O Início dos Problemas
Anos mais tarde...
Charlotte sonhava que estava sendo perseguida por um sem forma, geralmente sempre sonhava estar sendo perseguida.
Seu corpo se debatia contra a cama com força, sua boca murmurava palavras desconexas e sem sentido. Até que tudo cessou e seu corpo relaxou. Em seu sonho o sem forma a possuía em suas mãos ela gritava e pensava em um feitiço que poderia a proteger.
— Timor, leporem — Seus lábios sussurraram medo e feitiço em latim
Aquelas duas palavras em latim pronunciadas durante o sono, agitou as sombras do pequeno apartamento de Charlotte.
O feitiço do medo nada mais era que um encantamento para revelar o que há de mais sóbrio na pessoa, um obscuro ser que assume o rosto que mais causa medo a pessoa.
O ser escuro repleto de maldade caminhava pelo quarto em passos lentos e torturosos, o silêncio de seus passos combinavam com sua aparência.
O ser de pura maldade se aproximou da cama encarando Charlotte como uma presa, um animal que merecia ser caçado.
A sombra se espelhou na parede antes de sentar sobre a barriga de Charlotte prendendo seu corpo com suas duas pernas escuras, para conseguir a matar precisava de um rosto, o encantamento que Charlotte fizera sem perceber exigia que fosse o maior medo da pessoa.
A sombra se concentrou e aos poucos foi ganhando um rosto, cabelos e um corpo. A sombra sorriu antes de que com suas duas mãos começace a apertar o pescoço de Charlotte.
Charlotte acordou sentindo que o ar estava começando a falhar, abriu os olhos com dificuldade, mesmo com a visão embaçada conseguiu se enxergar, Charlotte via que ela mesmo estava apertando seu próprio pescoço.
Fechou os olhos com força achando ser um sonho, mas ao abri-los novamente e começar a sentir sua consciência se esvaindo do seu corpo percebeu que talvez aquilo fosse mais real que tudo.
Começou a se debater sob o aperto de si mesma tentando a fazer a sombra a soltar. Conseguiu acertar uma cabeçada contra seu rosto projetado na sombra. O ser maldoso caiu da cama, ao corpo atingir o chão ele simplesmente se desmaterializou.
Charlotte levantou em um pulo, ainda não entendia quem havia envocado uma sombra para à matar, sentiu como se alguém a toca-se no ombro, mas ao virar, um soco lhe atingiu a face fazendo cambalear para trás.
— Quem te invocou? — Charlotte perguntou, segurando o punho de sua sombra segundos antes de que acertasse seu rosto.
— Você não tem ideia, Marie? — A sombra falou com a voz carregada de sarcasmo e em um tom de voz idêntico ao de Charlotte. A sombra se desmaterializou antes que Charlotte pudesse a responder.
— Não acredito que fiz isso de novo! Merda! — Charlotte reclamou alto pondo a mão nos bolsos em busca de algo.
Ainda de pé, sentiu quando algo se jogou contra ela a derrubando deitada no chão. A sombra a virou de barriga pra cima, quando a sombra ia voltar apertar o pescoço da loura, a mesma a empurrou, montando sobre ela, prendendo seu corpo contra o chão utilizando as pernas.
— Você não pode me matar — A sombra zombou de Charlotte — Até porque eu sou você.
—Te matar? Não, nunca esteve em meus planos — Charlotte falou tirando do bolso de sua calça um pequeno punhal e cortando a palma da mão. — Te banir seria a palavra certa.
Em um movimento rápido, Charlotte levou sua mão até seu reflexo e a apertou contra a boca da sombra. A sombra gritava tendo os gritos abafados pela mão de Charlotte, até que ela se tornou nada mais que um líquido escuro que em seguida foi absorvido pelo chão.
Charlotte tombou contra o chão, seu corpo estava dolorido, seus pensamentos confusos e nublados.
— Essa é a terceira vez no mês — Reclamou com ela mesmo se sentando no chão apoiando as costas contra a cama. — Ou você está tentando se matar de uma forma estúpida, ou alguém está brincando com sua cabeça.— Falou alcançando o maço de cigarros que estava jogado no chão e acendendo um cigarro.
A porta do apartamento começou a ser castigada com batidas fortes e ritmadas, Charlotte começava a se irritar com a insistência de quem batia conta a porta.
— Eu não quero companhia senhora Wany. — Gritou lembrando que a senhoria do apartamento constantemente ia a visitar em busca de companhia mesmo ela nunca aceitando a visita de Wany, a senhoria nunca desistia.
— Abra está porta Chatlotte! — Uma voz masculina falava do outro lado.
Charlotte se levantou guardando o maço de cigarros amassado no bolso.
— Dan? — Ela perguntou surpresa ao abrir a porta.
— Uau, você está péssima — Daniel comentou ao ver o estado da velha amiga ao abrir a porta — Talvez não seja uma boa hora pra te pedir um favor.
— Entre nós, nunca há boas horas, parceiro. — Comentou Charlotte sorrindo.
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