Terra de ninguém
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É uma sensação curiosa. Não estou voltando para Forks, estou voltando para Jasper. Mal fiquei longe e não aguentava de saudades dele.
Edward nos ajudou com as malas e o xerife Swan nos recebeu de braços abertos, bom, nem todos.
Fui para meu quarto e minhas malas já estavam na minha cama. O que me fez sorrir e fechar a porta, quem eu queria estava sentado do lado das mesmas. Parecia irritado com algo, mas sua expressão se suavizou quando nos encaramos. Me encostei na porta admirando a vista.
— Oi.— eu disse.
— Oi.— ele sorriu, ainda sentado. Me aproximei dele colocando minhas pernas entre as suas e segurei seu rosto.
— Aconteceu algo? Parece chateado.
— Eu senti sua falta.— ele sussurrou. Eu acredito em suas palavras, mas ele não respondeu minha pergunta. Deixei isso de lado por um momento e meu sorriso se alargou.
— Eu também senti a sua.— admiti um tanto manhosa e fazendo bico.
— No que está pensando?— perguntou ele analisando minha expressão, hesitei.
— Eu seria abusada demais se sentasse no seu colo?— senti meu rosto arder ao perguntar em voz baixa. Ele deu um risinho e balançou a cabeça me encarando com um sorriso bobo. Ele arrumou a postura e eu coloquei uma perna de cada lado de seu quadril, tínhamos os olhos fixos no do outro, aquilo estava mais que bom. Me sentei no seu colo e ele abraçou minha cintura me fazendo deslizar nas suas coxas, fazendo com que nossos quadris ficassem mais próximos.
Abracei seu pescoço, nossos rostos a centímetros um do outro, mas me contentei em apenas beijar sua bochecha demoradamente até meus lábios ficarem frios.
Meu coração está quente, fiquei mais do que satisfeita, ele é o remédio que eu preciso. Tudo o que eu quero. O garoto de ouro.
— Meu garoto de ouro.— colei minha testa a sua e fechei os olhos, ele deu uma risada nasal.
— Pensei que nunca mais me chamaria assim.— ele admitiu, falávamos em voz baixa, como se um tom mais alto fosse arruinar nosso momento.
— Sentiu falta de ser chamado de cachinhos dourados?— brinquei e deitei a cabeça em seu ombro, ele enfiou o nariz na pele exposta do meu pescoço. Me arrepiei, como sempre, uma corrente elétrica fluindo por todo meu corpo. Fechei os punhos.
— Desde que seja você me chamando... hm..— ele sorriu por conta de meus batimentos acelerados— eu aceito qualquer coisa.
— Você pode ficar comigo esta noite...— comecei.
— Mas?— ele adivinhou e eu sorri voltando a o encarar.
— Nós não voltamos, considere a noite um acordo de paz.— esclareci, mas não consegui manter a seriedade ao observá-lo revirar os olhos e fazer careta de frustração, eu ri.— Eu não vou te beijar hoje, Jasper.
Num movimento rápido, Jasper me deitou na cama ficando por cima de mim como um predador. O encarei, estática e sem saber o que fazer.
— Tudo bem, mas quando quiser que eu te toque...— ele deslizou os dedos pela minha perna devagar, do calcanhar á poupa da minha bunda, minha pele ardia em chamas, e eu sorri mordendo o lábio— de maneira diferente— continuou ele numa voz sensual que me fez revirar os olhos, ele se aproximou, seu peito encostando no meu e sussurrou no meu ouvido— vai ter que implorar.
Eu ri maliciosa e segurei firme sua camisa quando ele tentou se afastar.
— Meu bem, eu vou fazer você implorar de joelhos.— sussurrei, o rosto a milímetros do seu. Sua mão fria envolveu meu pescoço e ele inclinou a cabeça para o lado, os olhos indo da minha boca e de volta para meus olhos. Ele deu um sorriso malicioso e trouxe os dedos para acariciar minha bochecha desenhando círculos ali mesmo.
— Adoraria te ver tentando.— me desafiou e escapou por entre meus dedos, eu o tinha segurado com tanta força pela camisa que fui puxada para me sentar antes de ele se livrar do meu aperto. Pisquei o procurando pelo quarto até ele voltar com um cobertor grande, jogando-o sobre mim.
— Eu não estou com frio!— protestei, mas Jasper já estava fazendo um casulo ao meu redor e empurrou minha testa para que eu me deitasse novamente. Bufei mal conseguindo me mexer.
