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O Observatório onde a Festa Beneficiente para angariar fundos para o Natal de Pessoas em situação de rua era o mais alto de Nova York e, em qualquer outro dia, funcionava para o público pagante até às dez da noite.
A estrutura do salão principal era inteira de vidro e metal, ultraresistentes e com isso, os convidados teriam uma visão panorâmica de cerca de trezentos e sessenta graus, avistando praticamente toda a Big Apple.
Como convidado de honra, Sam Wilson precisou chegar algumas horas antes e arrastou Bucky Barnes junto com ele, o que deixou o homem de mau-humor. Afinal, durante duas horas, ia precisar ficar parado, vendo algumas pessoas arrumando o buffet, a decoração, o palco, os drinks, além de ser, praticamente, a única plateia para o discurso que Sam estava preparando sobre a importância da solidariedade em tempos Natalinos.
No entanto, quando Bucky estava quase se trancando no banheiro apenas para fugir de conversar com um senhor que se identificou como um grande fã dos Vingadores e não parava de falar um único segundo, Sam pediu licença educadamente e o puxou para o palco, onde havia um segundo homem e uma jovem que não devia ter mais que vinte anos.
O homem era alto e ereto e vestia um terno de alta costura na cor cinza escuro. Bucky o reconheceu da televisão e assim que o Prefeito Blasio esticou a mão, sorrindo, Bucky a apertou firme, também sorrindo, mas com menos intensidade.
-Sargento Barnes! Que honra recebê-lo em nossa festa!
-Eu que fico… Hm… Honrado de ter sido chamado, Prefeito! Obrigado!
-Não agradeça! - O homem soltou a mão dele e continuou sorrindo. - Afinal, o que seria do Capitão América sem seu parceiro, não é mesmo?
-Não queria dizer nada, não, mas ainds seria o Capitão América! - Sam riu, fazendo os homens rirem também.
Então, a garota, que vestia uma saia preta e blusa vermelha, com cabelos loiros amarrados em um coque e a franja cortada milimetricamente acima dos olhos, cutucou o prefeito, parecendo ansiosa.
Se lembrando dela, o homem sorriu e apresentou:
-Aliás, Rapazes… Essa é a minha filha, Jéssica. - Como se tivesse falando um segredo, o Prefeito sorriu e pôs a mão na frente da boca, piscando. - Ela tem uma quedinha por você, Sargento!
Bucky ergueu as sombrancelhas e forçou um sorriso para a menina quando ela perguntou se podiam tirar uma foto. Ele concordou, claro, e ela bateu a foto no Iphone vermelho, enquadrando os dois.
-Sabe, vocês dois podiam conversar! - O Prefeito Blasio sugeriu, alternando o olhar entre os heróis. - Realmente, ela é muito fã de heróis! Tem pôster e tudo!
-Pai! - Jessica corou e esfregou o rosto, negando. - Para com isso! É brincadeira dele! E eu não tenho uma quedinha por você, Sargento Barnes!
-De boa. - Bucky deu de ombros, levemente embaraçado, fuzilando Sam com os olhos.
Afinal, ele não estaria nessa situação constrangedora se não fosse por Sam.
E como para provar que ainda dava para ficar pior, Sam simplesmente riu e exclamou:
-Ah, fico aliviado! A namorada dele não ia gostar!
O prefeito, que já estava se afastando, deu meia volta, interessado, enquanto Jessica bufou e saiu de perto, como se Bucky tivesse dado um fora nela.
-Namorada, é?
-Bem…
-Ainda é bem recente! - Sam se meteu, piscando para Bucky para indicar que ele tinha o controle de tudo.
Porém, Bucky, com toda a certeza, não estava afim de deixar Sam ter o controle de tudo por saber que ia virar um desastre em algum ponto.
-Mas eles estão muito apaixonados! Não é, Bucky?
Bucky estreitou os olhos para ele, mas o Prefeito continuou perguntando:
-Hmmm, e por acaso essa moça é alguém conhecida ou ela é secreta?
-Eu acho até que você a conhece, Prefeito! - Sam comentou, empolgado. - Sabe o Danilo Orttz? Ele tem um promotor que trabalha para ele, o Simon Monroe! É a filha dele!
O prefeito franziu a testa, lembrando dos nomes, enquanto perguntava:
-Hmmm… Não é a que trabalha como advogada. É?
-Não, essa é a Harper. - Bucky respondeu, antes que Sam falasse mais alguma coisa. - A minha… Namorada é a… Heather.
