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O Dia estava mais para frio do que para morno, mas ainda não era o suficiente para incomodar e usar casacos pesados. As pessoas caminhavam pelas ruas de Nova York apressadas e o trânsito se encontrava caótico por ser fim de tarde. 

Os dois homens caminhavam pela calçada, desviando de outros pedestres apressados, vez ou outra. Alguns deles encaravam a dupla, seja por reconhecerem o Capitão América e o Lobo Branco, ou seja porque eles estavam cobertos de sangue, cortes e hematomas. 

Haviam acabado de tentar recuperar uma carga perdida e levaram uma surra dos sequestradores, a princípio, mas no fim, eles  conseguiram a localização exata e recuperaram a carga. 

Cansados e doloridos, tudo que eles mais queriam, naquele momento, era descansar e um restaurante japonês pareceu uma boa pedida naquele momento para ambos. 

Então, eles chegaram ao restaurante e, para a surpresa de Bucky, assim que se sentaram para comer - Depois de usarem o banheiro para tirar o excesso de sangue seco acumulados em seus rostos -, uma mulher de cabelos escuros e baixinha veio atender eles. 

Ayumi. Bucky só reconheceu quando ela arregalou os olhos para ele, também o reconhecendo. 

-Ah… James! Minha nossa, eu… Não esperava te encontrar aqui. Tudo bem? 

Sam ergueu a sombrancelha, observando o amigo ficar levemente corado e assentir, sem graça. 

-Pois é… Eu não sabia que você trocou de emprego… 

-Nunca mais você apareceu depois daquele dia, né? - Ayumi deu de ombros, com o tom de voz levemente acusatório. - Enfim… Ah, meu Deus! Você é o Sam Wilson?! 

Sam assentiu, sorrindo. Isso fez Bucky se perguntar como diabos alguém podia estar sempre de bom humor e sorrindo. Depois, enquanto ele tirava uma foto com Ayumi, Bucky chegou à conclusão de que era Sam o estranho, não ele. 

Os dois pediram uma barca de sushis e cervejas bem geladas e Ayumi se afastou deles, quase correndo. Enquanto Bucky ajeitava os vidros de molhos shoyu e teriaki, ele fingiu não perceber o olhar de Sam e torceu para que o homem não perguntasse nada. 

Não foi o caso, lógicamente. 

-Que dia? 

-Me recuso a responder qualquer porra! -Bucky reclamou, pegando um dos copos com gelo de cima da mesa e pondo sobre o osso, abaixo do olho. - Ai! 

-Ah, mas vai responder! - Sam insistiu. - Ou então, vou perguntar para ela! 

Abrindo os olhos e largando o copo sobre a mesa, Bucky negou com a cabeça. 

- Você não vai fazer isso! 

-É um desafio? 

-É uma ordem! 

-E desde quando você manda em mim, hein? 

-Desde que eu tenho um punho de vibranium e posso quebrar a sua cara! 

-Eu tenho um escudo e não tenho medo de usar, Barnes! 

-Com licença! 

Os dois interromperam a discussão para que Ayumi pudesse colocar as cervejas na mesa. Sam e Bucky dispensaram que ela colocasse nos copos, mas ficaram com eles de qualquer forma para aliviar as dores no rosto. Quando ela se afastou, Sam voltou a falar. 

- Vocês já saíram? É isso? 

-Foi um desastre! - Bucky bufou, revirando os olhos. Inclinando o corpo para frente, ele falou mais baixo. - Foi o Senhor Fulano que arranjou o encontro para mim e até pareceu divertido, no início, sabe? Mas ela começou a fazer perguntas pessoais demais e depois, ficou lá, mencionando sobre… Bem, o filho dele e o quanto ele sentia falta e era dolorido… Eu entrei em pânico e, literalmente, fui embora sem nem falar com ela direito. 

Sam arqueou as sombrancelhas, surpreso, enquanto olhava para Ayumi, que tentava disfarçar o fato de que estava olhando para a mesa deles. Depois, voltou a olhar para Bucky e deu de ombros. 

-Sinto muito pelo encontro! 

-Obrigado, mas… 

-Mas acho que foi bom! Quer dizer, se tivesse dado certo, você não podia estar dando uns amassos com a Heather! 

Bucky fechou os olhos e respirou bem funda e lentamente, pedindo paciência a Deus. Ainda de olhos fechados, ele respondeu: 

-Não estou dando uns amassos nela! 

