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Uma arma

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— Cresce muito rápido— Alice disse.

— E precisa de sangue pra se alimentar— Edward disse. Olhei na sua direção, fulminante. É culpa dele. Essa coisa vai matar minha irmã, e eu o mataria depois disso, não me importa quem vai ficar contra mim, eu o tinha alertado o que faria caso ele fizesse exatamente o que fez.

Bella colocou a mão sobre a minha. Por um momento, me afastei, foi um choque estranho, mesmo que ela não fosse lá tão quente. Ela me encarou triste, me senti péssima e estendi a mão na sua direção novamente. Evitei o melhor que pude de encostar na barriga dela, é difícil não encarar essa coisa.

— Como Bella ainda está viva?— perguntei porque é simplesmente incabível para mim a essa altura.

— Tem sido difícil, não sabemos se....— Alice disse.

— Eu sou forte, eu vou aguentar até o fim— Bella a interrompeu, me segurei para não revirar os olhos. Ela colocou novamente a mão sobre a minha, não daria certo se eu tentasse segurar a dela, ela me parecia feita de um vidro vagabundo que se segurar com muita força vai estourar na sua mão. Deus, como minha garganta queima!

— Se eles tivessem certeza que você iria conseguir teriam escondido isso de mim até depois— falei, encarando a minha gêmea zumbificada— Eu estou aqui para me despedir de você, Bella— minha voz saiu mais trêmula do que eu pretendia— Não estou?— olhei para a família a nossa volta, cada um desviou o rosto.

Levantei-me de novo ficando de frente para Edward.

— Você sabe que isso é culpa sua!— acusei, furiosa— E sabe o que eu vou fazer quando ela morrer— apontei para minha irmã.

— Rebecca, não— Isabella censurou.

— Por que vocês não tiram essa coisa dela!?— avancei na direção de Edward, Jasper correu para ficar entre nós. Nem fiquei magoada, eu faria o mesmo no lugar dele.

— Ela não quer— Edward gaguejou balançando a cabeça— Você não entende.

— Ah, eu não entendo!— gritei— Faça-me entender então, oh, gênio da compreensão!

— Ele é meu filho, Rebecca!

— ELA É MINHA IRMÃ!

— REBECCA, CHEGA— Bella gritou, e logo gemeu de dor, arrependida. A atenção rapidamente foi desviada para ela. A coisa se remexendo dentro da enorme barriga.

— Ele não quer que você grite com ela— Edward falou, o medi de cima a baixo.

— Como você sabe o que essa coisa quer?

— Ele pensa— Edward explicou sem me olhar diretamente— É diferente de qualquer coisa que eu já vi— ele mal respira.

Balancei a cabeça, colérica. Andei de um lado a outro no cômodo, o cheio extasiante de minha irmã me fazendo ficar tentada a acabar com sua dor e me alimentar.

— É claro que pensa.— resmunguei. Todos ficaram em silêncio, eu parei de andar e encarei todos— Por favor, eu não posso perder ela também— olhei para Alice, sentindo uma dor embrulhar meu estômago. Alice piscou depressa e encolheu os ombros.

— Eu não consigo ver o futuro dela. Essa coisa tem algum tipo de escudo, como o dos lobos, eu... não vejo nada— ela me encarou com tristeza. Embora eu soubesse que não ia chorar, eu não queria desabar na frente deles.

Levei a mão a boca e saí do cômodo quando Jacob mancou até o sofá pequeno que Bella estava espremida. Caminhei até o quarto de Jasper, ele veio atrás de mim.

— Eu estou cansada de perder, Jasper— sussurrei para ele, torturada, quando ele fechou a porta atrás de si— Por que eu tenho que ficar perdendo tudo que me é importante?— Jasper me virou para si e me abraçou. Afundei meu rosto no seu peito e gemi quando queria gritar.

— Eu sei— ele suspirou, passando a mão no meu cabelo— Eu sinto muito, mon amour.

— Por que ele fez isso? Ele não tinha o direito— choraminguei, abraçando com força a cintura de Jasper.

Ainda haviam pontos cegos naquilo tudo. Os lobos, como aquela coisa não tinha matado minha irmã, como meus pais estão e ficarão após receber a notícia da morte de mais uma filha, como nós ficaríamos depois que eu matasse Edward.

Eu ainda tenho muito o que ouvir, mas reservaria aquele momento para reabastecer ao lado de Jasper.


Alice veio nos encontrar no quarto, horas mais tarde. A noite chegou, e a casa está silenciosa.

Jasper beijou minha mão e saiu do quarto, ouviria a conversa de qualquer jeito, mas sabia que eu tinha que lidar com aquilo sozinha em primeiro momento.

Fiquei sentada na cama dele, Alice ficou na minha frente.

