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Prólogo┃Onde Tudo Começou

A noite desce como um escuro véu sobre um grande posto militar da República de Nova Campélia, instalado ao sul da base de uma extensa cadeia de montanhas. Centenas de tendas se estendiam por quilômetros naquelas planícies verdejantes, e todas estavam postas em círculos bem organizados ao redor de fogueiras. Cada círculo de tendas levava consigo um número e uma faixa com três listras de cores distintas, indicando à qual Batalhão pertenciam. Em uma das muitas fogueiras, sentava-se em um toco de madeira, um jovem rapaz em seus plenos dezoito anos, de cabelos escuros e franjados, e rosto de estrutura firme, que se chamava Vitório. Vestia-se com o uniforme padrão usado pelas unidades de combate terrestre, um tom de verde-musgo esmaecido, com botas de cano alto feitas de couro firme e um cinto em volta de seu torso e quadril, onde repousa o coldre com um revólver de calibre trinta e seis. Vito estava um tanto mais distante dos demais soldados de seu Batalhão, que de tão barulhentos, sentia que até os inimigos do outro lado das colinas poderiam escutá-los. Debochavam entre si sobre os seus inimigos da outra nação, faziam piadas de suas armas e vestimentas. Compartilhavam algumas histórias que traziam de suas casas e espalhavam algumas lendas das batalhas em que estiveram, enquanto alimentavam-se com pães, queijos e fios de massa seca, usando latas vazias como seus pratos e pequenos garfos de metal como seus talheres.

Vito foi designado pelo seu Sargento a permanecer acordado para o primeiro turno da vigília naquela noite. Mesmo sendo uma das tarefas mais repudiadas pelos soldados, o jovem não demonstrou fazer caso da decisão de seu superior, pois frequentemente não tem conseguido uma boa noite de sono, então não sentia que faria alguma diferença.

Naquela noite úmida e quente de primavera, as lembranças de seu lar pareciam arder em seu peito de uma forma bem mais intensa do que noutras ocasiões, e tão logo pôs-se a escrever sobre aquilo, pois era seu maior hábito durante as longas vigílias e patrulhas. Em suas mãos tinha consigo o seu velho diário, de capa de couro batido, com folhas amareladas e desgastadas. Ao seu lado estava o seu capacete de ferro maciço e achatado, que usava como bandeja para algumas fatias de queijo, e uma caneca de café bem quente.

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"Ao que indicam os meus cálculos, acredito que já deve ter se passado quase um ano desde que os deixei, minha querida mãe, minhas queridas irmãs. Sou grato por me mandarem cartas todas as semanas, e puxa, como aqueles garotos da rua de cima crescem rápido, ainda me lembro de quando eu cuidava deles, enquanto seus pais trabalhavam exaustivamente nas docas. Foram tempos tão alegres, quando brincávamos naquele espaçoso quintal da casa da minha nona, Augusta. Não tinha nem dezesseis."

"Respeitavam-me como se eu fosse algum superior, como um líder ou um rei, e quem me dera ser. Poderia ter facilmente terminado com todos estes conflitos, e ninguém mais precisaria continuar nesse inferno. Enfim, todos os domingos nos juntávamos à mesa, fizesse sol ou chuva, e nona Augusta fazia o meu prato favorito, uma receita própria dela de ravioli carbonara. Nunca me contou o seu segredo, mas prometeu que o daria quando completasse a idade certa, sabe-se lá qual seja. Faz tempo que a mãe não cita se nona ainda está saudável em suas cartas, tão preocupada comigo, pouco falava sobre os demais, se não pelas fotografias que enviava junto das cartas. A desta semana ainda não chegou, espero que o comboio de entregas não tenha sido atacado por algum grupo de Madrelucía. Aqueles caras tem um estranho hábito de saquear, mesmo que sejam apenas cartas de familiares. Esses infelizes... Mas isso me traz um pensamento. Por que tudo isso se iniciou afinal de contas? Já fazem dez anos que o mundo está em guerra. Tantas pessoas mortas, tantos jovens jogados nesse enorme vórtice caótico."

"Já ouvi diversas histórias sobre os motivos, mas a mais verídica que já ouvi, foi de que a Gretésvia invadiu um arquipélago que estava próximo do mar de Dardaia, o maior império do Continente Ociédrio. Aquelas ilhas tinham um minério muito estimado entre os cientistas, o pavisênio. Dizem que é um condutor melhor do que o ouro ou o cobre, e é muito mais resistente e durável. Bem, o ponto é que por muitos anos aquelas ilhas tinham um dono, e ele não deixaria barato aquela exploração. Um tataravô dele, ou algo assim, as adquiriu a centenas de anos atrás. Eles pediram um documento ao homem para comprovar a sua história mas, infelizmente, naquele continente a palavra é muito mais valiosa que qualquer pedaço de papel, de tal forma que o simples ato de mentir pode ser condenável à prisão."

