21
A sensação era de ir flutuando aos poucos, saindo do fundo de um mar escuro, emergindo até que a claridade começasse a se fazer presente junto com alguns sons ininteligíveis e abafados.
Heather sabia que haviam vozes e sabia que ia conectar ela aquela máquina de novo. Sabia que não ia adiantar lutar ou fingir tomar aquele remédio de novo já que agora, desde que ela tinha nocauteado um dos guardas e usado o celular para pedir ajuda, injetavam o remédio em sua veia.
Heather só queria morrer.
A cada vez que ela acordava, dava de cara com uma cena onde um colchão velho e mofado era sua única cama. E sinceramente, nos dias anteriores a esse, ela já não tinha mais forças para lutar contra aquilo tudo. "Por quê ela?" era uma pergunta que não saía da sua cabeça.
Quando Heather sentiu que estava flutuando sobre a superfície e já conseguiu mexer os dedinhos do pé, ela reparou que o cheiro do local era diferente. Não só o cheiro, como o ar também. Enquanto lutava com o próprio corpo, Heather percebeu que, fosse onde estivesse, não era aquele o subsolo em que ficou trancada por dias.
Antes de conseguir abrir os olhos, ela percebeu alguém segurando a sua mão. Também percebeu alguém beijando a sua testa e fazendo um leve carinho em sua bochecha. E com toda a certeza, esse era o oposto do tratamento que ela vinha recebendo.
-Heart?
Bucky. Aquele era Bucky. E ao mesmo tempo que ela tinha vontade de chorar, ela também estava achando que era sonho. O corpo dela não correspondia e isso a estava deixando desesperada, até o momento em que, com muito esforço, conseguiu abrir as pálpebras e enxergar os olhos azuis do homem.
-J-james…?
-Oi, Meu Bem! - Bucky sorriu, entrando mais em foco conforme a visão da mulher desanuviava. - Eu vou chamar o médico…!
-N… Não! Fica!
Bucky sentiu Heather apertar sua mão com urgência. Seus olhos estavam arregalados e desesperados e como o monitor cardíaco acelerou, Bucky preferiu ficar ao lado dela.
Seus olhos se moveram para o canto do quarto, onde Harper estava. Heather tinha sido transferida há dois dias do Paraguay para os Estados Unidos e levou esse tempo todo para conseguir acordar. Assentindo, a garota saiu do quarto, deixando os dois sozinhos.
-Como se sente?
-Mal… - Heather admitiu, fechando os olhos. Claramente, ela ainda estava grogue e sem muito controle da língua. - Dói…
-Você vai ficar bem, viu? - Bucky afirmou, beijando a testa dela enquanto tentava controlar as lágrimas de preocupação. - Você sabe o que houve?
Heather negou, ainda de olhos fechados.
-Você…?
-Recebi sua mensagem.
Heather sorriu e ficou imóvel, aparentemente, dormindo. Então, Bucky a soltou, devagar, mas assim que seus dedos desencostaram, ela abriu os olhos e negou, fazendo ele voltar ao seu lado.
-Só até o médico chegar, viu, Heart? Você precisa fazer alguns exames…
-Fica comigo? Por favor?
Bucky assentiu de novo, segurando a mão dela de forma firme. Ao mesmo tempo, tanto Harper quanto uma equipe de médicos, chegaram ao quarto, prontos para examinar a mulher.
-Eu vou precisar que vocês aguardem um pouco do lado de fora, okay?
-Claro! - Harper puxou Bucky pela manga da camisa, o chamando quando ele ficou olhando para Heather. - Vem!
Ele obedeceu, seguindo a mulher para fora do quarto. Os dois pararam em um corredor e por alguns segundos, não disseram nada. Foi a mulher quem decidiu falar algo.
-Eu acho melhor ligar para os meus pais…
-Vou avisar ao Sam também… - Bucky concordou.
-Ela vai precisar saber de tudo, não vai?
-Tudo?
Bucky encarou Harper e viu a ruiva assentir, cruzando os braços.