Sam controlou a vontade de sorrir quando Bucky pisou, discretamente, sobre o pé dele.
-Ah, a mais velha! Ela é mesmo bonita, rapaz! Ah, e por falar no diabo… Danilo!
O homem era alto e negro, com o tom de pele escuro e quente. Bucky reparou que Danilo era um homem forte e pela postura, com toda a certeza, ele praticava algum tipo de luta corporal. Era bonito e estava na casa dos sessenta anos, mas poderia muito bem ter apenas cinquenta.
Trocando um olhar com Sam, ele entendeu o recado e Bucky apenas observou enquanto o Prefeito apresentava o Desembargador e o Capitão América. Então, Bucky começou a caminhar pelo local, ajeitando a blusa social sobre o corpo para conseguir ligar o comunicador dentro.
Cerca de cinco minutos depois, ele de trancou no banheiro, dentro de uma das cabines, ouvindo a conversa entre Sam e Danilo. Durou pouco, na verdade. Mas tempo suficiente para que Sam conseguisse colocar o gravador na roupa dele e do Prefeito e, agora, eles estavam conectados como dois pontinhos azuis.
Levando a mão ao ouvido, Bucky percebeu que não havia ninguém no banheiro, então, ligou o ponto e sussurrou:
-Conectados. Vou passar a transmissão para a Tania.
Claro que, por estar falando sobre problemas da cidade, Sam não pôde responder, mas o sinal entre eles foi ouvido na escuta quando Sam tossiu duas vezes seguidas.
Cerca de oito minutos depois, as escutas estavam com a Agente do FBI e agora, Bucky tinha que se concentrar apenas em colocar as escutas em Noah e Simon. Para isso, eles precisavam chegar ao local.
Coisa que aconteceu, exatamente, quarenta e três minutos depois, contados no relógio preto em seu pulso direito. Todos os Monroe, com exceção de Hannah, chegaram juntos, causando um rebuliço em algumas socialites escandalosas e umas jovens que pareciam conhecer as irmãs Monroe de longa data.
-Sua vez, cara! - Sam sussurrou, oferecendo uma taça de champagne para ele, para poder passar as escutas sem ninguém perceber.
-Certo!
-O mais próximo possível…
-Do pescoço. - Bucky suspirou e virou a taça inteirinha e de uma vez, fazendo careta. - Eu sei!
Então, ele criou coragem e ergueu o olhar. Heather estava linda! O vestido dela era de um verde intenso e escuro, grudado em seu corpo. Ele tinha mangas longas com rendas e parava acima dos joelhos, porém, metade das costas estavam nuas e Bucky soltou todo o ar quando engoliu em seco e foi na direção da família.
A missão era mais importante do que uma paixãozinha boba.
-Olá! - Bucky cumprimentou, pondo a mão sobre a curva do pescoço de Simon, o assustando de leve. - Desculpa!
-Ah, é você! - O homem riu e o abraçou com força e entusiasmo. - Tudo bem, Sargento? Pessoal, conhecem o amigo da Heather? O Sargento Barnes? Essas são minhas sobrinhas e minha cunhada…
-Amigo?! - Duas garotas perguntaram, de queixo caído.
-Namorado. - Bucky corrigiu, parando ao lado de Heather, sorrindo para ela quando a abraçou pela cintura.
-Namorado?! - A tia de Heather, que Bucky reconheceu da festa, deixou a surpresa transparecer em cada linha de expressão.
-Namorado, tia! - Heather abraçou Bucky de volta, depositando um beijo rápido nos lábios dele. - Viu? Não é só a Harper que tem capacidade de arranjar um partidão!
Bucky soltou uma risada, apertando ela entre seus braços. A cena toda era uma encenação, mas o abraço não era, afinal, se manter longe naquela semana foi uma escolha dele para que pudesse arrumar os sentimentos, mas isso não significava que não sentiu a falta dela.
-Então, é isso que eu sou para você, Heart? Um partidão!
-Aham! - Heather riu, deitando a cabeça sobre o peito dele. - Um peixão!
Mais risadas do grupo puderam ser ouvidas enquanto eles comentavam sobre como se conheceram e começaram a namorar. Foi só quando Noah passou por ele para ir cumprimentar alguém que Bucky pôs o pé discretamente na frente, fazendo o homem cair de joelhos no chão.
-Meu Deus! Fui eu?! - Bucky perguntou, fingindo constrangimento. - Me Desculpa, Noah!
Rindo, levemente vermelho, o homem aceitou a mão de vibranium estendida e levantou do chão, dando de ombros.
