se sentar na cama puxando o lençol para cobrir a nudez do próprio corpo.

— Jackson?

— Isso, Jackson. Ele disse que você não apareceu lá em nenhuma das seções, muito menos nas terapias em em grupo. — John se esticou na cama alcançando o maço de cigarro que estava sobre a mesa de cabeceira.

O jovem acendeu um cigarro dando uma leve tragada e passando para a loura em seguida.

—Não comece com está merda de auto-ajuda. Você sabe muito bem o que eu penso sobre isso.— Charlotte se pronunciou após soltar a fumaça.

John respirou fundo encarando a parede a sua frente. Estava sendo difícil lidar com a doença e com a própria Charlotte quando a doença era citada. Ela não havia aceitado bem a ideia do grupo de aconselhamento para doentes terminais, para ela eram apenas um bando de pessoas lamentando suas doenças e esperando a morte como se fosse uma inimiga, ela havia deixado bem claro em uma das discussões que resultou no casal quebrando a cama na reconciliação.

— Eu vou morrer, John. Eu já aceitei isso, talvez você devesse aceitar — Argumentou de modo sincero. — O mundo sobrevive comigo longe dele.

— Mas existem tratamentos, eu acho que seria bom para você estar com outras pessoas como você, Sorcière.— aconselhou John.— Eu sei que a realidade é uma merda mas não tem como você fugir para sempre.

— Outras pessoas como eu? Outras pessoas que estão morrendo, você quer dizer.

— Eu... Não...

— Relaxa Thompson, sei que essa não foi sua intenção. — Charlotte falou se levantando e apagando o restante do cigarro no cinzeiro antes de se abaixar para pegar a roupa do chão — Eu não quero mais falar sobre isso. Eu preciso voltar a Londres, me despedir de algumas pessoas, me embebedar com outras, morrer em alguma porta de bar. Talvez isso seja um adeus.

John havia entendido que por mais que ele quisesse, o assunto câncer ou grupo de aconselhamento não seria mais comentado, então assim como a loura, se permitiu enterrar esse assunto por enquanto.

— Já vai me abandonar? — John perguntou manhoso puxando o lençol onde Charlotte estava enrolada.

— Não estou te abandonando, até porque estou lhe falando para onde eu vou — Charlotte pronunciou soltando o lençol e virando-se de costas para o homem nú sentado sobre na cama— E aliás, precisaríamos ter algo para eu te abandonar. Nós temos algo?

A frase de Charlotte acertou o íntimo de John, fazendo-o se perguntar se Charlotte sentia a combinação satisfatória que ele sentia quando estava com ela.

— Sabe o que isso parece pra mim? — Perguntou afastando o cabelo de Charlotte com uma mão enquanto com a outra retirava a roupa que estava na mão dela  — Que você está fugindo dos meus carinhos, do meu corpo e da minha cama.— Finalizou enquanto beijava beijando o pescoço de Charlotte e a abraçava por trás.

— Não é fuga se eu estou te dizendo para onde eu vou.— Charlotte repetiu se virando de frente para John.

— Você não irá encontrar ninguém melhor na cama que eu em Londres. — Sentenciou beijando-a novamente até a deitar sobre a cama novamente. — Nem mesmo aquele seu amigo é tão bom quanto eu.

— Você é um maldito típico inglês metido e narcisista, John.— Charlotte pronunciou enquanto sentia os lábios de John depositar pequenos beijos em sua clavícula e descendo lentamente por sua barriga.

— Você gosta desse inglês metido e narcisista. — John falou pausando sua trilha de beijos — Você é minha perdição, é como se eu fosse viciado no seu corpo, nas suas curvas, na sua bela, redonda e macia bunda.

— Talvez eu goste de você, talvez não — Charlotte brincou fazendo com que John a encarasse sorrindo. — Você é gostoso mas eu preciso acertar minha vida para poder morrer em paz.

— Deixe para amanhã. Você é como uma maldita bebida dos deuses, Sorcière.

— Então tome sua última dose antes do fim.

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