— Você quer que eu fique, e eu também quero, então você vai ter que ficar bem coberta porque eu não vou desgrudar de você essa noite.
Me remexi soltando minhas mãos, Jasper me olhou feio.
— Você não consegue ser uma boa garota, Becca?
Ri um pouco mais alto do que deveria e cobri a boca. Lhe dei as costas virando de lado, a cara para a parede, ainda rindo maliciosa.
— Eu sou uma garota muito má.— zombei e esperei por Jasper, mas ele não se deitou comigo de imediato. O olhei por cima do ombro— Não vêm?— chamei baixo numa voz que a princípio tinha o intuito de ser sensual, mas depois eu ri então perdi toda a postura. Jasper me olhou, cético. Lhe estendi a mão e o puxei para a cama quando ele a entregou, levei sua mão para frente do meu peito, e me encolhi quando seu corpo tocou o meu.
Beijei a ponta dos seus dedos e ajeitei o quadril para mais perto de seu, Jasper beijou meu ombro e depois relaxou a cabeça no meu travesseiro, o nariz enfiado no meio dos meus cabelos.
— Boa noite, Becca.— desejou ele.
Sorri e aproximei sua mão do meu peito, abri-a e a coloquei sobre meu coração.
— Boa noite, Jazz.
☼
Despertei devagar e me alonguei flexionando os braços até bater o cotovelo na costela de Jasper. Ele me observava com carinho, e eu quase o imitei, no entanto eu imaginei o estado que estaria e me esquivei dele correndo para o banheiro, desesperada.
Tomei um banho quente, escovei os dentes e os cabelos super apressada e voltei para o quarto de toalha, Jasper que estava de pé perto da janela me encarou de braços cruzados com um sorriso confuso.
— Que bicho mordeu você?— perguntou apontando para a cama.
— Precisava de uns cuidados humanos.— admiti, um pouco tímida e desviei o olhar do seu.
— Ah.— ele disse, claramente segurando o riso. Veio para minha frente rapidamente e virou meu rosto para si.— Por que a gente não mata aula hoje?— sugeriu, balancei a cabeça a contragosto.
— Não posso, se eu matar mais aulas esse ano muito provavelmente eu vou bombar.— expliquei e desviei dele indo para minha cômoda.
— Só uma não pode fazer tanto mal.— ele deu de ombros, os braços para trás. O censurei com o olhar.
— Vire-se.— instruí, ele fez careta de irritado mas obedeceu.— Pra você é fácil falar! Foi aprovado em Harvard, e é um aluno exemplar no ensino médio pelo menos há uns cinquenta anos. Eu só fui aprovada na universidade do Alasca e mais outras sem nomes populares. Cara, essa calça está me matando.— reclamei ofegante, joguei a toalha encima da cama, e a calça jeans não queria entrar de jeito nenhum, faltava uma camiseta e meus tênis e estaria pronta. Mesmo sem permissão, Jasper se virou e veio na minha direção— Jasper!— cobri seu olho mas ele se livrou da minha mão enquanto me empurrava para a parede.
— Eu já vi seus peitos, Rebecca.— ele revirou os olhos, e eu dei um tapa na sua cara, o loiro sequer piscou mas minha mão doeu, sacudi-a de lado fazendo careta de dor, ele pegou a barra da minha calça e a puxou pra cima enquanto eu encolhia a barriga. Foi um alívio, mas jurei a mim mesma que jogaria a calça fora depois de hoje.— Deixe-me adivinhar. Alice?
— Na mosca.— ofeguei e fechei o botão da calça. Quando voltei a encarar Jasper não me aguentei e tive uma crise de riso, ele me imitou e me segurou enquanto eu me curvava de tanto rir.— Eu vou matá-la.— comentei arregalando um pouco os olhos.
— Quer que eu rasgue sua roupa?— Jasper puxou a barra da minha calça me obrigando a me inclinar para trás para evitar a tentação de o beijar. Dei palmadinhas leves no seu peito e ele aliviou a pose de galanteador, me deixando ir buscar uma blusa.
— Tentador. Mas não.— ele fez bico e eu lhe mostrei a língua.
— Ah, sua chata!— resmungou.
— Ah, seu insuportável!— o imitei afinando a voz enquanto vestia meu casaco preto favorito.
O loiro me jogou na cama de bruços com sua velocidade vampiresca.