-Sobre o fato que nossos pais deixaram ela ir para a Hydra e por isso, ela foi sequestrada.
Bucky ainda não tinha se dado conta que, muito provavelmente, Heather nem mesmo sabia por qual motivo foi sequestrada e para que precisavam dela ainda, a não ser que tivessem esclarecido por lá, o que ele duvidava muito.
Então, ele assentiu, mas negou a seguir.
-Olha, Harper… Eu concordo! Ela precisa saber com toda a certeza, mas não agora, nesse momento. E é melhor os seus pais contarem…
-Sim, é claro! - Harper concordou, suspirando. - Eu só… É que eu estava pensando: Se fosse eu no lugar dela, não sei como me sentiria com isso tudo.
Bucky concordou, vendo Harper pescar o celular do bolso e se afastar pelo corredor após informar que ia ligar para os pais. Já Bucky, ligou para Sam e pediu para avisar também ao Scott que Heather tinha, enfim, acordado e estava fazendo mais alguns exames.
Na verdade, quando Simon e Linda chegaram ao Hospital junto com Hannah, Heather ainda não tinha sido liberada pelos médicos e estava terminando de fazer uma tomografia. Bucky, que ainda não tinha se encontrado com eles desde que chegaram aos Estados Unidos por divergências de horários, foi surpreendido por um abraço forte de Linda e vários beijos molhados de lágrimas, o que fez ele corar violentamente.
-Meu Deus, mãe! - Hannah exclamou, rindo. - Você vai babar o homem todo!
-Tudo bem, Hannah… - Bucky deu de ombros, ainda vermelho.
-Você trouxe a minha filhinha de volta, Sargento! - Linda exclamou, o abraçando e voltando a beijar ela mais uma vez. - Eu nunca vou esquecer isso!
-Obrigado, Barnes! - Simon apertou a mão dele, com lágrimas nos olhos. - Você e o Senhor Wilson…
-E meu sogro!
-Sim, filha… O senhor Lang… Nunca vamos esquecer mesmo! - Abraçando o homem, Simon sussurrou, baixo. - E se ainda quiser entrar para a família, pode deixar que eu te acolho como um filho, hein!
Bucky riu, assentindo, apesar de ainda estar constrangido. Então, enfiando as mãos nos bolsos, Bucky murmurou que estaria na recepção do quarto caso precisassem até, pelo menos, às quatro horas, que seria a hora que sua psicóloga havia marcado uma consulta.
No entanto, cerca de vinte minutos depois, enquanto tomava um capuccino com creme na cafeteria do local, Hannah apareceu ao lado dele com os cabelos ondulados desgrenhados e uma expressão de felicidade profunda, o abraçando tão subitamente, que Bucky queimou o lábio e o queixo com o cappuccino quente.
-Obrigada por ter trazido minha irmã de volta, Barnes! Você é um herói!
Soltando a menina, Bucky suspirou, vendo ela se sentar em sua frente e pegar o biscoito da sua bandeja.
-Eu não consegui salvar ela, Hannah… Não sei se tem uma amostra do sangue dela com outras pessoas e…
-Bucky, você não consegue calar a boca e aceitar um elogio? - A garota perguntou, de boca cheia, revirando os olhos. - Eu vim aqui pedir para você ir lá no quarto! A Heather quer te ver antes de você ir embora!
Bucky assentiu e, depois que eles terminaram de lanchar, o homem seguiu a garota pelos corredores, em silêncio. Precisava falar com Heather, mas no momento, falar com sua psicóloga era sua prioridade antes que ele enfiasse os pés pelas mãos.
Então, antes de entrar no quarto, ele fez uma ligação de emergência para a Doutora Raynor e só se sentiu seguro o suficiente para falar com Heather cerca de quinze minutos depois.
A mulher estava na cama, deitada, abraçada com um enorme travesseiro azul escuro, enquanto olhava para a televisão, concentrada. O quarto daquele hospital eram muito mais moderno e luxuoso e tinha até um sofá de quatro lugares, televisão e uma janela com vista para a ponte de Manhattam.
