LINHA DOIS - SANTA PELOU
---Antes de tudo eu gostaria de pedir desculpa por não postar nos últimos dois domingos, tive alguns problemas, mas agora voltamos a programação normal! Obrigado a todos!---
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Ok! Antônio já sabia que o anel lhe fazia viajar no tempo, mas descobrir que só poderia viajar três vezes foi uma grande surpresa, ainda mais que agora só tinha outras duas chances de fazer as coisas certas.
O garoto nem esperou e girou os entalhes verdes outra vez, o segundo entalhe piscou, o garoto tirou o anel, e tudo ficou claro outra vez. Antônio fechou os olhos e só os abriu quando ouviu a voz de Marcela:
— Você disse que seria sério! Você vai pagar por isso idiota! — A garota saiu bufando.
Antônio tinha que achar Olivia, sem distrações, mas antes ele teria de passar despercebido pela multidão que estava a lhe esperar na festa. Por coincidência havia um pano largado no chão ao seu lado, o que seria um ótimo disfarce, e o único que ele conseguiria rápido naquele momento.
A festa estava cheia como da última vez, só que quando Antônio entrou não foi recepcionado com gritos e saudações, ao invés disso recebeu olhares atravessados por estar usando um pano que encobria metade do rosto.
O garoto aproveitou a liberdade para varrer o lugar com os olhos e nem demorou muito para ver Olivia tirando foto de tudo e de todos na pista de dança. Antônio não sabia como falar com a garota e por isso, em desespero, puxou Olivia pelo braço e a arrastou para dentro de um quarto, em meio a gritos de protesto da garota e olhares curiosos.
— O que é isso? Quem é você? — perguntou Olivia quando Antônio fechou a porta do quarto.
— Sou eu Olivia... — Antônio tirou o pano do rosto.
— O que você acha que está fazendo Antônio?!
— Não dá para explicar agora, eu só preciso que você me responda uma coisa... — Antônio tinha os olhos fixos em Olivia, o que deixou a garota desconfortável. — As fotos que você está tirando das festas para quem as está enviando?
Só depois que terminou Antônio percebeu que foi uma pergunta um tanto vaga, ela não demostrava toda a urgência da situação.
— Então você me arrastou para o banheiro para me fazer essa importantíssima pergunta? — Olivia debochou de Antônio e de toda preocupação que o garoto demostrara com a situação.
— Só responde Olivia, só responde! — Antônio realmente estava bem preocupado e queria saber a resposta.
— Eu estou mandando para o grupo, não é óbvio?! — Olivia não entendia o porquê de tanta preocupação.
— Que grupo? — Antônio não esperava aquilo como resposta.
— Ahh... É claro! — Olivia deu um tapa na testa. — Luís me disse que você não está no grupo.
Antônio juntou todas as peças e chegou à conclusão de que havia um grupo da festa, era a única opção.
— Deixe-me ver os contatos do grupo... — Antônio estendeu a mão direita pedindo o celular, assim como uma criança pede por um doce.
— Eu não vou te dar meu celular, ficou louco?! — Olivia escondeu o aparelho em repudio.
— Olivia, por favor! — Antônio juntou as mãos em prece. — É muito importante, nunca lhe pedi nada.
Os dois se fitaram durantes alguns segundos. Antônio suplicando com os olhos e Olivia indecisa se acreditava ou não no garoto, afinal, ele nunca foi amigo seu amigo.
— Está bem... — Olivia desbloqueou o celular, ainda meio a contra gosto, demorou alguns segundos para abrir o grupo da festa e depois entregou o aparelho a Antônio.
Assim como um lobo devora sua caça, Antônio caçou um nome em meio a uma longa lista de membros, a velocidade com que seus olhos liam os nomes era indescritível. Passados exatos um minuto o garoto parou no nome que esperava encontrar: Marcela.
— Obrigado! — Antônio devolveu o celular a Olivia e saiu trotando do quarto.
— Ei! — gritou Olivia a suas costas. — O que está acontecendo?!
Antônio só a ignorou e saiu o mais rápido, que pôde, dali.
Marcela morava nos subúrbios, embora fosse perto, Antônio levaria pelo menos uns quarenta minutos a pé. Tateou os bolsos a procura do celular para chamar um carro, mas não o encontrou, e àquela hora não teria nenhum ônibus, então, só lhe restava ir andando.
Depois de trinta minutos de uma caminhada exaustiva o garoto finalmente chegou a rua Santa Pelou, era a ladeira mais íngreme que ele subira, esse era um dos motivos porquê não visitava a namorada, ou ex; o outro motivo era o fato dos subúrbios serem o complexo de bairros mais perigoso da cidade de San Pelou, era pouco recomendável andar pelo lugar sozinho a noite.
Antônio só estava focado no seu objetivo e não deixaria nada lhe impedir de confrontar Marcela, ou pelo menos era isso que esperava.
No meio da ladeira, quando já não conseguia mais puxar o ar e suas pernas tripudiavam, o garoto avistou um trio, no topo da rua, vindo em sua direção. Uma mulher os liderava, tinha a roupa vermelho vinho colada no corpo e um cigarro apagado na boca, os dois homens que a acompanhavam eram mais como clones, usavam as mesas roupas marrons e o mesmo penteado tosco.
Antônio não demorou a atravessar a rua, mas como temia, o trio o acompanhou. O garoto ficou com medo e, sem ser racional, deu meia volta e desceu a ladeira a passos largos, dobrou na primeira esquina e se escondeu atrás de um poste, prendeu a respiração e só a soltou quando o trio passou por ele.
