05
⚠️ Aviso de capítulo com gatilho de ansiedade e crise de pânico! Leia com cuidado! ⚠️
Eram quase quatro horas da manhã quando Bucky Barnes deixou Heather em casa, levemente bêbada. Ele a acompanhou até a porta do apartamento e recusou, gentilmente, o convite para passar o resto da noite no quarto de hóspedes mais porque precisava ir atrás de algumas respostas do que porque não queria ficar.
Mesmo cansado, ele apenas saiu pelo portão se despedindo do porteiro do prédio e começou a caminhar pela rua vazia, com as mãos nos bolsos do casaco e a gola erguida para escapar do frio do outono. Apesar do que achou antes daquela noite, ele até que tinha se divertido bastante. A família de Heather era gentil e receptiva e a própria mulher, apesar de não ter um pingo de juízo na cabeça, também era legal e gentil.
Apesar disso, o único interesse que ele tinha em Harper e em sua família era descobrir por qual motivo Noah era amigo de ex-integrantes da Hydra. Obviamente, todos os quatro se conheciam e reconheceram ele e isso era um fato mais estranho ainda somado ao fato de que, semanas antes, alguém tentou matar Heather sem explicação alguma.
Quando chegou em casa, a primeira coisa que fez foi ir coar um café, já que não ia conseguir dormir, apesar do cansaço. Sua mente estava acelerada e ele não conseguia parar de pensar, portanto, quando pôs o líquido quente na caneca e se sentou no balcão de mármore, não havia mais a possibilidade da coincidência em sua mente. Até porque, as balas e armas que deixaram para trás eram russas, o que poderia comprovar o envolvimento da Hydra no ataque.
Ao menos, o que restou dela.
Se dando conta de que havia levado a mão direita ao cordão pendurado em seu pescoço com o pingente de estrela, Bucky o desembolou da sua dogtag e segurou em sua mão, refletindo.
Qual seria a chance de seu caminho cruzar com o daquela mulher meses depois do primeiro e inesperado contato? Pareciam poucas, mas mesmo assim, foi o que aconteceu e ele não tinha explicação para isso. Poderia ser apenas uma coincidência? Bem, Bucky não era de acreditar muito em coincidências, mas "destino" também não parecia uma opção muito racional.
Então, ele decidiu parar de pensar nisso e ergueu o corpo da cadeira, lavando a caneca e a cafeteira a seguir. Olhando para o relógio ridículo de pinguim em cima da geladeira, Bucky percebeu que ainda eram pouco mais das cinco da manhã. Perfeito. Quem precisava falar já estava acordando.
Indo até o telefone da sala e sentando no sofá, ele discou o número e esperou que atendesse, o que foi feito no quarto toque.
-Alô?!
A voz rouca e baixa de Sam soou no telefone antes de Bucky conseguir ouvir um bocejo.
-Está acordado?
-Não, sou sonâmbulo. É óbvio, né? O que você quer?
-Hydra.
Silêncio. Mais um bocejo.
-O que?
-Preciso falar contigo sobre isso. Mas não confio nesses telefones, principalmente depois de hoje.
Sam suspirou, insatisfeito, mas concordou.
-Certo. Me encontra no Joe's às oito.
-Sete. - Bucky corrigiu. - É urgente, cara!
-Tá, tá! Sete! Beleza…
-Ótimo! Tchau!
Bucky não esperou que ele respondesse e apenas encerrou a ligação, indo tomar um banho gelado e demorado. Seis e meia da manhã, ele já estava cansado de esperar em uma mesa externa do Joe's, um bar bem conhecido no Brooklyn por ficar aberto, praticamente, vinte e quatro horas por dia, exceto aos domingos.
Impaciente, ele batucava os dedos sobre a bancada da mesa, produzindo um ruído metálico e constante, abafado pelas luvas pretas em suas mãos. Seus olhos vagavam para cima e para baixo, vasculhando os traços de quem se aproximava, buscando pelo parceiro.
Sam apareceu às sete e um e era lógico que Bucky não ia perder a oportunidade de implicar com o homem ao vê-lo sentar na cadeira em sua frente e murmurar um "Boa dia, Barnes!".
-Você está um minuto atrasado!