-Cara, relaxa! Eu sou um desastrado! Não se preocupa!
Quando Noah se afastou, ainda rindo, sem graça, Bucky buscou o olhar de Sam e assentiu. Um movimento leve e quase imperceptível, afinal, quando ergueu Noah do chão, deu uma espanada na roupa dele para colocar a escuta.
Dois minutos depois, Bucky ouviu Sam dizendo que Tania já tinha os quatro na escuta e tossiu duas vezes em resposta.
Para falar a verdade, para Heather e Bucky, foi um pouquinho torturante ter que ficar "fazendo sala" com a família dela e, talvez, Linda tenha reparado nisso, já que, de repente, ela interrompeu o falatório incessante sobre a cirurgia de hemorroidas do "tio Henry" e exclamou:
-James, querido… Você se importa de pegar uma taça de algum drink gelado para mim?
-De jeito nenhum!
-Ótimo! Obrigada! Heather, vai com ele, filha! Depois vocês voltam!
Heather sorriu e deu o braço para Bucky, enquanto eles se afastavam do grupo na direção de um balcão de bebidas.
-Então… Qual o plano? - Heather perguntou, baixo, fingindo examinar as unhas enquanto eles andavam pelo meio dos convidados.
-O plano é a gente seguir o Roteiro: O Sam sendo o Convidado de honra e você e eu "curtindo" uma festa como se fôssemos apaixonados!
-Ah… - Heather encostou no balcão e esperou ele pedir uma bebida antes de perguntar. - Então, nenhuma chance de você me emprestar uma faca ou arma para entrarmos em ação?
A única resposta que ela recebeu do homem foi um olhar sério. Isso fez ela dar um tapinha no braço dele e sorrir.
-Ah, vamos, James! Relaxa! Eu estava brincando! Sabe o que é isso?
-Eu tô trabalhando, Heather. Eu não brinco em serviço!
Rolando os olhos, ela se inclinou sobre o balcão e encarou um rapaz alto e magro, com cabelos escuros e olhos azuis. Então, ela pediu um "sexy on The beach" e pegou o celular, teclando com alguém.
No entanto, claramente, ela não havia reparado no olhar do barman para ela enquanto preparava a bebida. Ele parecia estar esperando apenas que Heather erguesse a cabeça ruiva e o encarasse para passar uma cantada.
Respirando fundo, Bucky recebeu a bebida que era para ser de Lindsay e a bebeu, chegando mais perto de Heather, enquanto tirava o cabelo do pescoço dela, olhando para o homem.
Desviando o olhar, o rapaz foi terminar a bebida e Heather ergueu o olhar, totalmente alheia à interação que aconteceu ao seu redor.
-Eu não consigo relaxar, Boneca. Desculpa.
-Tudo bem. - Heather deu de ombros e pegou a bebida, bebericando um pouquinho. - Obrigada! Aliás… Cadê o Sam?
Bucky olhou ao redor e achou o homem socializando aleatoriamente. Tudo bem, ele admitia: Bucky sentia uma certa inveja de como Sam podia ser maleável e bom de papo com absolutamente todo mundo!
-Bucky? - A voz de Tania soou no ouvido dele. - Preciso de ajuda! Agora! Ala leste, corredor nove! Rápido!
Ele apenas soltou Heather e murmurou um "Já volto", saindo do salão rapidamente, apesar de estar andando. Ele só começou a correr mesmo quando Tania pediu ajuda de novo e informou que um cara havia roubado um dos pen-drives depois de derrubar o parceiro dela.
Bucky pulou do nonagésimo sexto andar direto no nonagésimo quando avistou alguém descendo pelas escadas, com pressa.
Então, o homem apontou uma arma para ele e disparou, mas a mão de vibranium cobriu a saída da bala, inutilizado ela. Arrancando a arma da mão dele, Bucky o segurou pelo pulso e o puxou de encontro a ele, erguendo a perna para acertar o joelho no nariz do homem.
Apesar disso, o cara ainda conseguiu enfiar uma cotovelada no maxilar de Bucky antes dele perder a paciência e o chutar longe. O corpo masculino descreveu um arco no ar e bateu contra uma parede branca, provocando uma rachadura fina.
-Cadê o pendrive?! - Bucky perguntou, agachando ao lado do homem, que sangrava pela nuca e parecia tonto.
No entanto, ele percebeu que o olhar do homem desviou de forma quase imperceptível para trás dele e, em um movimento rápido, ele rolou para o lado, saindo da frente de um cano de metal.