-Está, sim! - Sam insistiu, sorrindo. 

Bucky abriu os olhos e o encarou, entediado. 

-Estamos fingindo, Samuel?! Será que é tão difícil de entender isso? É fingimento! Eu não tô afim da Heather, ela não tá afim de mim… Só fingimos quando tem alguém por perto! Caramba! 

Sam ergueu as duas mãos em rendição, rindo da cara de desespero do amigo. 

- Certo, calma aí! Não precisa ficar todo nervosinho! 

-Que bom! 

-Então, quer dizer que você não tá mesmo afim dela? De verdade?

Bucky estreitou os olhos e cruzou os braços, lambendo os lábios, irritado. 

-Olha, ele entende! 

-E ela também não está afim de você! 

-Uau! Parabéns! Sua capacidade de raciocínio não é tão limitada quanto eu pensava! 

Sorrindo, Sam declaroh: 

-Legal, então! Vou apresentar o Torres para ela! 

Engasgando com a cerveja, Bucky molhou metade da blusa, espirrando o líquido pelo nariz no exato momento em que Ayumi chegava com a enorme barca contendo variadas comidas japonesas. 

-Tudo bem? - Ayumi perguntou, desconfiada. - Quer uma água? 

-Não, tá tudo bem! - Bucky deu de ombros, pegando guardanapos para enxugar o rosto, fuzilando Sam com o olhar. - Eu só bebi espuma demais! 

O homem na sua frente parecia que estava prestes a ter um AVC para segurar a risada e se manter sério. Uma veia chegava a latejar em sua testa e ele estava roxo, sem ar. 

A risada de Sam ecoou pelo ambiente - se perdendo no meio de toda a agitação caótica do restaurante, é claro! - e o homem quase caiu da cadeira, sendo atingido na testa por um dos palitinhos, o hashi. 

-O que foi, Barnes? 

-Nada… - Bucky respondeu, sério, abrindo outro par de hashis. - Eu só acho que o Torres e ela não tem muito a ver. Mas legal. Tenta a sorte. Não custa nada. 

Sam estreitou os olhos, esperando, enquanto Bucky enfiava um Philadelphia na boca. Assim que engoliu, Bucky continuou. 

-Aliás, pede só para ele ser discreto? Vai estragar toda a missão, sabe? O fato dela aparecer namorando um idiota qualquer, assim, do nada… 

-Meu Deus, Bucky! Isso tudo é ciúme?! 

-Eu queria comer em paz! - Bucky exclamou, irritado. - Posso?! Obrigado! 

Enquanto ele enfiava um sashimi dentro da boca e mastigava, Bucky soltou o ar retido em seus pulmões, lentamente. Não, não estava com ciúme. Claro que não. Eles não eram nada, não tinha porque ter ciúme. 

Mesmo assim, quando Sam começou a falar sobre a investigação que Tania estava fazendo, Bucky não ouviu uma única palavra. Não quando ele não fazia idéia do que estava acontecendo com ele. 

Quer dizer, não era normal estar pensando em socar a cara do coitado do Torres só com a possibilidade dele se aproximar de Heather. Não devia ser normal estar tenso só por isso e com o coração acelerado. Era quase como se ele estivesse mesmo com ciúme. 

Não, não era isso. Bucky sabia exatamente o que era: Era o lado tóxico e possessivo dele. Mesmo que ele e Heather não tivessem nada, incomodava o seu ego e orgulho a possibilidade de, de repente, ela aparecer com outra pessoa. Não era saudável e não tinha nada a ver com ciúme e paixão. Devia ter a ver com a parte do Soldado Invernal que ele fingia não existir. 

Talvez, fosse uma boa idéia sair do restaurante e fazer duas ligações. Uma para sua psicóloga e outra para Heather. Se afastar, talvez, pudesse resolver o problema e a sua mente ia parar de pensar que existia a possibilidade de Heather ser dele… 

Tinha que ser possessividade. Se não fosse, ele não ia saber o que fazer e nem como agir com ela… 

-BUCKY BARNES! 

O homem pulou de susto - E diga-se passagem, o casal na mesa ao lado também- quando Sam Wilson gritou, atraindo a sua atenção. Esfregando o rosto, Bucky rosnou: 

-O que foi, porra?! Tem que berrar desse jeito?! 

-Eu tô falando uma coisa importante e tá você aí, que nem um imbecil, olhando para o nada e sem me ouvir! - Sam respondeu, irritado. - Onde você estava com a cabeça, hein?! 