Antônio voltou a rua Santa Pelou, bem mais tranquilo e bem mais atencioso, acelerou os passos para poder alcançar a casa de Marcela, mas para sua surpresa o trio veio de uma esquina a sua direita.
— Achou que escaparia da gente? — A líder do trio pegou Antônio pelo cangote, quando ele tentou fugir.
— Eu não tenho dinheiro, não tenho celular e...
O trio começou a dar risada, era como se estivessem se deliciando com o desespero do garoto, cada gota de medo e angústia que ele estava sentindo e transpirando.
— Aí garoto, você é engraçado... — disse a líder depois de um longo tempo de gargalhada. — Onde mora?
— Lembranças... — Antônio disparou tentando conter o medo.
— Lembranças?! — disse a mulher numa falsa surpresa. — Uau, a merda dos maiores escrotos dessa cidade... Se fosse outro bairro você não teria problemas, mas Lembranças...
— Eles se acham donos da cidade! Hum, hum... — Um dos homens parecia engasgar-se com sua própria saliva.
—Exato! — A líder concordou com o homem e depois continuou: — Mas sabe o que é engraçado? — A mulher parecia ameaçadora, na verdade Antônio já estava tremendo de medo quando balançou a cabeça em negação. — É que temos um dos filhotinhos deles bem aqui... — Ela passou a mão gorda pelo cabelo encaracolado de Antônio. — O que podemos fazer com você? — Os olhos da mulher o fitaram, naquela luz amarela dos postes da Santa Pelou eles pareciam fogo, queimando de raiva.
— Ei, não sei por que tanto ódio, não somos diferentes, você e eu, somos pessoas... — Antônio nem sabia o que estava falando.
A líder só riu em deboche.
— Olha só, não somos iguais, vocês nos usam como apoio de pé, nos amassam até que sai a última gota de sangue... Tudo para manter suas vidas perfeitas, mas advinha? — A mulher fez uma pausa dramática e se aproximou do ouvido de Antônio. — A conta chega! — Ela sussurrou no ouvido do garoto. — Amarrem-no e vamos leva-lo!
Antônio nem conseguiu ter reação, os dois homens clones pegaram duas cordas (só poderia ter vindo do além) e amarraram as mãos e os pés do garoto, ele gritou, suplicou por socorro, mas as casas que tinham luzes acessas se apagaram, não iriam se envolver no que estivesse acontecendo ali fora.
Antônio foi levado até um balcão, amarrado numa cadeira e afogado num balde com água três vezes ao longo de uns trinta minutos. Depois da sessão tortura a líder se sentou cara a cara com o garoto e começou a sessão interrogatório.
— Nome?
— Antônio...
A mulher fitou o garoto, esperando por mais.
— Completo garoto! — Ela se alterou quando o tempo de espera já era muito alto.
— Antônio Almeida Teixeira... — balbuciou o garoto.
— Almeida Teixeira... — A mulher ficou pensativa. — Você por acaso é filho do advogado Tiago Almeida Teixeira?
Antônio respondeu com um balanço discreto de cabeça.
A mulher se levantou eufórica, parecia alegre, embora a história que começou a contar fosse triste, muito triste.
— Deixe-me contar uma coisa sobre seu querido pai... Há alguns anos houve um processo contra a corporação Less, eles testaram, sem consentimento, uma espécie de vacina em todos os seus funcionários... — A mulher pegou um celular e começou a digitar um número. — Alguns morreram, outras ficaram terrivelmente doentes, mas advinha? A corporação Less ganhou o processo e o seu pai era um dos advogados deles, intrigante que depois de todo esse tempo uma das filhas, de dois dos funcionários mortos, encontre com o filho de um dos defensores dos assassinos!
Antônio estava tão fatigado que mal teve reação para aquilo, só absorveu as informações.
— Senhor Almeida! — disse a líder no telefone, como uma saudação a um velho amigo. — Vou ser direta, estou com o seu filho e quero uma coisa do senhor.
Ouve um tempo de espera.
— Claro! — A mulher tirou o telefone do ouvido e o apontou para Antônio. — Seu pai quer te dar um oi!
— O que você estava fazendo nos subúrbios?! — A voz do pai saiu robótica e irritada.
— Cof, cof... — Tossiu Antônio. — Socorro pai!
— Eu vou cuidar disso! — disse por fim o pai.
Antes da líder puxar o celular Antônio conseguiu ver o horário 05:30 da manhã. Como o tempo passou tão rápido?
— Senhor Almeida eu vou querer um resgate... Não sei se o senhor se lembra do caso da corporação Less... Quero todo o valor da multa que seria paga a cada funcionário, com valores corrigidos! — A mulher esperou um tempo maior pelo que parecia uma reclamação de Tiago. — Não interessa, da mesma forma que você se virou para defende-los, irá se virar para conseguir o dinheiro. Até as dez! — A mulher desligou o celular sem nenhuma cerimônia. — Quanto a você... — Ela se virou para Antônio. — Aproveite a estadia. — Ela deu um estalo de dedos e um dos homens de cabelo ridículo se levantou do canto direito, ele tinha duas garras jacarés nas mãos, o que assustou Antônio.
— Não... Por favor... — Antônio se debateu na cadeira na tentativa de fazer as cordas desatarem, mas foi em vão, ele tomou uma carga, tudo ficou escuro e ele apagou.
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--O quinto capítulo será publicado amanhã!---
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