-Oi! - Heather abriu um largo sorriso e encarou a irmã mais nova e a do meio, sentadas no sofá. - Vão procurar o papai e a mamãe, por favor?
-Acho que não…
-É, pois é… Melhor, não!
Heather jogou o travesseiro na direção das duas, fazendo elas gritarem baixo, assustadas. Quando a ruiva mais velha ameaçou jogar mais um travesseiro, as outras duas saíram apressadas pela porta e Bucky, finalmente, controlou a vontade de rir, entrando no quarto.
Seus pés o guiaram, sem pausa, para a cama da mulher e ele só parou quando se sentou ao seu lado, a puxando para um abraço firme e forte. Heather correspondeu o abraço na mesma intensidade e, por vários segundos, eles não fizeram nada a não ser, sentirem o coração um do outro, o cheiro e o conforto quente e acolhedor de seus abraços.
No entanto, o momento foi interrompido por um soluço quando Heather deixou algumas lágrimas caírem, fazendo Bucky recuar e, preocupado, perguntar:
-Hey… O que houve?
-Eu tive tanto medo… - Heather suspirou, limpando as lágrimas. - Eu achei que… Não daria certo a mensagem…
-Deu, sim! - Bucky sorriu, limpando as lágrimas dela com seus dedos. - Você foi muito corajosa, Heart. E eu tô orgulhoso demais!
Heather sorriu, segurando a mão de Bucky em seu rosto, enquanto se perdia nos olhos dele por tempo suficiente para perceber que havia algo errado. Então, foi a vez dela perguntar:
-Que carinha triste é essa? Alguém se machucou?
-Você… - Bucky indicou os braços e a testa dela. - Eu não consegui te proteger…
-Está tudo bem…
-Não, Boneca! Você poderia ter morrido!
-Mas eu não morri! - Heather fez uma pausa, franzindo a testa, confusa, gemendo de dor a seguir por causa do movimento. - Você está chorando?!
Bucky negou, apesar de estar, sim. Então, ele a puxou para seus braços e beijou sua bochecha, sentindo o corpo relaxar. Ela estava segura naquele momento e isso era o que importava para ele naquele momento.
-Por que você está chorando? - Heather perguntou, com a voz abafada por estar apertada contra o peito dele.
-Porque eu te amo, sua chata!
O corpo de Bucky gelou e o coração de Heather pulou em seu peito quando eles se encararam. Pigarreando, Bucky esfregou a mão nas pernas e coçou os olhos.
-Quer dizer… Como amigo, sabe?
-Ah… Claro! - Heather sacudiu a cabeça, tentando não ligar para a sensação de ter levado um soco na boca do estômago. - Bem, eu também te amo como amigo! Ah, por falar nisso… Meu pai falou que você já admitiu que nosso namoro não era verdade, né?
Bucky assentiu, cutucando uma placa do braço esquerdo.
-É, eu meio que tive que admitir…
-Ele também disse que precisa conversar sério comigo depois que eu receber alta.
Bucky encarou os olhos verdes, vendo ela erguer a sombrancelha na direção dele.
-Algo que você possa me adiantar?
Bucky negou, fazendo Heather parecer frustrada e irritada quando fez um bico e cruzou os braços, claramente, machucando a costela quebrada no processo.
-Está bem, então, mas… Ainda somos amigos e vamos continuar nos vendo, certo?
Heather, enfim, criou coragem e perguntou o que estava a preocupando desde que seu pai contou o que eles já sabiam.
-É claro que, sim! - Bucky sorriu, piscando na direção dela. - Até porque, eu estava esperando Minha bibliotecário favorita voltar para terminar de ler os livros!
Heather quase chorou de alívio, afinal, não queria parar de ver Bucky, mesmo que tivesse que parar aquela farsa gostosa que tinham. No entanto, como seria constrangedor demais, Heather apenas assentiu e franziu a testa.
-Será que eu ainda tenho meu emprego? Tem quinze dias que não apareço, né?