-Não interessa! - Bucky retrucou, com um pouco de vergonha de não estar mesmo ouvindo nada do que ele disse. - Eu só… Deixa, Sam. Desculpa. 

- Você está bem? - Sam perguntou, desconfiado. - Não vai ter uma crise. Vai? 

- Não, eu só estava pensando demais. Enfim, o que você estava falando? Faz um resumo! 

Bucky tirou o pensamento da cabeça, afinal, era só um pensamento mesmo, e começou a prestar atenção no que Sam recomeçou a falar. 

-A Tania reuniu todas as informações possíveis sobre o grupo da Hydra e, de quebra, ela fez uma pasta no dossiê separada só para o Noah, o Danilo e o Simon. Vou pegar o documento hoje, quando eu for buscar ela na CIA e… 

Sam deixou a voz morrer quando Bucky arregalou os olhos e sorriu, percebendo que falou um pouco demais. 

-Espera aí… Você vai buscar ela na CIA, é? 

-Não perturba, Bucky! 

-Então, por isso você quis vir para cá! Para passar o tempo até dar a hora! - Bucky acusou, rindo de verdade. - Ah, cara! Você está caidinho nela! 

-Cala a boca! 

-Tá namorando! Ta namorando! - Bucky riu, sussurrando, enquanto desviava de um bolinho de arroz. - Hey! Para de desperdiçar comida, Samuel! Tem gente passando fome! 

Sam rolou os olhos, claramente sem graça. No entanto, ele desviou o assunto e voltou a falar: 

-Sabe… Eu estive pensando… 

-Ih… 

Ignorando o amigo, Sam voltou a falar, em um tom sério. 

-Talvez, eu precise dar um pulo na Balsa. 

O som de um engasgo pôde ser ouvido e Bucky precisou roubar a cerveja de Sam para desengasgar, tendo em vista que a dele havia acabado. Arregalando os olhos, ele negou, em desespero. 

-Ficou louco?! 

-Eu não disse que vou soltar ele, Barnes! Deixa de ser dramático! - Sam rolou os olhos e bufou. - Eu disse que acho que preciso ir visitar ele. Quer dizer, a gente está lidando com a Hydra de novo… 

-E você acha que ele pode saber algo sobre isso?! 

- Você acha que não? - Sam retrucou, apontando com o dedo. - É o Zemo, Bucky! Os segredos dele tem segredos e ele sabe muito mais do que já nos falou! 

Bucky não retrucou, afinal, ele sabia que Sam tinha razão. Zemo havia ajudado bastante contra os Apátridas, mas não havia revelado nem mesmo um quarto do que aquela cabeça brilhante sabia. 

-Tá, mas você vai se entender com Wakanda se ele fugir, viu? Eu não tenho nada a ver com essa fuga dessa vez! 

-Ele não vai fugir! - Sam afirmou, irônico. - Sabe por quê? Por que eu não vou armar fuga nenhuma para ele, diferentemente de outras pessoas…

Bucky ignorou a alfinetada e eles terminaram de comer a barca de sushis quinze minutos depois, não deixando um único para trás. No entanto, Sam ainda ficou algum tempo no restaurante, esperando uma dúzia de sushis para levar para Tania. 

Na hora de pagar, Bucky não deixou Sam pagar a parte dele, então, foi para Bucky que Ayumi trouxe a maquininha de cartão e, enquanto ele teclava a senha na tela de touch, ela perguntou, como se estivesse perguntando sobre as horas: 

-Hey, não sei o que houve naquele dia ou porquê você nunca mais apareceu, mas… Nenhuma chance da gente repetir aquele encontro? - Como ele ergueu a cabeça, e pareceu confuso, Ayumi continuou. - Quer dizer… Se você quiser, eu tô livre hoje. 

-Como assim você não sabe porque eu sumi? 

Sam franziu a testa e Ayumi pareceu irritada por ele só focar naquela fala. Mesmo assim, ela deu de ombros. 

-Eu deveria? O Senhor Nakashima só disse que você estava ocupado demais para voltar para Nova York… 

Ele piscou, confuso. Porque ele não tinha dito a verdade para Ayumi? Que era o assassino do filho dele… 

Como Sam percebeu a hesitação de Bucky, ele respondeu pelo amigo. 

-Olha, eu tenho certeza que se ele estivesse solteiro, ia querer, sim. 