"Sem qualquer maneira de comprovar, ele chamou pelas autoridades de seu país. Não se sabe ao certo o que aconteceu depois, mas não demorou muito até começarem os primeiros conflitos, bem ali, na região costeira. A Rainha de Galdênia, Victória II, se enfureceu com aquele ato, pois a muito tempo esteve tentando estabelecer um comércio estável com os Dardaianos, mas após o início daquele combate, eles fecharam as fronteiras para os estrangeiros. Tudo durou pelo menos um ano e alguns meses, até que os soldados de Dardaia, cansados de um combate infrutífero, decidiram cortar a árvore pela raíz e dar cabo de todos os rastros estrangeiros naquele arquipélago, e até na costa do país. Juntando algumas cargas de material explosivo e muito combustível inflamável, conseguiram mandar para os ares todas as estações de mineração, o porto construído na ilha principal e mais alguns navios que ainda estavam sendo carregados, matando por volta de duas mil e quinhentas pessoas, entre soldados e trabalhadores. Foi tamanha a potência da explosão, que despertou algum fluxo de lava que estava dormente naquela região, ou coisa parecida, e assim tornou praticamente impossível qualquer forma de retomar às escavações."

"Os Dardaianos ficaram satisfeitos com aquele resultado, pois acreditaram estar finalmente livres da ameaça gretesvia. Nem mesmo o próprio Imperador, Ludwig IV, deu alguma resposta sobre sua suposta derrota. Até que sucedeu a madrugada do dia 13 de Setembro."

"A cidade costeira de Barabad era muito famosa pelo seu forte comércio marítimo, exportando especiarias e valores de todos os tipos, e era conhecida como uma das principais portas de entrada para Dardaia. Desde o pôr do sol daquele dia, uma névoa intensa havia circundado todo o porto, de forma que o comércio teve de ser parado até de manhã, quando provavelmente a névoa já teria se dissipado, mas poucos viram essa manhã. De repente, soldados que faziam a segurança do local escutaram terríveis sons de disparo, de inúmeros canhões de alto calibre. Não houve tempo para discernir direção alguma, apenas para procurar abrigo o mais rápido possível. O que se provou quase ineficaz, pois quando os projéteis caíram sobre o porto, destruíram todo o abrigo que poderiam ter, além de todas as embarcações que estavam atracadas. Pouco tempo após os disparos, uma formação aérea surgiu no céu, de dentro do nevoeiro, com um esquadrão de vinte e quatro aeroplanos e mais sete dirigíveis Kriegerfaust, os chamados 'Carruagens da Morte', e uma daquelas enormes naves cheias de gás, um Aerocomando, que estava sob ordens do regente da família Dükkenwald na época."

"Aquelas máquinas poderosas destruíram toda a zona comercial da cidade até que fossem forçados à se render. Uma das poucas residências que foi poupada durante o ataque foi o enorme palácio do Sultão Arpad, o chefe de estado daquela cidade, que usariam-no tanto como um intermediador com a Coroa Dardaiana, como também um valioso refém. Até o presente momento, dizem ter sido confirmadas cerca de noventa e cinco mil mortes, e mais alguns doze mil desaparecidos. O pior de tudo, é que mesmo após terem sido permitidas escavações - dois anos após a invasão - para a busca dos cadáveres, não foram encontrados nem mesmo os restos mortais daquelas pessoas. As histórias e teorias para explicar são muitas, alguns dizem terem sido sequestrados e levados para Dresvique, uma cidade em Gretésvia, onde poderiam ser usados em trocas de prisioneiros e em trabalhos forçados nas fábricas. Outros dizem que teriam saído da cidade antes do bombardeio por meio de alguma iluminação superior ou coisa parecida. Quem sabe as Estrelas não os tenham guiado, se é que elas teriam algum interesse no que se sucede aqui na Terra."

