12. bad habit
Obs: este capitulo e um flashback. Não esqueçam de ler as notas que vou explicar um pouco mais :)
Boa leitura!
...
Um ano atrás
Luka desbloqueou o celular ao ouvir a notificação. Encostou-se na parede da rua pouco movimentada da cidade.
O ar estava quente por ainda ser junho e as pessoas andavam despreocupadas fazendo compras, vestindo roupas curtas e claras. Luka não era do tipo que gostava de calor.
Vestia apenas um short largo que detestava, T-shirt branca estampada com o símbolo do Led Zeppelin, tênis e cabelo amarrado em um coque mal feito. Ele precisava urgentemente cortar o cabelo tanto quando dormir. As olheiras fundas e escuras só chamavam atenção e a indisposição era evidente apenas ao dizer "oi" para alguém.
Nath - 4:01PM
Estou no aeroporto quase embarcando. Nem acredito que vou para Londres!
Como vou sobreviver sem você aqui pra me dar sermão?
Aliás, desculpe não estar aí.
Aconteceu muita coisa e me sinto um idiota completo.
Nath - 4:03PM
Você não é. Eu que sou um louco indo pra Londres sem saber inglês.
Mas também devia ter agido como amigo. Vamos continuar nos falando, certo? A For Kiwi também deve continuar sem mim.
E a Chloé é uma idiota, aliás.
Luka sorriu sozinho e olhou para os lados, vendo se a loira chegava logo.
Vou terminar com ela. Agora.
Nath - 4:04PM
Ela vai te matar e dar de comer pros cães.
Boa sorte.
Acho que está na hora. Tchau, Lu.
Eu te amo. Vou sentir sua falta.
Eu também.
— COUFFAINE! — alguém chegando à direita de Luka gritou, e não era Chloé.
Luka desejou terminar mil vezes o namoro com Chloé Bourgeois a ter que passar por aquilo.
Guardou o celular no bolso e encarou Nooroo, que estudava na mesma escola e vivia exibindo a grandeza por aí. Luka reconhecia o moreno de pele escura cheio de dreads, roupas escuras que o faziam parecer mais musculoso que o normal e o bando atrás o seguindo como insetos seguem a luz.
Mas Luka estava encrencado.
O garoto passara a noite sem dormir direito, muito menos comendo.
Quando Nooroo — o apelido que o moreno gostava de ser chamado, aliás, um pouco estranho — chegou perto do guitarrista o empurrando para dentro de um beco escuro, o único cheiro que exalava além dos ratos foi o de maconha. Luka fez uma careta até sarcástica, o que deixou Noo até mais furioso que o normal.
— Cadê minha mercadoria? — perguntou ele. A voz grave.
— Não sei do que você tá falando — ele ainda tinha coragem de desafia-lo.
Nooroo socou a parede. Luka tremeu com o som e vibração atrás de si. Os seguidores do garoto — apenas uma garota ruivinha e outro chinês baixo — pareciam indiferentes.
— Para de palhaçada, bichinha. Você tá me devendo uma e vai ter que cumprir o trato. Eu deixo a sua irmã em paz e você faz o que eu mando, lembra?
Luka umedeceu os lábios e olhou ao redor com seus belos olhos safira. Pensou na irmã mais nova, ainda no primeiro ano, se assumindo lésbica para todos e ainda sofria bullying antes por aqueles mesmos caras na sua frente. Uma coisa leva a outra, muitos socos e olhos roxos eram mais frequentes na tentativa de defender Juleka, envolvimentos com venda e troca de drogas e outras coisas se tornaram um costume nada agradável de Luka. O ano estava sendo uma droga.
O celular vibrou no seu bolso. Devia ser Chloé. Ah, ainda tinha a namorada ligando enlouquecida. Não tinha ideia de como acabou se envolvendo justo com a menina rica e filha do prefeito.
— Deixei a encomenda onde você pediu — respondeu ele. Jurou que viu um rato passar perto dali, pelo canto do olho. Bem que podia morder aquele cara, ou talvez o próprio Luka fizesse. Talvez um chute no saco e sair correndo. — Não me chama de bicha, Nooroo. Você não tem esse direito, além de ser falta de respeito, grandão.
Nooroo chegou mais perto do garoto. Perto o suficiente para sentir sua respiração e hálito. Por dois segundos Couffaine pensou porque não era um ano adiantado. Poderia estar embarcando no avião com Nathaniel agora. Droga, porque teve que repetir um ano? Ele talvez não estaria ali enrascado.
— Eu mando em você, viadinho de merda.
Nooroo sentiu o punho de Luka socar o rosto em um segundo. Um hematoma fraco fez o maxilar doer e foi forte o suficiente para afastá-lo para longe e se desequilibrar.
Os outros dois presentes deram um passo para trás. Aquela briga não era deles.
Noo fechou a mão provavelmente duas vezes maior que a do guitarrista. Luka não tinha o costume de usar as mãos a não ser para tocar, mas aprendeu a brigar bem e se defender como podia. Infelizmente, o moreno era mais forte e maior.
Concentrou a força naquele soco certeiro, acertando o nariz de Luka. O garoto sentiu os ossos quase estalando e não foi muito agradável. Um choque o deixou atônito e sem entender o que diabos tinha acontecido. Pois, quando deixou seus sentidos o guiar, estava em cima de Noo dando mais golpes e lentos, mas que deixavam marcas de dor.
A mão do guitarrista estava horrível. Não quebrada — ele nunca arriscaria aquilo — mas dolorida o suficiente. Acabou recebendo pancadas na barriga e no olho esquerdo.
