Capítulo 2
Louren
De manhã, corro para a lanchonete. Acordei tarde porque Marcus recebeu seus amigos idiotas em casa ontem e eu tive que servir suas bebidas e ainda precisei ouvir seus comentários sobre o quanto minha bunda é gostosa. não suporto mais viver na mesma casa que aquele porco nojento. A única parte boa na madrugada de ontém foi que depois das três da manhã eles estavam caídos de bêbado por toda a sala e eu pude pegar nos bolsos de um deles uma carteira de cigarros novinha e 20 pratas.
Chego à lanchonete e Jona me joga um olhar de interrogação. Encolho os ombros como um pedido de desculpas e vou para dentro para guardar minha jaqueta no meu armário e pegar meu avental.
- Como foi o jantar? - pergunto para Carla quando a encontro na cozinha.
- Foi legal. Levei um vaso de cerâmica para a mãe do Coll e ela adorou. Acho que a conquistei. - sorri e coloca seu bloco de notas no bolso do avental. - Agora tenho que trabalhar. E você pode lavar as louças do café.
- Você sabe que eu odeio lavar louça! - digo.
- Quem manda chegar atrasada, Lou?
Com uma risada, Carla vai atender os clientes e eu reviro os olhos. Hoje o dia realmente não está bom.
Atendi mais mesas do que pude contar. A lanchonete do Jona é sempre muito agitada nos dias de sábado. Mas não me importo com trabalho. Quanto mais trabalho, mais gorjetas eu ganho e mais rápido consigo sair daqui.
Quando chega a hora de ir, me despeço de Jona e Carla e enfrento a frieza da noite. Caminho pela calçada, olhando sempre desconfiada para os lados, com medo de ser roubada, sequestrada, ou qualquer outra coisa do tipo.
Desde a noite em que meus pais foram mortos por aqueles assaltantes eu tenho esse... trauma.
Já estou perto de casa, mas de repente sinto a necessidade de apressar os passos. Sabe aquela sensação estranha de que alguém ou algo está te seguindo? Pois é, estou sentindo exatamente isso agora e paro de andar bruscamente quando escuto uma voz vinda de um beco:
- É tarde, garota. Não tem medo de andar na rua sozinha numa hora dessas?
- Quem... - engulo em seco. - Quem está aí?
O dono da voz finalmente sai da escuridão e fica debaixo da luz de um poste na calçada. Reconheço na mesma hora os alargadores e o piercing na sobrancelha direita. É o cara tatuado que foi na lanchonete no começo da semana.
- Quer um pouco? - ele me oferece sua garrafa de cerveja e eu até penso em aceitar.
Marcus não me deixa beber as cervejas que compra com meu dinheiro. Na última vez que peguei uma única lata na geladeira, ele descobriu e me bateu até que meu rosto e minhas costas ficassem roxas.
- Não. - decido não aceitar. Não sei que diabos ele poder ter colocado na cerveja.
- Você que sabe. - ele leva a garrafa aos lábios e bebe um gole.
- Tenho que ir. - começo a andar rapidamente e não olho pra trás.
Porém, quase faço isso quando o escuto dizer:
- Boa noite.
°°°
Ontem foi bem estranho; as lembraças de ter encontrado com aquele cara ficaram remoendo minha mente a noite inteira e passei a madrugada me virando de uma lado para o outro na cama - com uma sensação esquisita no peito. E se ele estiver me vigiando? E se ele for algum estuprador ou psicopata que está seguindo meus passos, só esperando o momento certo para atacar?
Que droga! Era só o que me faltava! Será que já não tenho problemas demais?
Levanto dos farrapos que gosto de chamar de cama e a arrumo. Antes de pegar minha toalha e ir para o banheiro, Marcus entra no meu quarto, arrebentando a porta, e Jogando uma trouxa de roupas sujas sobre minha cama recém-arrumada.
- Que porra é essa, Marcus? - grito para ele.
- Hoje é domingo. Dia de lavar roupa. - ele se vira para sair. - E olha a boca quando fala comigo!
Reviro os olhos. Marcus querendo respeito da minha parte? Vai sonhando.
- Por que você não lava?
Marcus para com a mão na maçaneta.
- Lave suas roupas imundas, seu porco!
Ele se volta para mim com os olhos cheios de ódio e se aproxima sem me dar nenhuma chance de me defender. Quando sinto sua mão se chocar contra minha bochecha, me seguro para não deixar as lágrimas caírem e toco minha pele dolorida com as pontas dos dedos, me forçando a olhar para ele. Preciso mostrar que sou forte.
- Lave essas roupas! - Marcus aponta o dedo na minha cara e sai do quarto, fechando a porta com um estrondo.
Quero cair no choro, mas não faço isso. Sei que dizem que chorar é bom para aliviar o coração e tirar as mágoas, no entanto, não quero tirar as mágoas que tenho de Marcus, quero odiá-lo com todas as minhas forças. Por isso parei de chorar pelo que aquele ogro me faz.
Depois de tomar banho, pego a trouxa de roupas sujas e lavo todas na pia dos fundos, as estendo no varal e vou para a cozinha onde procuro qualquer coisa para comer na geladeira. Acabo almoçando um sanduíche de queijo com refrigerante, sei que isso não é um almoço saudável para ninguém, mas o que posso fazer se todo o dinheiro que entra nessa casa é gasto em jogos, bebidas e baseados?
Ao chegar na sala, vejo Marcus caído no sofá enquanto a TV está ligada. São meio-dia de domingo e ele já está morto de bêbado.
- Idiota. - digo e pego minha jaqueta no cabide perto da porta.
Sair é a melhor coisa que faço. Posso me sentir livre por pelo menos alguns minutos. Ando por um tempo e decido ir à casa de Carla, mas mudo de ideia quando o vejo de novo; o cara tatuado. Ele atravessa a rua e entra em um bar, então vou atrás dele. Não sei por que estou fazendo isso, mas sinto uma imensa vontade de saber mais sobre ele. Bom, se ele for um assassino|estuprador, é melhor saber antes e tomar medidas drásticas para me defender.
Entro no bar e o vejo sentado em um banco alto, apoiando os cotovelos no balcão. Escolho uma mesa mais afastada e o observo de longe, e depois de quase 20 minutos vendo o cara tomar sua cerveja lentamente, desisto de qualquer teoria maluca que minha cabeça inventou. Pelo visto, ele vai passar o resto do domingo aí, então saio desse lugar.
Do lado de fora do bar, sento na calçada para fumar um cigarro e dou minha primeira tragada. Me preparo para dar a segunda, mas quase me engasgo com a fumaça quando ele senta ao meu lado e diz:
- Tem um pra mim?
°°°
Estou amando cada vez mais escrever essa história! A gente se vê no próximo capítulo, pessoal!
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