Ayumi deixou o queixo cair, surpresa, arregalando os olhos de um, ao outro. 

-Ah! Eu não sabia… 

-Não sou eu! - Sam riu, negando com a cabeça. - Ele tem uma namorada! 

-Ah… Por um segundo eu achei… Bem, tudo bem. - Ayumi recolheu a nota fiscal e entregou para Bucky. - Sinto muito! E fico feliz por você! Boa tarde! 

Bucky forçou o sorriso e encarou o celular, o qual, havia tirado do bolso para pegar a carteira. Talvez, precisasse mesmo fazer uma ligação. 


O consultório particular da Doutora Christina Raynor era bastante diferente do consultório que o Governo pagava, para que ela atendesse aos soldados de guerra traumatizados. Enquanto aquele tinha tons de verdes, em um estilo meio florestal, esse era imaculadamente branco e um pouco apertado, até. 

Tudo bem, Bucky havia praticamente obrigado a Doutora Raynor a dar alta a ele, para que o homem pudesse investigar os Apátridas. Mas após muita conversa com Sam e Sarah e algumas noites de pesadelos, Bucky preferiu procurar a mulher e agora, pagar o valor simbólico de cem dólares por uma consulta particular de tempos em tempos.

Como ele tinha tido bastante melhora, suas consultas se resumiam a dois dias por mês e algumas ligações de emergência, quando era preciso. Por isso, a mulher tinha ficado bastante surpresa quando Bucky a ligou, perguntando se ela poderia atendê-lo em uma sessão extra, após o expediente. 

Naquele momento, seu joelho subia e descia com bastante rapidez, enquanto ele esperava que o último paciente dela - Um rapaz que não tinha metade de uma perna - saísse do consultório. Eram quase oito horas da noite e ele já estava lá desde as sete. 

Quando o relógio, enfim, marcou oito horas, Bucky levantou da cadeira, atraindo o olhar da mulher atrás do balcão. Julieanne ou Juliette. Ele não se lembrava do nome dela, mas achava a moça uma gracinha e educada, por isso, acaba usando apenas o apelido de Ju, ao invés de admitir que não lembrava do nome dela. 

Só às oito e sete, o paciente saiu da sessão. Ele tinha olhos vermelhos e as mãos tremiam. Ele conhecia essa sensação. Era horrível, mas se deixasse de ser orgulhoso, poderia admitir que também era libertador de certa forma. 

Ele não esperou que a Doutora o chamasse. Ele mesmo entrou no consultório, que era bem menor do que o antigo, e bem mais claro. A janela dava vista para uma boa parte da cidade e a Doutora suspirou quando ele entrou, bebendo um pouco de água. 

-Sem pressa! Eu espero! 

- Certo. Vou dar um pulo no banheiro, Senhor Barnes. Eu já volto! 

Bucky concordou, sentando no sofá vinho e macio. Ele se colocou na mesma posição de sempre: Joelhos afastados, mãos cruzadas sobre o colo. Não demorou muito. Cinco minutos depois, ela voltou ao consultório e se sentou, o encarando, por alguns segundos, enquanto o analisava com os olhos. 

-Fiquei surpresa quando você me ligou, James. Sua próxima sessão é só em… - Ela consultou a agenda, passando as páginas. - Quinze dias! 

-É, pois é… 

Mais silêncio. Agora que estava alí, Bucky não sabia o que dizer e se sentia idiota. 

-Então… Quer me contar o que está te incomodando? 

Ele franziu o cenho, negando. 

-Não tem nada me incomodando. 

-Hm… - Ela assentiu, devagar. - E mesmo assim, está aqui. 

-É… 

Com um suspiro, ela pegou uma caneta e um caderno e Bucky bufou, rolando os olhos. 

-Está bem! Só larga esse caderno, caramba! 

-Você sabe a regra, James. Não fala, eu escrevo! 

-Parece uma psicopata do caderninho! - Raynor ignorou o comentário e esperou. - Bem… Eu encontrei a Ayumi. 

A psicóloga franziu a testa, talvez, tentando se lembrar do nome, mas como ele nunca tinha dito nada, Bucky apenas explicou: 

-Ela foi a primeira garota que eu tentei sair. Não foi importante. É só que… Ela conhece o Seu Nakajima. E… Ela meio que deixou escapar hoje que ele nunca contou que fui eu, sabe? Que… Que assassinei o filho dele. 

O silêncio preencheu o ambiente até que a médica o quebrou. 