-O Scott garantiu que ninguém ia te demitir antes dos 30 dias! - Bucky afirmou, seguro. - E teoricamente, tem cinco que você está de licença hospitalar… Só não posso garantir que você vá receber os dez dias sumida!
Heather deu de ombros. Não fazia muita diferença, afinal, ela tinha uma boa reserva e se fosse econômica, poderia se sustentar por até seis meses sem ter que pedir ajuda aos pais e recorrer a um novo emprego.
-Olha, Heather… - Bucky coçou a nuca, parecendo envergonhado. - Eu queria muito ficar mas… Acho que seus pais também querem e eu já tenho ficado aqui há alguns dias…
-Ah… - Heather assentiu, suspirando. - Claro! Tudo bem! Só… Você vem me ver depois?
Bucky sorriu e beijou a testa dela, demoradamente, fazendo com que as borboletinhas no estômago de Heather voassem descontroladas.
-Todos os dias, até você receber alta, nem que eu tenha que subir pela janela!
Heather soltou uma gargalhada e concordou, recebendo mais um beijo na testa antes de Bucky se despedir e, relutante, sair do quarto dela. No entanto, ele nem mesmo saiu da frente da porta e percebeu um par de cabelos ruivos ao lado dele. Harper e Hannaj começaram a emendar um assunto qualquer aleatório, fingindo que não estavam ouvindo atrás da porta, o que fez Bucky revirar os olhos, sorrindo.
-Tchau, meninas!
-Tchau!
As duas acenaram e esperaram que ele saísse de suas vistas para entrar correndo, que nem duas doidas, no quarto.
Ao mesmo tempo, Bucky cruzava a porta de saída do hospital, pronto para entrar num táxi parado na porta, quando ouviu seu nome ser chamado. Parando, ele percebeu Simon vindo com dois cafés em mãos, sorrindo para ele.
-Hey!
-Já está indo?
-Tenho uma consulta… - Bucky justificou, negando o café com a cabeça. - Obrigado… E tenho que ver como está a Pine…
-Entendi. Escuta, a gente estava conversando com o médico da Heather enquanto vocês conversavam. Parece que ela recebe alta dia vinte e três e estamos prensando em juntar o Natal com uma festinha de boas vindas para ela!
-Vai ser ótimo! - Bucky sorriu, enfiando as mãos nos bolsos. - Ela vai amar!
-Traz o Sam também! E a aquelas meninas que ajudaram! Eu acho que até o melhor amigo dela vem! Vai ser bom para Heather distrair a cabeça um pouco antes de…
Simon fez uma pausa e Bucky completou, chegando para o lado para um rapaz passar com uma cadeira de rodas.
-De vocês contarem a verdade.
-É… Pelo visto, é uma conversa que não vou poder escapar, não é? Só espero que ela entenda nosso lado…
-Ela vai, Simon! - Bucky afirmou, seguro. - Talvez, precise de um tempo… Mas ela vai, sim!
Simon assentiu, pensativo, até olhar para o relógio e, com isso, se despedir de Bucky, voltando para o Hospital, deixando o rapaz ir pegar um táxi, rumo à sua psicóloga.
Aquela seria uma consulta e tanto!
Oiie, Pessoal! ❤
Prometi para vocês mais um capítulo nessa semana e aproveitei que é aniversário de uma leitora MUITO especial, a Laura (Não achei seu user 🤡) e vim dar esse capítulo de presente tanto para vocês, quanto para ela! ❤
Aliás, temos que falar sobre o Bucky e a Heather nesse capítulo: Eles estão cada dia mais fofinhoooos ❤
E eu tô MUITO ansiosa para poder compartilhar com vocês os próximos capítulos hehehe
Aliás, se calhar de eu acabar não postando nada na semana que vem, é pq quinta eu inicio no meu novo emprego e devo levar uns dias para pegar o ritmo, viu? Mas não se preocupem, eu SEMPRE volto para vcs 🥰🤭
Bem, até o próximo!
Espero que tenham gostado, especialmente, Dona Laura! ❤
Beijos 💋💋
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