— Jasper!— olhei-o por cima do ombro irritada, ele me lançou uma piscadela depois olhou para a porta reagindo a um som que meus ouvidos humanos não captaram. Sua cara exibiu uma frustração e ele sibilou "Charlie" antes de beijar minha cabeça apressado e voar pela janela. Suspirei e me arrumei na cama, os passos do meu velho finalmente se tornando audíveis. Calcei meus tênis sem pressa segurando o sorriso idiota que meus lábios insistiam em manter.
Papai bateu na porta e entrou antes que eu permitisse.
— Estava falando com alguém?— perguntou-me. O olhei com o melhor ar de inocente que consegui.
— Do que está falando?— franzi a testa olhando ao redor.
— Eu... Ouvi risadas.
— Não fui eu.— dei de ombros, e baixei a cabeça para disfarçar o esforço que estava fazendo para não rir. Dei mais uns puxões inúteis no cadarço e me levantei.
— Aham...— ele cerrou os olhos e olhou ao redor do meu quarto— Por que a janela está aberta?
Sorri me fazendo de confusa, o olhando como se ele não estivesse vendo algo óbvio.
— Pra entrar ar?— sugeri, irônica. Ele parecia ter muita certeza de que ouvira algo, mas não tem como provar, ri internamente da sua cara de suspeita.
— Bella está te esperando lá embaixo, com.. Edward.— ele revirou os olhos analisando meu quarto, desconfiado.
— Ok.— eu disse, nenhum de nós se mexeu por um momento, e eu esperei ele ir na frente para enfim descer as escadas, não quero ninguém vigiando meu quarto.
☼
— Vocês me fariam um favor?— Edward pediu de repente, estávamos chegando no estacionamento da escola e ele ficou subitamente nervoso, Jasper franziu a testa e Edward assentiu discretamente, confirmando uma pergunta que o loiro lhe fez. Cerrei os olhos para a máscara neutra que Jasper tornou a vestir.
— Depende.— Bella respondeu hesitante, observando a expressão do namorado. Edward trincou os dentes em som audível.
— Temi que fosse dizer isso.— ele disse e estacionou na nossa vaga de sempre.
— O que quer que a gente faça, Eddie?— perguntei, curiosa.
— Fiquem no carro.— ele nos olhou— E esperem até eu voltar.
— Não posso deixá-lo ir sozinho.— Jasper respondeu, mantendo-se calmo.
— Mas por que?— perguntei á Jasper.
Olhei ao redor e notei uma figura absurdamente alta no meio dos outros alunos, encostado numa moto preta e com uma cara de poucos amigos coisa que não se encaixa na personalidade que conheci.
— Jake.— sorri mas ao olhar para os vampiros no carro notei que eles não compartilham nenhum afeto com o moreno.
— Chegou á conclusão errada ontem à noite, Bella.— Edward murmurou— Ele não queria verificar se eram humanas, ele perguntou sobre a escola porque sabia que eu estaria onde você estivesse. Estava procurando um lugar seguro para falar comigo.
Verificar se Bella era humana? Ah, a viajem. Mas é necessário três dias para a transformação ficar completa no mínimo, Jacob não sabia disso ou Isabella que achou que ele não sabia?
— Não vou ficar no carro.— Bella falou e eu simplesmente desci.
— É claro que não.— Edward resmungou.
— Quando é que elas nos escutam?— Jasper reclamou em voz alta me seguindo de perto.
A expressão de Jacob se fechou ainda mais ao ver nós quatro nos aproximarmos juntos. Eu e Bella na frente e os rapazes nos nossos calcanhares. Paramos a uns metros de distância dele, os rapazes seguraram nossos pulsos impedindo que nós fôssemos amigáveis, não gostam da nossa proximidade com o lobisomem. Olhei Jasper, intrigada.
— Já voltou com seu sanguessuga, B1?— perguntou Jake, fazendo-me voltar a cara para ele. O olhei de cima a baixo, sem o reconhecer.
— Não é da sua conta, seja lá quem for.— respondi, indignada com sua postura e jeito de falar.
— Achei que não.— ele deu de ombros, ignorando o que eu disse.
— Podia ter nos ligado.— Edward disse, quase ameaçador.
— Desculpe, eu não tinha nenhum sanguessuga na discagem rápida.— Jake respondeu, áspero.
— Podia ter nos encontrado na casa das meninas, é claro.— Edward rebateu, provocativo. Jasper sorriu presunçoso pegando na minha cintura e me puxando para perto.
Jacob não respondeu.