O segundo homem, na verdade, não passava de um garoto inexperiente. Com um movimento só, Bucky segurou o pulso dele, o torcendo, fazendo a mão se abrir e o cano cair. Torcendo o braço dele para trás, Bucky o empurrou até o limite da escada, fazendo o menino gritar por ajuda.
-Para de berrar! Cadê a merda do pendrive, garoto?!
-Meu bolso! Para! Tá doendo!
Bucky não o soltou enquanto não achou o pendrive no bolso dele, ao mesmo tempo que Tânia e alguns policiais apareciam naquele lance de escada. Bucky ergueu a mão para ela e perguntou:
-Isso é seu?
-É! Obrigado!
Ele jogou o objeto para a mulher e soltou o menino, deixando os polícias algemarem ele e o mais velho. Olhando para Tania, ele viu ela apontar com a cabeça para cima.
-Vai lá! Devem estar sentindo sua falta!
Ele assentiu e subiu as escadas de quatro em quatro degraus, praticamente. Uma linha mínima de suor ocupava a sua testa e ele apenas precisou espanar a poeira da parede da blusa, antes de entrar no salão e ser barrado por cabelos vermelhos e longos.
-Ah… Oi, Harper!
-O que você foi fazer? - Ela perguntou, desconfiada.
-O que você vai fazer?
-Pegar minha cunhada lá embaixo. - Ela passou por ele e revirou os olhos, apontando para o salão. - A Heather está sendo cantada por meio salão e o Sam vai se apresentar daqui a pouco!
Bucky bufou e entrou no local, varrendo com os olhos todos os rostos e tons de cabelos até achar o de Heather. Ela estava em um canto, perto de um enorme janelão que dava vista para o pôr do Sol. Ao seu lado, estava ninguém mais, ninguém menos que John Walker e por segundos, Bucky quase se esqueceu de ser civilizado quando parou ao lado de Heather, mas freou o impulso no último segundo.
-Walker! Hey!
-Barnes! - Walker sorriu, simpático, apertando a mão dele calorosamente, como se eles fossem amigos. - E aí, cara? Essa aqui é a…
-Minha namorada.
Heather encarou o chão quando Bucky passou o braço ao redor da cintura dela e continuou falando.
-De onde se conhecem?
-Acabamos de nos conhecer, na verdade. - Heather ergueu o olhar para ele, percebendo uma marca vermelha no meio da barba por fazer. - Você foi onde, James?
-Banheiro. - Bucky respondeu, olhando para Walker de novo. - Bom te ver, cara! Até mais!
No entanto, nenhum dos dois se mexeu, o que obrigou o homem a sair de lá. Acompanhando com o olhar, Bucky percebeu que ele parou perto do Prefeito.
-O que houve?
-Uma emergência. - Bucky voltou a olhar para Heather, a soltando. - Tudo resolvido.
Na verdade, naquele minuto, ele percebeu porque metade do salão parecia olhar para a ruiva. Era justamente porque ela era a mulher mais linda do local e naquela luz, com o pouco Sol que se encontrava entre as nuvens batendo em seus cabelos, parecia brilhar em chamas douradas e ruivas.
Os olhos verdes escuros estavam concentrados na paisagem do lado de fora e Bucky só percebeu que ela falou algo quando viu os lábios cheios e vermelhos mexerem.
-Oi?!
-É lindo, não é?
-Demais! Definitivamente, minha vista favorita!
Heather olhou para o homem, franzindo a testa e rindo.
- Você nem olhou, Barnes!
Só para disfarçar, ele encarou o horizonte. Na verdade, ele até entendia o que ela quis dizer: Os prédios se erguendo contra o céu cheio de neblina e sol, as primeiras luzes começando a serem acessas… Nova York era mesmo de tirar o fôlego de qualquer um.
De alguma forma, enquanto eles observavam a paisagem cada segundo uma tonalidade mais escura, o braço de Heather tocou o de Bucky e ele entrelaçou seus dedos, sozinho e sem perceber.
Então, ela ergueu o olhar e viu o maxilar marcado pela barba por fazer, o nariz empinado e fina, as sombrancelhas cerradas. Tudo nele exalava masculinidade e superioridade. Tudo em Bucky exalava domínio e concentração.
Era uma mistura perigosa porque excitava Heather, já que ele parecia ter saído de algum dos romances que ela lia. E foi pensando em beijar a boca entreaberta do homem, que ela viu ele a encarar.