-Enfia um minuto no rabo! Eu, hein… - Sam riu, olhando para o cardápio sobre a mesa. - O que tem de bom pra comer aqui?
-Você tem olhos! - Bucky retrucou, franzindo a testa. - Pega o cardápio e lê!
-Grosso! - Sam murmurou, distraidamente.
Levou quase dez minutos para que ele se decidisse, enquanto levou apenas alguns segundos para Bucky pegar um café e um sanduíche de carne assada. De qualquer forma, não estava com muita fome, portanto, não ficou ansioso pela comida.
Ele esperou que Sam se ajeitasse sobre a cadeira e, cruzando as mãos sobre a mesa, o encarasse, curioso.
-Como foi a festa ontem?
-Curiosa. - Bucky ergueu uma sombrancelha quando percebeu o olhar de Sam. - O que?
Sam arqueou a própria sombrancelha e sorriu, o analisando.
-Você e a Heather…
Bucky sentiu o pescoço esquentar ao lembrar que a beijou, mesmo que não tivesse interesse pessoal nenhum na mulher. Desviando o olhar para a rua, Bucky ganhou um tempo até formular uma resposta.
-Hmm… Ela parece ser legal. Mas não foi para isso que te ch…
-Defina legal. - Sam pediu, ainda insinuando com o tom de voz. - Gata, interessante, beijável?
Bucky respirou lentamente, piscando e fingindo não entender o que ele quis dizer.
-Sam, pelo amor de Deus! Não somos nem amigos!
-Se não sendo amigos você já está vermelho assim, imagina se fossem! - Sam deu de ombros. Então, arregalou os olhos e encarou Bucky. - Ouch, espera aí! Não me diz que vocês…
Bucky fechou a cara e cruzou os braços, olhando para o trânsito no meio da rua, enquanto Sam gargalhava.
-Meu Deus! Vocês se beijaram! Uau! Isso foi rápido!
-Se você parar de ser um imbecil eu posso te contar o motivo pelo qual eu beijei ela, porra! Fica quieto e me deixa falar!
Sam franziu os lábios, controlando a vontade de rir, enquanto se inclinava para trás na cadeira, sobre os pés traseiros dela.
-Aham… Sou todo ouvidos, seu beijoqueiro!
Ignorando o constrangimento que ainda ardia sob sua pele, Bucky soltou o ar e abaixando a cabeça enquanto fingia olhar para as luvas, murmurou:
-O cunhado dela tem vários amigos da Hydra.
Isso fez Sam perder o sorrisinho e ficar sério, se inclinando para frente. Bucky continuou falando:
-Tive que fingir que era mesmo namorado dela e que não reconheci nenhum deles, mas eram quatro. E todos me viram e me reconheceram.
Sam franziu a testa, mas antes que pudesse perguntar, Bucky se adiantou e negou.
-Nunca vi nem o noivo, nem o pai da Heather pela Hydra. Mas claro que isso não exclui eles da possibilidade. Por isso, vamos continuar fingindo estar namorando. Eu só não disse que quero investigar o pai dela também.
Sam assentiu.
-Entendi. Você acha que isso tem a ver com o atentado na biblioteca? As munições e armas era russas, não eram?
-Aham. - Bucky assentiu, veemente. - Quanto mais eu penso, mais certeza tenho que não foi aleatório. Eu só não consigo entender porque a Heather…
-Ela é um alvo fácil. - Sam analisou, coçando a barba do queixo. - Ou, talvez, para dar algum recado ao pai dela, caso não tenha sido ele. Ou você acha que… ?
Bucky deu de ombros, sem querer pôr a mão na fogueira por ninguém.
-Ele parece gostar muito dela, mas eu desconfio até da minha sombra, então, não vamos descartar nenhuma das possibilidades. Nem mesmo essa!
Os dois ficaram em silêncio enquanto o garçom colocava o pedido em cima da mesa e recolhia o cardápio e a comanda, desejando um bom café da manhã para eles.
-Bem… Você vai sair de novo com a Heather?
Bucky assentiu, de leve.
-Ela vai me avisar quando tiver outro encontro de família.
-Certo, e você vai continuar indo na biblioteca ver ela?