— Eles tiveram a lua de mel que queriam, passou mais ou menos uma semana antes de Bella entender o que estava se passando— ela começou— Aquela coisa é metade humana e metade vampira, conforme o tempo passava e a barriga crescia cada vez mais, os alimentos humanos foram deixando de serem suficientes. A ideia veio de Jacob que talvez a coisa precisasse do mesmo tipo de alimento que a gente. Agora Bella ingere sangue para que a coisa para de se alimentar dela.

Foi difícil de ouvir sem me irritar porque, no final das contas, o casal de filhos da puta, foi lá e transou quando tudo dizia que deveria ser impossível. Ignorando tudo o que eu disse.

Encarei a estante de livros do quarto de Jasper, respirando fundo e engolindo o veneno que encheu minha boca.

— Carlisle previu que, com a dilatação, em breve teríamos o nascimento e ele precisava se alimentar para fazer isso.

— E foi aí que eu e Jasper entramos?— perguntei a encarando— Como você sequer sabia que a gente ia conseguir passar pelos lobos?

Alice olhou para os próprios sapatos.

— Não sabia— respondeu, a meia voz. Levantei-me, balançando a cabeça.

— Então poderíamos ter morrido hoje— Sorri sem humor— E eu nunca ia saber o segredo.

— Não morreram.

— Isso muda muita coisa!— rebati— Podiam ter nos falado ao menos que éramos as iscas!

— Era nossa única chance, Becca, estamos sem nos alimentar há dias, desde que Jacob Black anunciou para sua alcatéia o que Isabella está carregando.

Isso baixou minhas armas, por um momento. Cruzei os braços.

— Jacob o que?

— Ele— suspiro— foi convidado aqui no começo, para tentar mudar a cabeça de Bella, fazê-la mudar de ideia em relação ao feto, naquela época, poderíamos removê-lo sem muitas complicações. Ela decidiu ficar com a coisa. Rosalie a protege, impedindo que façamos qualquer coisa a força...— Alice balançou a cabeça. Por usar tantas as vezes "coisa" se nota que não tem mais afeto que eu pelo monstrinho— Jacob ficou furioso e chamou uma reunião com seu bando, logo houve uma divisão porque Jacob só queria matar a coisa, mas Sam decidiu que mataria Bella também. Eles viriam e eu sequer notaria o ataque. Jacob veio nos avisar, Seth e Leah se juntaram a ele, ficamos de vigia, mas não conseguiríamos lutar, tão fracos e sem...

— Sem uma arma?— sugeri. Alice ficou quieta, não me olhava de volta. Esfreguei o rosto com força como que para acordar de um pesadelo sem fim. Não deu certo— É para isso que nos chamaram— dei de ombros— Eu protegeria vocês de um jeito ou de outro. Por que o segredo?

— Porque todo mundo sabia o que ia acontecer se você voltasse— ela levantou o olhar— Bella não queria que você ferisse Edward. Ninguém aqui quer.

Ficamos quietas de novo. Eu sou a vilã. Fico maravilhada. Eu sou a errada nessa porra toda.

— Então... se Jacob não tivesse se estressado e aberto o bico, se vocês não o tivessem chamado... Eu nem ficaria sabendo dessa história?

— Provavelmente só depois que Bella se transformasse— Alice balançou a cabeça, concordando.

Fiquei boquiaberta. Nossa, eu devo ser muito ruim mesmo!

— Isso se ela sobreviver ao parto, e se sobreviver ao veneno— rosnei, mas não para Alice, ela não tem nada a ver com isso, bom, não é culpa dela— De todo esse tempo conversando com vocês pelo celular, eu fui descobrir hoje que minha irmã está a beira da morte que provavelmente vocês nem vão matar aquela coisa— eu sabia o que Jasper sabia. Pelo menos com ele eu não tenho segredos.

— Não, não vamos— Alice suspirou— Edward também não era a favor de mantermos essa coisa no começo, mas mudou de lado desde que ouviu que a criatura ama Bella. Emmett vai ficar com Rosalie no que ela escolher, Maggie também quer ver essa coisa nascer...

Respirei fundo, minha garganta ardeu e eu nem sequer podia mais sair dali.

— Fique com Bella, Rebecca— Alice me aconselhou— Faça esse favor para vocês duas, a família é necessária agora.

Agora que tudo está uma merda, agora que as chances de todos se foderem está no limite.

Eles sequer me pedem desculpas.

— Sim. Eu vou— assenti. De que adiantaria resistir? Porque eu não abandono mais minha família, eu sou otária e vou perder a única família que me resta. Sangue do meu sangue.

Porque ao menos dessa vez eu vou ter a chance de me despedir.

Uma vez eu ouvi uma frase do tipo: hoje eu vi que nenhuma das minhas cicatrizes foram feitas pelos meus inimigos.

E hoje, eu adoto para mim, porque ela nunca fez tanto sentido. Aqueles que eu amo são os que me deram e me dão as cicatrizes mais profundas. E o que eu faço? Eu beijo suas mãos e perdôo.

Eu não queria que fosse assim.

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