Já se fazem três semanas desde a morte de Jimin hyung e eu me sinto decidido sobre o que fazer. Ainda não pisei na escola e nem vou, não quero lembrar dos olhares dos meus colegas e não quero receber olhares de pena.

Meu coração ainda está frágil. Eu sinto como se fosse desmaiar a qualquer momento. Não me alimento corretamente desde a sua ida e me sinto fraco. Eu choro a qualquer momento ao lembrar dos nossos momentos e de seu sorriso. Eu preciso vê-lo novamente, eu preciso dele, preciso abraçá-lo e preciso tê-lo para mim.

Minha vida está desmoronando aos poucos. Primeiro meu namorado se vai, meus pais não conseguem falar comigo e eu sinto meu coração de esvaziar. Minha vida não tem mais sentido e eu não simplesmente não sinto nada a não ser saudade de Jimin hyung.

Por isso, andei até o banheiro com passos lentos e os dedos trêmulos. Respiro fundo ao entrar dentro do cômodo e escrevo algo no vidro com o rímel que eu usava. Comecei a chorar copiosamente, querendo ter apenas o meu amor comigo. Mas não era possível. Ele está morto.

Encho a banheira e me sento dentro dela, sem saber o que é água e o que são as minhas lágrimas. Pressiono a lâmina entre meus dedos nos meus pulsos e sinto a dor aguda que me faz querer gritar, mas sequer emito algum som e continuo a fazer a mesma coisa no outro pulso.

A lâmina que corta a minha pele me chama a atenção. É clarinha, cinza e afiada. Corta a minha pele sem hesitar e sem pudor, fazendo o sangue escorrer pelo meu braço pálido. Eu me sinto cada vez mais frágil e sem vida, enquanto os meus dedos soltam a lâmina e meu braço afunda para dentro da banheira, junto com meu rosto, que fica abaixo da água. Eu sequer tenho forças para levantar e puxar todo o oxigênio possível. A sensação agoniante me apavora e eu tento me levantar, mas recuo ao pensar que aquele é o meu intuito.

A água se torna cada vez mais vermelha e minha vista está embaçada. Minha mão perde a força e o seu controle quando para de apertar a banheira e cai em cima de meu corpo.

Eu sinto o meu corpo esvaziar aos poucos e fecho os olhos por breves segundos. Breves segundos eternos que me custaram a vida, pois agora eu finalmente estou morto.

🐣+🐇

ggukie 🐇♥️: Eu sinto tanto a sua falta, Jimin hyung...

ggukie 🐇♥️: Sinto tanto.

ggukie 🐇♥️: E é por isso que eu vou embora também.

ggukie 🐇♥️: Eu não gosto da nova versão do mundo. Eu preciso da antiga, eu preciso de você.

ggukie 🐇♥️: Eu te amo mais do que tudo.

ggukie 🐇♥️: Me espere, está bem?

ggukie 🐇♥️: Eu estou chegando.

ggukie 🐇♥️: Eu te amo muito, meu amor.

ggukie 🐇♥️: Até breve. ♥️

🐣+🐇

Horas após a minha morte, minha mãe me encontrou sem vida dentro do banheiro. Por um momento, eu me senti triste por vê-la chorando agarrada ao meu pai, mas esqueci tudo ao ver Jimin hyung.

Ele usava a mesma roupa de quando fora encontrado morto: uma calça jeans azul, um suéter branco e azul e suas meias de pintinho. Eu me senti feliz novamente, as coisas ganharam cor e eu, ironicamente, ganhei a vida.

Eu ganhei a vida mesmo estando morto, pois a minha vida é Park Jimin.

— Estamos bem, Ggukie.

Sim, Jimin hyung, estamos bem. Porque independente de onde estivermos estaremos bem se estivermos juntos. Porque isso é o amor, e amor é o que eu mais sinto.

Principalmente se for por você.