Naquele segundo, foi como se não tivessem mais, pelos menos, duzentas pessoas ao redor deles. Naquele momento, nenhum dos dois sabia qual deles havia tomado a iniciativa e pouco importava, afinal, no segundo seguinte, suas bocas se encontraram de novo.
E talvez, fosse a descoberta mútua e individual dos seus sentimentos, mas aquele beijo, Definitivamente, não foi igual nenhum dado anteriormente. Esse tinha sido lento, intenso e se não fosse muita loucura, eles poderiam ter achado que tinham aproveitado mutuamente o beijo.
A língua de Bucky acariciava, timidamente, a de Heather, enquanto as mãos se mantinham na cintura dela, até Heather subir as próprias mãos pelo pescoço dele, o puxando pela nuca. Para aprofundar o beijo, ele a puxou pela cintura e mordiscou o lábio inferior dela, recebendo um gemido leve, de prazer, em resposta, antes que ela voltasse a explorar a boca masculina com língua e lábios.
Aos poucos, o beijo foi sendo quebrado e a bolha que eles se encontravam foi sendo perfurada, infiltrando barulho, luzes e um ambiente cheio para os dois. Lambendo os lábios, como Bucky achava que tinha sido ele a tomar a iniciativa, enfiou as mãos nos bolsos e comentou:
-Hm… Estavam olhando para cá…
-Ah, é? - Heather deu de ombros, também se achando a culpada pelo beijo. - Também estavam olhando para cá…
-Pois é…
-É…
O casal olhou ao redor, constrangido demais com as próprias atitudes para perceberem que ambos queriam aquele beijo e que ambos tomaram a iniciativa.
-Hmmm… Aquele é o Sam?
Bucky encarou Heather, vendo que ela apontava para o palco. Acompanhando o olhar dela, ele achou o amigo em cima do palco, piscando para ele, com um pequeno sorriso.
De alguma forma, Bucky sabia que ele não estava falando da missão deles quando deu aquela balançadinha de cabeça. Sam estava falando do beijo. E só então, Bucky percebeu que todos deviam ter visto aquela cena e por alguns segundos, cogitou seriamente a possibilidade de se jogar daquele andar.
-Vem! Vamos ouvir! - Heather exclamou, empolgada, puxando o homem pela mão.
Bucky não reclamou e seguiu a mulher para se sentar na mesa, onde Harper, Noah e uma mulher que ele não conhecia, estavam sentados.
Ela tinha uma aparência frágil, na verdade, com a pele pálida levemente amarelada, os ossos saltando para fora da pele sob o vestido e um dos olhos parado, indicando que ela usava uma prótese de vidro, talvez. Apesar disso, tinha traços bonitos e devia ter entre trinta ou trinta e cinco anos.
Bucky não precisou nem mesmo que Harper falasse para saber que aquela era a tal cunhada, irmã de Noah: Os dois poderiam ser gêmeos de tão parecidos.
-Ah, Bucky! Essa é a Vanessa! - Noah apresentou, abraçando a irmã pelos ombros. - Ela é minha irmã!
-Oi, Vanessa! - Bucky sorriu, de lado, quando ela também sorriu para ele, apertando sua mão. - Sou o Bucky Barnes, namorado da Heather!
-Prazer em conhecê-lo! Quer dizer, não é sempre que conhecemos um herói, não é mesmo? Ainda mais, namorar um… Uau! Deve ser incrível, não é, Heather?
Noah e Harper encararam a ruiva, que apenas deu de ombros e aceitou uma taça de champagne rosa.
-É um pouco solitário, na verdade. Ele está sempre ocupado, mas… Tem sorte que eu gosto de ficar sozinha!
-Boa noite, Senhoras, Senhores, Senhoritas e… Bucky!
Revirando os olhos e soltando o ar, Bucky encarou o teto ao ouvir a piadinha que Sam soltou, fazendo algumas pessoas rirem. Então, se ajeitando na cadeira, o foco de todos os presentes se voltaram a Sam, que trajado de Capitão América, começou a falar.
-Bem, pessoal… Hoje eu tive a honra de ser um convidado especial, apesar de não ser rico como a maioria de vocês… Inclusive, eu aceito doações, hein!
Rindo, Bucky voltou a ouvir Sam falar sobre a importância das suas contribuições para a sociedade, equiparável às doações que aquele bando de ricaços fez naquela noite, em prol de um Natal solidário e melhor para muitas famílias em situação precária.
Ele também citou os agradecimentos de algumas ONGs e falou sobre o destino dos milhões arrecadados, a transparência do portal da prefeitura e o quanto a honestidade do prefeito era um fator bastante importante.