— Este não é o melhor lugar, Jacob.— continuou Edward.— Podemos discutir isso mais tarde?
— Claro, claro, passo na sua cripta depois da aula.— o moreno zombou, ergui as sobrancelhas para o seu veneno, surpresa— Por que não agora?
Edward olhou sugestivo ao redor, havia uma aglomeração ao nosso redor, certamente os alunos esperam alguma briga para se livrarem do tédio de plena segunda feira de manhã.
— Já sei o que veio nos dizer.— Edward disse em voz tão baixa que senti a necessidade de me inclinar um tanto na sua direção para ouvir.— Recado dado. Considero-nos avisados.
— Avisados?— perguntei.
— Do que estão falando?— Bella perguntou, olhei para Jasper em procura de resposta mas ele encarava Jacob fixamente, me evitando, seu aperto na minha cintura se tornou mais limitado e protetor.
— Não contaram pra elas?— Jacob questionou quase incrédulo e olhou para Jasper de relance, com pouco interesse— Pensei que ao menos você teria a coragem de contar pra Becca. Que foi, vocês tem medo de que elas fiquem do nosso lado?
— Por favor, pare com isso, Jacob.— Edward pediu numa voz firme.
— Por quê?— provocou o moreno.
Eu e Bella nos encaramos, uma reflexo de confusão da outra.
— Do que não sabemos? Jasper?— olhei de novo o loiro, mas ele continuava com os olhos fixos em Jake.
— Jake?— chamou Bella, sabendo que o garoto não nos esconderia nada.
— Não contaram que o irmão deles passou dos limites sábado a noite? Paul tinha todos os motivos para...
— Não era terra de ninguém!— Jasper sibilou.
— Ah, era!— Jake rebateu.
— Emmett e Paul?— perguntei sentindo um arrepio na espinha ao imaginar os dois membros mais inclinados a brigar por qualquer coisa se atracando violentamente.— O que aconteceu? Eles brigaram?
— Por que?— Bella indagou— Alguém se machucou?
— Ninguém lutou ou se feriu, acalmem-se.— Edward disse um tanto rude.
— Não contaram nada à elas, é claro.— Jacob revirou os olhos castanhos— Foi por isso que as levaram para longe? Assim elas não saberiam que..
— Vá embora!— Edward o interrompeu, furioso, fuzilava Jacob com ódio claro e maligno.
Jacob, porém, nem se moveu.
— Por que não contaram a elas?
No silêncio que se seguiu, as peças se encaixavam. Havia algo errado com Jasper na noite passada, ele parecia frustrado e não quis me contar o porquê. Os rapazes escondiam algo de nós, algo que Jake jamais omitiria.
Algo que Alice viu, que Edward não respondeu diretamente. Algo que colocou inimigos naturais no mesmo bosque com uma proximidade perigosa. Algo que fez Edward agir estranho na frente de Charlie para nos tirar de Forks.
— Victoria.— Bella murmurou— Ela ainda quer nos pegar.— ela gemeu baixo, franzi o cenho e me voltei para Jasper.
— Estava chateado ontem a noite por causa disso?— perguntei-lhe em voz baixa.
— Ela estava tão perto.— ele murmurou, a frustração pesando nos seus ombros— Escapou por entre meus dedos.— ele admitiu, a culpa que sente é transparente no seu rosto, fiquei preocupada.
— Não é culpa sua.— argumentei.
— Eu não fui rápido o suficiente.— ele disse trincando os dentes, nada do que eu dissesse mudaria sua opinião de que ele tinha falhado.
— Isso responde à sua pergunta, vira-lata?— Edward perguntou, entredentes.
— Não acha que elas tem o direito de saber? É a vida delas.— o moreno rebateu.
— Pra que assustá-las se não correram perigo algum?
— Melhor assustadas do que enganadas.— Jacob rebateu para Edward. Eu concordo com ele.
— Não pretendia me contar?— me soltei de Jasper para o encarar de frente. Ele baixou a cabeça olhando o fundo dos meus olhos.
— Na hora certa, não sabia como lidaria.— ele disse, cauteloso.
— Eu talvez lidasse melhor se não tivesse ouvido dos outros e sim de você.— rebati mais magoada que irritada por ele esconder isso de mim, suspirei me sentindo cansada mentalmente— Jake está certo, é minha vida, eu preciso saber o que está acontecendo.
— Rebecca...— ele murmurou, quase que implorando para que eu esperasse para estarmos a sós, mas eu apenas balancei a cabeça e os deixei.
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