— EI! — uma voz feminina gritou na entrada do beco. — Faça isso de novo e eu chamo a polícia, ou talvez eu mesma te dê uma surra, seu merda.
O moreno deu um sorriso sarcástico mesmo com o rosto quebrado e sangrando. Luka não conseguiu ver de primeira, mas reconhecia a voz de Chloe em qualquer lugar.
— Se achando o fortão? — alguma outra voz, que Luka até conhecia mas não lembrava, disse com ironia. Ela também tinha um sotaque italiano forte. — Espera só pra ver o que o prefeito da cidade vai fazer quando descobrir essa sua gangue e venda de produtos ilegais, gênio. Anda! Vão embora antes que eu enfie esse sapato no seu olho bom!
— Não terminamos, Couffaine — ele disse antes de sair correndo com os outros pelo outro lado.
Luka sentiu ser erguido por Chloe e Lila. Ambas as meninas caminharam com ele até o banco mais próximo de uma cafeteria qualquer. Lila passou os olhos castanhos por Luka enquanto o garoto arrumava o cabelo e e Chloé limpava seu rosto de sangue com o guardanapo.
Luka fechou o olho roxo e gemeu de dor quando a loira encostou o dedo sem querer. Por mais chata que a menina pudesse ser às vezes, ela de fato estava melhorando — mais por parte do namorado, que a incentivava.
— O que aconteceu? — Lila perguntou de uma vez. Luka analisou a menina de pele meio morena e lembrou de como as duas não se gostavam muito. Ergueu uma sobrancelha.
— O que faziam juntas? — o apocalipse começou e ele não sabia?
— Eu estava fazendo compras e ouvi a briga — disse a menina pondo o cabelo castanho escuro para trás da orelha. Chloé assentiu.
— Eu te liguei e você não respondeu. Aí a encontrei — ela amassou o guardanapo e encarou Luka. — Me diz o que tá acontecendo, Lu. Desde o começo do ano eu tento ser melhor como você me disse, mas parece que não segue o próprio conselho! Deixa eu te ajudar.
Luka ousou um olhar sarcástico mesmo com a cara toda machucada e dolorida. Lembrou da mensagem que enviara para Nathaniel minutos atrás dizendo que terminaria o namoro naquele instante.
— Não me olhe assim! Ok, eu te traí, sim, e sei que não estamos tão juntos quanto antes... — ela engasgou as palavras. Lila abaixou a cabeça pela conversa não ser de sua conta, mas nem parecia que estava ali. Luka cruzou os braços. — Só estou tentando dizer que sim, eu fui uma imbecil com você e o Nath, mas me deixa te ajudar com isso. Não aguento mais te ver machucado.
Aquilo foi sincero. Luka viu a verdade nos olhos enormes e azuis de Chloé. Ele agarrou sua mão e ambos entrelaçaram os dedos por baixo da mesa. Mas não era a mesma mágica de antes.
Luka estava quebrado. Por dentro e por fora.
— Promete que não vai se meter nessas coisas perigosas? Se entrar nesse mundo pode mudar sua vida e piorar a da Ju também. E eu me importo.
— Tudo bem, Chloe. Eu prometo não me meter em brigas, mas o Nooroo é tão...
— Cretino — Lila completou. Não se conteve e deu um breve sorriso. Ambos assentiram. — Vamos dar um jeito nisso. Posso ameaçar ele, se quiser.
Luka conseguiu rir. Chloe também.
— Valeu. Mas essa é uma luta que preciso enfrentar sozinho. Ele não vai ameaçar minha irmã ou a mim. Eu não fico ofendido com os insultos idiotas sobre quem eu sou; talvez há alguns anos sim, mas hoje não. Existem pessoas muito piores e homofóbicas fazendo maldades por aí. As vítimas só precisam de suporte e serem fortes.
Ele me deixou um trapo vendendo maconha, me obrigando, ele pensou.
Olhou para as próprias mãos vermelhas e machucadas jurando que nunca mais se envolveria. Não podia arriscar a vida de Juleka, a dele ou a musica que tocava. Mas, se um dia Nooroo voltasse iria se arrepender. Esperava não usar violência.
— Você não tá sozinho, Lu — Chloe disse. Mesmo se eles terminassem, ela ainda estaria disposta a ajudá-lo com o que for.
Luka sentiu o olho inchar mais. Indiretamente acabou juntando duas meninas improváveis em uma causa. Ele encarou Lila Rossi — que nem conhecia — e Chloe Bourgeois por alguns segundos e se sentiu vitorioso.
...
Oi meus amoresssss tudo bom?
Esse capitulo foi um flashback do que aconteceu um ano atrás. Achei que seria necessário falar um pouco (e explicar) o que tinha acontecido com o Luka antes de ele ser esse personagem que a gente conhece, o relacionamento dele com a Chloe, Nooroo e etc. O que vocês acharam?
Esse foi um capítulo mais curto dos que eu costumo escrever mas, gente, o próximo podem se preparar pra ler muito porque ele é gigante. Acho que um dos maiores que já escrevi. Tanto que eu ia dividir em duas partes mas achei melhor só um mesmo.
Spoilers:
- vamos ter um gatinho preto, uma joaninha e um pirata
- não esqueçam de preparar os lenços pra secar as lágrimas
Gente não acredito que as férias tão acabando :') na verdade eu fiquei dentro de casa por esses meses então quanto antes tiver alguma coisa pra fazer, melhor.
Boas aulas pra vocês. Até próxima terça ❤️
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