"De qualquer forma, quando a notícia chegou aos ouvidos da Rainha de Galdênia, ela exigiu uma explicação para tamanha brutalidade, e recebeu uma das piores ofensas na tradição Gretesviana: um punhado de penas de ganso manchadas e unidas com uma espessa e grudenta geleia de frutas. Aquilo por si só foi a gota d'água. Publicamente, em um discurso para todo o seu reino e para o mundo, ela declarou guerra contra o Império da Gretésvia. Não muito tempo depois, o rei Ricardo, de Madrelucía, anunciou seu total apoio militar à causa de Dardaia. E enquanto tudo isso se desenrolava, ainda haviam umas duas nações que estavam depondo os seus atuais monarcas. Uma delas é Campélia, que renovou-se em uma república, enquanto que do outro lado dos montes, a corte de Blanviera foi tomada às forças por um exército de rebeldes que ansiavam pelo fim da monarquia. Tendo capturado o rei Antóine I, o julgaram culpado de corrupção e abuso de poder, mesmo nunca tendo confirmação alguma desses atos. O pobre homem teve sua defesa negada, e não pôde nem mesmo terminar de se despedir de seus súditos em um último discurso, e acabou enforcado na frente de seu próprio palácio, à vista de todo o seu povo, que assistiu com prazer não apenas a sua morte, mas também a de sua esposa e de seus dois filhos mais velhos e sua filha do meio, que foram ambos degolados na mesma guilhotina. Ele também tinha uma pequena garota, uma criança de apenas dois anos, mas nunca a encontraram. Talvez seja a última de sua Casa. O líder revolucionário, Jean-Marcques Grevaux, instituiu ali a Confederação Nacional de Blanviera, junto de seus comandantes, que formaram uma espécie de Conselho Popular."

"Aquele país estava em guerra com Madreluzia já faziam quase setenta anos. Grevaux sabia que a nação poderia ser totalmente aniquilada se aquele reino apelasse pelo apoio Galdênio, então correu para formar aliança com Gretésvia, enquanto o nosso presidente, Major Marabboni, sabia da total falta de arsenal bélico, e por isso fez um tratado com o Imperador Wilhelm, onde daria seu apoio nas suas próximas campanhas em troca de tecnologia e material para a construção de um armamento próprio. Sinto que isso não nos serviu de muito, pois acabamos ficando com os restos daqueles rifles que eles usam, que sempre emperram entre um disparo e outro."

"Bem, enquanto isso, ouvi sobre uma outra nação, ainda na região do Ociédrio, acho que era Rajja o seu nome. Me lembro de ter visto uma coisa ou outra sobre ela na escola, de que foi a último a restar de diversos outros reinos que estavam em guerra, tudo por causa de uma ameaça dirigida a um tal rei de Nahala. Não sei se foi por pressão, ou por espontânea vontade, mas dizem que estão enviando soldados e navios para apoiar as defesas de Dardaia. No fim das contas, eu acredito que - seja por ameaça ou por amizade - aqueles países vão sempre estar ligados uns aos outros."

"Enquanto que lá no noroeste, depois do Mar de Serspata. Na região daqueles países todos cheios de neve quase o ano inteiro, vieram notícias de que estão formando acordos com Ludwig IV. O que mais me surpreende, é que eles não pareciam ter a menor intenção de entrar nesse conflito todo, uma vez que já estavam a muitos anos em uma guerra entre si. Se bem me lembro, eles eram centenas de tribos a muitos anos atrás, na Era da Espada. Anos se passaram, e diversas tribos foram se desfazendo, até restarem apenas uns dez, que se tornaram pequenas nações que ainda lutam nos dias de hoje. Com a exceção de dois, que recentemente firmaram uma trégua entre si. Bom, tomara que os nossos líderes possam se inspirar neles. Já estamos a uma década nisso, e dia após dia, o cenário parece ficar cada vez pior."

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Por um momento, após tanto escrever, Vito parou por um momento para comer algumas fatias de queijo e após um bom gole do café, que ainda estava quente, refletiu sobre tudo aquilo que escreveu. Perguntou-se do por quê começou a escrever sobre a guerra, não havia muita razão sobre aquilo, mas ignorou. Poderia ser apenas mais alguma daquelas velhas paranoias causadas pela falta de sono. Olhando em seu relógio de bolso, notou que seu turno já estava próximo do fim, e a muito já havia se passado a primeira hora do dia, quando os céus ameaçaram a vinda de uma chuva passageira.

"Quando isso tudo acabar, acho que vou pedir aquelas receitas da minha nona Augusta. Do carbonara, do ravioli e até daqueles gelatos de frutas. Com eles vou abrir um restaurante no nosso bairro. Não é possível que ela me negue seus segredos de cozinha para sempre."

Arrancou uma folha de seu diário, e a partir dela começou a escrever uma carta que iria enviar para os seus familiares. Quando seu turno chegou ao fim, terminou de se alimentar e pôde finalmente se deitar, quando a chuva graciosamente caiu sobre toda a região montanhosa onde estava instalado aquele posto avançado. Curiosamente, após tantas noites com seu sono perturbado por tantos pensamentos de sua casa, Vito pôde finalmente ter um pouco de calma, dormindo tão tranquilamente como se estivesse na cama de seu quarto em Pameno, uma pacata cidade no sul de Nova Campélia.

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