-Ele fala bonito, não fala? - Vanessa perguntou, empolgada.
-Ele tem namorada, maninha! - Noah respondeu, mexendo no celular.
-E daí, Amor? Ela não disse que queria ficar com ele… Se bem que eu pegaria! - Harper encarou a irmã mais velha e perguntou, como se estivesse falando um segredo. - Você pegaria, Heather?
-Na verdade, sim! - Heather respondeu, com o rosto apoiado na mão, sem tirar o olhar de Sam, que tinha dado a palavra ao prefeito. - Ele tem cara de quem tem pegada, né?
-Demais! - Vanessa e Harper responderam juntas.
Trocando um olhar com Noah, os dois pigarrearam e comentaram:
-Não é por nada, mas…
-A gente ainda está aqui, viu?
-Temos que fingir estarmos confortáveis com isso?
-Cala a boca!
As três mulheres exclamaram juntas, o que fez Noah bufar, irritado. Porém, Bucky tinha que admitir: Sam falava tão bonito e empolgado quanto ele se lembrava de serem os discursos de Steve. Era como se eles colocassem suas almas transbordando em palavras e, com isso, tocassem diretamente na alma de quem estava ouvindo, dando ânimo suficiente para enfrentar uma batalha ou se encher de esperança.
-Aliás, eu também gostaria de agradecer à presença do nosso herói, o Sargento James Barnes! - A voz do prefeito fez com que Bucky erguesse a cabeça, de susto. - Obrigado por tudo que tem feito pelo nosso país há, pelo menos, um século!
Sem saber o que fazer, ele apenas maneou o cabeça em agradecimento quando o salão bateu palmas para ele, após Sam começar a puxar essas palmas.
Desviando o olhar, ele encontrou o de Heather. Ela sorria para ele, de forma discreta, sobre o ombro, enquanto esticava a mão para ajeitar a gola da blusa dele.
- Você fica fofo vermelho desse jeito. Sabia?
E embora o pescoço de Bucky tenha esquentado ainda mais, ele negou, cruzando os braços e fazendo um leve biquinho.
- Não sou fofo!
-É claro que é!
-E nem estou vermelho!
-Aham…
-Para com isso!
Bucky pediu, tentando escapar das mãos da mulher quando ela começou a ajeitar o cabelo dele, porém, Heather continuou na missão quase impossível de abaixar os cabelos frontais dele por, ao menos, mais dois minutos antes de desistir.
-Eu disse que não abaixa!
-Bem, uma hora tem que abaixar, né? Não me diz que fica em pé o dia inteiro!
-Fica! - Bucky retrucou, irritado. - Fica em pé o tempo todo! Eu não tenho controle nenhum sobre ele!
-Mas do que diabos vocês estão falando?!
A voz de Simon se fez presente quando o homem sentou na cadeira ao lado da filha do meio, fazendo ela engasgar de rir e Heather ficar corada, comentando:
-Não é o que você está pensando!
-É o meu cabelo! - Bucky explicou assim que viu o "sogro" erguer uma sombrancelha. - A Heather cismou que ia fazer ele abaixar, mas tem anos que ele cresce assim, para cima!
-Ah… Que susto! Por um segundo eu achei que… - Simon hesitou e deu de ombros. - Bem, de qualquer forma, usem camisinha! Menos você, Harper! Quero um neto!
-Vai ficar querendo! Eu, hein! - Harper revirou os olhos, fazendo a irmã rir. - Para de rir, oh, palhaça!
Bucky soltou o ar, devagar, se perguntando o que tinha feito para merecer isso tudo.
Oiie, Pessoal! ❤
Voltei com mais um capítulo agora que to em casa, relaxando! Porém, como vou voltar para o Hospital amanhã, não sei ainda quando posto de novo, viu?
Aliás, vamos falar sobre esse capítulo que teve de tudo um pouco: Comédia, ação, Bucky boiolinha e com ciúmes...
E por fim, o mais importante de tudo: SIM SENHORAS E SENHORES, ESSE FOI O PRIMEIRO BEIJO DO NOSSO CASAL!
"Ah, mas autora... Eles se beijaram la no capítulo 4 ou 5"...
Pois é, mas até agora nenhum beijo tinha sido "sem motivo" e "com vontade de ambas as partes" heheheh
E eu espero que tenham gostado porque eu to apaixonada por esse capítulo, viu?
Até o próximo!
Beijos 💋💋
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