-E você esperava que ele contasse. 

Embora não tenha sido uma pergunta, ele confirmou. 

-É, eu acho que esperava. 

-E por que ele contaria, James? 

-Por que ele não contaria? 

Ela o analisou, escolhendo as palavras com cuidado. 

-Eu acho que você sempre espera que as pessoas vão falar mal de você ou te tratar mal, James. 

-Bem, obrigado por me falar o óbvio! - Bucky reclamou. 

Mais silêncio. Ele soltou o ar. 

-Achei que ele ia ficar tão abalado que… Bem, não esperava que ele não contasse a outras pessoas. 

-Você esperava raiva dele. 

-É, eu acho que sim. Por que não? Eu matei o filho dele…

-O Soldado Invernal matou o filho dele. É diferente. 

Bucky ia retrucar, mas eles já tiveram aquela discussão tantas vezes e não chegaram a lugar nenhum… A Doutora havia falhado na missão de tirar a culpa e o peso dos ombros dele, mas pelo menos, teve êxito em fazer ele entender que o Soldado Invernal não era ele. 

E isso o levava a outra questão. 

-Algo me diz que não é isso que está te incomodando. 

-Não tem mais nada me incomodando, Doutora. - Bucky mentiu, se remexendo na cadeira. 

Ela o encarou, esperando pacientemente. Quer dizer, estava acostumada com a forma como Bucky se fechava até que algo o incomodasse tanto que sua única alternativa fosse colocar para fora. 

Naquele dia, demorou bastante. Bucky contou a ela sobre o casamento, a estante que conseguiu montar na sala, sobre a gatinha nova e até mesmo sobre as brigas com Sam daquela semana. Coisas importantes para ele, era claro, mas também, triviais. Que só serviam para adiar o que, realmente, o incomodava. 

Foi só na hora em que se despediram e a Doutora Raynor estava prestes a fazer suas anotações, que o homem voltou ao consultório, fazendo ela o encarar, curiosa. 

-Sim, James? 

-Posso fazer uma pergunta? É retórica… 

Ela assentiu e apontou com a caneta para o sofá, vendo ele ir se sentar de novo. Guardando o caderno, a mulher o encarou, esperando. 

-Então? 

Bucky torceu os lábios e encarou as mãos unidas na frente do corpo. 

-Hipoteticamente falando, claro… Você acha que eu seria capaz de me apaixonar? Ou isso é impossível? 

Bucky pôde perceber o brilho no olhar da mulher quando ela se inclinou para frente, interessada. 

-Hipoteticamente falando? 

-Isso. É só uma hipótese que passou pela minha cabeça, sabe? 

-Uhum… Bem, sendo sincera… É óbvio que você é capaz de se apaixonar, James. Por que não? 

-Bem, considerando tudo que eu passei… e considerando que ainda existe algo do Soldado Invernal ainda em mim, eu supus que qualquer tipo de sentimento assim poderia ser anulado pelos sentimentos dele, sabe? Ao invés de ser uma paixão, ser um tipo de… Obsessão. 

Raynor franziu a testa, se mexendo na cadeira. 

-Você tem passado muito tempo pensando nisso, não é?

Vermelho, Bucky deu de ombros. 

-E então? Faz sentido, não é? Eu não me apaixono! É o Soldado Invernal, certo? 

-Errado, James. Já conversamos sobre isso. - A Doutora afirmou, firme. - Você tem mania de tentar justificar todos seus sentimentos como sendo uma extensão do Soldado Invernal, mas nós dois sabemos que ele não existe mais. A única coisa que tem aí dentro e uma cicatriz que não vai sair. Mas isso não quer dizer que a ferida seja capaz de te machucar ainda.

Bucky desviou o olhar para a cidade. Isso fez a médica continuar falando. 

-James, você é, sim, totalmente capaz de se apaixonar e amar alguém… 

-Mas e se eu não for bom?! - Bucky perguntou, de supetão. - E se eu sentir ciúmes? 

O silêncio se fez um pouco presente e ela apenas respondeu calmamente. 

-Sentir ciúme é normal, James. A forma como você lida com ele e o alimenta é que pode ser tóxico. Se você se sente inseguro quanto a isso, você pode trabalhar essa questão. Não é um bicho de sete cabeças. 

Bucky negou, confuso. 