Bucky engasgou com as torradas e precisou de um gole de café quente para desobstruir as vias aéreas, puxando ar para os pulmões. Já Sam, engasgou de rir e precisou do suco de laranja para conseguir respirar, ainda sem parar de rir.
-Eu não vou à biblioteca ver ela!
-Quase todo dia, Bucky! O Scott me contou!
-Eu não disse que eu não vou! Eu disse que não é para ver ela, seu demente!
-Então, vai para quê, hein?!
Bucky estreitou os olhos para ele, irritado.
-Responde a pergunta!
-Minha terapeuta recomendou que eu lesse para aliviar o estresse e estimular o raciocínio, Cacete! E essa é a porcaria da biblioteca mais próxima que tem!
Sam recostou e engoliu um pedaço do próprio lanche, para sorrir e comentar:
-Você mora na esquina de uma livraria.
-Por qual motivo eu vou pagar se posso ler de graça?!
Sam continuou sorrindo.
-Aham… E você tem lido o que?
Bucky revirou os olhos e deu de ombros.
-O Senhor dos Anéis, Nárnia… Não que seu cérebro pequeno seja capaz de entender isso! Enfim, Samuel… Foco na Hydra! Você acha que eles podem estar tentando se reerguer de novo?
Sam percebeu que a mudança brusca de assunto foi de propósito, mas assentiu mesmo assim, de leve.
-Bem… Acho que poderia, sim. Mas para isso, eles têm que ter algo interno que esteja incentivando. Alguém forte, sabe?
-E que esteja agindo nas sombras.
-Sim. Exato! Me dá o nome dos quatro e do cunhado e pai da Heather. Tenho um contato que pode nos dar informações sobre eles.
Bucky assentiu e informou o nome dos quatro que reconheceu, além de Simon e Noah. Ele esperou Sam anotar e perguntou:
-É o Torres?
-Posso ver com ele também. Mas não. - Sam negou, guardando o caderninho em sua mochila. - Ela não é daqui. Enfim, você tem mais alguma teoria?
Bucky negou com a cabeça, parecendo levemente decepcionado com ele mesmo.
-Ainda não tenho muita coisa… Queria ter mais, mas…
-Tá tudo bem, Bucky. - Sam o acalmou, com um sorriso amigo. - Você já fez muito! Sério…
Bucky não se sentia assim e, sinceramente, não queria discutir naquela hora, então, apenas calou a boca e observou Sam terminar de comer a comida do prato em silêncio.
Seu corpo poderia até estar presente, mas com certeza, sua cabeça não estava. Infelizmente, Bucky se sentia agitado e nervoso com a possibilidade de ter que lidar com a Hydra ou ex-membros dela. Tudo bem, o Soldado Invernal não existia mais, mas mesmo assim, Bucky não pode evitar se lembrar de tudo que viveu, de toda a dor que causou e sentiu.
Não pôde evitar sentir medo.
Seu primeiro instinto foi correr para longe do assunto, ignorar aquilo tudo, abandonar Nova York, Heather, Sam ou qualquer coisa que pudesse fazer ele se lembrar do passado. Mas não o fez. Precisava enfrentar isso mesmo que fosse sufocante. Mesmo que suas mãos tremessem e ele se desse conta de que não conseguia respirar.
Sam se deu conta quase ao mesmo tempo que ele, então, levantou da mesa e o puxou pela gola da blusa, fazendo Bucky olhar em seus olhos.
-Hey, hey! Olha para mim, James. - Sam manteve a calma e se sentou ao lado dele. - Mantenha a calma.
-Eu… Eu não…
-Não, cara. Respira comigo, você consegue!
Sam dispensou a ajuda do garçom e viu Bucky apertar a borda da mesa, tremendo.
-Vamos, James… Inspira: Um, dois, três… Segura: Um, dois, três… Solta devagar: Um, dois, três, quatro, cinco, seis… Repete…
Aos poucos, apesar de se sentir como se seu coração estivesse sendo esmigalhado e seu braço estivesse dormente, o ar voltou a entrar nos pulmões de Bucky, enquanto Sam fazia um leve, mas firme, carinho em suas costas.
-Você está bem? - Bucky assentiu, soltando a beirada da mesa, enquanto abria e fechava as mãos. - Ótimo, continua focado na respiração. Quer chorar?