-Eu acho que você não entendeu… Vamos supor que eu conheço alguém, okay? E que essa pessoa… - Ele hesitou, arrancando as palavras do fundo de si. - E eu quero ela para mim, entende? Eu quero que ela goste de mim e que escolha ficar do meu lado e entrei em pânico só de pensar em outra pessoa com ela. Eu tô sendo possessivo, não estou? Eu sou possessivo e… 

-James, você não é possessivo. - A Doutora falou, calmamente. - Não vejo nada de errado no seu sentimento. Você é inseguro e já falamos sobre sua autoestima baixa, mas se você fosse possessivo, eu já teria visto. 

Bucky lambeu os lábios. 

-Você está se auto sabotando de novo, não percebeu? Está desprezando os seus próprios sentimentos e usando o Soldado como desculpa para o que está sentindo, mas no fundo, você sabe que não é verdade. Que você não quer a moça só para você como um obsessivo ou seja lá o que você queira inventar para se afastar. Lembra quando você botou um milhão de obstáculos para fazer amizade com o Sam porque tinha medo? 

De novo, ele não respondeu. 

-Qual o nome dela? 

Bucky encarou a Doutora e suspirou, passando a mão pelos cabelos. 

-Heather. 

Um pequeno sorriso surgiu no rosto dela. Então, Bucky voltou a falar. 

-Ela é a filha daquele car que eu falei que estou investigando. 

-Ah… A menina que você está fingindo namorar? 

-Essa mesma. - Bucky suspirou e esfregou o rosto. - E se eu estiver confundindo os sentimentos? Me apaixonando por algo que eu inventei na minha cabeça e não existe de verdade? 

Silêncio. Eles se encararam. 

-Você acha que é isso? Que está se apaixonando por algo que inventou? 

Bucky não soube responder. Ele queria dizer que sim, que era exatamente isso. Mas ao invés disso, ele respondeu: 

-Ela é toda educada e gentil e tem aquele jeitinho doce, sabe? E ela parece não ligar para o que eu fui ou que eu sou e… Ela parece gostar de mim, entende? De verdade… Quer dizer, ela me considera um amigo, não só o herói dela. E a gente se diverte para caramba quando tá junto e, no início, quando eu beijava ela, eu não sentia nada, mas agora, no casamento… Depois de conhecer melhor a Heather, eu… Eu sinto algo por ela, Doutora. Eu não sei se ela também sente, na verdade, eu acho que não, sendo sincero. Mas eu sinto. 

-E o que você sente? O que ela te provoca? 

-Isso é mesmo necessário? 

-Você sabe que sim. 

Bucky bufou e criou coragem. Se fechasse os olhos e falasse de uma vez, seria bem menos constrangedor. 

-Ela me deixa feliz e ansioso de um jeito bom. Eu quero ficar do lado dela e quero que ela fique do meu. Não o tempo todo, é claro, porque, com certeza, eu ia enjoar e acredito que ela também, mas… Pelo menos, um pouquinho, sabe? E eu não tenho me importado tanto com toques físicos porque… A Heather é carinhosa e, por incrível que pareça, eu gosto disso. E eu admiro a inteligência dela. Além de que ela é linda e eu… Morro de saudade quando não a vejo. E isso é mega constrangedor porque acabei de me dar conta que pareço um idiota! 

Ao abrir, os olhos, pelo sorriso discreto no canto da boca dela, Bucky percebeu que ela discordava totalmente dele. 

-Não, Barnes. Você não parece idiota. Você só está apaixonado. E sinceramente, eu não vejo nada demais nisso. Eu só tomaria cuidado em não colocar muita expectativa porque, como você mesmo falou, vocês só estão fingindo. 

-Não se preocupa, Doutora. - Bucky suspirou e comentou, com o tom de voz um pouco mais desanimado do que quando ele estava descrevendo sua paixão. - Eu não vou confundir! Não tem a menor chance dela corresponder, mesmo… 


Oiie, Pessoal! 💖

Atrasei mas cheguei e cheguei trazendo meu capítulo favorito da fanfic inteira até agora hehehe e olha que eu já tô no 20!

Sei lá, a forma como o Bucky se preocupou em conhecer os próprios sentimentos antes de sair admitindo e afirmando que estava apaixonadinho, e o fato de escrever uma cena com um peso psicológico de forma satisfatória... 🤤🤤🤤 Eu Amei demais!

Eu espero que vocês tenham gostado dele também! Aliás, o próximo é nessa vibe aí, mas com a Heather 🤭❤👀

Até semana que vem!

Beijos! 💋💋


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