Bucky negou, mesmo com lágrimas pinicando em seus olhos. Não era um choro, exatamente, mas lágrimas produzidas pela falta de ar e pela vergonha e humilhação de ter uma crise de pânico no meio da rua. Porém, apesar disso, ele era grato por ter Sam ao seu lado naquele momento. E especialmente, por Sam ter aprendido a lidar com aquilo nos últimos meses.
Falando baixo, Sam tornou a olhar em seus olhos e com a voz mais firme do mundo, murmurou:
-Eu tô aqui com você, Parceiro. Não se preocupa! Vão ter que me matar para pegarem você de novo, viu?
Bucky assentiu, fechando os olhos e limpando lágrimas intrusas.
-Ob-obrigado!
-Cara, não agradece. Eu só tô falando a verdade. Tô contigo para o que você precisar e até quando não precisar, viu? Agora, vai jogar uma água nesse rosto e não esquece de jogar na nuca e nos pulsos também!
Bucky pensou em dizer que Sam não mandava nele, mas era mais vantajoso obedecer somente aquela vez. Então, ele ergueu o corpo e entrou no banheiro, sob o olhar de Sam.
-Seu namorado está bem?
Sam estremeceu de susto e encarou o garçom, levemente confuso.
-Que namorado?
-O rapaz que estava aqui…
-Não somos namorados. Ele só meu amigo! - Sam rolou os olhos, cruzando os braços, ao perceber o olhar debochado do homem. - O que foi? Tem a masculinidade tão frágil que não consegue ver uma troca de carinho sem segundas intenções nem quando tem alguém passando mal?! Isso é extremamente babaca, sabia?
Envergonhado, o homem saiu de perto pedindo desculpas. Ainda levou mais algum tempo para que Bucky se sentasse na mesa, sem olhar para Sam. Para aliviar o clima, o Capitão América riu e comentou:
-Acho que a Heather é corna!
-Que? - Bucky franziu a testa, confuso. - Por quê?
-Aparentemente, segundo o garçom, eu e você somos um casal!
Bucky fez uma careta e revirou os olhos, mas encarou o amigo e sorriu.
-Olha… Você ter uma queda por mim, eu até entendo, sabe? Eu sou gostoso! Mas eu ter por você? Nunquinha!
Sam bufou e riu, negando com a cabeça.
-A modéstia mandou lembrança, Barnes! Aliás, problema seu! Eu que sou gostoso e você não sabe o que está perdendo!
-Nem aqui, nem na China! - Bucky revirou os olhos de novo. - Mas admite, Sam! Você me deseja!
-Só quando admitir que se interessou pela Heather!
-Tá maluco?!
Sam riu, apontando um dedo para ele.
-Me diz que não vai Amanhã naquela porcaria de biblioteca só para ver a sua ruivinha!
-Vai à merda!
Sam soltou uma risada alta, quase caindo da cadeira, mas no minuto seguinte, quando ele estava prestes a zoar Bucky de novo, seu celular tocou e os dois precisaram encerrar o encontro rapidamente, tendo em vista que Sam precisava ir fazer seu trabalho de Capitão América.
-Não quer que eu vá junto? - Bucky perguntou, vendo Sam deixar uma nota debaixo do prato.
Ele negou e jogou a mochila sobre os ombros.
-Vai para casa, cara. Descansa bastante! Amanhã eu devo ter alguma resposta para você! Tchau!
Sam não esperou resposta, fazendo Bucky bufar, irritado, enquanto estudava a possibilidade de acabar comprando os livros na livraria ou invés de ir na Biblioteca para ler.
Oiie, Meus Nenéns! 💖
Cheguei trazendo um capítulo que foi, literalmente, improvisado, já que não estava no meu roteiro. Apesar disso, eu achei MUITO importante abordar a parceria e a amizade do Sam e do Bucky. Quer dizer, eu sei que vocês estão carecas de saber que eles são amigos depois da série, mas eu acho muito fofo essas ceninhas!
Enfim... Se eu não tô enganada, no próximo vamos voltar a ter interação entre a Heather e o Bucky! ❤😅
Espero que tenham gostado desse capítulo!
Até o próximo!
Bjs 💋💋
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